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vicbelletti

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Tudo que vicbelletti postou

  1. fritz nao sabia que voce ja tinha postado, foi mal por repostar.. mais uns ai, se ja postarao me desculpe
  2. tao gigantes.. aki tem o video deles treinando http://www.flexonline.com/videos?bctid=107737343001&bclid=1459293934
  3. puts tem mta besteira ai, ter uma ficha de treino eh franguisse!? bom, soh tenho uma coisa a dizer pra quem escreveu isso ai.. hummmmm boiola auhahu as 100 vantagens de ser marombeiro eh melhor =P espero q as outras 58 coisas sejam melhores^^
  4. colokem o video aki, soh digitar [ media ] antes do link e [ /media ] (sem os espaços) depois do link, fica muito melhor pra vermos os videos...
  5. cara eu faço na terça o fst-7 no desenvolvimento articulado e na quinta o fst-7 pra posterior de ombro, na corda... mais se fosse no mesmo dia eu nao faria nao..
  6. po eu axei o segundo o mais da hra =P
  7. bom, nao achei nenhum topico parecido entao resolvi criar um... postem os videos que te deixam motivados.. akeles que voce ve antes de ir treinar, ou que voce ve quando esta desmotivado... vou começar postando alguns
  8. vamos fazer um topico de videos engraçados? acho melhor..
  9. sim, por enquanto foi o ultimo que ele postou, conversei com ele ontem, ele disse que tem os 8 restantes na cabeça, mais que nao escreveu ainda pois ele tinha recebido uma proposta para fazer um livro da serie, mais acabou que o cara da editora nunca mais ligou, ele disse que vai dar uma atualizada no site, acho que ele posta sim os episodios restantes, soh nao sei quando hehe.. abraço, bons treinos
  10. bom, vou postar um artigo aki de um outro site, que me tirou essa sua mesma duvida... vou dar apenas uma pincelada com MINHAS palavras pra quem tiver com preguiça de ler, mais vale muito apenas ler.. o negocio e o seguinte para voce trabalhar um determinado musculo, voce nao deve apenas mover o peso, voce deve contrair o musculo para que o peso se mova, e nao o contrario, alguns fisiculturistas (vide big ron) tem uma conexão mente-musculo muito forte (como a maioria dos fisiculturistas), e mesmo eles realizando movimentos "errados" eles conseguem contrair, e muito bem, o musculo alvo. hehe nao ficou muito bom meu resumo, melhor lerem direto da fonte http://www.diariodoculturismo.com.br/home/artigos/anatomia-de-uma-repeticao-foco-mental/ abraço, bons treinos
  11. kkkkkkkkkkkk ri demais com o coleman car crash mt bom
  12. Creditos - por Miguel Chain Como se tornar um Culturista episodio XII No outro dia, pela manhã, me levantei da cama já pensando no treino que faria com o Gustavo e o Teles. Eu gosto de ir visualizando o treino, imaginando e calculando todos os movimentos, as cargas, as possíveis reações deles. Me perguntava se aqueles dois realmente iriam cumprir os treinso, as regras. Sabia que Gustavo iria treinar bem e comer direito, mas temia que na hora H, na hora do campeonato, ele fosse sair pela tangente. Minha maior preocupação mesmo era o Teles. Não tinha certeza se ele estava realmente pronto para fazer tudo o que deveria ser feito. Percebi que se ficasse pensando muito naquilo, eu não chegaria a lugar algum, muito menos teria tempo de tomar meu café da manhã. Fui para a cozinha preparar a minha primeira refeição. Como as manhãs são geralmente cheias de compromissos e a gente sempre acaba ficando aqueles cinco minutos a mais na cama, a minha primeira refeição do dia costuma ser um shake. Mas não se iludam pensando que este é um shake normal. É uma refeição bem reforçada. O café da manhã é a primeira refeição do dia e uma das mais importantes. Todos sabemos da importancia de realizarmos pelo menso seis refeições, distribuidas de maneira uniforme ao longo do dia. Para reforçar este hábito, costumamos exclamar que todas as refeições têm igual importancia e nenhuma deve ser menosprezada. Sabemos que determinadas refeições, que pela sua posição na agenda diária, assumem papel fundamental na construção e recuperação muscular. Essas são o café da manhã e a refeição logo após o treino. Nesses dois momentos do dia, consumir uma boa quantidade de proteína ( qualquer que seja. Se for de absorção rápida, melhor ainda. ) é vital para suprir a demanda de nosso organismo altamente estressado nesses momentos. Citamos esses horários pois logo ao acordar, percebemso que ficamos pelo menos 6 ou 7 horas sem ingerir nenhum tipo de alimento. Precisamos reestabelecer o fluxo de aminoácidos no sangue rapidamente. Logo após ao treino, todos já devem estar cansados de saber, é preciso consumir proteína para amplificar e acelerar a recuperação muscular e sintese proteíca. Bem, deixando a nutrição de lado e voltando à minha manhã, fui até a cozinha e preparei meu tradicional shake matinal. 250 ml água 50 grs whey chocolate 60 grs aveia 2 colheres de sopa de crème de amendoim sem áçucar 2 colheres de chá bem cheias de pó de café. Junto tudo isso no liquidificador e bato tudo até que fique uma mistura homogênea. Para aqueles que estão se perguntando do café, é isso mesmo. Coloco pó de café no shake. O mesmo pó que usa com água fervente. Com tudo pronto, fui para a academia me encontrar com os dois. No som do carro tocava ACDC – Thunderstruck com o volume bem alto. Bom som para acordar e criar um “mindset” apropriado para um treino. Este seria um treino memorável. A situação toda cria uma motivação enorme nos dois. E é bom treinar pessoas extremamente motivadas. Com certeza, por toda a situação que foi criada, eles devem estar se preparando para uma guerra nesta manhã. Isto é bom, pois eles realmente teriam uma verdadeira guerra pela frente. Já estávamos nos aproximando do meio do ano. Em nossa cidade, fundada no meio de algumas serras, com altitude elevada, o clima é bem frio nesta época. Muitas vezes, o vento gelado da manhã corta a pele como uma navalha. Não adianta blusa, jaqueta, gorro nada. O vento passa através de tudo. Desci do carro, em frente à academia e senti o vento gelado. As portas de vidro da entrada, que sempre ficam escancaradas para que todos entrem com facilidade, naquela manhã estavam fechadas. Pelo vidro trasparente das portas, podia ver os dois novos pupilos sentados na sala de espera, tentando se aquecer nos ainda fracos e escassos raios de sol do amanhecer. Entrei na academia e saudei os dois com um bom dia. O Gustavo deu um sorriso e estendeu a mão para me cumprimentar. O Teles, que olhava fixamente para o lado de fora, só desviou levemente o olhar para a minha direção e acenou com a cabeça. O primeiro treino, primeiro teste iria começar. Pedi para que os dois fizessem um aquecimento leve na esteira, para fazer o sangue circular e aquecer um pouco seus corpos. Enquanto isso fui até a sala do Ricardo para ver se ele estava pronto para me ajudar caso fosse necessário. “A máquina de choques está pronta e carregada. Se quiser, a arma de paintball automática também está a postos. Você não achou que eu ia te diexar na mão, não é mesmo?” Disse alegremente com sua voz naturalmente alta o dono da academia. Era bem cedo ainda. O som que estava tocando na sala de musculação era uma seleção de hits dos anos setenta. Sabia que essa não era a trilha sonora adequada para uma sessão de treinos daquelas. Também sabia que se mudasse o som, os alunos regulares da academia não iriam achar muito bom. Mas, algo era precisava ser feito. Peguei um CD na bolsa e pedi que o Teles o colocasse no som. Dessa forma, se alguém fosse reclamar, reclamaria com ele. O título do CD era “Som Treino III” , dentro dele, haviam 10 músicas que durariam exatos 45 minutos. Tempo suficiente para um ótimo treino de ombros. As músicas foram escolhidas a dedo para que induzissem os pupilos a um estado de atenção e agressividade aos pesos maior. Eram cinco músicas do ACDC e cinco do Iron. Thunderstruck Back in Black HighWay to Hell Hard as a Rock Hells Bells Run to the Hills Fear of the Dark The Phanton of the Opera Number of the Beast Hallowed by The Time Com tudo pronto, começamos o aquecimento. Teles estava todo animado e fazia algumas brincadeiras e piadas. O Gustavão era “All Business” só estava interessado no treino. “Então Miguel, qual vai ser o primeiro? Hoje estou muito disposto, tomei um ótimo café da manhã!” Dizia Teles como peito estufado. O treino iria começar com elevações laterais. Seriam três séries de dez ou doze repetições. Teles começou. Eu o deixei escolher o peso. Ele foi e pegou um par de halteres de 14 kgs. “Você está louco? Vai começar com 14 kgs? Vai conseguir fazer isso certo? “Miguel, sempre usei este peso, é leve, você vai ver!” Sorriu Teles. Antes de ele começar a série eu já imaginava como seria. Ele iria fazer tudo com uma forma de execução horrivel, levantando as mãos e deixando os cotovelos baixos e jogando o corpo para a frente e para trás. Começa a série de Teles. A essa altura eu já me sentia um vidente, visto que