O paulista Charles do Bronx’s estreou como peso pena no UFC on FOX 2, no último sábado, e deu show. Diante do novato Eric Wisely, precisou de poucos minutos para finalizar com uma surpreendente chave de panturrilha, mas ele garante que já tinha treinado a posição antes. “Pegou justo, justo mesmo. Eu não ia soltar, não. Ele podia cair de lado, pra frente... É uma posição muito difícil de não bater quando entra”, disse Charles, em entrevista exclusiva à TATAME, comentando ainda sobre seus planos entre os pesos penas, que incluem uma chance ao cinturão e uma luta no UFC de São Paulo, e o que fará com a grana extra que recebeu pela melhor finalização da noite. Confira:

O que achou da luta?

Graças a Deus, montamos a estratégia certa de luta e, dessa vez, seguimos até o final. Era andar pra frente, se mover bastante e, na hora certa, botar pra baixo, mas não no primeiro round. No primeiro round, era para ficar cozinhando, batendo, mas ele tentou me colocar para baixo logo no começo e a gente saiu com a vitória.

Essa é uma posição que você costuma treinar ou saiu ali na hora?

Eu treinei essa posição, mas não dessa forma. Eu treinei só chave de panturrilha pra leg, mas uns 30 dias antes da luta eu senti um pouco a coxa e chamei meus treinadores e começamos a treinar umas posições de ataque. Como a gente treina muita sequência, na hora encaixei uma chave de calcanhar, ele tirou, e já fui pra leg. Da leg, lembrei de sair na chave de panturrilha. Pegou justo, justo mesmo. Eu não ia soltar, não. Ele podia cair de lado, pra frente... É uma posição muito difícil de não bater quando entra.

E ainda rendeu um bônus de melhor finalização da noite...

Graças a Deus. Ganhei a finalização da noite com uma posição que ninguém nunca viu, nunca foi comentada.

Já tem planos pra esse dinheiro extra?

Vou terminar de pagar as minhas contas, acabamos de comprar um sítio pra minha família, onde meus pais moram. Estou batalhando para ter a minha academia também. As coisas estão andando aos poucos. Deus está me abençoando maravilhosamente. Estou engatinhando ainda, mas quero conseguir pagar minhas contas. Veio o bônus da noite para eu poder acertar tudo aquilo que eu devia.

Foi a sua estreia como peso pena. Como você se sentiu em todos os aspectos, principalmente com esse novo corte de peso?

De gás, modéstia à parte, não senti nada. Sou um moleque rápido, explosivo. Os treinos não mudaram nada, só ficaram mais explosivos e rápidos também. Foi duro para perder o peso, nunca desci tanto peso assim. Eu falando em subir de peso, então foi duro para cortar. Fiz bastante sauna, tive ajuda do Macaco e do Ericson, que viram o melhor meio pra eu perder peso, descer sem me matar.

Você pensou em subir de peso ao invés de descer?

É. Teve um tempo que a gente estava pensando em ficar na 70kg, mas crescer, ficar um pouco mais forte, criar um pouco mais de massa muscular, mas com o patrocínio da Integralmedica, que também está me dando uma força, comecei a suplementar melhor. Conversei com o Macaco e o Ericson e decidimos descer para 66kg, uma categoria que seria melhor para mim.

Você não estava tendo bons resultados entre os leves e teve uma estreia arrasadora entre os penas, mas contra um cara desconhecido. Já pensa em próximos adversários e uma caminhada rumo ao topo da divisão?

Quando resolvi descer para essa categoria, vi que era um novo recomeço pra mim. Agi como se fosse a primeira vez que estava lutando ali, como se fosse a minha estreia. Quero subir degrau por degrau. Luto com qualquer um que o Dana White e o Joe Silva colocarem. Entrei no UFC para lutar com os melhores e é isso que eu quero fazer. Quero conquistar o meu espaço nessa categoria e, quem sabe, lutar com os tops e quem sabe um dia ter a oportunidade de lutar pelo cinturão.

Acredita que o fato do José Aldo já ter praticamente limpado a categoria pode tornar mais rápida a sua subida?

A gente já o viu ganhar de grandes caras, grandes nomes. Ele é dono do cinturão, um cara sem palavras como pessoa e profissional, sempre me tratou bem. Ele já fez a limpa, mas eu cheguei agora. Eu quero lutar pelo cinturão, mas tudo tem o seu momento. Se o Dana White virar pra mim amanhã e falar ‘sua luta com o Aldo é daqui a três meses’, eu vou me preparar para lutar com o Aldo daqui três meses. Quando for a minha hora, eu vou lutar. Se eu ganhar uma luta e me colocar com o Aldo, amém. Se for daqui a dez lutas, amém também. Eu quero andar passo a passo na categoria, um degrau de cada vez.

Pensa em pedir ao UFC para fazer parte do card em São Paulo?

Não sei... Quando teve o primeiro UFC Rio, pedi e acabei ficando de fora. No segundo, a mesma coisa. Dessa vez eu não vou pedir, deixa na mão deles. É a minha casa, seria show de bola lutar, mas tem que deixar nas mãos dos dois, Dana White e o Joe Silva. Eles vão montar um bom card, com certeza. Se me colocar, vou estar preparado para dar um show.

Fique à vontade para mandar o seu recado ou agradecimento.

Primeiramente, vou agradecer a todo mundo que treinou comigo, que me ajudou, me incentivou. à minha família, equipe, mãe, pai, namorada, irmãos. Eu falei que ia dedicar essa luta à galera do Rio de Janeiro, às vítimas dos prédios que desabaram, ao “Lutador do Futuro”, à LBV e a galera das UPPs. Queria agradecer à molecada que torceu por mim, todo mundo que ficou num barzinho ou em casa torcendo por mim. O Brasil todo me incentivou. Essa vitória não é minha, essa vitória é nossa, é uma vitória brazuca. Obrigado à TATAME por sempre estar me ajudando. Estamos juntos. Que na minha próxima luta eu possa dar o meu show de novo pra vocês.

acho que ainda falta bastante pra uma chance de cinturão

e ainda mais em SP que tá "perto"