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O Uso De Esteroides Anabolizantes Diminui A Expectativa De Vida?


LeandroTwin

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Dentre os vários mitos criados em relação à utilização de esteróides anabolizantes, figura um que certamente é senso-comum por parte do público leigo – aquele que diz que usuários deste tipo de recurso morrem mais cedo. O que, a princípio, parece ser uma idéia que já foi respaldada por vários artigos científicos, na verdade merece um olhar mais atento e necessidade de uma capacidade interpretativa da parte dos que enveredam na leitura desses estudos.

O universo do uso de recursos ergogênicos é, em sua essência, amparado por conhecimentos estritos em bioquímica e farmacologia – embora muito freqüentemente apareçam “gurus” com visões controversas, como foi o caso de Dan Duchaine, cuja literatura underground inclusive causou sérios danos na saúde de seus seguidores – mas não deixa de ser um ambiente restrito aos atletas e preparadores, extremamente fechado ao mundo externo. Por esta razão é existe uma distância imensa entre a realidade vivida por essas pessoas e aquelas que se propõem a realizar pesquisas e estudos sobre o tema.

Um estudo em particular, intitulado Exposure to Anabolic-androgenic Steroids Shortens Life Span in Male Mice (exposição a esteróides anabólico-androgênicos reduz expectativa de vida em ratos machos), publicado em 1997 pela ACSM– American College of Sports Medicine, reforça a idéia – confirmando o senso-comum – de que a utilização de esteróides androgênicos anabólicos pode reduzir o tempo de vida daqueles que o utilizam.

O estudo foi feito com ratos machos adultos, que receberam uma dosagem múltipla de diferentes tipos de AAEs, como cipionato de testosterona, metiltestosterona e noretandrolona. O tempo de administração foi de seis meses. Foram divididos dois grupos: um onde foram feitas dosagens moderadas e outro com altas dosagens. A quantidade utilizada ficou entre cinco a vinte vezes o usualmente empregado na terapêutica. A forma de administração foi por implante sub-cutâneo.

Após um ano da interrupção do uso dos AAEs, 52% das cobaias do grupo alta dosagem haviam morrido, enquanto no grupo de dosagem moderada morreram 35% dos ratos. As autópsias revelaram que em ambos os grupos os animais tinham desenvolvido tumores hepáticos, renais e uma série de lesões em órgãos como coração, pulmões e nos gânglios linfáticos.

À primeira vista, este parece ser o resultado que mais corrobora com o senso-comum. De fato, o uso destes farmacológicos pode representar também em humanos, especialmente aqueles que os utilizam para fins de melhora no desempenho atletico, uma diminuição da longevidade. Mas procuremos analisar a situação com olhar mais detalhado. Segundo Chris Street, o estudo não foi conclusivo porque houve uma enorme discrepância entre os protocolos utilizados no experimento em relação aos utilizados pelos atletas, especialmente fisiculturistas.

Com efeito, as combinações feitas no experimento estão longe de ser as mesmas praticadas no mundo do bodybuilding, powerlifting ou qualquer outro esporte. Os pesquisadores utilizaram drogas altamente androgênicas e por um período ininterrupto e bastante extenso. Considerando o tempo de vida de um rato Wistar (utilizado no estudo), que é de cerca de 34 meses, no máximo, o tempo de dosagem proporcional a um ser humano seria de 12 anos ininterruptos!

As administrações de AAEs por fisiculturistas geralmente são feitas em ciclos, de duração moderada, usualmente duas a três vezes ao ano. Provavelmente nenhum atleta deva ter feito o uso por um período de 12 anos sem pausa. Também há disparidades, como já foi citado, na natureza das drogas consumidas. As preparações feitas por fisiculturistas normalmente não combinam três drogas de alto perfil androgênico simultaneamente. O ideal seria que fossem feitas pesquisas que se assemelhassem mais à realidade dos atletas a fim de que se colhessem resultados mais fidedignos, condizentes com a situação real.

