Entrevista Com José Aldo Scarface Jr.

[Dipunker]

Manaus - “O bom filho à casa torna. É muito bom chegar à terra onde eu nasci e ver que hoje sou referência para as crianças, principalmente as carentes”. A frase é de José Aldo Júnior, campeão peso pena do Ultimate Fighting Championship (UFC), que, na manhã desta quarta (29), concedeu uma entrevista em Manaus para falar sobre os seus futuros projetos no octógono.

Audacioso, José Aldo disse que pensa em subir de categoria em um futuro próximo e enfrentar grandes lutadores mais conhecidos do público, como Frank Edgar, campeão peso leve do UFC, e até mesmo o lendário B.J. Penn.

“Eu não gosto de parar e nunca estou satisfeito. Penso sempre no futuro. Quero fazer três lutas este ano e manter o meu título do peso pena para que em 2012 eu possa mudar de categoria e lutar para ser campeão”, disse Aldo.

O amazonense faria sua primeira luta como lutador efetivo do UFC no dia 1º de janeiro de 2011, porém teve uma contusão na região cervical e precisou adiar sua estreia na organização. Ele contou que não sente mais dores e que no dia 2 de janeiro volta para o Rio de Janeiro, onde começa a se preparar visando a próxima luta, que, segundo ele, deve acontecer em março ou abril contra o canadense Mark Hominick ou o americano Josh Grispi.

“Tenho uma hérnia de disco. Fiz minha última luta em setembro (contra Manvel Gamburyan) e saí muito desgastado. Como estava sentindo dores comecei a perder força no braço. Perdi um centímetro no braço direito, que é onde tenho mais força. Conversei com o Dana White (presidente do UFC) e ele também achou melhor adiar minha estreia. Mas agora já estou bem e ansioso pela volta”, esclareceu.

Aldo não escondeu a ansiedade pelo UFC Rio, que acontece no Rio de Janeiro no dia 27 de agosto. Ele contou que todos os brasileiros estão tentando convencer Dana White a fazer parte do card principal, mas adiantou que ainda não sabe quem serão os lutadores escolhidos pela organização.

“Vai depender muito do momento de cada um. É por isso que eu quero chegar bem em agosto. Se der tudo certo vou lutar no UFC Rio. Todos os brasileiros querem isso”, sonha o manauara.

A carreira

Criado no bairro Alvorada, zona centro-oeste, periferia de Manaus, José Aldo Júnior também lembrou do início de sua carreira. Ele afirmou que desde pequeno sempre quis ser um campeão, não importava o esporte. Tentou jogar futebol, mas foi no jiu-jitsu que encontrou o caminho para o estrelato. Começou treinando no bairro com Márcio Pontes, considerado por ele seu grande mestre.

“Eu não tinha nem quimono. O Márcio acreditou em mim e me levou para treinar. Depois eu fui para o Rio de Janeiro e cheguei a morar dentro de uma academia em uma favela. Só tinha duas refeições por dia e passava muitas dificuldades. Graças a Deus e a muito treino e esforço, consegui chegar onde estou”, afirma.

Aldo ainda falou sobre sua evolução na luta. Oriundo do jiu-jitsu, hoje Aldo também é conhecido por ter um Muay Thai apurado. Na lutas contra Urijah Faber, o amazonense deixou o rival com o joelho dolorido por mais de um mês. “Foi uma transição natural. Todos os meus amigos no Rio estavam lutando muay thai. Se eu não começasse a treinar, iria ficar para trás”, recordou.

Na quarta-feira, Aldo ainda participou de um evento beneficente no Alvorada. Ele lutou com crianças e arrecadou alimentos para doar a instituições de caridade de Manaus.

Entevista Completa:

O que você achou da declaração do americano Chael Sonnen, que disse que Wanderlei Silva estaria vendendo churrasco em Manaus se não fosse o UFC?

Se tratando do Sonnen… Ele é um comédia. Ele fala muita besteira. Fala as coisas que não deve e não sabe. Se falar isso na frente de um amazonense pode dar um problema. O sangue esquenta. O Wanderlei já respondeu. Já estive com o Sonnen. Ele fala para se promover, mas ta passando do ponto. Isso é ruim pra imagem dele e arranha nossa imagem do manauara. Lá já pensam que aqui só tem índio e jacaré no meio da rua, mas isso já está mudando. O que o Sonnen fala não se escreve. Deixa ele falar que só sai merda.

Qual lutador você admira no MMA?

Sempre tive muitos ídolos na minha carreira e o primeiro foi o Mike Tyson. Logo no começo tive ajuda do Pedro Rizzo e busquei encaixar meu jogo parecido com o dele. Depois o Rodrigo Ruas, que é irmão do Marco Ruas. Mas hoje gosto muito do Anderson Silva e os outros brasileiros, como o Maurício Shogun e Lyoto Machida, além dos irmãos Minotauro e Monotouro.

Você veio de um bairro humilde. Como você se sente quando chega ao bairro onde você foi criado e os garotos te chamam de ídolo?

Eu me sinto muito bem quando estou no Alvorada e com meus amigos de infância. Muitos sabem como foi a trajetória. Em termos de crianças, eu sempre vou dar um exemplo e incentivar a chegar aonde eu cheguei. Quero fazer o bem e que elas fujam da criminalidade que tem em qualquer periferia.

Você tem um cartel de 20 lutas e uma derrota, exatamente em Manaus. Como você avalia essa situação?

Perdi no momento certo. Vinha em uma série muita boa depois de vitórias na Inglaterra e no Japão. Quando vim lutar aqui, perdi no Jungle Fight. Isso me fez bem. Estava falhando um pouco no treinamento e a derrota me pôs no meu lugar. Fiz um balanço e me dediquei ainda mais.

O octógno do UFC é maior que o do WEC. Você já está adaptado a isso?

É verdade. É bem maior mesmo. O treinamento não muda muito. É como no futebol. Se joga em campos de vários tamanhos. Estamos em constante evolução. Eu lutava em um tatamezinho. Depois fui pros ringues. Passei pelo WEC e agora o UFC.

[laranjamecanica]

Jose Aldo honrando mais uma vez... Chael sem comentarios, é tudo piada ...