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ora-pro-nóbis, Você Conhecia?


Latin Snake

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Postado (editado)

Fala galera, tava estudando umas coisa para faculdade e no livro tinha la falando sobre uma planta com alto valor proteico ,muito facil cultivo otima opção para pacientes desnutridos e com baixa renda.Só por ai já fiquei curioso então decidi compartilhar aqui com vocês uma pesquisa sobre a farinha dessa planta, reparem no valor nutricional:

 

Caracterização química e nutricional da farinha de ora-pro-nóbis

 

  Resumo : A ora-pro-nóbis é uma planta nativa, originária dos trópicos, sendo classificada como vegetal nãoconvencional. Sabe-se que esse vegetal apresenta elevado teor proteico, destacando-se a presença de aminoácidos essenciais como lisina, leucina e valina. Além disso, é considerada um complemento nutricional devido seu elevado teor de fibras, 2 ferro, cálcio, entre outros. Devido a isso, objetivou-se neste trabalho a caracterização química e nutricional da farinha de Pereskia aculeata Mill. (ora-pro-nóbis). As análises de umidade, proteína, lipídeos, fibras dietéticas e cinzas foram determinadas, em triplicada, de acordo com as normas da Association of Official Analytical Chemist (AOAC, 2000), o estudo deste trabalho demonstrou seu potencial nutritivo, em especial a grande concentração de fibras e o seu valor proteico, confirmando que a introdução deste vegetal na alimentação da população resultaria na contribuição para uma melhor condição nutricional e de renda, estimulando o seu consumo. Palavras-chave: Análise química, Avaliação nutricional, Carne de pobre, Ora-pronobis.

 

1 INTRODUÇÃO :

O Brasil possui uma vasta biodiversidade de plantas nas quais são encontrados ricos nutrientes e minerais. Dentre essas, são apresentada as hortaliças não convencionais que são uma alternativa alimentar e uma opção de atividade agropecuária, por serem plantas com excelente valor nutricional, de fácil cultivo e baixo custo (ROCHA et al., 2008). Dentre elas encontra-se a Pereskia aculeata Mill. (ora-pro-nóbis), que do latim significa “rogai por nós”. Esta pertence ao reino Plantae, da família Cactacea e gênero Pereskia (ALMEIDA; CORRÊA, 2012). A ora-pro-nóbis é uma planta nativa, originária dos trópicos, perene, com caules finos, geralmente se apresenta na forma de trepadeira, pode atingir dez metros de altura, com ramos longos, espinhos e suas folhas são carnudas com presença de mucilagem (DUARTE; HAYASHI, 2005). É interessante e favorável ao cultivo, por ser uma planta rústica e de fácil propagação. No Brasil é mais encontrada no Estado da Bahia e Minas Gerais, porém as informações técnicas sobre essa cultura ainda são carentes e pouco exploradas (TOFANELLI; RESENDE, 2011). Mesmo sendo pouco estudada cientificamente, sabe-se que a Ora-pro-nóbis apresenta em média 20% de teor proteico e 85% de digestibilidade, além de elevados valores de aminoácidos essenciais, destacando-se a lisina, leucina e valina, podendo assim demonstrar aplicação farmacológica no tratamento e prevenção de patologias relacionadas a deficiências proteicas (MAZIA, 2012; ROCHA et al., 2008). O principal problema decorrente do uso de vegetais é o desconhecimento dos fatores antinutricionais, substâncias naturais provenientes do seu metabolismo secundário. Os vegetais podem acumular altas concentrações dessas substâncias em suas folhas, podendo originar reações tóxicas e/ou interferir na biodisponibilidade e digestibilidade de alguns nutrientes (SANTOS, 2006). 4 Existe a real necessidade de estudos da composição química nutricional e não somente nutricional de hortaliças não convencionais e convencionais, a fim de incorporá-las na dieta da população na forma de farinhas e ,consequentemente, melhorar a qualidade de vida e a saúde da população em questão. Assim, foi objetivo deste trabalho realizar a caracterização química da farinha de Pereskia aculeata Mill. e avaliar sua viabilidade nutricional.

