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[Versão 2.0] Porque praticar uma alta ingestão de proteínas


Posts Recomendados

Postado
Em 24/02/2023 em 10:58, Lucas, o Schrödinger disse:

A seguir vou tentar trazer algumas evidências sobre o consumo de proteínas e o porquê de poder haver alguma vantagem em um consumo mais elevado.

 

Está bem pacificado atualmente que a ingestão ótima de proteínas para maximizar a hipertrofia está na faixa de 1,6-2,2g/kg. Esses números foram tirados de um meta análise (1) contendo 49 estudos e 1863 participantes.

 

 

Esse valor se refere ao peso total do indivíduo, então alguém extremamente magro pode ficar numa faixa um pouco superior, ao passo que uma pessoa com alto percentual de gordura vai ficar numa faixa inferior. Nesse sentido, uma faixa de ingestão de 1,9-2,6 g/kg de massa magra talvez seja uma orientação mais adequada.

 

Há também a questão do alto consumo de proteínas em déficit calórico, quando as recomendações são uma ingestão maior que a habitual, no intuito de preservar o máximo de massa muscular. Em um estudo de revisão (2), Eric Helms sugere uma ingestão de 2,3-3,1g/kg de massa para déficits calóricos que promovam uma perda de 0,5-1% do peso por semana para uma maior retenção de massa muscular.

 

 

Até aqui não parece haver grande polêmica ou controvérsia.

 

Em estudos, quando foram comparadas ingestões de proteínas diversas, a maior ingestão sempre leva a melhores resultados. Alguns exemplos:

 

Em um estudo (3) do Jose Antonio, compararam 4,4g/kg versus 1,8g/kg. O grupo de 4,4g/kg de proteína teve uma ingestão calórica cerca de 800kcal maior. Entretanto, não se observou ganho de gordura.

 

 

Aqui surgiu uma hipótese do disappearing protein. Algum tempo depois, o mesmo grupo fez este estudo follow-up (4), onde um grupo consumiu 2,3g/kg, portanto dentro das recomendações padrão, e o outro consumiu 3,4g/kg.

 

Ocorre que, embora ambos os grupos tenham ganhado quantidades semelhantes de massa muscular - o que se coaduna com o teto recomendado de 2,2g/kg-, o grupo que consumiu mais proteína teve menor ganho de gordura, conforme imagens abaixo:

 

figure 2 figure 3

 

Mais recentemente o mesmo grupo fez este terceiro estudo (5), avaliando composição corporal e marcadores de saúde em uma dieta alta em proteína (2,6-3,3g/kg/dia) - não houve problemas nos indicadores de saúde avaliados. De forma similar aos anteriores, embora o grupo de maior ingestão proteica tenha ingerido em média 369kcal a mais, não houve diferença significativa na massa gorda (na verdade o grupo de alta proteína perdeu gordura, mas não houve significância estatística).

 

Abaixo review do Alan Aragon retirado do AARR sobre esse último estudo: 

 

 

Tem mais alguns estudos comparando alto consumo de proteínas com ingestões pequenas, como este (6), que comparou 1,2g/kg com 2,4g/kg, onde o grupo de maior ingestão de proteínas ganhou mais massa muscular e perdeu mais gordura, conforme gráfico abaixo:

 

recomp-study-graph.gif

 

Neste, especificamente, os participantes eram obesos e praticaram treinamento resistido. Alguém não obeso não deve esperar ganho de massa muscular com um déficit de 40% do GCD. Mas serve de recomendação para os que tem maior percentual de gordura e buscam reduzi-lo sem perder e ainda ganhar massa muscular.

 

Um outro estudo (7) comparou três grupos, baixa (0,67g/kg) média (1,8g/kg) e alta (3,0g/kg) proteína, com um superávit calórico de 40% do GCD. Os resultados mostram a melhora no particionamento em favor de uma maior ingestão de proteínas, conforme tabela a seguir:

 

  ganho de gordura ganho de massa magra
baixa proteína 3.66 kg - 0.7 kg
média proteína 3.45 kg 2.87 kg
alta proteína 3.44 kg 3.18 kg

 

Neste estudo (8) do Brad Schoenfeld, houve recomposição corporal em atletas femininas (aspiring female physique athletes) no grupo que fez uma alta ingestão de proteínas (2,5g/kg). Abaixo texto do próprio autor sobre o estudo:

 

 

O interessante deste estudo não é exatamente a comparação, já que sabemos que 0,9g/kg de proteína é uma ingestão subótima, mas o fato de ter havido ganho de massa muscular e perda de gordura no grupo de alta proteína.