Sem sombra de dúvida, há estreita relação entre a utilização de AAEs e ocorrência de diversas patologias, porém devemos lembrar que existem as predisposições genéticas para cada enfermidade. Imagine que, todos os anos pessoas são acometidas por problemas que normalmente são associados ao uso de ergogênicos, sem contudo nunca os terem utilizado. Uma das provas que esta idéia não é de todo verdadeira é a longevidade de vários fisiculturistas profissionais como Arnold, Lee Haney, Vince Taylor, Larry Scoot, Robby Robinson, Ed Corney, Dave Draper e muitos outros.

A despeito do que possa aparentar, mesmo não encontrando verossimilhança entre o experimento e a realidade vivida pelos atletas, não há como garantir que a utilização tanto dos AAEs ou de qualquer outro farmacólogico seja completamente segura e livre de riscos. Os preparadores o fazem sempre considerando a relação risco-benefício e ainda assim sob estrita vigilância e monitoramento. Não parece nada prudente aventurar-se nessa jornada sem possuir o mínimo embasamento teórico; não há nenhuma garantia nesse aspecto. Entretanto, podemos chegar à conclusão de que, se a sua genética não se relaciona com os problemas advindos do uso de AAEs, provavelmente não serão eles que diminuirão seu tempo de vida. Quem sabe a culpa não seja dos analgésicos?

BONS TREINOS E ATÉ A PRÓXIMA!

Por Madilson Medeiros ([email protected])

Personal Trainer Graduado em Educação Física CREF 1684-CE

Pós-graduado em Nutrição e Exercício Físico

Atleta deca-campeão de Fisiculturismo

http://www.madilsonmedeiros.blogspot.com

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na hora que li lembrei imediatamente do filme Bigger,Stronger and Faster, onde muito se discute sobre efeitos dos anabolizantes e de como as opiniões sao contraditorias, acredito que estudos sobre os esteroides deveriam ser liberados para melhor compreensão, ja que os mesmo sao utilizados para diversos tipo de tratamentos medicos...fora isso, excelente arttigo, abraços e bons treinos.

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Tópico excelente!

;)

A verdade, é que esses pesquisadores nao têm tempo e/ou disposição pra tomar os venenos e sentem inveja de quem toma.

Dai eles combinaram: "amiguinhos, vamos fzr estudos exagerados pra que esses (estudos) tenham um péssimo fim e assim todos os leigos tomem por base, caso contrário, o mundo inteiro vai ficar gigante e a gente aqui barrigudo e de óculos fundo de garrafa estudando os ratinhos"

hahah

Brincadeiras a parte, obvio que é de suma importância as pesquisas realizadas nos cobaias. Mas vale ressaltar que, é como a propria noticia coloca, foram aplicadas doses exageradamente altas e por um longo lapso temporal, sendo assim, mais do que previsível o fim trágico dos cobaias.

Da mesma forma, se os pesquisadores colocassem os cobaias pra fumarem 100 cigarros por dia, rapidamente iriam morrer por problemas no pulmão; se colocassem pra beber 1L de cachaça + 1L de whisky + 1L de vodka, iriam morrer de cirrose ou de alguma outra doença que o excesso de alcool proporciona... enfim, essa pesquisa foi fajuta e inutil. Afinal, a diferença do remédio pro veneno está simplesmente na dose (isso eles deveriam saber antes de "matarem" esses ratos a toa).

Créditos para o Madilson Medeiros. Fez um belo texto.

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Tópico FATO... belo texto... pra mim um cara que enche o rabo de cachaça, fode muito mais o fígado que um cara que usa AEs, um cara que come feito um bode velho, enche o rabo de fritura, tem grandes chances de adquirir problemas físicos e psicológicos muitoooo maiores que um cara que usa AES.

Lindo, um tapa na cara de quem fala merda!

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  • 5 meses depois...

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