 

2 MATERIAL E MÉTODOS 2.1:

Colheita e processamento da amostra As amostras de Pereskia aculeata Mill. foram retiradas de plantas escolhidas aleatoriamente na cozinha piloto da cidade de Paraguaçu Paulista - SP, nos meses de outubro de 2012 a agosto de 2013, acondicionadas em caixas térmicas vedadas e transportadas de carro para o laboratório de analises Físico-Químicas da FATEC “Estudante Rafael Almeida Camarinha” em Marília- SP. As folhas e talos foram lavados em água destilada, imersas em solução de hipoclorito de sódio a 0,5% (v/v) e submetidas à desidratação em estufa com circulação de ar 60 ºC durante 24 horas. Em seguida, o material foi triturado em moinho de faca, peneirado em tamis de 60 mesh e a farinha obtida foi acondicionada em vidros com tampas herméticas. 2.2 Caracterização química das farinhas das folhas de Pereskia aculeata Mill. As análises de umidade, proteína, lipídeos, fibras dietéticas e cinzas foram determinadas, em triplicada, de acordo com as normas da Association of Official Analytical Chemist (AOAC, 2000). O teor de nitrogênio total foi determinado pelo método de Kjeldhal, utilizando-se o fator 6,25 para a obtenção do teor de proteína total. 5 Os carboidratos foram determinados pela diferença em matéria seca e a para a quantificação dos minerais (Na e Ca), as farinhas de ora-pro-nóbis foram submetidas à calcinação para obtenção de cinza, diluídas em ácido clorídrico (1:1) e a leitura realizada em fotômetro de chama marca Digimed DM 61. (AOAC, 2000).

 

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO :

Os resultados obtidos na caracterização química da planta estão apresentados no Quadro 1, onde se verificou que a quantidade de sódio encontrada foi de 8,5 mg para as folhas e 14,0 mg para os talos. A Organização Mundial da Saúde recomenda um consumo máximo de 2000 mg de sódio por pessoa ao dia (BRASIL, 2013), desta forma o ora-pro-nóbis supri em media de 1,13% do consumo médio diário recomendado, outros vegetais convencionais como o Couve 15,0 mg/100g, a Chicória 14,6 mg/100g de sódio. O Cálcio é um nutriente fundamental para o crescimento, manutenção de funções do organismo, os teores de cálcio nas farinhas variaram de 1.440 mg/100g na serralha a 2.100 mg/100g na taioba, sendo próximos as folhas secas de cenouras (1.970 mg/100g), a taioba seca (2.230 mg/100g) e a farinha de folhas de mandioca (1.930 mg/100g), (BARBOSA et al. (2012); PEREIRA et al., 2003; PINTO et al., 1999). Neste trabalho, o teor de cálcio obtido nas folhas foi de 105.0 mg e para os talos 107,5 mg. Ao compararmos estes valores com outros vegetais regionais, nos quais 2 colheres de sopa de brócolis refogado de (20g) equivale 23mg, 1 concha média de feijão preto (100g) equivale 27mg, 1 concha média de feijão branco (100g) equivale 50 mg. Em comparação com esses valores, pode-se verificar o valor nutricional do ora- pro- nobis. Os teores de cálcio no presente estudo comprovam a relevância destes minerais em vegetais folhosos, podendo ser considerados boas fontes, suprindo as necessidades diárias de 800 mg (BRASIL, 1998).

 

Quadro 1 - Caracterização química dos talos e folhas de Ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata Miller) por 100 g de massa seca

 

 

orapronois.jpg

 

