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Medicine 101


AlvinhoRJ

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Você entrou direto ou teve de fazer cursinho? E como é a estrutura do curso aí(se tem hospital escola, boas condições)? o curso é tradicional ou BPL? Custo de vida em BH é alto?

Sou de SP, então se for para me deslocar para um outro estado tem de ser para uma boa universidade senão não compensa.

Fiz um ano e meio de cursinho. A faculdade de medicina da UFMG é a maior escola de medicina do brasil (em número de médicos formados por ano), e é uma faculdade centenária. Portanto tem basicamente as mesmas condições de estrutura das outras grandes escolas (USP, Unicamp, UFRGS, etc). Tem a rede de hospitais do Hospital das Clínicas-MG como hospital escola. Curso tradicional. Custo de vida médio em BH (não tão alto quanto São Paulo ou Rio de Janeiro, mas não tão baixo quanto cidades do interior. Comprar casa em BH é caro desde 2003, aluguel tem preço médio.

Editado por Taels
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Entendi, acho que vale a pena tentar então. Ainda bem que vestibular mudou e só em uma eventual(e esperada) segunda fase teria de ir para BH fazer a prova.

Só resta estudar como um louco até o fim do ano agora. Abraço e na espera dos próximos posts

UFMG a partir deste ano não tem mais segunda fase... É só SiSU

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@Caso 9:

O seriado House agora ficou no chinelo! Esse menino deve sofrer mais do que no inferno coitado.

Mas e não vai ter o que fazer com ele? tipo só dando remédios pra dor etc e ele ficará vegetando pro resto da vida???

Desse jeito não tem vida.

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Caso 10

Nesta quinta-feira fria tivemos o prazer de atender no Hospital Psiquiátrico o Sr. Valdemar, de 48 anos, marceneiro, residente em Pedro Leopoldo, nascido em Ipatinga. Pai de 5 filhos (4 deles adultos) e avô.

Perguntamos, então, como ele havia parado ali. Respondeu que havia parado ali devido ao crack, vício iniciado em seus 41 anos de idade.

O crack é uma forma de alta biodisponibilidade de cocaína, sendo fumado em um cachimbo (se volatiliza com o calor, não é queimado), e sua fumaça chega ao sangue através do pulmão, passa pelo coração e é bombeado ao cérebro sem passar pelo metabolismo de primeira passagem pelo fígado. Esse processo leva entre 5 e 10 segundos, e a intensidade dos efeitos podem ultrapassar a forma injetável. Gera dependência com grande facilidade.

Seu mecanismo se dá por aumento da atividade noradrenérgica, dopaminérgica e serotoninérgica no sistema nervoso central e no sistema nervoso periférico através do bloqueio da recaptação desses neurotransmissores. Dessa forma, esses neurotransmissores ficam mais tempo atuando na fenda sináptica (ver a figura). Além disso, bloqueia canais de sódio, diminuindo a sinalização nervosa em neurônios sensitivos e tendo atividade anestésica.

O pico de atividade da droga é atingido entre os 3 e 5 minutos, com duração entre 15 e 20 minutos, o que faz com que usuários pesados usem a droga várias vezes ao longo de uma hora.

Entre as possíveis consequências do uso estão isquemia cerebral/intestinal/renal, hemorragia, dissecção de aorta, aborto, ansiedade, pânico, agitação, agressividade, alucinações, delírios paranóides, tremores, aumento de pressão e frequência cardíaca, infarto do miocárdio, arritmias, hipertermia, coagulopatias, insuficiência renal, fibrose do miocárdio, distúrbios de memória, etc.

Sintomas da abstinência geralmente são caracterizados por sonolência, dificuldade de concentração, apetite aumentado e depressão.

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O questionamos sobre a razão de ele ter começado a usar essa droga. Ele respondeu que nos seus 41 anos sua vida financeira estava boa, porém sua mulher o havia traído, mulher que ele ainda ama. Nessa época, teve o contato com o crack pela primeira vez, o que deu início aos seus 7 anos de vício. Sua mulher, por outro lado, seguiu um caminho ligeiramente diferente: a cocaína. Sr. Valdemar chegou a vender bastante crack e cocaína, ganhando 8 mil reais por semana. Chegou a comprar casa e apartamento, porém no fim todo o dinheiro foi consumido no uso da droga. Disse que enquanto se é usuário, o indivíduo passa a amar a droga e dedicar sua vida a ela. Em um certo ponto, sua mulher o deixou.

Relatou que quando usava crack, sua libido aumentava muito, o que o levava a procurar por sexo o mais rápido possível, porém prontamente negou qualquer tentativa de estupro. Durante esses 7 anos, sentiu que o crack que comprava não dava tanto prazer, e através de alguns contatos aprendeu a fazer crack puro sozinho a partir da matéria prima.

Sr. Valdemar relatou que, enquanto era usuário de crack, ouvia vozes que vinham de dentro de sua própria cabeça dizendo "vá para o inferno" várias vezes, e tinha a sensação que sua irmã e seus filhos estavam vigiando seus passos, e que um de seus filhos (segundo ele, perito em computação), havia instalado câmeras escondidas por toda casa e em todos os pontos que ele constumava ir para fumar crack. Isso o deixou muito irritado, chegando a quebrar a porta de casa e ameaçar seus familiares. Disse que sua vizinha o denunciou para a polícia por um crime que ele não havia cometido - estupro. A polícia o cercou, ele correu, foi capturado e apanhou - muito - dentro da viatura. Enquanto estava preso, observou que a polícia participava e lucrava com tráfico de drogas dentro da prisão.

