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As Armadilhas Da "medição" De Gordura Corporal

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Série de artigos retirada do site https://weightology.net, do Nutricionista e Pesquisador norte-americano James Krieger. Ao final do texto estão os links de cada artigo.

Traduzido por HMacOs e mpcosta82

As armadilhas da "Medição" de Gordura Corporal (Body Fat, ou BF)

Muitos de nós, em algum momento, tivemos nossos níveis de gordura corporal "medidos".

Eu coloquei "medidos" entre aspas, pois a gordura corporal "medida" não é uma medida de fato. A avaliação de gordura corporal é uma estimativa, e uma bem ruim.

O Homem do Tempo não mede o tempo

Quando um meteorologista lhe dá uma previsão, ele não mede o tempo. Ele está estimando o tempo. E isso é exatamente o que acontece quando você tem sua gordura corporal avaliada. Estamos estimando seus níveis de gordura, e não os medindo. Junto com essa estimativa vem uma certa margem de erro. Assim como o meteorologista não pode prever o tempo com precisão de 100%, também não podemos estimar os seus níveis de gordura corporal com 100% de precisão. Na verdade, não podemos sequer estimar a gordura corporal com precisão de 70%. Neste artigo, você vai aprender o quão ruim esta estimativa realmente é.

Ninguém quer morrer por uma avaliação de gordura corporal

A única maneira de realmente medir sua gordura corporal é através de dissecação. Isso significa que você teria que estar morto para que pudéssemos tirar toda a gordura do seu corpo e a pesar. Não vejo ninguém se voluntariando para isso tão cedo.

Como não podemos medir diretamente a gordura corporal em humanos vivos, temos que encontrar uma maneira de estimá-la. Este é o ponto em que os vários métodos de avaliação de composição corporal entram em jogo. Nós medimos o que PODEMOS medir em um humano vivo para então usar essa medida para estimar a quantidade de gordura corporal. No caso do teste de dobras cutâneas (Skinfold, SF), medimos a espessura de dobras cutâneas em várias partes do seu corpo. No caso da impedância bioelétrica (BIA, ou bio impedância), medimos a resistência do seu corpo para uma determinada corrente elétrica (bastante comum atualmente em balanças digitais). No caso da pesagem hidrostática (ou submersa) ou o Bod Pod (pletismografia por deslocamento de ar), podemos medir o seu volume e peso corporal. No caso da Absorciometria com Raios-X de Dupla Energia (Dual-Energy X-Ray Absorptiometry, DEXA, também conhecida por densitometria), medimos a absorção do corpo a dois diferentes feixes de raios-X.

Independentemente de como a medição é feita, vamos acabar com uma estimativa do quanto nós achamos que sua gordura corporal seja caso fôssemos te matar, tirar toda a gordura e então pesá-la. Esta estimativa tem um erro associado a ela, e o tamanho deste erro varia dependendo de qual técnica foi utilizada para efetuar a medição. Enquanto algumas técnicas têm erros menores do que as outras, mesmo as melhores técnicas têm erros consideravelmente grandes... maiores do que muitos possam imaginar.

Como são feitas as medições de gordura corporal


Dos Compartimento (dois compartimentos)

A maioria das técnicas para estimar a gordura corporal é baseada em um modelo de dois compartimentos. Isto significa que nós dividimos seu corpo em dois componentes: gordura e massa magra. Massa magra inclui tudo o que não é gordura, ou seja, inclui seus órgãos, músculos, ossos e água corporal. É neste ponto que muita gente comete um erro: elas vêem sua massa magra variar, e acreditam que foi uma variação na massa muscular. No entanto, não é possível estimar a massa muscular baseado em um modelo de dois compartimentos; nós estimamos apenas o que não é gordura. Uma simples mudança na quantidade de água corporal irá aparecer como mudança na massa magra. Por isso você sempre precisa ter cuidado e entender que massa magra não é equivalente a massa muscular.

A Pesagem hidrostática há tempos é considerada como o “padrão ouro” dos modelos de dois compartimentos.

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Na pesagem hidrostática você é pesado em um tanque cheio d’água, e ao mesmo tempo é medida a quantidade de água que você desloca (o que nos fornece o seu volume corporal, ou a quantidade de espaço que o seu corpo ocupa). A massa magra é mais densa do que a gordura; ou seja, seu peso é maior para um mesmo volume. Além disso, a gordura tende a flutuar na água, enquanto a massa magra tende a afundar. Utilizamos estes princípios para calcular a sua densidade corporal. A partir deste número nós podemos estimar sua massa gorda e magra. O Bod Pod se baseia em um princípio similar, com a diferença que nós medidos a quantidade de ar que você desloca, ao invés de água.

Pesagem hidrostática um “padrão ouro”? Mais para “padrão bronze”

Qualquer um que tenha sido pesado embaixo d’água irá dizer a você que não é um processo confortável. Você tem que usar uma roupa de banho, tirar o máximo possível de ar da roupa quando estiver na água, tirar o máximo possível de bolhas de ar da sula pele, expelir o máximo possível de ar, e então submergir enquanto sentado em um ‘balanço’, como na foto acima. Você tem que ficar imóvel até que ocorra a medição. Você normalmente tem que repetir o processo inúmeras vezes para ter uma medição decente. Muitas coisas podem contribuir para erros nessa medição, como não expeplir todo o ar dos pulmões, ou ter bolhas de ar presas no seu cabelo.

Mesmo sob condições absolutamente perfeitas, ainda há fontes de erro. Você tem que estimar a quantidade de ar presente no seu trato digestivo (que irá contribuir para o quanto você irá boiar). Seus pulmões sempre terão uma certa quantidade de ar (volume residual), do contrário eles colapsariam. Embora seja possível medir diretamente este volume, usualmente ele é estimado. Isso também contribui para o quanto você irá boiar na água, o que aumenta o erro.

No entanto, a maior fonte de erros é quando convertemos a densidade corporal para um percentual de gordura corporal. Na maioria das vezes é utilizada a Equação de Siri para isto. Esta equação presume que a massa magra tenha um valor específico de densidade. No entanto, pesquisas mostram que a densidade da massa magra pode mudar dependendo da sua etnicidade. Isto significa que o erro pode ser maior ou menor se você for caucasiano, afro-americano, indígena ou tiver outra etnicidade.

Não apenas isso, mas uma simples mudança no seu peso corporal pode afetar a densidade da sua massa magra. Isto significa que perder ou ganhar peso irá contribuir para o erro; isto é um problema se você pretende medir a variação da sua gordura corporal com o tempo. Também significa que coisas como o seu nível de hidratação pode afetar o valor calculado.