ele realmente estava fazendo tudo o que eu havia imaginado. Após quatro repetições gritei: “Para!!” Se ele pensava que ia começar o treino com aquela forma horrível de execução, ele estava redondamente enganado. Expliquei para os dois que treinar epsado não era simplesmente levantar os pesos. É preciso criar uma conexão entre a mente e o músculo. É vital sentir o músculo contraindo a cada repetição. Caso contrário todo esforço é em vão. Peguei um par de halteres de 10 kgs e os dei ao Teles. “Vamos recomeçar a série.” Fiquei posicionado atrás dele, e enquanto ele fazia o movimento, eu ia guiando as mãos dele para cima e para os lados do tronco. É muito comum, ao fazermos elevação lateral, levarmos as mãos à frente do tronco. Na verdade, para manter tensão total nos deltóides mediais, as mão devem estar sempre no mesmo plano do tronco. A primeira série, mesmo com os problemas em acertar a posição correta, foi fácil tanto para o Teles quanto para o Gustavo. Os dois também fizeram a segunda séria com relativa facilidade. A terceira e útlima seria a pior. Peguei o par de halteres de 14 kgs para o Teles. “Mas Miguel, você disse que eu não deveria usar este peso, lembra?” “Agora você aprendeu como se faz. Espero que faça pelo menos seis repetições sozinho.” Já fui me posicionando atrás do Teles. Ele fez três repetições muito bem feitas. As duas próximas já foram mais ou menos. Ajudei a fazer mais duas. Fim da série. Teles senta no chão tentando encontrar o ar. O Gustavão já pega halteres de 18 kgs. Peço para que ele pegue os de 20 kgs. Vamos fazer uma série curta. Sete repetições perfeitas. O próximo exercício seria desenvolvimento com halteres. Apenas uma série com rest-pause e pronto. Pedi para o Teles ir arrumando o banco enquanto eu ia pegar os halteres. Peguei um par de 22 kgs para o Teles e um par de 30 kgs para o Gustavo. Pedi para que ele se sentasse no banco e pegasse os halteres. “Pronto? Vamso começar a série. Concentre-se!” Até a sexta repetição estava tudo bem. Na sétima ele começou a dar sinais de fadiga. Comecei a berrar: “Vai Teles, firme. Mais três!” Disse enfaticamente. Teles completa mais três com muita dificuldade. “Mais uma, deixa de ser mole!” Com mais um berro direcionado bem na sua orelha, Teles reage e completa a última repetição. Onze por enquanto. “Descanse dez segundos e vamos continuar a série” Marquei o tempo no relógio e dei o comando para que começasse. Enquanto observava Teles fazer apenas mais duas repetições, acenei com a cabeça e pedi para que o Gustavo me trouxesse um par de halteres de 16 kgs. Teles solta os halteres. Peço que ele aguarde mais dez segundos e passo os halteres de 16 kgs nas mãos dele. “Você quer me matar Miguel! Eu não consigo.” “Eu diminui o peso nesta. Quero mais duas boas repetições.” Teles começa a parte negativa da primeira das duas repetições. A essa altura seus braços tremem e a experessão em seu rosto é de dor. “Menos peso agora! Mostre algum esforço para mim!” Teles termina a segunda repetição e joga os pesos ao chão. Ao bater no tapete emborrachado, um dos halteres “pula” e quase bate no espelho. A série do Gustavão foi tão árdua quanto à do Teles, com uma diferença. Ele é muito forte. Ele fez 16 repetições com 30 kgs,descansou 10 segundos, fez mais 4 repetiçoes, descansou mais dez segundos ( na verdade foram apenas 7 segundos, pois ele estava fazendo muitas repetições e eu queria dificultar as coisas para ele) e fez mais três repetições com uma execução impecável. Fomos para o próximo exercício. Lembrem-se de que esta treino era um teste de fogo para os dois. Eu queria submetê-los a um stress altíssimo para saber como eles respondiam nessa situação. Agora, pedi ao Teles que pegasse um par de halteres de 3 kgs. Ele olhou para mim e deu risada. Disse que finalmente iria fazer algo tranquilo naquele treino. “Se você pensa que vai ser fácil, deve estar enganado. Se eu conheço um pouco do Miguel, quanto menos peso ele pede para você pegar, mais difícil será o exercício.” Disse o sorridente Gustavão, já se divertindo com a idéia de que o Teles iria se ferrar. “Teles, pode se sentar no banco. Faça elevação lateral. “ Eu nem havia acabado de completar meu pensamento e o Teles já respondeu. “Só três quilos? Dá para fazer umas vinte com esse peso.” Sorri alegremente e olhei para o Gustavo, parecia que ele já previa o que eu ia dizer. “Isso mesmo Teles, só que agora, a série é de 40 repetições. Sem jogar o peso, sem fazer rápido. Quero tudo controlado.” Teles fechou a cara e olhou para a frente, como quem encara o desafio. Ele começou a fazer a série, após a vigésima ele já se contorcia de dor e desepero. “Vinte e cinco! Deixa eu parar por favor!” Implorava meu novo pupilo. Só faltavam mais quinze. Então resolvi dar um apoio moral a ele. “Deixa de ser Mocinha e ergue esse peso! Só mais quinze! E contrai esse ombro.” A medida que Teles prosseguia na série, o suor escorria pelo seu rosto já desfigurado de dor. As três últimas repetições foram jogadas, mas tudo bem. A série valeu. Logo após a o Gustavo completar a sua série já ordenei que Teles se posicionasse. “Mais uma série de quarenta repetições?” “Não! Agora são cinquenta!” Nesse momento o Ricardo chega ao nosso lado, com a máquina de choques carregada e começa a apertar o gatilho. O barulho das faíscas liberadas pela máquina já abala o psicológico de muita gente. “Comece a série!” Disse com a voz bem alta. O Gustavo começou a se animar e gritou: “Vamos Teles!” O pessoal da academia percebeu a movimentação perto do Teles e uma roda se formou em volta dele para ver o que ia acontecer. Após a vigésima quinta repetição, ele já estava quase chorando. Um berro de dor e de alívio sinalizava cada repetição. Na trigésima ele parou. Balançou a cabeça negativamente e disse que não ia dar. Imediatamente acertei um tapa na nuca e gritei: “Termine a série!” Começamos a contar junto com ele. Um coro de vozes o incentivando. “Trinta e três, trinta e quatro, trinta e cinco…” Ajudei levemente nas três últimas repetições. Ao ouvir as vozes dizendo cinquenta ele soltou os pesos no chão e deitou para trás no banco. Ele estava pálido. Se levantoum tentou levar as mãos ao rosto. O esforço era inútil. Ele não tinha mais forças. De repente ele saiu andando rapidamente para o banheiro. Pedi para que o Gustavão fizesse a série dele e fui atrás do Teles. Quando cheguei ao banheiro ele estava vomitando na privada, deitado no chão. Quando ele terminou, o ajudei a se levantar e a lavar o rosto. Ele se sentou no chão e disse que não ia voltar. Olhei pela porta, vi o Gustavão fazendo a sua série, o cara é uma máquina, parece que nada poderia pará-lo. Voltei minha atenção ao Teles. “Então você não vai continuar o treino. Beleza. Já vi como serão as coisas.” “Miguel, você sabe que quase ninguém conseguiria fazer este treino até o final. Tem que me dar uma chance.” “Eu sei que quase ninguém conseguiria terminar. Só algumas poucas pessoas com a alama de guerreiro e a vontade necessária. Estou vendo que o Gustavo vai continuar. E esperava que você também continuasse.” Depois disso, me levantei, virei as costas me dirigindo para a porta de saída do banheiro e disse: “Essa atitude eu só esperava do Leo, não de você. Se quiser continuar treinando sob meus cuidados e ter minha ajuda, se levante agora e saia daí. Caso contrário, esquece.” Saí do banheiro, perguntei ao Gustava se estava tudo bem e olhei para trás. Olhei para a porta do banheiro. Enquanto me virava, torcia para que Teles estivesse ali fora, de pé.” ____________________________________________________________________ infelizmente ainda nao tem os outros episodios^^ esse é o ultimo que ele postou quando (se) ele postar mais eu coloco aqui pra voces, mandem email pra ele escrever o resto hehe