Após ser solto, foi para o Centro de Assistência Psicossocial e conseguiu, por mandato judicial, ser internado no Hospital Psiquiátrico para se tratar. E está no hospital desde então - há 25 dias, e relata não ouvir vozes, conviver bem com os outros pacientes e fazer exercícios físicos. Apesar disso, Sr. Valdemar relatou não se sentir completamente recuperado. Disse que são necessários 5 anos para alguém se recuperar do crack. E, segundo Sr. Valdemar, a única maneira de fazer isso é se apegando a Deus e querer muito parar de se drogar.

Sr. Valdemar apresentava lesões na boca e dentes em péssimo estado (os que restaram), muito comum em usuários de crack.

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Não apresentava alucinações nem delírios no momento, porém certas situações relatadas por ele se enquadram como pseudoalucinações e delírios persecutórios.

Alucinação é definida por percepção de um objeto (imagem, ruído, cheiro) sem que ele esteja presente (sem o estímulo sensorial). Essa alucinação pode ter todas as características de um objeto real (nitidez, constância, projeção no espaço externo, corporeidade, etc). Caso não tenham, são chamadas de pseudoalucinações.

A pseudoalucinação é a percepção involuntária de um objeto, sem que ele tenha as características de vividez de um objeto externo. Geralmente, quando se trata de uma voz (é o caso), o sujeito percebe que a voz vem de dentro da própria cabeça, não de algum lugar externo.

Delírio é uma alteração patológica do juízo da realidade, caracterizado por convicção extraordinária, impossibilidade de modificação por provas ou argumentos lógicos, construído de forma absurda e de caráter associal (outras pessoas não partilham do mesmo delírio). Entre vários tipos de delírios, há o delírio persecutório.

No delírio persecutório o indivíduo acredita que está sendo perseguido por pessoas conhecidas ou desconhecidas com intenção de vigiá-lo, matá-lo, prendê-lo, prejudicá-lo, desmoralizá-lo ou mesmo enlouquecê-lo. É o tipo mais frequente de delírio.

Após a consulta, foi possível conferir outras informações com funcionários do local:

-Sr. Valdemar chegou a usar 200 reais de crack por dia

-Foi internado de forma compulsória a pedido da irmã

-Chegou a abusar sexualmente do filho de 10 anos

-Era bastante agressivo em casa

-Passava várias noites em claro nas ruas

-Se masturbava e praticava outros atos sexuais na frente dos familiares

-Alternava entre momentos de delírio e lucidez

-Está sendo tratado com um antidepressivo, um anticonvulsivante e um ansiolítico



@Caso 9:

O seriado House agora ficou no chinelo! Esse menino deve sofrer mais do que no inferno coitado.

Mas e não vai ter o que fazer com ele? tipo só dando remédios pra dor etc e ele ficará vegetando pro resto da vida???

Desse jeito não tem vida.

A ideia do tratamento é que as lesões se tornem inativas de forma que haja regressão com o passar dos meses. Ele poderá ter melhor qualidade de vida na medida em que haja regressão das lesões. Mas é difícil mesmo.

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@Caso10: Interessante...O Cara procurou um médico pra dar um remédio diferente dos remédios que ele toma no hospital psiquiátrico? Ou só pra desabafar mesmo? Crack é mesmo um mal epidêmico. Usou ---> viciou. Os efeitos da dopamina e serotonina extras são tão intensos que o cara troca até a mãe pela droga se estiver num estágio muito avançado. Já vi gente que perdeu tudo mesmo, trocou vida boa com carrão e beleza por isolamento, vendeu tudo, foi preso....o negócio é como uma reação química memso, basta introduzí-la na vida de alguém pra ocorrer transformações drásticas nele e na vida dele.

Que bom que o cara tá aparentemente "curado" dessa doença, deve ser o "1 em 1 milhão".

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@Caso10: Interessante...O Cara procurou um médico pra dar um remédio diferente dos remédios que ele toma no hospital psiquiátrico? Ou só pra desabafar mesmo? Crack é mesmo um mal epidêmico. Usou ---> viciou. Os efeitos da dopamina e serotonina extras são tão intensos que o cara troca até a mãe pela droga se estiver num estágio muito avançado. Já vi gente que perdeu tudo mesmo, trocou vida boa com carrão e beleza por isolamento, vendeu tudo, foi preso....o negócio é como uma reação química memso, basta introduzí-la na vida de alguém pra ocorrer transformações drásticas nele e na vida dele.

Que bom que o cara tá aparentemente "curado" dessa doença, deve ser o "1 em 1 milhão".

Ele está internado no hospital psiquiátrico. Uma vez por semana cada grupo de alunos atende um paciente, que tem que concordar em ser atendido.

Mas em relação a ele estar curado, é bem mais difícil que parece. Uma coisa é fazer o cara passar pela crise de abstinencia - é só colocar o cara longe da droga. Outra coisa completamente diferente é o cara não buscara droga depois que ele sai. O professor disse que é muito comum uma pessoa sair e voltar 8 vezes.

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