Cuatro Compartimento (Quatro compartimentos)

Basicamente, qualquer modelo de dois compartimentos tem um potencial significativo para erros por causa das suposições feitas sobre a densidade da massa magra. De quanto erro estamos falando? Para responder esta pergunta, precisamos de um padrão com o qual podemos comparar a pesagem hidrostática. E aí entra o modelo de quatro compartimentos. Este modelo divide o corpo em quatro componentes: mineral (ossos), água, gordura e proteína. Este modelo tem uma grande vantagem sobre o de dois compartimentos porque evita suposições a respeito da densidade da massa magra. Ele envolve medição de densidade corporal com pesagem hidrostática ou Bod Pod; determinação da quantidade total de água corporal utilizando uma técnica chamada diluição com deutério, e determinação da massa óssea usando DEXA. Equações são então utilizadas para obter estimativas dos quatro componentes. Um modelo de quatro compartimentos é muito caro e não está disponível para a população em geral; é apenas utilizado em pesquisas. Embora os resultados ainda sejam apenas estimativas, é de longe a melhor estimativa que pode ser feita em uma pessoa viva. O modelo de quatro compartimentos é o “padrão ouro” contra o qual todas as outras técnicas devem ser comparadas.

Erros pequenos para populações, não indivíduos

Então, como a pesagem hidrostática se compara com o modelo de quatro compartimentos? Neste ponto devemos diferenciar o quão bom algo pode ser na média da população e o quão bom pode ser em indivíduos. Uma técnica pode dar um erro de 0% na média, mas metade das pessoas teve um erro de 10% para mais e a outra metade um erro de 10% para menos.

Pesquisas mostram que a pesagem hidrostática tem erros bem pequenos na média, comparando com o modelo de quatro compartimentos. Na média, a pesagem hidrostática mostra um erro para menos, na estimativa de gordura corporal, de 0.1 a 1.2%, embora um estudo tenha mostrado um erro para mais em mulheres jovens de 2.1%. Em geral, está muito bom. É claro, isto depende de você usar a equação correta para a sua etnicidade. A equação de Siri que eu mencionei anteriormente só se aplica a caucasianos. Em um estudo feito com atletas negras, o erro médio aumentou para 2.6% quando uma equação para brancos foi usada, contra um erro de apenas 0.5% quando uma equação para negros foi utilizada.

No entanto, quando começamos a olhar para indivíduos, o erro fica significativamente maior. O erro individual pode chegar a 5-6%. Então digamos que você terá seu percentual de gordura corporal medido por pesagem hidrostática, e o valor estimado foi de 20%. Considerando o erro, seu percentual de gordura corporal verdadeiro pode ser tão baixo quanto 15% ou tão alto quanto 25%. É uma faixa enorme, e é impossível saber o quão bom é o número medido (20%).

Nós também temos problemas quando tentamos calcular a variação da gordura corporal com o tempo. Um pouco acima eu mencionei que o peso corporal pode afetar a densidade da massa magra, o que irá diminuir a precisão de um método que já não é tão preciso. Pesquisadores verificaram a precisão da pesagem hidrostática para medir a variação da gordura corporal em indivíduos, e os resultados não são bonitos. Aqui está o gráfico de um estudo:

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Variação na gordura corporal, comparando pesagem hidrostática (2CHW) com um modelo de quatro compartimentos (4CHW)

O eixo X do gráfico mostra a variação no percentual de gordura corporal para pesagem hidrostática, e o eixo Y mostra a variação para o modelo de quatro compartimentos. Cada círculo representa um indivíduo. Você pode notar que há uma grande disparidade entre os dois métodos para alguns indivíduos. Por exemplo, uma pessoa mostrou uma perda de 10% na gordura corporal no modelo de quatro compartimentos, mas a pesagem hidrostática mostrou uma variação de praticamente 0%.Outra pessoa ganhou 10% de acordo com o modelo de quatro compartimentos e quase 20% com a pesagem hidrostática.

Isto mostra que a pesagem hidrostática poderia dizer que seu percentual de gordura mudou muito pouco, enquanto na realidade a variação foi grande. Da mesma forma, a pesagem hidrostática poderia indicar que você perdeu bastante gordura, quando na verdade não perdeu praticamente nada. Embora para a maioria das pessoas os valores foram similares entre a pesagem hidrostática e o modelo de quatro compartimentos, há erros grandes o suficiente em algumas pessoas para mostrar que você deve ter precaução se quiser utilizar a pesagem hidrostática para acompanhar a variação da gordura corporal com o tempo em um único indivíduo.

Pesagem hidrostática: o Veredicto

A conclusão que chegamos é que a pesagem hidrostática pode dar bons resultados quando se olha a média de um grupo, mas não tão bons quando olhamos indivíduos. O triste disso é que a pesagem hidrostática é o melhor modelo de dois comparimentos. Outros modelos, como o Bod Pod, bioimpedância e dobras cutâneas são significativamente piores.

Medição de gordura corporal por impedância bioelétrica (BIA)

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BIA é uma das formas mais rápidas e fáceis de estimar a gordura corporal. No entanto, este método é tão conveniente quanto pouco preciso.

O método envolve a passagem de uma leve corrente elétrica pelo seu corpo. A massa magra contém principalmente água, e a massa gorda contém muito pouca água. Dessa forma, a massa magra terá menor resistência à corrente elétrica. Ao determinar a resistência que uma corrente passando pelo seu corpo sofre, teoricamente poderíamos estimar quanto de massa magra e massa gorda você tem. Há muitos dispositivos que utilizam este método, como os da Omron e Tanita, além de muitas outras balanças vendidas atualmente.

A teoria por trás da BIA parece boa, mas é problemática. Em primeiro lugar, uma corrente elétrica irá percorrer o caminho de menor resistência no seu corpo. Isso significa que, se você tem muita gordura subcutânea, a corrente elétrica nem tocará nela; a corrente irá preferencialmente passar pelos seus tecidos internos. Em segundo lugar, eu mencionei acima que a pesagem hidrostática é afetada pela hidratação corporal; dispositivos BIA serão ainda mais afetados pela hidratação. E embora exista pelo menos um dispositivo que tenta diferenciar o líquido intra e extracelular ao enviar correntes a diferentes frequências, você ainda terá o problema da corrente percorrer o caminho de menor resistência. Em terceiro lugar, muitos dispositivos BIA não levam em conta seções inteiras do seu corpo. Por exemplo, balanças digitais enviam a corrente por uma perna, retornando pela outra, de forma que todo o seu torso deixa de ser medido. Em alguns dispositivos você tem que segurar um mecanismo por onde a corrente passa, de um braço para o outro; todo o restante do seu corpo não é avaliado. E mesmo que atualmente exista um dispositivo que permite enviar a corrente para todo o seu corpo, ele ainda tem todas as demais limitações associadas ao método.