  13. vamo mandar email pro miguel ai tdo mundo pra ele postar o resto hauuha teoricamente vai ateh o ep20, mais soh tem ateh o 12 =/ vcs vao ficar na vontade, e eu tb ahuhua _________________________________________________________________________________________________ Creditos - por Miguel Chain Episódio XI – Um Novo Começo A experiência com o Leo havia me deixado meio desanimado e desmotivado para treinar outras pessoas. Eu gostava muito do Teles, mas nem conhecia o seu amigo Gustavo. Na hora em que ele me pediu que os treinasse não tive coragem de dizer não. Alguns amigos meus dizem que um dos meus grandes defeitos é não saber dizer não. Marquei uma reunião entre nós três no outro dia na academia. Cheguei um pouco mais cedo e cumprimentei o Andrey, o novo recepcionista. Esse Andrey era um cara gente boa, que adorava conversar, fazia amigos facilmente. É um perfil muito bom para quem trabalha no cargo dele. Mas alguma coisa nesse cara me intrigava. Ele tinha uma paixão por motos enorme. Maior que sua paixão por motos era a sua moto, uma Kawasaki Ninja ZX 12R. Quem conhece um pouco sobre motos sabe que não é um brinquedo barato. O cara trabalhava na academia, mas tinha uma moto de mais de R$40.000,00, eu não conseguia saber como isso era possível. Andrey sempre chegava bem cedo na academia. Ele era responsável por abrir as portas às sete da manhã. Às vezes eu o via com olheiras enormes. Engraçado que apesar de parecer que ele não dormia muito, nunca o víamos de mau humor. Bem, uma outra hora converso com ele ou pergunto para o Ricardo Lehat, dono da academia, sobre ele. O Andrey é um cara muito solicito e assim que o cumprimentei ele já me avisou- “Miguel, bom dia! Olha tem um cara ali te esperando, ele estava com o Teles ontem.” – Era o Gustavo. O cara era pontual mesmo. Eu cheguei cedo, ele chegou antes de mim. Bom, muito bom. “Bom dia Gustavo. Como vai? Onde está o Teles?” “Oi Miguel, beleza? Você não conhece muito bem o Teles, não é mesmo? Ele nunca acorda cedo.” “Ah é? Mas então ele deveria ter me avisado disso ontem, poderíamos ter marcado a reunião para mais tarde.” Puxa vida! O cara não acorda cedo. Que coisa. De jeito nenhum eu vou treinar um cara que marca os compromissos e não comparece. O Teles já começou mal. “Gustavo, me fala uma coisa. Você treina há muito tempo?” Estava curioso para saber, pois esse menino tinha uma estrutura óssea grande e já havia colocado muito músculo nela. É claro que poderíamos melhorar muito ainda seu físico, mas ele tinha um potencial incrível. “Treino há uns três anos, mas estou sério mesmo há quase um ano.” Explicou nosso mais novo amigo ogro. Eu realmente fiquei impressionado com esse menino e ficaria feliz se um dia o visse no palco competindo. Mas me parecia que a idéia de competir não o agradava. “Eu não ficaria a vontade na frente de todo mundo vestindo só uma sunga.” O ogro explica. Pouco tempo após começarmos nossa conversa, começo a ouvir uns gritos vindos lá da portaria. “Miguel! Miguel! O Teles chegou!” Era o Andrey, nosso mais novo recepcionista me avisando que meu novo pupilo havia chegado. “Bom dia Miguel.” Apesar de tudo, o Teles havia chegado bem na hora que combinamos. “Acordou cedo mesmo hein? Eu achava que você não vinha.” Comentou o Gustavo, sorrindo. “Ô Mano, o trampo no restaurante foi duro ontem.” Nem esperei ele terminar a frase. Teles e Gustavo, é o seguinte. Vocês sabem da historia do Leo, vocês sabem como eu mudei o físico dele. Ele acreditou em mim até quase o final. Foi uma decepção que tive depois de tudo. Contei a eles ainda que eu não pretendia treinar mais ninguém e que apenas iria ajudá-los de vez em quando dando uma ou outra dica de treino. “Não Miguel! Espera um minuto! Por favor! Fiquei o ano passado todo observando você treinar o Leo. Eu via como era difícil para seguir o que você falava. Eu serei diferente.” O Teles estava mesmo tentando me persuadir. Eu disse ao Teles que mesmo sem minha ajuda ele já havia conseguido um físico melhor do que o do Leo. Que talvez ele não precisasse de mim; Enfim, estava tentando me livrar dele. O Teles, percebendo que eu estava irredutível, começou a jogar pesado. “Miguel, olha o cara que eu te trouxe, o Gustavo é um bom material. Se ele quiser competir, sei que você consegue torna-lo campeão brasileiro.” Pensei comigo que talvez isso fosse até verdade, mas sabia que o Gustavo nunca iria competir. Sabendo disso, eu joguei sujo. Desta vez eu ia me livrar deles e poderia seguir minha vida tranqüilo, sem dor de cabeça. “Teles, meu caro, vamos combinar assim. Treino vocês. Mas com uma condição: Os dois têm que estar prontos para competir no campeonato do interior que teremos em exatas 13 semanas. Vocês me garantem que vão competir, eu garanto que os ajudo.” Já podia perceber o sorrisinho cínico em meu rosto, desta vez eu ganharia e ficaria livre. O Gustavo nunca iria topar competir, ainda mais estando a competição tão perto. Podia ver no Teles a sua expressão de desespero, assim como eu, ele sabia que seu grande amigo Gustavo nunca iria competir. Do outro lado da mesa estava Gustavo, o Ogro, só observando. Esse menino era o melhor amigo de Teles. As duas personalidades contrastavam e se diferenciavam diametralmente. De um lado tínhamos o Teles, cara extrovertido, que fala alto, brinca com todos, é super autoconfiante e não liga em se expor ao ridículo as vezes. Apesar de ter um bom físico para a sua idade, dezenove anos, não era dotado de ótima genética e teria que trabalhar muito em seu físico. Do outro lado estava o Gustavo, cara quietão, introvertido, totalmente na dele. Muito educado e simpático, mas quietão. Não posso dizer que não tinha autoconfiança, mas nesse quesito, ele nem chegava aos pés do Teles. Pelo pouco que o conheci, ele nunca iria se expor em qualquer situação se não tivesse controle absoluto de tudo. Ele sim tem uma genética espetacular e se trabalhar duro e agüentar o tranco, poderia vir a ser um grande nome no esporte em pouco tempo. O silencio tomou conta do recinto. Ninguém falava nada. Olhei para o Teles e ele estava com o olhar fixo no Gustavo. O Ogro, por sua vez, estava debruçado sobre a mesa. Mãos juntas e os dedos entrelaçados, seu olhar voltado para baixo. Um grande decisão estava por ser tomada. “Tudo bem. Eu concordo. Vou competir dentro de 13 semanas. Você vai nos treinar?” Desta vez o Gustavo me surpreendeu. Ele topou competir! Como? Perguntei ao Ogro se ele estava certo do que estava falando pois eu não iria tolerar ser enrolado depois. Imediatamente o cara se levantou, jogando a cadeira para trás e deu um tapa na mesa: “Você acha que eu sou o que? Se estou falando que vou competir, eu vou competir!” “Calma, calma! Só quis me certificar disso.” Achei que ele fosse calmo. Mas tudo bem. Ele topou, vamos se eles agüentam passar pelo teste. Já havia se passado quase uma hora desde que a conversa tinha começado. Os dois foram preparar um shake,pois já estava na hora. Fiquei ali sentado, os esperando. Então, Ricardo, o dono da academia, chega por ali e me pergunta o porquê da exaltação do Gustavo. “Eu ouvi um barulho, quando me virei para olhar, vi que ele deu um tapa na mesa. Me desculpe mas não pude deixar de perceber o barulho. Está tudo bem?” “Sim. Mas que estranho, achei que ele fosse um cara calmo, contido. Nem precisei provocar muito e ele explodiu. Fiquei preocupado agora.” Sempre gosto de conversar com o Ricardo, pois ele sempre tem uma visão diferente e muitas vezes mais apurada das coisas. “Pense bem Miguel. Isso pode ser uma coisa boa. Imagine se você conseguir canalizar essas explosões durante os treinos. Esse cara vira um monstro em seis meses.” “Pois é. Acho melhor ele canalizar nos treinos mesmo, pois eles vão competir em 13 semanas. Vão precisar de muita coisa nesse período.” Nesse momento o Ricardo olhou para mim com os olhos arregalados. “Você vai fazer os caras competirem em 13 semanas? E você acha que eles têm condições?” Expliquei ao Ricardo que o campeonato era de nível mediano e que talvez eles se dessem bem apesar do pouco tempo disponível para preparação. Mas que ainda eles teriam que passar por um treino de teste para ver se iriam conseguir agüentar o tranco. Como que em um passe de mágica, a felicidade surgiu no rosto do Ricardo. Um enorme sorriso se abriu. “Então vamos fazer aquele treino de costas, pendurando os caras na barra fixa e amarrando eles com silver tape? Já vou colocar a bateria da maquina de choques para carregar agora!” Logo após terminar a frase ele soltou uma risada diabólica. Respondi que achava melhor fazer um treino surpresa, com alto volume desta vez. Mas que ele podia trazer a maquininha de choques. Como os meninos ainda não haviam voltado, perguntei ao Ricardo sobre o Andrey e sua motocicleta. Ele respondeu prontamente: “Você não sabe? Não conhece a historia do Andrey? Vou te contar então…” Os meninos voltaram e entram na sala. Percebendo que precisava tratar algumas coisas sérias com eles, Ricardo se despede. “Falou gente, até mais, boa sorte! Ah, Miguel, depois te conto a história do Andrey.” Como tinha um compromisso e precisava ir andando, chamei os dois para me acompanharem até a porta da academia. Chegando lá fora, demos de cara com Leo. Ele estava chegando para treinar. Nem olhou para a nossa cara. Passou direto. Pude perceber que seu rosto estava redondo, estava com cara de lua. Somente poucos dias haviam se passado desde o campeonato e ele já estava daquele jeito. Que coisa. Para me despedir dos meninos, fechei o acordo. “Teles, temos um acordo então. Só que antes de começarmos de verdade, você será submetido a um teste.” “Por que só eu? E o Gustavo?” Perguntava o espantado e indignado Pupilo. “Porque eu sei que para o Gustavo esse não será um teste, será apenas mais um treino. Sei que ele vai agüentar tranqüilo. Você será testado e se sair vivo do treino amanhã, eu treino vocês.” O preocupado Teles já começa com as perguntas. “Mas vai ser de manhã?” “VAI!!!” ” Miguel, por acaso não é aquele treino de costas na barra fixa, ou é?” Indagava o cada vez mais tenso Teles. Respondi-”Não vai ser aquele, vai ser um pior!”