Com relação à umidade observaram-se os valores de 12,89% para as folhas e 11,95% para os talos. Girão et al. (2003) encontrou os valores de 14,55% para as folhas e 14,99% para os talos. As farinhas estudadas apresentaram teores de umidade que corroboram com a faixa considerada segura pela legislação brasileira, que estabelece limite máximo de 15 g/100g de umidade para farinhas, amidos e farelos (BRASIL, 2005). Os resultados referentes aos glicídios apontaram valores de 15,28% para as folhas e 41,01% para os talos de glicídios. Girão et al. (2003) encontrou respectivamente 3,32% para as folhas e 3,98% para os talos de glicídios. Modesti (2006), encontrou valores de 260,45±5,50 para o ora-pro-nobis que corroboram com os valores encontrados por este trabalho. Borges et al. (2003) encontraram os valores de carboidratos de 44,57±2,52 para a taioba, 39,46±3,43 para mostarda e 33,97±2,59 para serralha. Analisando aos teores de fibra alimentar totais encontrados nas amostras observou-se o valor de 24,69% para os talos e 31,40% para as folhas. Girão et al. (2003) encontrou em sua análise a concentração de 29,62% para as folhas e 48,25% para os talos. No entanto Morton (1987), encontrou 9,1 a 9,6% para as folhas. Em relação a outras hortaliças não convencionais como serralha, mostarda e taioba. Silva et al. (2005) apresentou os seguintes resultados: para Serralha 19,57%, Mostarda 20,42% e Taioba 14,29%. Um alimento pode ser considerado rico em fibras, se apresentar mínimo de 3 g fibras/100 ml (líquidos) e mínimo de 6 g fibras/100 g (sólidos) do produto. Ou seja, se contiver mais que 6 g de fibras, que é a recomendação mínima, podem ser considerados ricos em fibras, para um alimento sólido (BRASIL, 1998). 8 A recomendação nutricional de consumo diário de fibras é de 25 a 30 gramas/dia, para alcançar essa quantidade, é interessante observar a informação nutricional de cada alimento (BRASIL, 1998). No presente trabalho a análise do teor proteico das amostras deste trabalho apresentou valores de 18,95% para as folhas e 9,53% para os talos. Resultados que corroboram com os valores encontrados por Girão et al. (2003) sendo de 19,67% para as folhas e 9,56% para os talos. Já para Almeida Filho e Cambraia (1974) foi destacado o aspecto alimentar da espécie P. aculeata Mill., cujas folhas apresentaram teores de proteína que variou de 17,4% a 25,4%. Já Silva et al. (2005) relataram 24,73% para folhas, resultados semelhantes ao nosso estudo. Considerando que 100g de folhas de Pereskia aculeata Mill. possuem aproximadamente 20g de proteína bruta, parte do enriquecimento poderia ser suprida com a inserção de folhas dessa planta na dieta diária. Quando se comparam, em matéria seca, 100 g das farinhas de ora-pro-nóbis com 100 g dos feijões cozidos (preto e roxo), que são fontes de proteínas de origem vegetal (TACO, 2006), observa-se que as farinhas destas cactáceas apresentaram maiores teores proteicos comparados com outros vegetais considerados altos em relação a outras hortaliças não convencionais como serralha mostarda e taioba. Outro aspecto positivo do ora-pro-nóbis foi à baixa quantidade de lipídios, podendo ser utilizadas em dietas hipocalóricas e com restrição de lipídeos. Foram encontrados valores de 4,01% para as folhas e 4,96% para os talos. Valores muitos próximos aos encontrados por Girão et al. (2003) que foi de 4,41% para as folhas e 1,80% para os talos e menores que a variação apresentada por Morton (1987) com valores de 6,8% a 11,7% g para as folhas.

 

4 CONCLUSÃO :

A ora-pro-nóbis é uma hortaliça pouco conhecida que tem adquirido espaço com a confirmação da presença de importantes nutrientes em sua constituição, como proteínas, fibras e minerais, entre eles o ferro e o cálcio, além de vários outros compostos benéficos a saúde. A busca de uma dieta equilibrada e a manutenção da saúde tem despertado interesse na comunidade científica, promovendo a realização de estudos com o intuito de informar sobre a atuação de alimentos nutricionalmente ricos na dieta humana. Conclui-se, que o incentivo e introdução desta planta na alimentação da população resultariam na contribuição para uma melhor condição nutricional e de renda, estimulando o seu consumo.

 

REFERÊNCIAS:

AOAC – ASSOCIATION OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS (2000). Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists.17. ed. Arlington, v. 1 e v. 2. ALMEIDA FILHO, J.; CAMBRAIA, J. (1974). Estudo do valor nutritivo do “ora-pronobis” (Pereskia aculeata Mill.). Revista Ceres, Viçosa, v. 21, n. 114, p. 105-11. ALMEIDA, M. E. F. de; CORRÊA, A. D. (2012). Utilização de cactáceas do gênero Pereskia na alimentação humana em um município de Minas Gerais. Revista Ciência Rural, Santa Maria, v. 42, n. 4, p. 751-56, abr. BARBOSA, C. K. R.; FINGER, F. L.; CASALI, V. W. D.; OLIVEIRA, L. S.; PEREIRA, D. M. (2012) Manejo e conservação pós-colheita de Pereskia aculeata Mill. em temperatura ambiente. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 30, n. 2, jul. BORGES, J. T. da S.; ASCHERI, J. L. R.; ASCHERI, D. R.; NASCIMENTO, R. E. do; FREITAS, A. S. (2003). Propriedades de cozimento e caracterização físico-química de macarrão pré-cozido à base de farinha integral de quinoa (Chenopodium quinoa, Willd) e de farinha de arroz (Oryza sativa, L) polido por extrusão termoplástica. Boletim CEPPA, Curitiba, v. 21, n. 2, jul./dez. 10 BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e o Abastecimento (2005). Resolução nº 263, de 22 de setembro de 2005. Aprova o regulamento técnico para produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 set. Disponível em:

Editado por Latin Snake

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