Erros Compostos

O maior problema da BIA é que é uma estimativa baseada em uma estimativa. Quando um fabricante desenvolve um dispositivo BIA, o fabricante junta um grande grupo de pessoas e determina a sua composição corporal utilizando outro método. Usualmente o método usado não é o “padrão ouro”, o modelo de 4 compartimentos – normalmente se utiliza a pesagem hidrostática. O fabricante então pega os resultados do dispositivo BIA e desenvolve uma equação de predição a partir destes resultados (e variáveis como altura, peso e gênero). Esta equação é projetada para estimar qual seria o seu percentual de gordura se você fizesse pesagem hidrostática, a partir dos resultados do BIA.

O problema aqui é que você tem erros incidindo sobre erros. Já foi falado acima que a pesagem hidrostática chega a ter erros de até 6% em indivíduos. Bom, agora estamos tentando estimar o percentual de gordura estimado por pesagem hidrostática utilizando BIA. E esta estimativa em si terá erros. Então estamos multiplicando os erros por fazer estimativas a partir de estimativas.

Qual o tamanho do erro de que estamos falando aqui? Grande. Aqui está um gráfico de um estudo mostrando a diferença da massa gorda estimada a partir de BIA versus um modelo de 4 compartimentos:

BIA-vs-4C.png

Diferenças na massa gorda (em kg) entre BIA e um modelo de 4 compartimentos

O eixo X mostra a diferença na massa gorda, em kg, entre BIA e o modelo de quatro compartimentos. O eixo Y mostra o número de pessoas que tiveram esta diferença (o estudo envolveu 50 pessoas ao todo). Em primeiro lugar, você pode ver que o a maior das pessoas mostrou uma variação positiva (maior do que 0). Isto mostra que o modelo de 4 compartimentos estimou um percentual de gordura maior do que o BIA para a maioria das pessoas. Em segundo lugar, nota-se diferenças grandes para um bom número de pessoas. De fato, em 20 das 50 pessoas a diferença entre BIA e o modelo de 4 compartimentos foi maior do que 4 kg. Em 12 pessoas a diferença foi igual ou maior do que 5 kg.

Aqui está o gráfico de um estudo feito com fisiculturistas:

bia-spread-bodybuilders.png

Diferenças no percentual de gordura em fisiculturistas, comparando diversas técnicas a um modelo de 4 compartimentos. Cada barra representa 2 desvios padrões (95% dos indivíduos)

Este gráfico mostra a variação de várias técnicas de estimativa de percentual de gordura corporal, comparados a um modelo de 4 compartimentos. Cada variação representa 2 desvios-padrões, o que significa que 95% dos indivíduos estarão dentro deste intervalo. Foque apenas no BIA (terceira linha). Você pode notar que BIA tem a maior variação de todas as técnicas – 8% para mais ou para menos. Isto mostra que a taxa de erro da BIA foi tão alta quanto 8% quando considerada a maioria dos fisiculturistas avaliados.

E quanto a utilizar BIA para medir variações com o tempo?

Eu já ouvi o argumento de que, embora BIA não seja tão precisa, deveria funcionar bem ao medir variações de gordura corporal com o tempo. Na teoria, dizem, o erro deveria ser o mesmo a cada vez que você fizer a estimativa.

O problema é que isso não é verdade. Como eu mencionei acima, a densidade e a hidratação da massa magra podem variar com a perda de peso. Se isto pode afetar a precisão da pesagem hidrostática para avaliar variações da gordura corporal com o tempo, então você pode estar certo de que o efeito nas estimativas por BIA será ainda pior.

Persquisadores verificaram a precisão da BIA para avaliar variações na gordura corporal com o tempo. Em um estudo, a diferença entre BIA e o modelo de 4 compartimentos variou entre -3.6% e 4.8%. Isto significa que você tanto poderia ter perdido 3.6% de gordura corporal, mas o BIA não mostraria nenhuma variação. Ou então o BIA poderia mostrar que você perdeu 8.8%, quando na verdade perdu apenas 4%. De fato, neste estudo o bom e velho índice de massa corporal (IMC, BMI na sigla em inglês) foi tão bom quanto a BIA para estimar a variação na gordura corporal, exceto para uma pessoa. Vamos olhar novamente o estudo sobre fisiculturistas a que me referi anteriormente. O erro para variações com o tempo é ainda maior para a BIA:

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Diferenças na variação de gordura corporal entre vários métodos e um modelo de 4 compartimentos. Cada barra representa 2 desvios padrões (95% dos indivíduos)

Mais uma vez, você pode ver que a BIA teve a maior variação de todos os métodos, mais até do que o IMC (BMI). O erro chegou a valores de 8%, e isto é para detectar uma mudança com o tempo. Ou seja, alguém poderia perder 4% de gordura corporal, e a BIA poderia mostrar um aumento de 4%.

Veja abaixo o gráfico de um estudo mencionado anteriormente:

bia-vs-4c-for-weight-loss.png

Diferença na perda de gordura (em kg) entre BIA e um modelo de 4 compartimentos. O eixo X mostra a diferença, e o eixo Y mostra o número de pessoas com esta diferença

O eixo X mostra a diferença na perda de gordura (em kg) entre BIA e um modelo de 4 compartimentos. O eixo Y mostra o número de pessoas com esta diferença. Note que a maior parte das pessoas está à esquerda do 9, significando que a maioria das pessoas perdeu mais peso do que a BIA indicou. 12 pessoas perderam mais de 2 kg a mais do que a BIA indicou, e algumas pessoas chegaram a perder mais de 5 kg do que o indicado pela BIA.

O fato de que a BIA erra para menos na predição da perda de gordura na maioria das pessoas não é surpreendente. Como mencionado anteriormente, a corrente elétrica da BIA não passa pela gordura subcutânea; ou seja, você pode perder uma boa quantidade de gordura subcutânea e a BIA não iria detectar esta perda. De fato, a única razão pela qual a BIA vai mostrar uma perda de gordura é porque você perdeu peso, e peso é um componente nas equações de estimativa da BIA. É por isso que a BIA não se mostrou melhor do que o IMC em muitos estudos.