  14. ______________________________________________________________________________________________________________________ Creditos - por Miguel Chain Episódio X – O DIA “D” Os quatro competidores já estavam no palco esperando as chamadas dos juizes. Tínhamos o anãozinho, o Leo e mais dois outros caras que estavam bem. O que eu via ali não me agradava em nada. Demos um azar bem grande, pois os dois meninos ao lado do Leo iriam trucidá-lo. Primeiramente os juizes pediram para que todos os competidores viessem à frente e logo em seguida as poses compulsórias foram pedidas. Primeiro as relaxadas, de frente, de lados e de costas. Já nas poses relaxados pude perceber a tamanha diferença de desenvolvimento apresentada pelos dois caras que iriam ficar em segundo e terceiro. O menininho anão o qual eu achava que iria ser último fácil se mostrou um excelente posador e estava muito bem sob as luzes do palco. O Leo definitivamente estava brigando para não ficar em último lugar. As poses de frente seriam chamadas a seguir. “Duplo bíceps de frente” Chamava o narrador. Expansão de dorsais de frente, abdominais e coxas. De lado, peitoral de lado, tríceps de lado. Na hora em que os árbitros chamaram as poses de costas eu quase caí da cadeira. O baixinho que eu achava que seria o último era dono das melhores costas da categoria. O Ricardo, dono da academia estava ao meu lado assistindo e não conseguiu segurar uma expressão de espanto: “Put%#$#. Acho que o Leo se ferrou.” Se ferrou não foi a expressão utilizada por ele, mas preferi trocar por esta para deixar as coisas mais limpas. Enquanto todos os competidores se apresentavam com confiança e firmeza, segurando as poses para o publico, nosso Pupilo parecia derrotado no palco. Sua atitude era de um perdedor, não erguia a cabeça, não sorria, não fazia as poses com firmeza. Ele mesmo estava se declarando indigno aos juizes. Fiquei (censurado) da vida com isso e comecei a berrar para ele dando indicações de como ajustar as poses. O Ricardo me ajudou muito nisso, gritando para ele erguer a cabeça e virar homem. A numeração dos atletas era feita de acordo com a classe. O anãozinho de 50 kgs era o numero 11, o Leo era numero 12, o outro gigante, com pernas enormes, totalmente rasgadas era o numero 13. O último dos competidores era o mais completo em minha opinião, tinha a parte superior do corpo muito bem desenvolvida, as pernas não eram tão grandes mas ainda sim estavam na harmonia. Ele era o numero 14. Durante as poses de frente os caras 13 e 14 estavam muito bem parelhos. O Leo perdia claramente para eles mas pelo menos era maior que o numero 11, o anãozinho. Logo após todas as poses serem feitas, os juizes trocaram o Leo de lugar com o numero 11. Ele ficou longe dos outros dois, em minha opinião favoritos. Isso poderia demonstrar que os juizes não estavam tão certos assim de que o numero iria ficar em último. Durante a segunda bateria de poses, podíamos perceber o cansaço estampado no rosto dos competidores. O Leo era o que demonstrava isso em menor grau. Graças aos treinos em séries gigantes, ele conseguira uma boa endurance, o que lhe permitia fazer as poses com mais facilidade. A medida que íamos o encorajando, a sua autoconfiança ia aumentando, assim como sua presença de palco. Ele estava mais agressivo, posava com mais vigor, mais confiança. Talvez nem tudo estivesse perdido. Só quem já competiu em um campeonato de culturismo sabe das dificuldades. Meses de dieta; a última semana então, ah meu amigo, é um horror. Durante o campeonato o cara está desidratado, sem água nenhuma praticamente, tem que fazer uma força do cão durante as poses e ainda sorrir. Uma outra situação que muitos não param para ponderar é o fato de quando se vai competir, você estará vestindo apenas uma sunga bem pequena na frente de dezenas, centenas de pessoas as vezes. Se junta a desidratação ao calor tropical e ao calor gerado pela iluminação do palco, a vida do competidor vira um inferno. As previas acabaram e os atletas da classe do meu Pupilo saem do palco. Imediatamente me dirijo a área reservada aos atletas para ver como o Leo estava. Ao chegar lá eu esperava encontrar um cara emocionado, contente pela sua estréia nos palcos, aliviado por ter a tensão da estréia tirada de suas costas. Agora seria só esperar mais algumas horas e ver como tudo iria acabar. Para meu espanto chego no backstage e vejo o Leo sentado num canto, cabeça baixa e só de sunga ainda. Fui me aproximar e dar umas palavras de encorajamento. “Fala Leozão, foi bem para a estréia Cara…” Na mesma hora ele olhou para cima, pois estava sentado no chão ainda e me disse com uma voz rouca e tremula. “Miguel, você me ferrou. Seus treinos acabaram com meu físico. Você viu os dois caras?” “Vi sim, eles devem ficar em primeiro e segundo.” A essa hora eu já estava com medo de responder para ele. “Se a dieta que você me passou fosse boa, eu tinha que estar do tamanho dos caras, mas não! Você foi me passar aqueles treinos idiotas e agora eu estou aqui, bem menor que os outros.” “Leo, não seja infantil. Não seja criança. Você sabe que a situação não é bem essa. Você sabia desde o inicio que a dieta teria que ser dura para você chegar na condição desejada a tempo. Lembre-se bem de que eu sugeri que não competisse nesse campeonato.” Esse menino me irrita as vezes. Muito infantil em algumas situações e ainda vem querer jogar a culpa me mim. “É Miguel, mas deste tamanho eu não tenho certeza se vou conseguir ganhar.” O cara estava iludido mesmo. Na hora em que ele disse as cenas dele na academia se admirando e dizendo para si mesmo que era o melhor vinham a minha cabeça. É muito comum em culturistas, esse ego avantajado. Eles pensam que são os melhores, que são a melhor coisa que Deus colocou no mundo. Não é bem assim. “Bem Leo, vou indo lá para fora. Vista-se e nos encontre lá. Vamos assistir ao resto das previas e depois comer alguma coisa.” Procurei nem ficar lá por muito tempo, pois sabia que ele estava chateado e ainda iludido achando que iria conseguir uma boa colocação. Mal sabia ele que iria brigar para não ficar em último. Quando um cara vai competir, quando ele sobe em um palco, tudo o que ele fez durante a sua preparação vai contar. Todo o aeróbio não feito, todo o lixo que ele comeu sem poder, todo o treino que ele deixou faltando vão se voltar contra ele. Depois de tudo, fica fácil colocar a culpa em alguém. Muitos culpam os juizes, os chamam de corruptos; outros culpam a comida estragada que comeram um dia antes. Outros, bem poucos, culpam seus treinadores. É fácil tirar a responsabilidade dos ombros e jogar em cima de alguém. Infelizmente, no palco é apenas você contra todo mundo. Se você não fez o dever de casa corretamente, dificilmente irá passar pelo olhar critico e treinado dos juizes. Gostaria que o meu Pupilo, o Leo tivesse lido esse parágrafo três meses atrás. As coisas talvez fossem bem diferentes hoje. Logo após as prévias, que ocorrem a tarde, os atletas descansam e tentam relaxar para o show da noite. O show da noite vale poucos pontos e influencia pouco na escolha das colocações pelos árbitros. Mas ainda sim é preciso segurar a condição física por mais algum tempo até que o show termine. “Miguel, eu vou comer um lanche ali naquele shopping.” Era claro que o Leo estava desanimado, cansado e com fome. Mas naquele momento era preciso segurar as rédeas para que ele não pusesse tudo a perder. “Leo, come aí seu arrozinho e fica sossegado. Logo após a premiação da sua classe já vai ter uma pizza te esperando atrás do palco. Aí você vai poder comer a vontade.” Havia uma pizzaria no shopping perto do local onde o campeonato estava sendo realizado. Iria pedir para alguém ir lá comprar uma pizza para o Leo, pois depois de tanto esforço ele merecia. A hora da verdade, o Show da Noite chega e lá vamos eu o nosso herói (a essa hora já não sei se é tão herói assim) para a sala de aquecimento outra vez. Demos uma retocada na coloração e aplicamos uma camada fina de óleo. Muita gente não tem consciência da importância que a coloração da pele tem na hora do julgamento. Se um atleta entra branco demais, perde muitos pontos, se entre muito escuro, os juizes não conseguem ver muitos detalhes. Existem produtos especiais para se colorir, mas é importante ter um bronzeado natural como base antes de aplicar a tintura. Mesmo os atletas negros deveriam se bronzear para competir, pois isso evita aquele visual desbotado no coloração em cima dos palcos. A medida que a hora de entrar chegava, Leo ficava mais agitado. “Será que eu vou ganhar? Ou vou ficar em segundo?” Nem respondi, fiz que não ouvi nada. Os meninos sobem ao palco e, um por um, fazem sua coreografia. A do Leo foi uma das melhores, já que fiz ele treina-la exaustivamente. Ele ainda precisa aprender a ter mais controle na hora das poses, mas foi muito bem. Talvez isso o ajude na hora da decisão. Para meu desespero o atleta numero 11, o anãozinho com quem meu pupilo iria brigar pela terceira colocação se apresenta de forma surpreendente. Se houvesse uma premiação para a melhor coreografia, esse cara ganharia fácil. Agora sim as coisas estavam difíceis para nós. Após todos os quatro se apresentarem individualmente, foi a hora do posedown, onde os atletas se degladiam fazendo poses livres para a platéia. Nessa altura Leo estava morrendo de cansaço e mal conseguia fazer as poses. Só nos restava esperar a decisão dos juizes. O locutor do evento entra no palco e começa a falar: “Agora vamos a premiação da classe Junior do Campeonato. O quarto lugar ficou com o atleta de numero 11!” O baixinho ficou meio chateado mas foi lá e buscou sua medalha de honra. Leo deu um sorrisinho confiante. O locutor anuncia o terceiro colocado: “Ocupando a terceira colocação, ficando com a medalha de bronze, anuncio o