 

O ótimo site que compila estudos sobre todo tipo de substância, examine.com, fez a compilação abaixo sobre as recomendações de ingestão de proteínas:

 

 

No decorrer do tópico original Porque praticar uma alta ingestão de proteínas tem esses e alguns outros estudos e infográficos tirados do instagram (infelizmente o fórum apagou todos os posts de instagram e muito do conteúdo se perdeu).

 

Com base em tudo que eu li e estudei sobre o tema, minha recomendação seria a seguinte:

 

 

Espero que sirva pra pararem de afirmar que mais de 2,2g/kg não serve pra nada. De fato, não há ganhos adicionais de hipertrofia, mas há outros benefícios razoavelmente claros, ao meu ver.

 

Referências:

 

[1] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28698222

[2] https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/1550-2783-11-20

[3] https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/1550-2783-11-19

[4] https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12970-015-0100-0

[5] https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12970-016-0114-2

[6] https://www.researchgate.net/publication/292154332_Higher_compared_with_lower_dietary_protein_during_an_energy_deficit_combined_with_intense_exercise_promotes_greater_lean_mass_gain_and_fat_mass_loss_A_randomized_trial

[7] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3777747/table/T1/

[8] https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29405780/

 

A questão que se coloca, no que percebo, é:

 

- Este superávit não seria melhor aproveitado com carbo, dado que os grupos de alta proteína tiveram maior consumo calórico?

- ok que em alguns achados, mesmo com maior consumo calórico, houve melhor composição corporal para o grupo de alta proteína, mais aí entra a variável treino, que torna muito subjetivo. Digamos, uma hipótese pra ajudar o raciocínio, que o maior consumo de carbo aumente a capacidade de realizar trabalho; se isso for verdade, um aporte calórico adicional de carbo acompanhado de aumento de volume de treino, não produziria mais estímulo, e por consequência mais síntese protéica?

- Considerando este trade off entre proteína e carbo, me parece interessante ter algum estudo que coloque a variável volume de treino, comparando o aporte calórico com o respectivo aumento de volume, e aí relacionando os resultados conforme o volume de treino e aporte calórico aumentam, seja o aporte realizado em carbo ou proteína.

- por fim, o que conseguimos concluir, me parece que com razoável certeza, que mais proteína é certamente uma estratégia boa para quem quer melhorar a composição mas não tem um controle total da dieta; em outras palavras, na dúvida, come um churrasquinho. Agora, pra quem tem a dieta planejada, pode ser que descobrir seu teto de proteína seja a grande sacada, uma vez que todo o resto pode ser focado em manipular de forma ótima os carbos.

Postado
Em 24/02/2023 em 10:58, Lucas, o Schrödinger disse:

1,9-2,6g/kg de massa magra para otimizar a hipertrofia e até 4g/kg de massa magra para minimizar ganho de gordura e perda de massa muscular e até mesmo obter recomposição corporal

 

Ótimo texto, ficou muito bem escrito e com informações mt relevantes! Eu nunca fiz uma dieta com muita PTN, mas vou querer experimentar agora. Essa recomendação poderia ser usada num bulking? Numa dieta de manutenção ficaria perfeito, certo?

 

Em 24/02/2023 em 11:56, Verdura disse:

- Este superávit não seria melhor aproveitado com carbo, dado que os grupos de alta proteína tiveram maior consumo calórico?

 

Tenho essa mesma dúvida!

Porque aumentando a quantidade de proteína a quantidade de carboidratos ficaria menor (considerando que já não tenha tanta gordura). Acho que uma pergunta interessante seria: quanto é uma quantidade ótima de carboidratos para ter mais performance nos treinos? Será que consumir mais carboidratos do que essa quantidade ótima seria mais vantajoso para a composição corporal?

 

Postado

Eu ainda prefiro a ideia de aumentar o carbo em um superavit visando a melhora na performance do treino do que aumentar a proteína que ao meu ver nao tem um ganho MUITO significativo se comparar alguém que usa 2,4g/kg a outro que usa 3,0g/kg, isso pensando em minimizar o ganho de gordura ja que do ponto de vista da hipertrofia são bem semelhantes. Isso sem entrar no mérito financeiro, ja que uma dieta rica em proteina hoje em dia sai bem caro.