Minha própria experiência clínica com a BIA verificou isso. Na clínica onde eu trabalhava nós tínhamos grandes perdas de peso. Nossos clientes perdiam em média 20 kg, e tínhamos em torno de 400 pessoas no nosso programa uma vez. Ainda assim, ocasionalmente nós tínhamos um cliente que perdia uma grande quantidade de peso, uma redução significativa na circunferência abdominal, mas mostrava um aumento no percentual de gordura corporal de acordo com a BIA. Isto não acontecia com muita frequência, mas acontecia. E quando acontecia, era psicologicamente devastante para o cliente: alguns chegavam a chorar. Tentávamos explicar que a precisão da BIA poderia ser baixa, mas o cliente se focava no valor medido e esquecia a variação de peso e circunferência abdominal (que mostravam o que realmente tinha acontecido). A maior parcela dos clientes era de empregados da Microsoft, e com isso eles eram indivíduos que se apegavam a números. Eu cheguei a fazer ‘campanha’ para não utilizar mais BIA, mas a Microsoft (cujo seguro cobria o nosso programa) nos obrigava a medir a composição corporal. Então uma mudança que fizemos foi reduzir drasticamente a frequência de medições por BIA, fazendo medições apenas no início e no final do programa, ao invés de fazer uma medição a cada 5 semanas. Isso ajudou a diminuir o problema, mas não o eliminou completamente.

BIA: O Veredicto

BIA pode ser problemática porque é uma estimativa baseada em uma estimativa, então os erros são compostos. Quando você olha para medidas por BIA para médias de grupos há uma tendência para a BIA resultar em valores menores do que os reais de percentual de gordura. Como as outras técnicas de medição de BF, os erros individuais podem ser altos, com pesquisas indicando erros da ordem de 8-9%. De fato, BIA não é muito melhor do que o IMC para estimar o percentual de gordura corporal em alguns casos. Quando se fala em medição da variação de gordura com o tempo, BIA usualmente irá indicar uma perda de gordura menor, e o erro na variação pode chegar a 8%.

Por todas estas razões, eu não sou fã da BIA para medição de composição corporal em indivíduos. Se você irá utilizar BIA para medir a variação da sua composição corporal com o tempo, eu recomendo utilizar intervalos muito longos entre as medições (pelo menos 3 meses, embora 6 meses seja provavelmente melhor), porque o erro na medição pode ser maior do que a variação na sua gordura corporal. Quaisquer que sejam os valores fornecidos quando se usa BIA, lembre-se sempre que eles são apenas estimativas grosseiras… e eu enfativo, muito grosseiras.

Medição de gordura corporal por dobras cutâneas

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O teste envolve usar um dispositivo conhecido como adipômetro/pinça, "beliscando" a pele (e a gordura debaixo da pele, conhecida como a gordura subcutânea), afastando a dobra cutânea do músculo subjacente, e medindo a espessura da mesma com o adipômetro/pinça. Isso é feito em diversas partes do corpo (geralmente 3 a 7 locais diferentes). As espessuras das dobras são todas somadas e utilizadas em uma equação que também leva em conta a sua idade. A equação 'cospe' sua densidade corporal, que é a relação entre o seu peso corporal e seu volume corporal (quanto espaço o seu corpo ocupa). O tecido magro ocupa menos espaço do que o tecido adiposo para um determinado peso, sendo então mais denso. Portanto, quanto maior a densidade do corpo, mais tecido magro e menos tecido de adiposo ele tem. Esta densidade corporal pode então ser convertida em percentual de gordura corporal usando outra equação, como a equação de Siri que falei no artigo sobre a pesagem hidrostática.

Existem muitas fontes de erro nesta técnica. Em primeiro lugar, a técnica é altamente sensível ao quão especializado o técnico é em pegar a gordura e a afastar do tecido muscular subjacente. Uma técnica inadequada pode introduzir erro nos resultados. Lembro-me de realizar uma avaliação em uma líder de torcida, quando eu era estudante de graduação na Universidade Estadual de Washington. Ela não gostou do resultado que dei, então pediu a um dos treinadores de força para realizar as dobras. Ele realizou o teste me dizendo que tinha que "mexer as pinças" quando executasse a medição (o que supostamente você não deve fazer). Bem, tudo o que ele estava fazendo era mexer algumas das dobras cutâneas para fora das pinças e, claro, ele calculou um valor menor do que o meu simplesmente por usar uma técnica incorreta.

Uma outra fonte de erro é a equação utilizada para estimar a densidade corporal. A equação de Jackson-Pollock é uma das equações mais comumente usadas ​​com as dobras. No entanto, uma equação só é válida avaliando pessoas semelhantes às pessoas usadas para desenvolver a equação em primeiro lugar. Por exemplo, a versão masculina da equação Jackson-Pollock foi desenvolvida com homens entre 18 e 61 anos de idade. Assim, a precisão da estimativa cai se você estiver fora dessa faixa de idade. Além disso, as equações de Jackson-Pollock foram desenvolvidos com homens e mulheres brancos; no entanto, como apontei em meu artigo sobre a pesagem hidrostática, a densidade da massa magra pode mudar dependendo de raça. Assim, haverá um erro maior ao usar a equação de Jackson-Pollock se você não for branco. Portanto, é fundamental que, se você fizer uso de dobras cutâneas para a estimativa de gordura corporal, use uma equação que foi desenvolvida especificamente para a sua raça, idade e gênero.

Outro problema que temos é semelhante ao problema que temos com BIA. Como BIA, a avaliação de dobras cutâneas é uma estimativa baseada em outra estimativa. Equações de dobras cutâneas, como a equação de Jackson-Pollock, foram desenvolvidos a partir de medições de pesagem hidrostática (que por si só já são estimativas com erro). Assim, se a pesagem hidrostática pode ter uma taxa de erro de até 5-6% em indivíduos, as equações de dobras cutâneas irão incorporar e aumentar esse erro.

Finalmente, temos o mesmo problema que temos com todos os modelos de dois compartimentos... a suposição de que massa magra tem uma certa densidade. Como mostrei no artigo sobre pesagem hidrostática, a densidade da massa magra pode mudar com alterações no peso corporal, o que introduz erros na medição da variação da gordura corporal ao longo do tempo.

