Até que ponto o consumo de bebidas alcoólicas (álcool) pode atrapalhar seus ganhos na musculação e a hipertrofia muscular em si ?
O uso de drogas lícitas como o álcool estão tão impregnados em nossa sociedade que o hábito se tornou normal ao ponto de alguém se tornar estranho por não gostar de beber.
E por mais que as pessoas não gostem de ler isto, consumir álcool com frequência e em grandes quantidades, definitivamente vai influenciar seus resultados na academia, assim como o abuso de qualquer outra droga (sim, álcool é uma droga).
Neste texto veremos como o álcool atrapalha a hipertrofia e porque talvez seja melhor deixar este hábito para trás (se você realmente quer gerar uma mudança corporal).
Antes de qualquer coisa
Antes de falarmos qualquer coisa sobre como o álcool pode influenciar seus ganhos na musculação, é preciso deixar claro que existe uma diferença muito grande entre consumir bebidas alcoólicas moderadamente e abusar de bebidas alcoólicas.
Por exemplo: se você é um usuário casual de bebidas alcoólicas que aprecia uma taça de vinho de vez em quando ou toma algumas cervejas com os amigos em oportunidades específicas, dificilmente isto vai afetar alguma coisa na hipertrofia ou queima de gordura.
Inclusive, muitos estudos mostram que beber álcool moderadamente pode até prevenir certas doenças e fazer você viver mais (3,4,5,6,7,8).
Agora, se você é uma daquelas pessoas que bebem praticamente todas as semanas com o propósito de ficar embriagado, isto sim pode trazer consequências negativas a curto e longo prazo e são dessas pessoas que o texto vai tratar.
Com isto fora do caminho, vamos em frente.
Musculação e hipertrofia: como o álcool pode atrapalhar os seus ganhos
1 – Álcool irrita o sistema digestivo e atrapalha a absorção de nutrientes
Beber álcool irrita desde os tecidos da boca até os dos intestinos. Por isso, depois de uma noite de bebedeira, costumamos sentir mudanças no apetite (para menos) e até problemas para ir ao banheiro.
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Isto pode não parecer um “grande” problema a primeira vista, mas a maioria das pessoas não acordam no dia seguinte e seguem a dieta da mesma forma que seguiriam se não tivessem bebido, isso se não largam a dieta completamente pelo fim de semana inteiro.
O processo de hipertrofia não tira férias no fim de semana ou quando você resolve beber. A partir do momento que você começa beber até o momento que você se recupera completamente e volta aos “trilhos”, você vai estar prejudicando os seus ganhos.
Mas mesmo que você acorde disposto e bem do estômago no dia seguinte, saiba que o consumo de álcool atrapalha a produção de algumas enzimas que são responsáveis pela quebra de proteínas e vitaminas (1).
Isto significa que mesmo que você se alimente corretamente, o corpo não vai conseguir aproveitar de forma adequada os nutrientes ingeridos, o que também vai influenciar seus resultados.
2 – Álcool diminui a produção de hormônios anabólicos como testosterona e GH
Quem gosta de beber e não pensa em largar o hábito tão cedo, vai ter que encarar os fatos aqui. Bebidas alcoólicas bagunçam com o seu sistema endócrino e diminuem a produção de hormônios vitais para a hipertrofia.
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Siga-nos no InstagramQuando “enchemos a cara”, a testosterona pode cair em até 23%, o cortisol subir em 32% e suprimir a produção de GH de maneira drástica (2).
Em suma, os hormônios anabólicos que auxiliam na retenção e construção de massa muscular caem e os que atrapalham sobem (cortisol), colocando o nosso corpo à merce do catabolismo.
3 – Álcool causa desidratação e isso influencia (muito) a hipertrofia
Quando ingerimos álcool o nosso corpo suspende a produção de um hormônio chamado vasopressina, que é responsável por avisar os rins sobre quanta água ele deve segurar ou soltar do corpo.
Isto faz com que o corpo perca mais líquidos do que ele poderia perder, causando desidratação.
Ah! E isto vai ocorrer (até certo ponto) mesmo que você se hidrate corretamente antes, durante e depois da bebedeira. Quando inibimos a produção de vasopressina, o corpo vai começar a eliminar líquidos, até mesmo os que você está tentando usar para se manter hidratado.