Postado
Em 24/02/2023 em 11:56, Verdura disse:

- Este superávit não seria melhor aproveitado com carbo, dado que os grupos de alta proteína tiveram maior consumo calórico?

Eu acredito que não. Uma maior ingestão de carbos não parece ter esse efeito de melhora no particionamento. Dito isso, já vi uns experimentos malucos com 70-80% da ingestão calórica de carbos com resultados interessantes.

 

O que parece acontecer com um ingestão muito alta de proteínas é que a gente constrói musculo e o excedente calórico é gasto via TEF (efeito térmico dos alimentos, proteína tem TEF maior que carbos e gorduras) e NEAT (basicamente se movimentando mais). Proteína basicamente não vira gordura (claro que a gente consome carbos e gorduras junto, então eles podem virar gordura).

 

Em 24/02/2023 em 12:12, NedFlanders disse:

Essa recomendação poderia ser usada num bulking? Numa dieta de manutenção ficaria perfeito, certo?

Em tese, pode funcionar tanto em bulking quanto em recomp.

 

Em 24/02/2023 em 12:32, Bonazinho disse:

Eu ainda prefiro a ideia de aumentar o carbo em um superavit visando a melhora na performance do treino do que aumentar a proteína que ao meu ver nao tem um ganho MUITO significativo se comparar alguém que usa 2,4g/kg a outro que usa 3,0g/kg, isso pensando em minimizar o ganho de gordura ja que do ponto de vista da hipertrofia são bem semelhantes. Isso sem entrar no mérito financeiro, ja que uma dieta rica em proteina hoje em dia sai bem caro.

A questão é que, considerando que já se ingira uma quantidade adequada, aumentar os carbos não faz diferença significativa na performance. Tem estudos até bem recentes mostrando isso.

.....................


Só queria deixar registrado que é bem difícil fazer uma ingestão tão alta de proteínas. A aderência não é tão fácil pra maioria das pessoas. Eu mesmo fico na faixa de ~2,6g/kg de massa magra em média, alguns dias com mais e outros com menos. Mais que isso é bem difícil e pra mim não vale à pena por conta da aderência à dieta.

Postado
Em 24/02/2023 em 12:12, NedFlanders disse:

quanto é uma quantidade ótima de carboidratos para ter mais performance nos treinos? Será que consumir mais carboidratos do que essa quantidade ótima seria mais vantajoso para a composição corporal?

 

Percebo claramente que usando proteína e gordura nos menores níveis possíveis (1.9gr/kg e 0.7gr/kg respectivamente) e com o carbo no talo, os músculos parecem ficarem muito mais cheios

 

Sem contar que em um bulking com superavit alto, aonde teria a preocupação de ganhar gordura, seria impossível usar 2.4-3.3gr/kg de proteína, vai passar todas as refeições só empurrando comida, nunca vai estar com fome

Postado

Já cheguei a fazer high prot em bulking e o feeling que posso compartilhar é que os ganhos eram bem mais lentos e consequentemente percebi que não houve tanto ganho em gordura (sou hormonizado então não seria um bom parâmetro para todos).

O problema maior é a saciedade que a proteína te trás, fica bem mais difícil comer grandes quantidades de comida é se sentir cheio praticamente o dia inteiro, principalmente por deixar as gorduras mais baixas a dieta não era muito palatável.

Em questão do desempenho nos treinos a quantidade de carboidratos também era bem alta coisa de 500-600g dia do macro em si, então não senti essa diferença de desempenho de melhor aproveitamento até porque os dois prot/carb estavam altos na dieta.

Hoje em dia eu trabalho com proteína fixa e só manipulo carboidratos e gordura independente da fase que estou.

Postado

Passar de 2,5g/kg é loucura para mim, só vejo malefícios.

E isso já é high protein :angel:

Postado
Em 24/02/2023 em 12:54, Thomas William disse:

Sem contar que em um bulking com superavit alto, aonde teria a preocupação de ganhar gordura, seria impossível usar 2.4-3.3gr/kg de proteína, vai passar todas as refeições só empurrando comida, nunca vai estar com fome

 

Em 24/02/2023 em 13:01, somedieyoung_ disse:

O problema maior é a saciedade que a proteína te trás, fica bem mais difícil comer grandes quantidades de comida é se sentir cheio praticamente o dia inteiro, principalmente por deixar as gorduras mais baixas a dieta não era muito palatável.

 

Esse é o grande contra. Como escrevi num post acima, é difícil aderir. O que é diferente de dizer que não há vantagens em se ingerir mais proteínas em um bulking ou em manutenção.