Erros “dobrados”


A avaliação por dobras cutâneas pode ter erros significativos quando comparada a um modelo de quatro compartimentos, independente de você estar analisando médias de grupo ou indivíduos específicos. Em um estudo, a avaliação por dobras cutâneas (usando a equação de Jackson-Pollock) subestimou o percentual de gordura corporal em mulheres brancas em 6%, e essa é a média para todo o grupo. As taxas de erro individuais eram enormes, variando de valores superestimados de 10% a subestimados de mais de 15%. Para os homens, as taxas de erro não foram melhores. Usando a equação de Durnin e Womersley, as taxas de erro individual foram tão elevadas quanto 10-15% em ambas as direções.

E o que dizer de medir a variação ao longo do tempo? Em um estudo sobre mulheres obesas que perderam peso, avaliação por dobras cutâneas saiu razoavelmente bem quando se analisando as médias de grupo, subestimando a mudança no percentual de gordura em cerca de 1%. No entanto, as taxas de erros individuais foram maiores, com valores subestimados em cerca de 5% a superestimados em cerca de 3%. Isto significa que você pode perder 5% de gordura corporal, mas as dobras cutâneas podem não mostrar qualquer mudança, ou poderiam te dizer que você perdeu 6% quando você realmente perdeu apenas 3%. Taxas de erro médio e individual semelhantes foram vistas em um estudo com fisiculturistas.

Dobras cutâneas: O veredicto

Como BIA, as dobras cutâneas estão longe do ideal quando se trata de determinar percentual de gordura corporal em indivíduos. Por outro lado, quando se trata de controle de variação ao longo do tempo em grupos a avaliação por dobras cutâneas apresenta bons resultados. Contudo, os erros para variação em indivíduos ao longo do tempo podem ser de até 3-5%. Assim, se você vai usar dobras cutâneas para avaliar uma única pessoa ao longo do tempo, eu recomendo intervalos de tempo bastante longos entre as medidas (mínimo de 3 meses, mas 6 meses é melhor), caso contrário, a taxa de erro é maior do que a variação que você pode ver. Na verdade, eu desaconselho até mesmo calcular o percentual de gordura. Se as espessuras das dobras estão diminuindo, então provavelmente você está perdendo gordura.

Medição de gordura corporal utilizando Bod Pod

BodPod.png

O Bod Pod se baseia em princípios parecidos com a pesagem hidrostática; sendo assim, você poderia concluir que os erros também seriam similares. Em alguns casos isto é verdade; um estudo encontrou erros de 2% para médias de grupos e erros de 6% para indivíduos. No entanto, outra pesquisa feita com Bod Pod encontrou erros maiores do que a pesagem hidrostática. Um estudo encontrou uma diferença média de 5.3% entre o Bod Pod e um modelo de 4 compartimentos para médias de grupos, e um erro de até 15% em indivíduos!

Uma das razões para o Bod Pod ser pior do que a pesagem hidrostática é porque há mais variáveis que podem afetar os resultados. Por exemplo, pêlos faciais, temperatura corporal, umidade, e o quão apertada está a roupa utilizada podem alterar os resultados.

E, da mesma forma que a pesagem, o Bod Pod pode ter erros quando se avalia a variação da gordura corporal com o tempo. De fato, um estudo mostrou que o Bod Pod teve resultados muito ruins para medir variação de gordura com o tempo. Eis aqui um gráfico do estudo:

Bode-Pod-versus-4C-for-weight-loss.png

Variações no percentual de gordura corporal comparando o Bod Pod com um modelo de 4 compartimentos

O eixo X do gráfico mostra a variação no percentual de gordura corporal para o Bod Pod, enquanto o eixo Y mostra a variação para o modelo de 4 compartimentos. Cada círculo representa um indivíduo. Você pode notar a grande disparidade entre os dois métodos. Por exemplo, uma pessoa ganhou 10% de gordura corporal, mas o Bod Pod mostrou uma perda de 1%. Outra pessoa perdeu quase 10% de gordura corporal, e o Bod Pod mostrou uma queda de apenas 1%. E outra pessoa perdeu 5% e o Bod Pod mostrou uma queda de 11%.

Você vê a expressão “R² = 0″ no gráfico? E vê a linha reta desenhada? Isso significa que não houve relação entre as variações observadas com o modelo de 4 compartimentos e as variações observadas com o Bod Pod. Isso significa que o Bod Pod é horrível para medir a variação de gordura corporal com o tempo em indivíduos. Agora compare este gráfico com o que está representado mais acida, para pesagem hidrostática. Você pode notar que a pesagem hidrostática teve resultados muito melhores. Mesmo que ainda exista erros grandes para algumas pessoas utilizando pesagem hidrostática, há pelo menos uma relação razoável entre a pesagem hidrostática e o modelo de 4 compartimentos para a maioria das pessoas.

Bod Pod: O Veredicto

O Bod Pod se sai relativamente bem quando olhando para médias de grupos, com alguns estudos mostrando erros da ordem de 2%, enquanto outros estudos mostraram erros médios maiores do que 5%. O erro para indivíduos, no entanto, pode ser inaceitavelmente alto, sem contar que o Bod Pod é horrível para medir variação de gordura corporal com o tempo. Por estas razões eu não recomendo que o Bod Pod seja utilizado para medição da composição corporal. A pesagem hidrostática, mesmo com alguns problemas, é muito mais confiável.

Medição de gordura corporal por densitometria (DEXA)

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DEXA, utilizado no passado para determinar a densidade óssea, evoluiu para uma técnica para estimativa de densidade corporal. DEXA representa um modelo de 3 compartimentos para estimativa da densidade corporal, porque divide o corpo em 3 compartimentos: gordura, parte mineral dos ossos e todo restante da massa magra que não inclui os ossos. Dessa forma, ao contrário dos métodos de 2 compartimentos, a DEXA não está sujeito aos erros causados pelas variações na densidade óssea entre diferentes etnias. No entanto, há outras fontes de erro que eu discutirei abaixo.

DEXA oferece um bom número de vantagens. A melhora na tecnologia reduziu drasticamente o tempo de escaneamento (anos atrás um escaneamento por DEXA demorava 20-25 minutos; hoje em dia leva de 5 a 10 minutos), então o método é conveniente e não-invasivo. DEXA oferece estimativas de densidade óssea, e pode gerar estimativas locais de densidade corporal (ou seja, pode estimar a densidade corporal de partes individuais do seu corpo). DEXA funciona medido a absorbância do seu corpo a raios X com dos níveis de energia diferentes. Gordura, ossos e massa magra possuem diferentes propriedades de absorção. Dessa forma, podemos estimar sua composição corporal escaneando seu corpo todo.

