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[Versão 2.0] Porque praticar uma alta ingestão de proteínas


Lucas, o Schrödinger

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Em 24/02/2023 em 10:58, Lucas, o Schrödinger disse:

A seguir vou tentar trazer algumas evidências sobre o consumo de proteínas e o porquê de poder haver alguma vantagem em um consumo mais elevado.

 

Está bem pacificado atualmente que a ingestão ótima de proteínas para maximizar a hipertrofia está na faixa de 1,6-2,2g/kg. Esses números foram tirados de um meta análise (1) contendo 49 estudos e 1863 participantes.

 

 

Esse valor se refere ao peso total do indivíduo, então alguém extremamente magro pode ficar numa faixa um pouco superior, ao passo que uma pessoa com alto percentual de gordura vai ficar numa faixa inferior. Nesse sentido, uma faixa de ingestão de 1,9-2,6 g/kg de massa magra talvez seja uma orientação mais adequada.

 

Há também a questão do alto consumo de proteínas em déficit calórico, quando as recomendações são uma ingestão maior que a habitual, no intuito de preservar o máximo de massa muscular. Em um estudo de revisão (2), Eric Helms sugere uma ingestão de 2,3-3,1g/kg de massa para déficits calóricos que promovam uma perda de 0,5-1% do peso por semana para uma maior retenção de massa muscular.

 

 

Até aqui não parece haver grande polêmica ou controvérsia.

 

Em estudos, quando foram comparadas ingestões de proteínas diversas, a maior ingestão sempre leva a melhores resultados. Alguns exemplos:

 

Em um estudo (3) do Jose Antonio, compararam 4,4g/kg versus 1,8g/kg. O grupo de 4,4g/kg de proteína teve uma ingestão calórica cerca de 800kcal maior. Entretanto, não se observou ganho de gordura.

 

 

Aqui surgiu uma hipótese do disappearing protein. Algum tempo depois, o mesmo grupo fez este estudo follow-up (4), onde um grupo consumiu 2,3g/kg, portanto dentro das recomendações padrão, e o outro consumiu 3,4g/kg.

 

Ocorre que, embora ambos os grupos tenham ganhado quantidades semelhantes de massa muscular - o que se coaduna com o teto recomendado de 2,2g/kg-, o grupo que consumiu mais proteína teve menor ganho de gordura, conforme imagens abaixo:

 

figure 2 figure 3

 

Mais recentemente o mesmo grupo fez este terceiro estudo (5), avaliando composição corporal e marcadores de saúde em uma dieta alta em proteína (2,6-3,3g/kg/dia) - não houve problemas nos indicadores de saúde avaliados. De forma similar aos anteriores, embora o grupo de maior ingestão proteica tenha ingerido em média 369kcal a mais, não houve diferença significativa na massa gorda (na verdade o grupo de alta proteína perdeu gordura, mas não houve significância estatística).

 

Abaixo review do Alan Aragon retirado do AARR sobre esse último estudo: 

 

 

Tem mais alguns estudos comparando alto consumo de proteínas com ingestões pequenas, como este (6), que comparou 1,2g/kg com 2,4g/kg, onde o grupo de maior ingestão de proteínas ganhou mais massa muscular e perdeu mais gordura, conforme gráfico abaixo:

 

recomp-study-graph.gif

 

Neste, especificamente, os participantes eram obesos e praticaram treinamento resistido. Alguém não obeso não deve esperar ganho de massa muscular com um déficit de 40% do GCD. Mas serve de recomendação para os que tem maior percentual de gordura e buscam reduzi-lo sem perder e ainda ganhar massa muscular.

 

Um outro estudo (7) comparou três grupos, baixa (0,67g/kg) média (1,8g/kg) e alta (3,0g/kg) proteína, com um superávit calórico de 40% do GCD. Os resultados mostram a melhora no particionamento em favor de uma maior ingestão de proteínas, conforme tabela a seguir:

 

  ganho de gordura ganho de massa magra
baixa proteína 3.66 kg - 0.7 kg
média proteína 3.45 kg 2.87 kg
alta proteína 3.44 kg 3.18 kg

 

Neste estudo (8) do Brad Schoenfeld, houve recomposição corporal em atletas femininas (aspiring female physique athletes) no grupo que fez uma alta ingestão de proteínas (2,5g/kg). Abaixo texto do próprio autor sobre o estudo:

 

 

O interessante deste estudo não é exatamente a comparação, já que sabemos que 0,9g/kg de proteína é uma ingestão subótima, mas o fato de ter havido ganho de massa muscular e perda de gordura no grupo de alta proteína.