atleta numero 12!” O numero 12 era o Leo, na hora em que ouviu seu numero ele fez uma expressão de susto e indignação. Fixou o olhar para o chão e ficou lá. “O atleta premiado pode vir a frente buscar a medalha e o troféu.” E o Leo continuava com o olhar fixo no chão, sem se mexer. “Atleta numero 12, por favor venha a frente buscar seu premio.” Nesse momento o Leo vira as costas e sai do palco sem pegar seu premio nem falar nada. Eu não acredito que ele fez isso! Saí correndo até o backstage para falar com ele. “Você está louco moleque? Quer me matar de vergonha? Volta lá agora, pede desculpas e pega seu troféu de terceiro lugar.” “Você sabe que eu não merecia ficar em terceiro, eu era pelo menos o segundo melhor> Esses caras me roubaram!” “O que?” Cai na real Leo, o terceiro já foi um presente. Nesse momento ele saiu, se vestiu e foi embora! Pegou seu carro e simplesmente foi embora, deixando os dois que vieram de carona com ele para trás. Só faltava ele se matar agora. A atitude extremamente infantil e anti-desportiva do meu pupilo me deixou perplexo. Na Segunda-Feira seguinte, ainda sem ter falado com ele após o ocorrido, vou até a academia para treinar. Encontro o Leo todo vestido, com calça comprida e uma blusa de moletom. “Você está doido? Estamos pleno verão, 35º C de temperatura e você vestido assim?” “Estou assim porque meu físico me deixa envergonhado! Você me fez sentir vergonha de mim mesmo. Nunca deveria ter ouvido seus conselhos, nunca deveria ter aceitado ser treinado por você para um campeonato. Você me arruinou e fica frio pois nunca mais vou nem sequer falar sobre musculação com você.” “Leo, para de falar besteira. Foi você quem veio até pedindo ajuda. Te ajudei a alcançar uma forma física que nunca imaginou que pudesse. Foi você quem escolheu participar deste maldito campeonato, não eu. Então por favor fica quieto porque já estou de saco cheio de sua infantilidade.” “Infantil e idiota é você Mig….” Pow!!! Eu estava tão nervoso com ele e com a situação que na mesma hora que ele me chamou de idiota eu nem esperei ele terminar a frase. Dei-lhe um soco no meio da boca. Ele caiu para trás, quase bate a cabeça em um banco. Ele se sentou no chão e ficou com a mão boca, toda cortada, sem saber o que tinha acontecido. Nessa mesma hora o Ricardo, dono da academia veio até mim. Já pensei na hora que ele iria chamar a minha atenção e me expulsar de sua academia, pois ele é um cara totalmente calmo, centrado e apesar de ele já ter sido um ótimo competidor de Jiu-Jitsu e treinador de vale-tudo, nunca ouvi dizer que ele havia brigado com alguém. Ele chegou perto e me disse: ” Miguel! Você já pensou em lutar boxe ou vale-tudo? Belo soco! Ele merecia apanhar mais, mas acho que já deve ter aprendido a lição.” Fiquei espantado, mas contente. Minha mão doía muito. Eu tinha um pequeno corte no dedo. Achei melhor nem treinar. Na saída, o novo recepcionista Andrey me chamou. “Miguel, tem dois caras querendo falar com você ali.” Olhei para a sala de espera. Era o Teles, filho do dono do restaurante e um amigo dele; um cara enorme, ombros largos, braços que deveriam ter pelo menos uns 47 cm a te as pernas pareciam ser bem desenvolvidas. Me aproximei deles e o Teles me apresentou: “Miguel, este aqui é o Gustavo Badel. Chamo ele assim pois ele é fã numero 1 do Badel.” “Muito prazer Gustavo.” Apertei a mão do cara sorrindo. “Eu odeio o Badel e meu nome verdadeiro não é Gustavo. Mas como todo mundo já me chama assim, pode me chamar também.” O Teles estava todo feliz, sorridente. Perguntei o porquê da alegria. Ele respondeu que era pelo soco na cara do Leo. “Teles, não me orgulho do que fiz, mas já está feito. Pelo menos agora eu não tenho mais ninguém para eu treinar e nem para me encher o saco.” O Teles responde de imediato: ” Você está enganado. Agora você tem dois caras para treinar. Eu e o Gustavão.”
  15. Creditos - por Miguel Chain Episódio IX – A Última Semana “VEIAS NO BRAÇO! EU TENHO VEIAS NO BRAÇO!” Era claro que a alegria por estar com uma definição muscular excelente estava deixando Leo nas alturas. Pela primeira vez ele era capaz de perceber veias saindo de seus antebraços fora do horário de treino. Estávamos treinando em um Sábado de Manhã, faltavam sete dias para o campeonato; Leo estava empolgado, não parecia muito ansioso. A dieta e o treino foram extenuantes nas últimas semanas, nosso herói havia conseguido alcançar uma condição razoavelmente boa. Como tínhamos pouco tempo, muita massa muscular foi sacrificada fazendo com que ele ficasse bem menor do que já era. A definição estava boa, ele quase não tinha gordura no corpo. Nas últimas duas semanas um fato que me deixava chateado, mas não surpreso, aconteceu por diversas vezes. O Leo só ficava na frente do espelho, se admirando. Ele ficava repetindo para si mesmo como ele estava perfeito, como ele era o melhor da academia. A personalidade dele mudava junto com o físico. Ele estava mais arrogante e tinha umas crises de estrelismo. Outro dia ele percebeu que o Teles, filho do dono do restaurante, observava nosso treino. Prontamente ele chegou perto e disse: “Está vendo Teles? Hoje eu sou muito melhor do que você. Olha essa sua barriga, nem meu tio que vive nas numeradas do estádio de futebol assistindo aos jogos tem uma barriga deste tamanho!” Os lábios de Leo emitiam um sorrisinho cínico ao proferir as palavras. Teles riu na cara dele, dizendo que ele havia feito um ano de dieta para sair de um físico basista e para um de maratonista. Já fazia um tempo que o Teles nos observava, apenas o Leo, que vive no mundo da lua, não havia percebido ainda. Esse Teles é um menino bem esperto, inteligente. Ele fica só observando de longe, mas tenho a impressão de que ele capta tudo o que fazemos durante o treino. Ele é rápido, tem resposta para tudo. Não queiram tentar tirar um sarro na cara dele; ele vai dar o troco à altura. O Teles tem uma personalidade totalmente oposta à do Leo. Enquanto meu Pupilo é meio tímido, bem retraído e muitas vezes muda de opinião minuto a minuto; o Teles é decidido, extrovertido e é muito cristalino em relação aos seus sentimentos. Eu conhecia o Teles há um bom tempo, mas estava claro que desde que eu havia começado a ajudar e treinar junto com o Leo, o Teles havia se distanciado um pouco. Logo após o incidente fui falar com o Leo e o critiquei duramente:” Quem você pensa que é? Não pode falar com as pessoas assim. Não cante vitória antes do tempo, o campeonato nem começou e você já se acha o campeão mundial. Vai com calma!” Eu sabia da real posição do Leo no campeonato, sabia que ele não iria ser o vencedor. Em um campeonato, você tem que apresentar a sua melhor condição física possível, se você tiver sucesso e isso acontecer, tudo ainda vai depender de quem você vai enfrentar. No Mr Olympia, Jay Cutler sabe que vai enfrentar Victor Martinez, Dexter Jackson etc, mas aqui no Brasil, em um campeonato de estreantes por exemplo, não existe a possibilidade de prevermos quem serão nossos adversários. No caso do Leo, teremos que rezar muito para que a classe dele no campeonato não traga atletas melhores e maiores, senão estaremos encrencados, bem encrencados. Mesmo assim eu sabia da condição dele, sabia que seria difícil todos no campeonato entrarem piores que ele. Se conseguirmos um terceiro lugar vou ficar muito feliz, mas pela experiência, sabia que isto seria difícil. Infelizmente o Leo não enxergava a situação desta maneira e acreditava piamente que iria arrasar no campeonato. Tomara que pelo menos desta vez ele esteja certo e eu errado. Normalmente a última semana antes de um campeonato coloca o atleta em algumas das situações mais difíceis durante a preparação. Geralmente a consumo de carboidratos cai drasticamente por uns dias e sobe em outros; existe uma montanha-russa nos consumos de água, sódio, carbo, onde a ingestão dessas substancias oscila de quantidades astronômicas para praticamente zero ou vice-versa em um curto período de tempo. Geralmente usamos alguns artifícios para fazer o atleta parecer melhor e mais cheio no palco, como, por exemplo, depletar toda a reserva de glicogênio (carbo) em seu organismo e dias depois restaurar todos os depósitos desse nutriente. É bem difícil treinar intensamente e fazer aeróbio pesado, enquanto seu corpo não tem um grama de carboidrato para ajudar. Nos últimos um ou dois dias, o consumo de sódio também é racionado, chegamos a cortar quase a zero a ingestão em alguns casos. Vocês perceberam que o stress colocado no organismo nestes últimos dias é enorme. No Domingo deixei o Leo comer boas quantidades de carboidrato. Neste dia ele não treinou também. Nesta última semana, faremos um treino para a parte superior do corpo em forma de séries gigantes e algum trabalho aeróbio pesado na Segunda, terça e Quarta-Feira. Nestes dias o consumo de carbo será zero para que toda a reserva de glicogênio de seu corpo seja exaurida. Os treinos com pesos são relativamente mais leves, já que o intuito agora é apenas queimar os últimos gramas de carboidrato guardados no organismo e não estimular o aumento ou manutenção de massa muscular. Mas como tudo é feito em séries gigantes, agrupando 4 exercicios e os fazendo um atrás do outro, sem descanso, a coisa fica bem pesada. Os treinos de dos três dias, Segunda a Quarta, seriam idênticos. Doze exercícios, organizados 4 a 4 em três séries gigantes. Cada grupo de 4 exercícios, seria repetido três vezes antes de partirmos para o próximo grupo de quatro exercícios. Logo depois da segunda série do primeiro grupo de exercícios o nosso herói já estava me demonstrando sua alegria. “Miguel! Eu vou morrer! Eu vou desmaiar, eu estou zonzo!” Realmente o treino acaba ficando puxado, mas ele estava exagerando um pouquinho. “Deixa de ser mole e continua a série, faltam apenas seis dias