Fontes de erro da DEXA

Como todas as outras técnicas de estimativa de gordura corporal, a DEXA possui numerosas fontes de erro. Pode haver resultados inconsistentes entre máquinas de fabricantes diferentes, e até mesmo entre máquinas do mesmo fabricante. Atualizações de softwares podem mudar os algoritmos que o dispositivo usa para calcular a composição corporal. Configurações diferentes de software ou hardware podem resultar em diferentes interpolações de ossos e outros tecidos, e diferentes tratamentos de pixels dos quais pequenas porções são ossos. O tipo de feixe de Raio X (em forma de leque ou em forma de lápis) também pode ser uma fonte de erro; máquinas de DEXA que utilizam feixes em forma de leque podem sofrer de magnificação de feixe (também conhecido como erro de paralaxe). Uma última fonte de erro é o mesmo erro que todos os modelos de 2 compartimentos possuem: a hidratação da massa magra. De fato, uma variação de 5% na hidratação da massa magra pode mudar o percentual de gordura calculado por DEXA em quase 3%. Isto pode ser um problema quando comparando diferentes etnias ou tipos corporais nos quais a hidratação da massa magra pode variar. Também pode ser um problema ao medir variações de gordura corporal com o tempo.

DEXA vs. Modelos de 4 compartimentos

Um bom número de estudos comparou a DEXA com modelos de 4 compartimentos. Quando observando médias de grupos, a DEXA se sai muito bem, com erros da ordem de 1-2%. No entanto, da mesma forma que todos os outros métodos, os erros individuais podem ser muito maiores. As taxas de erro foram diferentes entre os estudos; variando entre 4% em um estudo até 8-10% em outro estudo. Além disso, a precisão da DEXA pode ser afetada pelo sexo, tamanho, percentual de gordura e estado de saúde dos indivíduos.

Há ainda problemas ao tentar utilizar DEXA para medir a variação da gordura corporal com o tempo. Em um estudo, pesquisadores enrolaram toucinho de porco nas pernas de indivíduos para simular ganho de peso. No entanto, o resultado mostrou uma mudança no conteúdo ósseo, o que questionou a habilidade da DEXA para medir variação de gordura corporal durante uma mudança no peso. Em outro estudo em fisiculturistas a DEXA se mostrou razoavelmente precisa ao medir a variação de gordura corporal para média do grupo, mas os erros individuais chegaram a até 4%.

Sendo assim, você poderia reduzir seu percentual de gordura corporal em 4% e a DEXA poderia não mostrar nenhuma diferença; ou então a DEXA poderia mostrar uma diferença de 4% quando na verdade nada mudou. Outro estudo mostrou que a DEXA superestimou reduções no percentual de gordura corporal e subestimou aumentos no percentual de gordura corporal. De fato, as superestimações chegaram a 5%. Finalmente, aqui está o gráfico de um estudo que comparou variações na gordura corporal ao longo do tempo utilizando DEXA e um modelo de 4 compartimentos:

dxa-vs-4c-chart.jpg

Variações no percentual de gordura corporal comparando DEXA com um modelo de 4 compartimentos

O eixo X mostra a variação no percentual de gordura corporal utilizando DEXA, enquanto o eixo Y mostra a variação para o modelo de 4 compartimentos. Você pode ver que há pouca relação entre os métodos. Por exemplo, uma pessoa teve um aumento no percentual de gordura de 5% com o modelo de 4 compartimentos, mas uma redução de 5% com a DEXA. Outra pessoa perdeu quase 10% pelo modelo de 4 compartimentos, mas apenas 3% de acordo com a DEXA. Esses resultados colocam em dúvida a confiança da DEXA para medir variações de gordura corporal com o tempo em indivíduos.

DEXA: O Veredicto

Embora DEXA seja um modelo de 3 compartimentos, seus erros não são melhores do que a pesagem hidrostática, e em alguns casos são piores. Como outras técnicas, a DEXA se sai bem ao avaliar as médias de grupos, mas não tão bem ao avaliar indivíduos. As taxas de erros para indivíduos são da ordem de 5%, embora estudos mostrem erros de até de 10%. Quando se olha a variação com o tempo em indivíduos, as taxas de erro são da ordem de 5%, embora outras pesquisas tenham mostrado resultados muito piores. Por estas razões eu não recomendo que a DEXA seja utilizada para avaliar a variação de gordura corporal em indivíduos. Se você pretende usar DEXA para este fim, eu recomendo períodos bastante longos entre cada medida (no mínimo 3 a 6 meses), porque você irá precisar de uma variação mínima de 5% no percentual de gordura corporal para detectar com confiabilidade uma mudança verdadeira no percentual de gordura corporal.

Conclusões:

Se você leu todos os artigos acima, você agora sabe que mesmo as melhores técnicas para medição de gordura corporal possuem erros maiores do que a maioria das pessoas imagina.

Isso significa que a medição de gordura corporal é inútil? Não, mas significa que você deve sempre ter cautela quando utilizar estas técnicas, e ter conhecimento das altas taxas de erro. Veja aqui algumas dicas importantes para ter em mente:

1. Lembre-se sempre que qualquer número que você obter em uma medição de gordura corporal é uma estimativa MUITO grosseira, e pode estar significativamente errado. Sendo assim, não leve muita fé no número em específico.

2. O item 1 permanece verdadeiro mesmo quando medindo variações com o tempo. Já ouvi muita gente falando coisas do tipo “eu perdi 2 kg de gordura e ganhei 0.5 kg de massa magra”. Os números nunca chegarão perto desta precisão. Dadas as taxas de erro para medição de variação com o tempo, há uma boa chance de estes números estarem consideravelmente errados.

3. Mesmo as melhores técnicas têm erros da ordem de 4-5% quando medindo gordura corporal ao longo do tempo. Isto significa que, para detectar com precisão a gordura corporal na maioria das pessoas, a queda no percentual de gordura corporal deve ser de no mínimo 4-5%. Sendo assim, você deveria considerar um tempo longo entre medidas. Eu diria um mínimo de 3 meses, embora 6 meses seja melhor. Eu vejo muitas pessoas se medindo todo mês. Isso é uma frequência muito alta, e os valores não são confiáveis.

4. Lembre-se de que massa magra e massa muscular não são a mesma coisa. Ou seja, não é porque você ganhou massa magra que ganhou massa muscular.

5. Você não precisa medir sua gordura corporal. Uma combinação do peso corporal e de medidas de circunferência (como a da cintura) lhe dará uma boa estimativa de se você está perdendo gordura ou não. Se as medidas estão diminuindo, você muito provavelmente está perdendo gordura.