 

O ótimo site que compila estudos sobre todo tipo de substância, examine.com, fez a compilação abaixo sobre as recomendações de ingestão de proteínas:

 

 

No decorrer do tópico original Porque praticar uma alta ingestão de proteínas tem esses e alguns outros estudos e infográficos tirados do instagram (infelizmente o fórum apagou todos os posts de instagram e muito do conteúdo se perdeu).

 

Com base em tudo que eu li e estudei sobre o tema, minha recomendação seria a seguinte:

 

 

Espero que sirva pra pararem de afirmar que mais de 2,2g/kg não serve pra nada. De fato, não há ganhos adicionais de hipertrofia, mas há outros benefícios razoavelmente claros, ao meu ver.

 

Referências:

 

[1] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28698222

[2] https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/1550-2783-11-20

[3] https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/1550-2783-11-19

[4] https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12970-015-0100-0

[5] https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12970-016-0114-2

[6] https://www.researchgate.net/publication/292154332_Higher_compared_with_lower_dietary_protein_during_an_energy_deficit_combined_with_intense_exercise_promotes_greater_lean_mass_gain_and_fat_mass_loss_A_randomized_trial

[7] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3777747/table/T1/

[8] https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29405780/

 

A questão que se coloca, no que percebo, é:

 

- Este superávit não seria melhor aproveitado com carbo, dado que os grupos de alta proteína tiveram maior consumo calórico?

- ok que em alguns achados, mesmo com maior consumo calórico, houve melhor composição corporal para o grupo de alta proteína, mais aí entra a variável treino, que torna muito subjetivo. Digamos, uma hipótese pra ajudar o raciocínio, que o maior consumo de carbo aumente a capacidade de realizar trabalho; se isso for verdade, um aporte calórico adicional de carbo acompanhado de aumento de volume de treino, não produziria mais estímulo, e por consequência mais síntese protéica?

- Considerando este trade off entre proteína e carbo, me parece interessante ter algum estudo que coloque a variável volume de treino, comparando o aporte calórico com o respectivo aumento de volume, e aí relacionando os resultados conforme o volume de treino e aporte calórico aumentam, seja o aporte realizado em carbo ou proteína.

- por fim, o que conseguimos concluir, me parece que com razoável certeza, que mais proteína é certamente uma estratégia boa para quem quer melhorar a composição mas não tem um controle total da dieta; em outras palavras, na dúvida, come um churrasquinho. Agora, pra quem tem a dieta planejada, pode ser que descobrir seu teto de proteína seja a grande sacada, uma vez que todo o resto pode ser focado em manipular de forma ótima os carbos.

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Em 24/02/2023 em 10:58, Lucas, o Schrödinger disse:

1,9-2,6g/kg de massa magra para otimizar a hipertrofia e até 4g/kg de massa magra para minimizar ganho de gordura e perda de massa muscular e até mesmo obter recomposição corporal

 

Ótimo texto, ficou muito bem escrito e com informações mt relevantes! Eu nunca fiz uma dieta com muita PTN, mas vou querer experimentar agora. Essa recomendação poderia ser usada num bulking? Numa dieta de manutenção ficaria perfeito, certo?

 

Em 24/02/2023 em 11:56, Verdura disse:

- Este superávit não seria melhor aproveitado com carbo, dado que os grupos de alta proteína tiveram maior consumo calórico?

 

Tenho essa mesma dúvida!

Porque aumentando a quantidade de proteína a quantidade de carboidratos ficaria menor (considerando que já não tenha tanta gordura). Acho que uma pergunta interessante seria: quanto é uma quantidade ótima de carboidratos para ter mais performance nos treinos? Será que consumir mais carboidratos do que essa quantidade ótima seria mais vantajoso para a composição corporal?