para o campeonato e você não pode estragar tudo agora!” Eu já previa que a Quarta-Feira seria o dia mais difícil, era o terceiro dia onde o meu Pupilo não comeria nada de carboidratos, era o dia onde ele ficaria na pior condição física e mental. A falta extrema de carbo aliada à carga extenuante de exercícios pode fazer com que um atleta normal quase enlouqueça, imagina o que isso fará com um atleta como o Leo. Nesse dia, eu esperava o Leo para treinar as 16:00 hs. Como de costume, eu cheguei mais cedo e ele chegou atrasado. Foi impossível não notar a chegada dele à academia. Eram quatro horas da tarde, uns 32º de temperatura e ele me chega de calça e blusa de moletom. “Leo, você está doente? Louco, ou coisa assim?” “Não Miguel, não estou. Só que você me ferrou. Suas preciosas dicas me deixaram todo fino, perdi uns três quilos, estou liso e pequeno. Já vou avisando, vou comer carbo hoje a noite viu!” “Leo, você vai ter que confiar em mim, é normal seu peso oscilar assim, você acabou com a reserva de glicogênio em seu corpo, isso é proposital, agora vamos fazer o carb-up e tudo vai ficar melhor que antes. Fica frio.” “Ah Miguel, eu estava pensando esta manhã. Não sei se estou satisfeito com o seu plano e sua orientação. Olha como estou pequeno, olha como perdi massa! Você e seus treinos dietas acabaram com meu físico! Se não fosse a minha genética eu estaria bem menor do que isso.” Eu não acreditava que estava ouvindo aquilo. Minha primeira reação foi a de socar a cara dele. Mas isso iria deixar marcas e ele poderia se machucar ao cair no chão. E ele iria ao campeonato, nem que eu tivesse que carregar ele até lá amarrado. O nosso herói é um cara jovem, muito novo ainda, é claro que iria aparecer uma certa insegurança, eu entenderia. Mas essa reação foi demais. Depois de todo esse trabalho, só faltava esse cara desistir de tudo na última semana. “Leo, nós conversamos sobre tudo isso há algumas semanas, você sabia que perderia muita massa para conseguir chegar em uma condição de competição. Foi você quem insistiu que queria competir. Por favor, cresça, vire homem e assuma seus erros.” O clima ficou pesado. O Ricardo, dono da academia, percebeu a discussão e veio acalmar os ânimos. Ele é um cara calmo, chegou ali, mudou o assunto e falou que iria treinar com Leo. Ele faria o mesmo treino que passara nos dias anteriores, e só fez aquilo para que eu saísse de perto do Leonel e deixasse nossos ânimos esfriarem. Eu saí, fui embora. Naquela noite o Ricardo me ligou e contou o teor da conversa que teve com o Leo antes de começarem o treino. Ele me disse que falou assim: “Escuta aqui moleque, você nem pensa em desistir deste campeonato. E também nem pensa em culpar o Miguel por você estar pequeno, ou por você não estar da maneira que queria. Foi você quem insistiu em ir ao campeonato e o cara te ajudou da melhor forma possível. Ele conseguiu obter um resultado com você que nem eu imaginava. Então vai treinar, faça o que ele manda e fica quieto, senão eu vou arrebentar sua boca entendeu?” O Ricardo sempre foi um cara calmo acima de tudo, mas também é uma pessoa totalmente leal aos amigos, tão leal que acabou sendo “meio agressivo” com o Leonel. Tudo correu normalmente nos dias seguintes, o carbo foi recolocado na dieta, os estoques de glicogênio subiram e o Leo ficou um pouco melhor. O grande dia havia chegado, o campeonato estava chegando. Apenas algumas horas mais tarde, Leo teria realizado seu sonho e se tornado um culturista de verdade, competidor. Chegamos ao teatro onde seria realizado o evento e esperamos o congresso técnico terminar. A categoria Junior seria a segunda a se apresentar, por isso já fomos direto para a sala de aquecimento. Eu e o Ricardo começamos a passar o creme que daria mais cor ao nosso branco pupilo. Por sorte trouxemos alguns elásticos na mala, pois a organização não havia disponibilizado pesos na sala de aquecimento. Ao nosso lado pude perceber mais três meninos que competiriam na categoria Junior. Teríamos então quatro atletas disputando o título da categoria. Um deles tinha um metro e meio e pesava uns 50Kgs, estava liso, sem definição e não tinha volume, com certeza seria o quarto colocado. O Leo não ficaria em último. Os outros dois seriam osso duro de roer. Lá estava o Leo, de sunga, pintado e com óleo, já aquecido e só esperando o momento de entrar no palco.Um dos organizadores do evento veio até a sala de aquecimento e gritou: ” Categoria Junior vir ao palco!” O show ia começar….
  16. deu mole... fui uma vez em uma e ela disse a msma coisa.. só que minha mae nao tirou whey de mim.. ela ja nao me dava e continua nao me dando ahuuha.... po ja q seus pais nao deixam mais voce comer ovo come frango entao, atum... toma bastante leite.... foi vc q contou isso pros seus pais ou ela q falou? se foi a nutricionista ela é muito cuzona em.. tem q ser nutricionista esportivo msm...
  17. coincidencia, eu vou fazer com 40 tb huahua muito bom o texto, acho o melhor tipo de motivaçao.. texto e video, axo q texto ganha... muito bom, bem antes do treino... vlw por compartilhar bons treinos
  18. continuando... __________________________________________________________________________________________________________________ Creditos - por Miguel Chain Episódio VIII – O Plano de Ataque Quando dissemos que a Guerra iria começar, acho que o Leo não havia levado muito a sério. Quando dissemos guerra, nos referíamos a um tipo de treino que pode mesmo nos levar quase a morte. A preparação para um campeonato, assim como o Leo pretende fazer, exige muito tanto do físico quanto do psicológico. O atleta tem que ter força no corpo, mas também é necessário que ele tenha uma força de vontade extraordinária para se sobressair diante das adversidades que surgem durante este período. Semanas ininterruptas comendo frango, frango, frango. Horas de aeróbio por semana, treinos super-intensos na academia, mesmo sem ter comido muita coisa. É preciso um coração de Leão para suportar isso. Ainda mais na situação que o Leo se encontra, atrasado na preparação. Faltava pouco tempo para a competição que o Leo pretendia vencer. Sim, na cabeça dele ele iria vencer facilmente a competição. Talvez o excesso de confiança seja um dos maiores erros de quem vai competir. O cara muito confiante provavelmente vai deixar de realizar alguns pontos-chave na preparação, e vai ter uma surpresa desagradável no dia que subir ao placo. Era preciso traçar um plano de ataque, colocar toda a preparação no papel e nos certificar que o Leo iria segui-la à risca. “Está preparado para o que você vai ouvir Leo?” “Claro que sim! Estou disposto a seguir tudo até as últimas conseqüências.” As vezes Leo me parecia um cara dedicado e com força de vontade. As vezes demonstrava ser totalmente o oposto. Essa dualidade na personalidade de meu Pupilo me deixava sem sono frequentemente. Imagino que ele tenha tudo para vencer, mas sinto que sempre será necessário ter alguém por trás dele dando umas chicotadas para que ele ande sempre em frente. Naquele dia senti muita confiança em nosso Herói. “Vamos começar traçando os planos de aeróbios. Serão necessárias duas sessões por dia de aeróbio para que você consiga perder toda a sua gordura a tempo.” Apesar de alguns que se auto-entitulam preparadores de atletas dizerem que o aeróbio não é necessário para se perder gordura, ainda sim optamos por fazê-los, pois esta é a forma mais segura e mais rápida de se acabar com ela. Apenas alguns poucos mutantes genéticos podem se preparar para um campeonato e se apresentarem realmente grandes sem o uso de exercício aeróbio. Dexter jackson não fazia, mas de uns anos para cá tem feito. Fora ele, são raros os atletas de sucesso que conseguem se apresentar totalmente definidos, sem o uso dos aeróbios. É claro que a musculação contribui, e muito, na queima de tecido adiposo, mas o aeróbio é um ótimo complemento. “Mas Miguel, você realmente acha que duas sessões por dia seriam necessárias? Se eu fizer uma bem feita não daria certo?” Sempre que o Leo quer me convencer a mudar de opinião, ou não concorda com o que eu digo, ele usa a palavra –Realmente- com uma entonação bem diferente. Discordei dele na hora. No estágio que ele estava, seriam necessárias duas sessões de aeróbios. “Você fará uma hora de manhã, de estomago vazio; e mais uma hora a noite, quase antes de dormir.” Os olhos do menino se arregalaram, em uma mistura de espanto e medo. Pude perceber a indignação em seu olhar. Realmente o Leo não percebia o quanto estava atrasado e como iria passar vergonha se não seguisse essa rotina tão pesada. “Miguel, acho que você está louco! Como vou andar uma hora de manhã, de estomago vazio? Eu entro no trabalho as sete da manhã, esqueceu?” Certamente ele acha que eu sou burro, ou tonto. “Claro que eu sei disso. Por isso você vai acordar as cinco e meia, tomar cinco gramas de BCAAs e vai sair andando pela cidade. Nem lava o rosto. Só coloca uma roupa, um boné e vai.” “Se estiver muito frio eu posso ir de gorrinho e cachecol? Posso tomar chá quente na hora que eu chegar?” Tem horas que eu agradeço a Deus por não andar armado. Como pode ser tão… Ah deixa pra lá. “Nós estamos quase no verão meu amigo. Não vai estar frio. Fique tranqüilo. E na hora que chegar em casa, manda um shake de whey e um pouco de aveia.” A segunda sessão seria no fim da noite, onde o organismo está baixando o metabolismo. Dessa forma iríamos aumentar o metabolismo de Leo novamente já que o treino com pesos seria realizado no inicio da tarde.
  19. torço muito pelo big ron tb.. nao espero que ele ganhe, mais ficando com um shape legal no olympia ja esta otimo... pra levar o trofeu pra casa eu to torcendo pro Phil... mais o jay esta mt bem tb esse ano... kai tb to axando que vai surpreender... vamos ver, esse ano vai ser bom...