6. Se você pretende medir a variação com o tempo, eu recomendo pesagem hidrostática ou dobras cutâneas. Estes métodos mostraram resultados mais precisos para medir variação com o tempo. No entanto, estas técnicas são difíceis de utilizar com pessoas extremamente obesas. Para estas eu recomendo simplesmente utilizar o peso corporal e medidas de circunferência.

7. Quando utilizar a medição por dobras cutâneas para avaliar a variação com o tempo, não perca tempo calculando um percentual de gordura corporal. Se a soma das dobras está diminuindo, você muito provavelmente está perdendo gordura corporal.

8. Independente da técnica que você escolher, mantenha as condições o mais idênticas possível entre cada medida. Isto significa utilizar a mesma pessoa para realizar a medição em você, com o mesmo equipamento, e no mesmo horário do dia.

Espero que você tenha gostado desta série sobre medição de gordura corporal, e torço para que tenha aberto alguns olhos a respeito das técnicas existentes. Mais uma vez, a medição de gordura corporal não é inútil, mas você precisa ter cuidado em como você interpreta os resultados.

Fontes:

Introdução: https://weightology.net/weightologyweekly/?page_id=146

Como são feitas as medições de gordura corporal: https://weightology.net/weightologyweekly/?page_id=162

BIA: https://weightology.net/weightologyweekly/?page_id=218

Dobras Cutâneas: https://weightology.net/weightologyweekly/?page_id=250

Bod Pod: https://weightology.net/weightologyweekly/?page_id=175

DEXA: https://weightology.net/weightologyweekly/?page_id=260

Conclusões: https://weightology.net/weightologyweekly/?page_id=283

Postado

Curti bastante a experiência, Martin!

Espero que o pessoal use os métodos e números com sabedoria...

Abraço

Obs: feedbacks são bem vindos, principalmente se bem embasados.

Postado
  • Supermoderador

Legal a tradução. Interessante que em metrologia, é ensinado que um objeto qualquer tem uma medida 100% correta que é utópica, qualquer medição, até mesmo com o melhor paquímetro, vai ser apenas uma aproximação. Uma pessoa pode achar um valor diferente de outra pessoa. Porque medição de gordura no corpo humano teria que ter uma precisão e exatidão boas? Interessante uns testes saindo com 17,58% de BF, quando na verdade seria um 17,58 +-5% !!

Postado
Legal a tradução. Interessante que em metrologia, é ensinado que um objeto qualquer tem uma medida 100% correta que é utópica, qualquer medição, até mesmo com o melhor paquímetro, vai ser apenas uma aproximação. Uma pessoa pode achar um valor diferente de outra pessoa. Porque medição de gordura no corpo humano teria que ter uma precisão e exatidão boas? Interessante uns testes saindo com 17,58% de BF, quando na verdade seria um 17,58 +-5% !!

Exatamente, Aless!

Não faz o menor sentido usar uma divisão menor que 1%...

Postado

Excelente artigo. Daqui uns dias farei uma "medição" por dobras cutâneas, e já estava pensando também em fazer sempre no mesmo horário quando fosse fazer. Fiz já por bioimpedância também, agora vou bater os resultados. Obrigado pelo texto mpcosta82 =).

Postado

PARABÉNS!!!!!

Martin, como sempre colaborando demais.

Mac, meu querido, show de bola eim? Precisa participar mais e mais desse forum com suas opiniões sensatas e inteligentes.

Não consegui ver os spoilers aqui do trabalho, infelizmente. Mas vou devora-los assim que estiver em casa.

Obrigada meninos!

Editado por AnaCarol

  • 4 semanas depois...
Postado

Opa, massa, mais um argumento para eu não pagar 50 reais da bioimpedância, realmente, eu me meço com fita pra comparar eu comigo mesmo e é suficiente.

BF, como dizem, eu meço no espelho, quando o pânceps incomoda, eu começo cutting.

  • 4 semanas depois...
Postado

BF, como dizem, eu meço no espelho, quando o pânceps incomoda, eu começo cutting.

É bem isso mesmo.

Mesmo se você for atleta, ninguém vai medir seu BF quando subir no palco rs.

E aparentar definição envolve outros fatores além das dobras (retenção, volume muscular, qualidade muscular... tudo influencia).

Postado

Reputado No Mad... sou louco por números também, anoto tudo, mas aprendi que realmente o que vale é o espelho. Se bem que a vontade de comprar um adipômetro é grande (mas vou resistir).

Pelo visto do manual me meço todo errado, sempre tiro a medida de perna, panturrilha e bíceps pela área de maior circunferência, pra poder comparar depois (se escolher outra área é grande a chance de não calcular direito e medir 1cm abaixo ou acima, e aí muda tudo). Até a barriga meço relaxado e no ponto de maior diâmetro, resultado, quando digo que tô com 99cm amigos meus, visivelmente mais gordos, ficam todo orgulhosos: "Só tenho 94, 95...", bom, mas 94-95 do quê??? Sem parâmetro não há medida que valha.

Postado

Ótimo manual NoMAd! Essas fotos são de valiosíssima ajuda, principalmente pra quem tem um adipômetro como eu e quer saber como tirar direitinhos as dobras. O manual que vem com o adipômetro indica somente as 3 dobras comuns (abdome, coxa e peito). Agora só faltou o protocolo para 7 dobras por exemplo, não cheguei a ver no tópico ...se eu encontrar eu posto

Postado

Acabei nem passando mais aqui..

Valeu, meninas!

No meu caso foi mais uma ajuda mesmo, já que creio que o maior trabalho foi do Martin.

Tava lembrando que isso aqui começou com seu comentário sobre as diferenças e flutuações das medições no diário da biazita, né Ana? Vcs fazem parte disso também! hehe

Beijos (e por enquanto, ainda um pouco off dos diários.. foi mal!)

Postado

Acabei nem passando mais aqui..

Valeu, meninas!

No meu caso foi mais uma ajuda mesmo, já que creio que o maior trabalho foi do Martin.

Tava lembrando que isso aqui começou com seu comentário sobre as diferenças e flutuações das medições no diário da biazita, né Ana? Vcs fazem parte disso também! hehe

Beijos (e por enquanto, ainda um pouco off dos diários.. foi mal!)

Poxa Mac, que honra rs

Mas é isso mesmo, cada vez mais eu chego a conclusão de que o que vale é o espelho.

Gosto do adipômetro mais pra ter uma referência (e porque, as vezes, na neura, eu não consigo enxergar as melhorar no espelho :P)

Beijos!