 

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Eu ainda prefiro a ideia de aumentar o carbo em um superavit visando a melhora na performance do treino do que aumentar a proteína que ao meu ver nao tem um ganho MUITO significativo se comparar alguém que usa 2,4g/kg a outro que usa 3,0g/kg, isso pensando em minimizar o ganho de gordura ja que do ponto de vista da hipertrofia são bem semelhantes. Isso sem entrar no mérito financeiro, ja que uma dieta rica em proteina hoje em dia sai bem caro.

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Em 24/02/2023 em 11:56, Verdura disse:

- Este superávit não seria melhor aproveitado com carbo, dado que os grupos de alta proteína tiveram maior consumo calórico?

Eu acredito que não. Uma maior ingestão de carbos não parece ter esse efeito de melhora no particionamento. Dito isso, já vi uns experimentos malucos com 70-80% da ingestão calórica de carbos com resultados interessantes.

 

O que parece acontecer com um ingestão muito alta de proteínas é que a gente constrói musculo e o excedente calórico é gasto via TEF (efeito térmico dos alimentos, proteína tem TEF maior que carbos e gorduras) e NEAT (basicamente se movimentando mais). Proteína basicamente não vira gordura (claro que a gente consome carbos e gorduras junto, então eles podem virar gordura).

 

Em 24/02/2023 em 12:12, NedFlanders disse:

Essa recomendação poderia ser usada num bulking? Numa dieta de manutenção ficaria perfeito, certo?

Em tese, pode funcionar tanto em bulking quanto em recomp.

 

Em 24/02/2023 em 12:32, Bonazinho disse:

Eu ainda prefiro a ideia de aumentar o carbo em um superavit visando a melhora na performance do treino do que aumentar a proteína que ao meu ver nao tem um ganho MUITO significativo se comparar alguém que usa 2,4g/kg a outro que usa 3,0g/kg, isso pensando em minimizar o ganho de gordura ja que do ponto de vista da hipertrofia são bem semelhantes. Isso sem entrar no mérito financeiro, ja que uma dieta rica em proteina hoje em dia sai bem caro.

A questão é que, considerando que já se ingira uma quantidade adequada, aumentar os carbos não faz diferença significativa na performance. Tem estudos até bem recentes mostrando isso.

.....................


Só queria deixar registrado que é bem difícil fazer uma ingestão tão alta de proteínas. A aderência não é tão fácil pra maioria das pessoas. Eu mesmo fico na faixa de ~2,6g/kg de massa magra em média, alguns dias com mais e outros com menos. Mais que isso é bem difícil e pra mim não vale à pena por conta da aderência à dieta.

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Em 24/02/2023 em 12:12, NedFlanders disse:

quanto é uma quantidade ótima de carboidratos para ter mais performance nos treinos? Será que consumir mais carboidratos do que essa quantidade ótima seria mais vantajoso para a composição corporal?

 

Percebo claramente que usando proteína e gordura nos menores níveis possíveis (1.9gr/kg e 0.7gr/kg respectivamente) e com o carbo no talo, os músculos parecem ficarem muito mais cheios

 

Sem contar que em um bulking com superavit alto, aonde teria a preocupação de ganhar gordura, seria impossível usar 2.4-3.3gr/kg de proteína, vai passar todas as refeições só empurrando comida, nunca vai estar com fome

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Já cheguei a fazer high prot em bulking e o feeling que posso compartilhar é que os ganhos eram bem mais lentos e consequentemente percebi que não houve tanto ganho em gordura (sou hormonizado então não seria um bom parâmetro para todos).

O problema maior é a saciedade que a proteína te trás, fica bem mais difícil comer grandes quantidades de comida é se sentir cheio praticamente o dia inteiro, principalmente por deixar as gorduras mais baixas a dieta não era muito palatável.

Em questão do desempenho nos treinos a quantidade de carboidratos também era bem alta coisa de 500-600g dia do macro em si, então não senti essa diferença de desempenho de melhor aproveitamento até porque os dois prot/carb estavam altos na dieta.

Hoje em dia eu trabalho com proteína fixa e só manipulo carboidratos e gordura independente da fase que estou.

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