  20. sao 10 capitulos essa série.. a outra tambem eram pra ser 10, mais por enquanto só tem 2... _____________________________________________________________________________________________________________________ Creditos - por Miguel Chain Episódio VII – A Guerra Vai Começar Depois do incidente com a última namorada do Leo, a vida foi seguindo para mim e meu pupilo. A confiança de Leo em si mesmo aumentava a cada semana. Isso fazia com que eu confiasse muito mais no sucesso dele do antes. Mas ainda existia uma coisa que me atormentava. O excesso de confiança de Leo dava um ar de arrogância ao menino as vezes. É claro que isso é muito comum entre as pessoas, especialmente entre culturistas. É muito complicado diferenciar arrogância de auto-confiança excessiva. Nem sempre as pessoas interpretam de maneira correta o que queremos expressar. Dois grandes exemplos no culturismo desse binômio arrogância/auto-confiança excessiva são Arnold Schwarzenegger e Gustava Badell. Vejam estes caras e reparem nas semelhanças de seus atos. Arnold veio de um país na europa oriental, começou a vencer, ele sabia que venceria e estava disposto a fazer qualquer coisa em nome do sucesso. Ele sempre deixou claro em suas declarações que ninguém ficaria entre ele e os títulos, entre ele e o sucesso. Arnold era conhecido por sacanear os adversários antes das competições, por dominar psicologicamente até mesmo seus amigos mais próximos. Arnold nunca teve pudor em dizer que manipulava Franco Columbo ( um de seus melhores amigos) , ele enganou Frank Zane ( seu melhor amigo, uma das pessoas que o ajudou desde quando ele havia chegado da Europa) durante meses na preparação para o Olympia de 80. Neste ano Zane iria defender seu título, Arnold viajou com ele até a Austrália, local onde seria realizado o Campeonato naquele ano. Na última hora, Arnold apareceu de sunga atrás do palco e surpreendeu Zane, dizendo que iria competir. Adivinhem quem ganhou? Podemos notar que o Arnold foi o símbolo da arrogância, da falta de ética, da falta de companheirismo. Mas todos sempre dizem até hoje que Arnold era um determinado, uma pessoa que lutou sempre para vencer, ele era confiante em si mesmo. O Outro exemplo é Gustava Badell, Badell veio do Caribe, ficou anos sem ganhar nada. De repente ele começou a ganhar títulos, venceu Ronnie Coleman no tão criticado posing round. Ele dizia que sempre treinava duro e por isso já esperava que iria ganhar, era bem confiante, nunca pisou ou enganou ninguém para conseguir algo em sua carreira, no entanto ele sempre tido como um cara extremamente arrogante. Tendo isso em mente eu não conseguia perceber o que estava acontecendo com o Leo. Ele estava mais confiante? Isso faria dele uma pessoa arrogante e inescrupulosa? Não sei. De uns tempos para cá ele age de maneira um pouco estranha. Parece que não dá tanta importância para o que tenho a falar. Contei esta história do Arnold e do Badell para ele. Ele me agradeceu e disse que sempre seremos amigos e que sempre ouvirá o que tenho a dizer. “Mesmo que eu vire Mr Olympia um dia, nunca vou esquecer que sou seu amigo!” Essas eram as palavras de nosso herói. Era claro que ele havia melhorado muito nos últimos meses, nem se parece com aquele antigo Leo que pediu minha ajuda naquela tarde fria. Os resultados eram impressionantes, seu percentual de gordura havia baixado muito, a massa muscular havia aumentado, os pontos fracos, principalmente pernas estavam melhorando. Mas era claro que ainda faltava muito para nosso pupilo poder lutar de igual para igual com os melhores do Brasil em sua categoria. Ele não parecia pensar assim. “Miguel,andei vendo as fotos do Campeonato Brasileiro e percebi que os caras que competem lá na categoria Junior não são tão bons assim. Se eu conseguir diminuir mais minha BF, eu …” Imediatamente eu o interrompi. “Espera, espera, espera! Diminuir o que?” Perguntei muito bravo. “Dimimuir minha BF. BF é gordura corporal Miguel, não é?” “Leo, você mora no Brasil, use termos em português por favor. BF quer dizer Body Fat, gordura corporal. Mas o termo em português é Percentual de Gordura. Não é tão bonito de se falar, nem tão fácil de se escrever, mas é assim que se fala aqui no Brasil. Por favor não cometa esse erro.” Não gosto muito e não acho correto que usemos termos em inglês, quando temos palavras para expressa-los em português.” “Mas Miguel, olha só, vamos ao que interessa. Em oito semanas temos um campeonato lá em São Paulo. Eles terão categoria Junior. Se formos comparar o nível dos competidores do brasileiro, eu tenho boas chances de conseguir minha primeira vitória em campeonatos.” Claro que ele estava iludido. Apesar de todas as mudanças apresentadas nesses meses, ele ainda precisava de um ano ou dois para chegar a um nível competitivo. Ele havia visto os competidores por fotos. É muito difícil sair bem em fotos. Mesmo os IFBB Pro podem parecer pequenos dependendo do ângulo e iluminação das fotos. Tentei explicar ao meu pupilo mas ele parecia não querer entender. “Mas Miguel, qual o problema se eu entrar nesse campeonato? De qualquer forma a minha dieta estava programada para terminar uma semana antes do campeonato. É só a gente continuar por mais alguns dias.” Não queria ser duro demais com o Leo, mas precisava explicar que ainda não era hora de competir. Se ele pelo menos fosse competir sabendo que não iria vencer, que a competição seria somente para ganhar experiência, acho até que seria válido. Mas não. Ele estava totalmente convencido que poderia ficar entre os três primeiros colocados. Conversamos bastante nos dias que se seguiram, expliquei a ele a dificuldade de uma competição e que ele deveria ir apenas para sentir como é. Não deveria ir esperando uma vitória. “Mas então você não confia em mim?” “Claro que não é isso. Confio muito em você, mas tudo tem a hora certa e temos que ser realistas. Você ainda não tem as ferramentas necessárias para vencer um campeonato.” Precisamos ser sinceros com as pessoas. Não estava tentando desencorajar o Leo, só queria mostrar a ele a realidade. Eu tenho experiência nesse ramo de competições e atletas. Sei quando um atleta tem chances ou não em um campeonato. Depois de muita conversa parece que convenci nosso herói a pensar neste campeonato como apenas uma preparação, uma experiência para os que virão no futuro. Vamos tentar prepara-lo da melhor forma possível. Precisaríamos melhorar mais ainda algumas coisas como suas pernas, seu abdome. Mas o menino estava decidido mesmo a competir e era isso que ele iria fazer. “Miguel, o que vamos precisar mudar em meus treinos e dieta para que fique pronto a tempo para o campeonato?” “Você ainda tem muita gordura para perder. Temos só oito semanas e você precisaria de umas dez ou onze semanas para queimar toda essa gordura. Vamos ter que acelerar seu aeróbio e tentar diminuir um pouco suas calorias.” “Você está louco Miguel? Aumentar o aeróbio e diminuir as calorias? Vou catabolizar desse jeito. Deve haver outra maneira.” Nesse caso não havia outra maneira. Ele iria catabolizar um pouco? Iria com certeza. Isso é o certo? Não. Alguém que pensa em competir deveria fazer isso. Não. Mas o Leo era teimoso e não iria sossegar enquanto não me convencesse a deixa-lo competir. Outra pergunta é: O treinador deve ceder aos desejos de seu atleta como eu cedi? Provavelmente não, mas essa será uma parte importante no processo de aprendizado de Leo. Ele é muito novo ainda e talvez precise tomar umas pancadas no campeonato para colocar a cabeça no lugar e se dedicar mais ainda para o próximo ano. “Leo, A preparação se tornará muito mais penosa a partir de agora. Nada poderá passar, nenhuma refeição poderá ser perdida, nenhum treino mal-feito. Aeróbio sempre, nem pense em pular esta parte. Teremos que ser muito mais sérios do que já éramos. Você está pronto para isso?” A pergunta foi incisiva e a expressão no rosto de Leo não me animou muito, ele fez uma cara de espanto e dúvida. “Eu topo Miguel! Estou pronto! Que venha a preparação. Esperei por isso a vida toda.” Agora a expressão em seu rosto era de raiva, de confiança. Agora sim estamos prontos. O Ricardo, dono da academia estava ao nosso lado e ouviu toda a conversa. Ele é um cara muito ponderado e não abriu a boca durante toda a conversa. Quando terminamos ele perguntou a mim e ao Leo se estávamos prontos para o Campeonato. “Miguel e Leo, vocês têm pouco tempo, menos do que o necessário. Essa preparação será uma verdadeira Guerra.” Ele disse isso com o dedo em riste e com um tom austero na voz. Olhei para o Leo nessa hora e disse: “Então a Guerra vai começar!”