  • 4 meses depois...
Postado

fiz uma avaliacao hoje na impedancia bioelétrica, concerteza essa porra tava errada..

antes tava 17,7%, passei 2 meses em cutting, com mais ou menos 1000 calorias de deficit diario, ai quando fui hoje tava 16,6%

resumindo, com mais ou menos 60.000 calorias de deficit, eu so perdi 750 gramas de gordura...

nem perigo..

Postado

fiz uma avaliacao hoje na impedancia bioelétrica, concerteza essa porra tava errada..

antes tava 17,7%, passei 2 meses em cutting, com mais ou menos 1000 calorias de deficit diario, ai quando fui hoje tava 16,6%

resumindo, com mais ou menos 60.000 calorias de deficit, eu so perdi 750 gramas de gordura...

nem perigo..

É, o melhor mesmo é a fita métrica e o espelho!

  • 2 semanas depois...
Postado

nem messo :whistle::whistle:

vejo no espelho

as mudanças, e se ta ficando legal

mais retido, mais seco

é interessante a medição, mas pra quem tem paciencia e gosta de acompanhar o BF :sleeping_03anim:

  • 6 meses depois...
Postado

Artigo recomendadíssimo!

Muito show! Para a galera não se ater apenas ao BF.

O melhor mesmo é se ligar na fita métrica e espelho.

Editado por Leandrocodf

  • 11 meses depois...
  • 3 semanas depois...
Postado

Muito bom.

Um excelente trabalho que mais uma vez demonstra que ficar bitolado em números não resolve o problema de ninguém.

Para mim, a medição é válida como um parâmetro.

Pouco me importam os números que o adipômetro mostra, o que importa é que eles diminuam a cada medição.

Isso mesmo. Assim como as proteínas, carboidratos, calorias exercícios, repetições, pesos, etc. no fim tudo só serve de parâmetro.

Muito bom o texto!

Postado

Só uma dúvida: a medida da circunferência abdominal é tão boa assim? Afinal, no abdomen temos os musculos reto do abdome, obliquos (interno e externo) e transverso do abdome. Isso sem contar a lombar, que apresenta os músculos eretores da espinha e o latíssimo do dorso. Como saberemos se o que ganhamos (ou perdemos) na medida foi em gordura ou em massa muscular? Por exemplo, a circunferência abdominal de fisioculturistas é bem grande. Isso não quer dizer que são gordos.

Exatamente por não confiar tanto nessas medidas é que eu valorizo muito mais o espelho.

Editado por Douglas Tc

Postado

A medida é boa sim. Acontece que esses fisiculturistas que vc mencionou são pontos "fora da curva", exceções, fogem da regra geral e do corpo médio de 99% da população.

Mesmo assim, provavelmente a sua medida da circunferência abdominal não deve ser tão maior que a média de alguém magro, porque a musculatura é muito mais densa que a gordura.

Então, ele pode acumular lombar, abdome e oblíquos bem fortes que sua medida não irá aumentar tanto, mas vai ficar bem definido, lógico.

A medida de um fisiculturista contra a medidade um cara magro normal não será tão expressiva quanto a diferença entre a medida do fisiculturista e um cara gordo.

Pois basta uns kilinhos de gordura pra ficar com a medida bem grande.

Isso sem contar que a gordura abdominal é a que primeiro aparece ao engordar, pelo menos nos homens. E a última a sumir. Por isso ela é tão importante e paramétrica.

Editado por Brunobyof

  • 2 meses depois...
Postado

Excelente artigo! Estava pensando em pagar por uma e já vou reconsiderar

Enquanto isso...

Para quem não tem nenhum aparelho nem academia com recursos, tenho pesquisado alguns métodos, mais falhos ainda haha, para medir BF

Parecem bem contestáveis, mas é o que nós temos...

Peguei minha altura (1,76) e peso (73kg), idade (28) e algumas outras medidas e joguei aqui

(aqui deu 18,63%)

https://www.corpoperfeito.com.br/tools/calculadoras/pgc/default.aspx (aqui deu 21,06%) leva muito em conta a abdominal, que tenho bastante.

https://www.healthcentral.com/cholesterol/home-body-fat-test-2774-143.html (aqui deu 18% também. Converti as medidas)

https://www.maismusculacao.net/calculadoras/ (aqui, também baseado na abdominal, deu 18,41%)

  • 2 meses depois...
  • 3 meses depois...
Postado

Sim. As medições não são precisas mas no dá uma IDÉIA do que se seguir ou fazer. Se pensar assim então as CALORIAS DE UMA DIETA são muito mais imprecisas. Na relação de composição então PIOR AINDA. Dependendo da alimentação da galinha podemos ter ovos com menos de 2g de ptn !!! Precisão mesmo só física teórica...

  • 5 meses depois...
Postado
  • Supermoderador

Dando uma animada no tópico...

 

 

Olhem o vídeo, se não entenderem aqui vai um resumo:

 

O Alan faz o teste e daí os clientes dele também fazem. Só que ele tenta agrupar o pessoal que tem o mesmo peso e dá 3 opções de percentual de gordura pra ver se o cara acerta. Daí cada um revela o percentual de gordura que tem. É legal, tem gente de tudo que é shape e o pessoal pode tentar se comparar com eles.

 

  • 4 meses depois...
  • 1 ano depois...
Postado

O plicometro não é bom pra dar uma geral e falar quanto você tem de gordura porque as malditas fórmulas ( protocolos) pra se obter a BF são muito locas e tem as regrinhas de "pra branco", "pra asiático entre 10 e 30 anos", pra asiático acima de 60 e outras mais". ( fui irônico nos termos mas é mais ou menos isso ). Eu chuto que deve ter mais de 20 protocolos SEM colocar que a maioria deles é diferente pra homem e mulher...

 

O ideal uso das dobras é você medir hoje  (ex: 16mm) e daqui 6 meses (ex: 13mm) e aí sim vc tem uma idéia do que diminuiu percentualmente e assim por diante nunca buscando seu BF mesmo por meio do plicômetro aliado a protocolos. Se quiser melhorar mais usa o diâmetro dos músculos envolvidos e daí se aumentou o diametro e desceram as dobras é ganho de massa muscular... ou osso ! Aí sim tudo fica pior ainda...

 

Não vi nada sobre Skulpt aqui...

  • 2 meses depois...
Postado

Excelente tópico, parabéns! Serviu pra eu tirar minhas neuras de medir BF, afinal ele não é tão importante assim! Eu sigo com uma nutri que tira 7 sobras minhas e mede algumas circunferências, vou acompanhar a perda/ganho de medidas e desencanar do que a balança dela mostra de BF!

 

Um abraço!

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