Em 24/02/2023 em 13:38, Noel Safado disse:

só vejo malefícios

chegou a ler o tópico?

Postado
Em 24/02/2023 em 12:34, Lucas, o Schrödinger disse:

que parece acontecer com um ingestão muito alta de proteínas é que a gente constrói musculo e o excedente calórico é gasto via TEF (efeito térmico dos alimentos, proteína tem TEF maior que carbos e gorduras) e NEAT (basicamente se movimentando mais). Proteína basicamente não vira gordura (claro que a gente consome carbos e gorduras junto, então eles podem virar gordura).

 

Por isso vejo que tenha de ter estudo com manipulação e controle da variável volume de treino. Não adianta só analisar a proporção dos macros, pois aumentar carbo mantendo volume de treino não parece vantajoso, contudo, se vier acompanhado deste aumento de volume de treino, talvez seja vantajoso em relação ao aumento de proteínas. 

Postado (editado)
Em 24/02/2023 em 13:39, Lucas, o Schrödinger disse:

 

chegou a ler o tópico?

Sim.

 

Em 24/02/2023 em 13:44, Verdura disse:

 

Por isso vejo que tenha de ter estudo com manipulação e controle da variável volume de treino. Não adianta só analisar a proporção dos macros, pois aumentar carbo mantendo volume de treino não parece vantajoso, contudo, se vier acompanhado deste aumento de volume de treino, talvez seja vantajoso em relação ao aumento de proteínas. 

Percebo exatamente isso que você citou, já testei usar mais de 2,5g/kg de proteínas e só vi malefícios.

Até acho válido para quem faz só musculação. Para grande maioria que treina com pouco volume e numa intensidade duvidosa, o consumo exagerado de proteínas evita certo ganho de gordura.

Editado por Visitante
Postado
Em 24/02/2023 em 14:02, Noel Safado disse:

Para grande maioria que treina com pouco volume e numa intensidade duvidosa

Acho que expliquei no post acima a questão do volume de treino x carboidratos.

 

Em 24/02/2023 em 14:02, Noel Safado disse:

só vi malefícios.

"Malefícios", se é que podemos chamar assim, acho é a questão já abordada da aderência. Isso acho que não tem tanto debate mesmo.

Postado
Em 24/02/2023 em 14:07, Lucas, o Schrödinger disse:

Acho que expliquei no post acima a questão do volume de treino x carboidratos.

 

"Malefícios", se é que podemos chamar assim, acho é a questão já abordada da aderência. Isso acho que não tem tanto debate mesmo.

Nada contra os estudos pô, já falei que deixo eles para ti.

Não vejo a aderência como o vilã principal, para mim é questão de digestão e observação, por isso digo que só vi malefícios ao usar proteínas em exagero.

Lembrando que estou falando de mim mesmo, estou onfire faz um bom tempo e não pratico apenas musculação, então talvez seja válido discordar de certos pontos, não acha?

Postado
Em 24/02/2023 em 14:29, Noel Safado disse:

questão de digestão

isso aí entra na aderência, né

 

Em 24/02/2023 em 14:29, Noel Safado disse:

então talvez seja válido discordar de certos pontos, não acha?

sem dúvidas, mas de quais pontos discorda? e com base em que?

Postado
Em 24/02/2023 em 10:58, Lucas, o Schrödinger disse:

A seguir vou tentar trazer algumas evidências sobre o consumo de proteínas e o porquê de poder haver alguma vantagem em um consumo mais elevado.

 

Está bem pacificado atualmente que a ingestão ótima de proteínas para maximizar a hipertrofia está na faixa de 1,6-2,2g/kg. Esses números foram tirados de um meta análise (1) contendo 49 estudos e 1863 participantes.

 

 

Esse valor se refere ao peso total do indivíduo, então alguém extremamente magro pode ficar numa faixa um pouco superior, ao passo que uma pessoa com alto percentual de gordura vai ficar numa faixa inferior. Nesse sentido, uma faixa de ingestão de 1,9-2,6 g/kg de massa magra talvez seja uma orientação mais adequada.

 

Há também a questão do alto consumo de proteínas em déficit calórico, quando as recomendações são uma ingestão maior que a habitual, no intuito de preservar o máximo de massa muscular. Em um estudo de revisão (2), Eric Helms sugere uma ingestão de 2,3-3,1g/kg de massa para déficits calóricos que promovam uma perda de 0,5-1% do peso por semana para uma maior retenção de massa muscular.