  21. paciencia galera.. se eu postar tudo de uma vez nao tem graça __________________________________________________________________________________________________________________ Creditos - por Miguel Chain Episódio VI – A Namorada de Leo Semanas haviam passado desde que eu comecei a ajudar o Leo e que a aposta foi feita. A mudança em seu físico era totalmente visível a esse ponto do jogo. Leo estava um pouco maior do que era e alguns vestígios de veias brotavam em seus ante-braços. O que mais havia mudado em Leo, não era seu físico, mas sua mente. Eu consegui mostrar para ele que para obter resultados com a musculação, devemos ter a mente muito forte. Determinação, dedicação e disciplina devem ser exacerbados. Justamente o que ainda faltava no Leo. Ainda falta muita coisa para o meu pupilo se tornar um Homem, mas ele está chegando lá. A cada semana Leo melhorava um pouco, tanto nos treinos quanto visualmente. Só agora, depois de semanas, que eu estava conseguindo desenhar os treinos dele de acordo com suas necessidades. Ele tem um defeito gravíssimo e que é muito freqüente hoje em dia. Ele não dominava nada, nenhum exercício básico. Nem Agachamento livre, nem Levantamento Terra, remada curvada. Começamos a colocar todos estes exercícios e outros bem devagar. Para se ter idéia, a forma com a qual ele executa o agachamento só está se tornando “aceitável” agora. É muito difícil criar um físico denso, com maturidade muscular, se a pessoa não treina com pesos livres e só usa máquinas. E é muito difícil ensinar um exercício desses depois que o cara já tem treinado há anos. Ele nunca quer começar do começo, com cargas mais baixas a fim de aprender o movimento com perfeita técnica. Nas duas últimas semanas, Leo estava bem estranho. Chegava atrasado aos treinos. Bem, na verdade ele estava chegando mais atrasado do que de costume. Quando a minha intenção era chegar as 10:30 hs da manhã na academia, eu combinava dez em ponto com o Leo. Ele sempre chegava as 10:30 hs. Ultimamente ele sempre se atrasava quando o treino era pela manhã. Ele vivia cansado, em resumo, estava bem esquisitão. A gota d`água aconteceu na útima Terça-Feira. Marcamos 9:00hs da manhã, eu cheguei as 9:30hs e ele chegou as 10:30hs!!! “Miguel, você já começou o treino?” “Eu já estou terminando o meu treino, comecei eram 9:40hs. Só porque você quer eu ia ficar te esperando.” Eu disse tudo isso a ele em um tom ríspido. Ele pareceu nem ligar e deu um sorrisão. Estava com cara de Bobo. “Miguel, o que você vai fazer neste final de semana?” “Não fala comigo agora. Estou treinando!” Estranho, o Leo não costumava fazer estas coisas, conversar durante o treino. Logo após terminar fui falar com ele, já ele ainda estava na esteira se aquecendo. ” Leo, o que está acontecendo? Você está distante, fora de órbita, chega atrasado aos treinos.” “Vamos sair juntos no Fim de semana. Leva sua namorada. Quero te apresentar alguém. Vamos na boate.” Bem que eu estava achando esse cara bem esquisito. Ele com certeza estava se encontrando com alguma pessoa. Só nos restava saber quem era. Como fiquei muito curioso e isso estava claramente afetando o rendimento de nosso herói nos treinos, resolvi ficar lá e conversar direitinho com ele sobre a tal moça.. Precisava saber quem era esta pessoa. Leo me confessou que estava saindo com essa “Mônica” há algumas semanas. Ele estava gostando muito dela e eles estavam se encontrando com grande freqüência. Fiquei preocupado, pois muitas vezes o maior inimigo de um culturista não é o cara gigante e fibrado de sunga de competição ao lado dele no palco, mas sim aquele mulher com com coxas grossas e que fica de calcinha ao lado dele na cama. Eu conhecia o Leo o bastante para saber que a personalidade dele era não muito forte e que se a menina fosse já um pouco espertinha, iria fazer o que quisesse com ele. Ele me garantiu que não. Que tinha o controle total da situação. Fiquei mais tranqüilo. Pedi a ele que não se atrasasse mais nos treinos. “Sem problemas Miguel. Vou me esforçar mais. Mas então, combinado Sabadão a noite? Vamos levar as mulheres para a Boate?” Ele era insistente. Concordei, não havia outro jeito. Além do mais eu poderia conhecer essa mocinha de perto. No Sábado a tarde eu estava dando uma volta de carro pela cidade com a minha namorada. Estávamos na Avenida São Carlos. Existe um sinal em uma esquina e bem nessa esquina fica o McDonalds. Haviam alguns carros parados na nossa frente, esperando o sinal ficar verde. O destino as vezes nos coloca em situações dificeis. Por coincidência, ou não, fui forçado a parar o carro bem na saída do “Drive Thru” do McDonalds. Adivinhem quem eu vejo saindo de lá? Leonel e Mônica! Quando vi que eram eles, e vi o que eles estavam comendo, desci do carro e fui até o seu carro. “Seu Animal! Ta tomando Milk-Shake de novo? Pode jogar esse copo fora agora!” Leo se assustou, pois ele nem havia me visto ainda. Só percebeu que era eu depois que um dois tapas na capô do carro. Foi uma cena grotesca, meu carro parado no meio da Avenida, fechando uma das faixas, os carros atrás todos buzinando. “Sai daí e para ali na frente. Vou te esperar lá. Ah e você deve ser a Mônica? Muito prazer!” Estendi a mão para cumprimenta-la, mas a menina estava travada com o susto. Nem se mexeu. “Leo, desde quando você está autorizado a tomar Milk-Shake? E pelo que eu saiba o seu preferido é o do Bob´s.” O nosso herói estava paralisado pelo susto e pela situação constrangedora. “Espere um minuto Miguel, veja bem…” “Veja bem nada, meu amigo. Nós temos um trato, uma aposta, e você não está cumprindo. Isso está ficando fora do controle. E você não venha querendo falar alto aqui só por que sua namoradinha está perto. Você está errado e sabe disso.” Acho que nessa eu fui duro demais. Mas ele merecia. Neste momento a menina interveio. “Você que é o Miguel, certo? O Leo tem me falado muito de você. Olha aqui, não é justo o que você faz com ele. Você o proíbe de comer doces, pipoca, pizza. A gente não pode fazer nada juntos pois sempre existe algo que o proíbe de fazer. Isso não é modo de viver.” Essa Mônica era uma baixinha, loirinha e gordinha. Ela veio com o dedo em riste e me disse tudo isso e muito mais. “Isso que vocês fazem é ruim para a saúde, o Leo está todo dia com dores por todo o corpo. Não vejo isso com bons olhos e não concordo com o que vocês fazem.” Alguém sentiu um preconceito no ar? “Mônica, o que fazemos ou não, não é da sua conta. Se você gosta do Leo, vai ter que aceita-lo assim. Você tem todo o direito de não gostar desse esporte, mas ele também temo direito de gostar. Isso é uma escolha dele, você não deveria intervir.” Eu até que fui educado, minha vontade era pegar aquela baixinha e jogar no bueiro. A noite fomos para a tal Boate. Chegamos lá era 1:30 da manhã. Há muito tempo eu não ia a um lugar destes. Não gosto mais de ir a boates e ficar tendo que brigar por cada centímetro quadrado de espaço com um monte de gente bêbada. “Miguel, vou até o bar, o que você quer beber?” Respondi que queria duas Coca-Colas Zero. Depois de uns minutos ele me aparece com o meu refrigerante, o da minha namorada e mais duas caipirinhas. “Leo, você vai tomar essa caipirinha?” “É uma para mim e uma para a Moniquinha!” Ele se derretia quando falava dela. Era claro que a menina estava exercendo uma péssima influencia sobre o Leo. Quando se está seguindo uma dieta como ele está, tomar caipirinha é suicídio. Álcool e açúcar juntos. Agora tudo começava a se encaixar na minha cabeça. Todas aquelas vezes que ele havia se atrasado, era por que ele estava nas noitadas com ela. Como fazia muito tempo que eu não ia a uma balada dessas, eu havia me esquecido com os jovens andam bebendo. Bebe-se muito hoje em dia. E o Leo e a Mônica não estavam muito diferentes. Eles estavam enchendo o caneco. O Leo até estava dançando. Eu nunca imaginava ver uma cena dessas. “Três horas da manhã. Leo, vamos embora?” Eu já sonolento, perguntava ao meu pupilo. Quando disse isso minha namorada ficou feliz, ela também já não agüentava mais aquilo. “Ah Miguel, me deixa ver com a Mônica o que ela acha.” Eu não acredito que ele vai perguntar a ela. “Miguel, nós vamos ficar mais um pouquinho, ta? Pode ir se quiser. Nos falamos amanhã.” Nos despedimos do casal e fomos para casa. No Domingo depois do almoço liguei para o Leo e o intimei para um treino extra. Geralmente não treino e não indico que ninguém treine aos Domingos. É só uma opção psicológica. Acho que devemos ter um dia para nos desligarmos totalmente de algumas coisas de nosso cotidiano. O telefone chamava e depois de muitos toques, meu pupilo atendeu. “Alô?” Uma voz rouca, de sono, estava do outro lado da linha. “Oi Miguel. O que você quer esta hora da manhã?” “Já são duas e meia da tarde, meu amigo. Sai da cama, lava o rosto e vem treinar.” “Treinar? Não posso. Estou com a maior ressaca, dor de cabeça. Não dá pra ir.” “Vamos fazer pernas hoje! Venha logo, não me obrigue a ir te buscar.” “Você é fod*# às vezes!” A voz ainda continuava mole e rouca. Ele ia sofrer muito hoje. Lá na academia me sentei ao lado de meu pupilo e expliquei toda a situação. Aquela menina estava atrapalhando os planos dele. O culturismo é um estilo de vida de certa forma radical. Muitos casais têm o interesse por esse esporte em comum, treinam juntos, fazem dieta juntos. Se isso funcionar, muito bom. Muitos casais não compartilham esse estilo de vida. Às vezes o homem treina e a mulher não, outras vezes o contrário acontece. Quando temos casais assim, também pode ser bom, pois um ajuda dar um equilíbrio na vida do outro. O que nunca pode acontecer é um relacionamento com o de Leo e Mônica. Ela não respeitava nem um pouco a vida e as vontades, aspirações de nosso herói. Ela só estava interessada nela mesma e achava que todo esse lance de musculação, dieta, era uma total besteira. De um modo geral, a falta de respeito dentro um casal é uma coisa grave, mas nesse caso, a coisa fica pior ainda. Não há forma de os dois se darem bem dessa maneira. “Miguel, toda essa historia que você me contou, eu já havia pensado nisso. Concordo plenamente com você sobre o respeito entre o casal.” “E porque você não toma uma atitude Leo?” “Eu já tomei. Logo após vocês irem embora ontem, eu terminei com a Moniquinha. Hoje sou um homem solteiro de novo. Vamos treinar logo? Quero ir pra casa tomar outro banho.” “Não Leo, vamos pra casa. Tem um bom jogo de rugby na TV hoje. E além do mais, você já sofreu bastante esse fim de semana. Amanhã treinamos pela manhã.”
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