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O problema com desidratação é que o nosso corpo é basicamente constituído por água. Oras, nossos músculos são 75% água. Qualquer baixa na hidratação e o nosso corpo vai sofrer (o que inclui a massa muscular também).
Até mesmo uma leve desidratação pode mudar o seu humor, diminuir os níveis de energia e afetar sua performance nos exercícios.
Por isso é extremamente importante beber água suficiente todos os dias e evitar hábitos que causem desidratação.
4 – Álcool altera o ciclo do sono
Apesar de ser possível dormir mais rápido depois de beber, durante a noite não conseguimos nos manter em estágios mais profundos de sono.
É durante estes estágios que o corpo realmente descansa e produz hormônios anabólicos como o GH, o que não acontece de maneira adequada quando ingerimos bebidas alcoólicas.
E se você levanta várias vezes para ir ao banheiro após beber, isto pode atrapalhar sua noite como um todo.
5 – Álcool pode ser extremamente engordativo
As calorias do álcool são vazias e não fornecem valor nutricional. Como se isto não fosse ruim o suficiente, algumas bebidas podem ser (ou podem ficar) extremamente calóricas, o que facilita muito o acúmulo de gordura desnecessário.
Uma lata de cerveja de 355ml contém cerca de 150 calorias, parece ser pouco, mas saiba que isto é o equivalente a uma fatia de pizza de calabresa comum.
Quem bebe apenas uma lata de cerveja ?
Combos de vodka, por exemplo, vem acompanhados de sucos ou energéticos que contém uma montanha de açúcar que pouquíssimas pessoas contabilizam.
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Também não podemos esquecer que o álcool reduz nossas inibições ao mesmo tempo que aumenta o apetite. Por conta disso as escolhas alimentares no mesmo dia após a bebedeira são as piores possíveis (quem já sentiu uma fome absurda durante a embriaguez sabe muito bem o que significa isso).
Agora calcule todas as calorias vazias que você já deve ter ingerido através do álcool com as que você pode ingerir na sua comilança desenfreada.
O resultado disso é gordura acumulada e todos os seus malefícios relacionados.
Palavras finais
Independente da desculpa, bebidas alcoólicas vão afetar diversos sistemas em nosso organismo que influenciam no ganho de massa muscular, desde o sistema endócrino até o sistema digestivo.
Deixando seu corpo em um estado catabólico durante e depois da bebedeira. isso sem contar os efeitos indiretos que podem fazer você ficar sem treinar e comer corretamente por conta de uma ressaca ou por conta de coisas que você possa ter feito sob a influência do álcool (famosa ressaca moral).
Mas é válido lembrar que isto não quer dizer que todas as pessoas que tocarem em um copo com álcool sofrerão todos os males possíveis. Os efeitos descritos no texto tem uma ligação direta com a quantidade de bebida alcoólica ingerida.
Como já foi dito no inicio do texto, uma pessoa que bebe esporadicamente e moderadamente (sem chegar ao ponto de embriaguez), dificilmente vai notar alguma diferença nos ganhos por ter usado bebida alcoólica. Até mesmo uma bebedeira esporádica (uma a cada vários meses) pode não fazer diferença.
Já uma pessoa que bebe com frequência e se encontra sofrendo com ressaca quase todo fim de semana, com certeza está atrasando os ganhos e poderia estar com um corpo melhor se diminuísse ou evitasse o álcool.
“Dane-se, vou continuar bebendo”
Sinta-se a vontade.
O intuito do texto não é “converter” ninguém a uma vida sem álcool através de terrorismo psicológico.
Beber (ou não) é uma escolha pessoal que envolve muitos fatores, principalmente os de vida social.
O único objetivo do texto é mostrar que a mistura de bebidas alcoólicas com musculação pode atrasar os seus resultados independente da sua escolha.
Logo, se mudar o corpo é algo importante para você, então, neste caso, talvez seja melhor deixar bebidas alcoólicas de lado.
Infelizmente, não podemos ter tudo o que queremos na vida ao mesmo tempo, é necessário fazer escolhas e priorizar o que é mais importante para você.
Referências
- Lieber, C. S. (2003). Relationships between nutrition, alcohol use, and liver disease. Alcohol Research and Health, 27, 220-231.
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2128439
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10636266
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15455646
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15562213
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16872514
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8363004
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15957170
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7998629