 

 

Até aqui não parece haver grande polêmica ou controvérsia.

 

Em estudos, quando foram comparadas ingestões de proteínas diversas, a maior ingestão sempre leva a melhores resultados. Alguns exemplos:

 

Em um estudo (3) do Jose Antonio, compararam 4,4g/kg versus 1,8g/kg. O grupo de 4,4g/kg de proteína teve uma ingestão calórica cerca de 800kcal maior. Entretanto, não se observou ganho de gordura.

 

 

Aqui surgiu uma hipótese do disappearing protein. Algum tempo depois, o mesmo grupo fez este estudo follow-up (4), onde um grupo consumiu 2,3g/kg, portanto dentro das recomendações padrão, e o outro consumiu 3,4g/kg.

 

Ocorre que, embora ambos os grupos tenham ganhado quantidades semelhantes de massa muscular - o que se coaduna com o teto recomendado de 2,2g/kg-, o grupo que consumiu mais proteína teve menor ganho de gordura, conforme imagens abaixo:

 

figure 2 figure 3

 

Mais recentemente, o mesmo grupo fez este terceiro estudo (5), avaliando composição corporal e marcadores de saúde em uma dieta alta em proteína (2,6-3,3g/kg/dia) - não houve problemas nos indicadores de saúde avaliados. De forma similar aos anteriores, embora o grupo de maior ingestão proteica tenha ingerido em média 369kcal a mais, não houve diferença significativa na massa gorda (na verdade o grupo de alta proteína perdeu gordura, mas não houve significância estatística).

 

Abaixo review do Alan Aragon retirado do AARR sobre esse último estudo: 

 

 

Tem mais alguns estudos comparando alto consumo de proteínas com ingestões pequenas, como este (6), que comparou 1,2g/kg com 2,4g/kg, onde o grupo de maior ingestão de proteínas ganhou mais massa muscular e perdeu mais gordura, conforme gráfico abaixo:

 

recomp-study-graph.gif

 

Neste, especificamente, os participantes eram obesos e praticaram treinamento resistido. Alguém não obeso não deve esperar ganho de massa muscular com um déficit de 40% do GCD. Mas serve de recomendação para os que tem maior percentual de gordura e buscam reduzi-lo sem perder e ainda ganhar massa muscular.

 

Um outro estudo (7) comparou três grupos, baixa (0,67g/kg), média (1,8g/kg) e alta (3,0g/kg) proteína, com um superávit calórico de 40% do GCD. Os resultados mostram a melhora no particionamento em favor de uma maior ingestão de proteínas, conforme tabela a seguir:

 

  ganho de gordura ganho de massa magra
baixa proteína 3.66 kg - 0.7 kg
média proteína 3.45 kg 2.87 kg
alta proteína 3.44 kg 3.18 kg

 

Neste estudo (8) do Brad Schoenfeld, houve recomposição corporal em atletas femininas (aspiring female physique athletes) no grupo que fez uma alta ingestão de proteínas (2,5g/kg). Abaixo texto do próprio autor sobre o estudo:

 

 

O interessante deste estudo não é exatamente a comparação, já que sabemos que 0,9g/kg de proteína é uma ingestão subótima, mas o fato de ter havido ganho de massa muscular e perda de gordura no grupo de alta proteína.

 

O ótimo site que compila estudos sobre todo tipo de substância, examine.com, fez a compilação abaixo sobre as recomendações de ingestão de proteínas:

 

 

No decorrer do tópico original Porque praticar uma alta ingestão de proteínas tem esses e alguns outros estudos e infográficos tirados do instagram (infelizmente o fórum apagou todos os posts de instagram e muito do conteúdo se perdeu).

 

Com base em tudo que eu li e estudei sobre o tema, minha recomendação seria a seguinte:

 

 

Espero que sirva pra pararem de afirmar que mais de 2,2g/kg não serve pra nada. De fato, não há ganhos adicionais de hipertrofia, mas há outros benefícios razoavelmente claros, ao meu ver.

 

Referências:

 

[1] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28698222

[2] https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/1550-2783-11-20

[3] https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/1550-2783-11-19

[4] https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12970-015-0100-0

[5] https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12970-016-0114-2

[6] https://www.researchgate.net/publication/292154332_Higher_compared_with_lower_dietary_protein_during_an_energy_deficit_combined_with_intense_exercise_promotes_greater_lean_mass_gain_and_fat_mass_loss_A_randomized_trial

[7] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3777747/table/T1/

[8] https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29405780/

muito interessante seu artigo.. na medicina tem uma discussao muito interessante sobre a quantidade de consumo de proteinas por kg.. principalmente em pacientes com doencas renais.. vale a pena a leitura abc

Postado
Em 25/02/2023 em 14:00, jfonseca1 disse:

muito interessante seu artigo.. na medicina tem uma discussao muito interessante sobre a quantidade de consumo de proteinas por kg.. principalmente em pacientes com doencas renais.. vale a pena a leitura abc

No tópico original tem vários links pra estudos sobre a segurança de uma alta ingestão, mas sempre em referência a pessoas saudáveis. Se quiser, fique a vontade pra contribuir com informações sobre proteínas x saúde (ou qualquer outra coisa, obviamente rsrs).

Postado
Em 25/02/2023 em 14:05, Lucas, o Schrödinger disse:

No tópico original tem vários links pra estudos sobre a segurança de uma alta ingestão, mas sempre em referência a pessoas saudáveis. Se quiser, fique a vontade pra contribuir com informações sobre proteínas x saúde (ou qualquer outra coisa, obviamente rsrs).

Na hora.. vou mencionar alguns..

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8067427/ (ingesta optima em pacientes com doenca renal cronica com sarcopenia)

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6950466/ (dieta com alta ingesta de proteina em esteatose hepatica nao alcoolica)

 

mandei 2 links mostrando os 2 lados da moeda.. de um lado pessoas que defendem uma ingesta baixa de proteina.. do outro uma ingesta alta.. diferentes doencas diferentes visoes..

Postado
Em 25/02/2023 em 14:00, jfonseca1 disse:

muito interessante seu artigo.. na medicina tem uma discussao muito interessante sobre a quantidade de consumo de proteinas por kg.. principalmente em pacientes com doencas renais.. vale a pena a leitura abc

 

Sim, daí que vem as extrapolações que muitos médicos replicam.

 

Pois a proteína consumida em excesso vai sofrer um processo de desaminacão, onde o grupo amina dos aminoácidos é removido no fígado, a molécula restante é direcionada para produção de energia através da gliconeogênese ou corpos cetônicos e esse grupo amina é basicamente amônia que é tóxica e é convertida em uréia pelo fígado para ser excretada pelos rins.

 

Por isso falamos q proteína demais sem uso vira xixi caro, e também por essa eliminação da uréia pelos rins vem a extrapolação de proteína em excesso causar problemas renais.

 

Se a pessoa não tem nenhum problema no processamento de excretas nitrogenadas e renais ela não vai ter complicações com dieta hiperproteica, mesmo em 4g/kg. E ninguém vai conseguir manter uma dieta de 5/6/7 ou até 10g/kg de proteína por tempo o suficiente pra descobrir.

 

O erro vem de um médico afirmar com total segurança que 2g/kg é lesivo aos rins para pessoas saudáveis, principalmente praticantes de atividades físicas, onde temos maior demanda.

 

Para paciente renal seja crônico ou agudo temos um controle enorme da ingestão protéica, as vezes não pode passar de 0,8g/kg, pois a menor quantidade excedente vai gerar aumento de uréia circulante em um indivíduo que já não possui função renal.

Postado
Em 01/03/2023 em 12:31, SaBiih disse:

Quando se trata de cutting, EU noto diferença no shape em deixar a proteína na faixa de 3g/kg MM:

Sinto que o shape fica mais cheio durante o dia, a retenção é menor e nitidamente seco mais rápido com a mesma quantidade de calorias quando a dieta está com a proteina no talo e a gordura BEM BAIXA (0.5g-0.6g/kg). 

Os únicos pontos negativos é que a dieta fica mais cara e me sinto um pouco mais estufado pela quantidade de proteína (o que em cutting é até bom pela fome).

 

Em bulking, testei usar 3g/kg de peso total quando era natural, mas sinceramente, as únicas diferenças que senti foram uma melhor recuperação muscular (nada absurdo) e parecia que ganhava menos gordura com a mesma quantidade de kcals de superavit de quando deixava a proteina em 2.2g/kg e usava carbo/fat pra completar as kcals.

 

Enfim, tbm sou defensor de uma quantidade alta de proteína na dieta e se tratando de bodybuilding, a maioria dos coachs tbm usa uma quantidade maior de proteínas (alguns beirando o absurdo), o que teoricamente iria contra o que é pregado, já que AEs previnem a degradação proteica, fazendo com que a quantidade de proteína ingerida fosse menor. E basta ver o relato da maioria dos atletas, que quando aumentaram a quantidade de proteína na dieta, o shape alavancou.

Qual sua dieta? Se puder compartilhar. Pelo que vi faz apenas uma refeição, qual essa refeição? Abraço.

Postado
Em 02/03/2023 em 14:56, lfao disse:

Qual sua dieta? Se puder compartilhar. Pelo que vi faz apenas uma refeição, qual essa refeição? Abraço.

Naum dou detalhes da dieta, mas basicamente a refeição é arroz, ovos, aveia, frutas, leite em pó, azeite de oliva, vegetais e proteina text. soja.

Postado

Eu uso referências parecidas com essas do resumo, porém dificilmente prescrevo acima de 3,0 g/kg, varia muito com o condicionamento da pessoa (iniciante, avançado, atleta), por exemplo, para uma pessoa com histórico de obesidade é interessante usar proteína alta quando ela já estiver no peso adequado. A questão é: a maioria das pessoas não conseguem chegar no peso adequado para iniciar um bulk controlado. Por isso, para a maioria das pessoas é uma quantidade elevada de proteína, até por questões financeiras, então tem muitas coisas pra levar em consideração. Sensibilidade à insulina também conta.

 

Mas de forma geral, está próximo das recomendações no livro do Dudu (nutrição no fisiculturismo) que sempre uso.

 

Abcs

  • 2 meses depois...
Postado

@Lucas, o Schrödinger

  • Manutenção de peso: 1,4-2g/kg;
  • Hipertrofia: 1,6-2,4g/kg;
  • Hipertrofia minimizando ganho de gordura: até 3,3g/kg;
  • Queima de gordura: 1,6-2,4g/kg
  • Queima de gordura minimizando a perda de massa muscular: até 3,1g/kg;

Nesses casos, seria levado em consideração a massa total ou a massa magra do indivíduo?

  • 2 meses depois...
Postado

Como sou preguiçoso não vou caçar se já tem esse artigo aqui, mas segue para registro

 

Protein Distribution Matters, To An Extent

https://massresearchreview.com/2023/05/22/protein-distribution-matters-to-an-extent/

 

Resumão: Frequência de refeições e tempo não é tão importante como o estímulo de treino, comer um correto número de calorias e sua quantidade diária de proteína o estudo mostra uma pequena vantagem em fracionar entre 3-5 refeições e algo entre >0,24g/kg cada uma delas durante o dia.

  • 6 meses depois...
Postado
Em 24/02/2023 em 22:49, cadumonteiro disse:

@Lucas, o Schrödinger 

Lucas primeiro parabéns pelo post.

 

Infelizmente esse tema de quantidade proteína sempre vai ser ponto de discussão, mesmo no meio que estamos.

Porque bodybuilder é uma público muito pequeno para ser considerado como população de estudo e também são casos muito externos para analisar, é alto consumo calórico, baixo consumo calórico, alto volume de treino, sem contar o ambiente hormonal.

 

Por isso temos uma infinidade de broscience, achismos, “comigo funciona assim”. E por ser uma área bem cinzenta acaba que sempre acabamos usando dsso como ponto de partida, mesmo que com peso menor a prática observacional tem valor sim, afinal quando falamos de bodybuilding estamos falando de extremos, então não temos literatura e manuais.

 

Mas trazendo mais para a realidade da maioria quando falamos de hipertrofia, emagrecimento, treinamento temos mais parâmetros e informações validadas.

Sempre que se fala em ingestão de proteína o primeiro pensamento é relacionado à hipertrofia muscular, porém apenas cerca de 20% da proteína ingerida é direcionada para os músculos, a maior parte é utilizada pelo intestino, sistema imunológico, órgãos, processos enzimáticos, pele, cabelos.

Mas quando falamos de massa muscular primeiro falamos em manutenção, depois falamos de aumentar.

Por isso a maior dificuldade num processo de emagrecimento bem estruturado não é fazer reduzir o percentual de gordura, mas sim manter o máximo possível a massa muscular existente.

O músculo precisa de 3 pilares para se manter/crescer:

Estímulo do treino

Nutrientes e energia (carbo e ptn)

Ambiente hormonal propício

 

Cada um que vc tirar vai ter impacto negativo no processo, um mais rápido que outro.

 

Com isso explicado posso entrar na questão das quantidades e aqui eu pontuo o que na minha opinião é a maior fonte de desinformação de médicos e Nutricionistas: a FACULDADE.

Sim, na graduação você é ensinado que emagrecimento é restrição calórica de 500kcal/dia, mais que isso é risco de vida, que não se deve fazer ingestão calórica abaixo da TMB pois vai gerar dano ao metabolismo, e vemos q ingestão de 0,8 a 1,2g/kg de ptn é considerado ideal.

Sim, é ideal, estatisticamente a nível populacional, para manter as funções básicas, 1,5g/kg já é chamado de alta proteína e considerado perigoso a médio prazo, sério.

O máximo que se vê na graduação para ingestão proteica é algo na casa de 1,8 raramente 2g/kg para casos de bariátrica ou obeso mórbido.

 

Porém fora da graduação a gente tem a oportunidade de ver o mundo real.

O momento mais crítico relacionado com ingestão proteica é no emagrecimento.

Pois afinal estamos restringindo um dos 3 pilares da manutenção de massa muscular, a energia.

Quando falamos de praticantes de atividade física, atletas não queremos apenas reduzir a gordura mas manter a massa muscular e para isso o maior fator é a ingestão proteína junto com o déficit calórico adequado.

Vamos considerar um indivíduo não hormonizado como exemplo.

Sabemos que alta restrição calórica gera a médio prazo uma redução dos níveis de testosterona, alterações nos hormônios tireoidianos (controle de metabolismo energético), aumento de hormônios relacionados ao catabolismo. Pronto criamos um ambiente perfeito para perda de massa muscular.

 

Onde podemos compensar um pouco é na ingestão de proteína, pois é bem documentado que o maior estímulo de síntese proteica ocorre após a ingestão de uma refeição com proteína.

Porém num cenário de alta restrição calórica (cerca de 1000kcal de déficit diário) e alto volume de treino vamos ter uma demanda energética que precisa ser suprida e essa diferença vai vir não só dá gordura armazenada, vamos ter catabolismo muscular, produção de glicose a partir de aminoácidos.

Por isso antes de pensar no valor de g/kg de ptn temos que pensar no quanto de energia está entrando seja em déficit ou superávit calórico, pois o carboidrato exerce um papel de poupador de proteínas, quando temos uma oferta adequada de carboidratos temos uma redução na quantidade de aminoácidos utilizados para produção de glicose.

Por isso tão importante quanto a quantidade de proteína diária é a quantidade e carboidrato.
Em uma dieta de déficit podemos ter as mesmas 2000kcal mas com distribuição de macros diferentes:

50% carbo (250g)
30% ptn (150g)

20% lip (44g)

Ou

30% carbo (150g)
40% ptn (200g)

30% lip (67g)

As duas distribuições possuem 2000kcal, porém podem e vão apresentar desfechos diferentes.

Para uma pessoa que treina algum esporte eu indicaria a primeira distribuição com mais carbo, visando manutenção da performance e intensidade nos treinos e nas atividades não exercício, pois com menos aporte calórico tendemos a ficar mais inativos em outras atividades cotidianas.

Para uma pessoa que não treina indicaria a segunda distribuição visando mais saciedade e palatabilidade e como essa pessoa tem menos gasto por não treinar não justifica ter maior aporte de carbo, claro que essas escolhas dependem de outros fatores bioquímicos e fisiológicos mais complexos.

O que quero explicar é que já está mais que consolidado que existe um maior estímulo de síntese proteica e proteção da massa muscular relacionados diretamente com maior ingesta de proteínas na dieta.

E o post conduz para o mesmo raciocínio que desenvolvi e justifiquei aqui, os valores considerados ideais mudam conforme o objetivo (quantidade de calorias e carbo)

Em superávit não precisamos ingerir mais que 2,5g/kg, alguns lugares cravam q 1,5g/kg é suficiente em dietas com alto carbo de 4 a 7g/kg, mas tem literatura mostrando que o resultado é mais eficiente com 2 a 2,5g/kg

Em déficit como temos menos calorias e consequentemente menos carbo, menos de 4g/kg, trabalhamos inicialmente com 2,5g/kg e podendo chegar facilmente em 3,5 e até 4g/kg.

 

Não é questão de preferência ou achismo, temos uma sólida literatura e prática clínica embasando os dados

 

Ótima analise! Como busco o ganho de MM, mantenho minha dieta entre 2,1~2,3g/kg de proteína. Também foi bom saber que o excesso é maléfico aos rins. 

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