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Intensidade E Volume Ótimos Do Treinamento Resistido Sobre A Síntese Protéica


cao da noite

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É bem descrito na literatura que o treinamento resistido agudo, estimula a síntese protéica, e que este efeito a longo prazo, induzirá hipertrofia muscular (aumento do diâmetro das fibras musculares e conseqüentemente, do músculo como um todo). No entanto, pouco se sabe sobre a carga ótima de trabalho para induzir estas respostas. Aqui, carga de trabalho será definida pelo estresse total imposta sobre um sistema, o qual será a musculatura esquelética. Será considerado como estímulo para a carga de trabalho apenas a intensidade (definida pelo percentual de uma repetição máxima - % 1RM) e o volume (número de séries realizado).

É comumente recomendado que as contrações musculares com elevada sobrecarga ou intensidade (i.e., > 70% de 1RM) sejam realizadas para o ótimo estímulo hipertrófico da musculatura esquelética (Ratamess et al. 2009). Foi demonstrado recentemente que a síntese de proteínas miofibrilares (MIO - proteínas contráteis) estão elevadas com 60% 1RM, no estado pós-absortivo, e que, não existem um aumento adicional na síntese MIO com intensidades maiores (i.e., 70-90% 1RM) de contrações musculares (Kumar et al. 2008). Adicionalmente, realizar contrações musculares com baixa sobrecarga ou intensidade (~20% 1RM) com oclusão vascular é o suficiente para induzir um aumento na mistura de síntese de proteínas (MIX) muscular (Fujita et al. 2007). Neste sentido, os resultados destes estudos começam a indicar que o estresse fisiológico imposto sobre o tecido muscular é o fator determinante da elevação da síntese protéica, e não necessariamente a intensidade (% 1RM) seja o fator determinante.

Para melhor esclarecer estas dúvidas, um recente estudo verificou o efeito da intensidade e do volume do treinamento resistido sobre a síntese de proteínas MIX, MIO e sarcoplasmática (SARC). Para isto, foi utilizado um protocolo de treinamento realizado numa máquina para realizar a extensão de pernas, conhecida também como cadeira extensora. Este protocolo consistia da realização da extensão unilateral de perna com 90% 1RM até a fadiga volicional (90%FAD); 30% de 1RM, no qual a carga total externa era equalizada com a carga externa do grupo anterior (30%EQU); e, 30% 1RM até a fadiga volicional (30%FAD). Os sujeitos do estudo tinham a mesma refeição padrão de acordo com as necessidades calóricas individuais pela manha, por pelo menos 2h antes da realização do protocolo de exercício, e não realizam nenhuma refeição após as 22:00h da noite que antecedesse o protocolo experimental. Os sujeitos eram todos homens jovens (21±1 anos; IMC = 24.1±0.8 kg/m2), os quais realizam 4 séries de extensão unilateral de perna com a sobrecarga descrita anteriormente e com 3 minutos de descanso entre as séries (Burd et al 2010).

Verificou-se que a síntse de proteínas MIX estava significativamente elevada 4h após o exercício somente nos grupos 90%FAD e 30%FAD. No mesmo sentido, a síntese de proteínas MIO estava elevada 4h após o exercício somente no grupo 90%FAD e 30%FAD. No entanto, a síntese de proteínas MIO após 24h da realização do exercício, estava elevada somente no grupo 30%FAD, e este aumento foi de ~2,9x aos níveis basais. Ao contrário da síntese de proteína MIX e MIO, a síntese de proteínas SARC 4h após o exercício, estava elevada somente no grupo 90%FAD, contudo, 24h após o exercício, a síntese de proteínas SARC estava elevada somente no grupo 30%FAD (Burd et al 2010).

Burd et al. (2010), mostram pela primeira vez que o exercício resistido com baixa sobrecarga e elevado volume (30%FAD) é mais efeito para estimular a síntese protéica do que o exercício resistido com elevada sobrecarga e baixo volume (90%FAD). Especificamente, a síntese protéica MIO e similar em ambos os grupos 4h após a realização do exercício, no entanto, somente o grupo 30%FAD apresenta uma maior resposta sobre a síntese MIO 24h após a realização do exercício (Figura 1). Os autores salientam que a resposta sobre a síntese de proteínas MIO não é totalmente dependente da intensidade ou sobrecarga utilizada, e que isto, parece estar relacionado com o volume de exercício, e especularam que isto seja decorrente de um maior recrutamento de fibras musculares do tipo II (Burd et al 2010).

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Os resultados deste estudo adicionam mais uma forte indicativa de que o estresse fisiológico imposto sobre o tecido muscular é o fator determinante sobre a síntese protéica MIO. Além do mais, este estresse é obtido pelo volume do treinamento e não pela intensidade. Como aplicação prática, parece que o treinamento ótimo para melhor obtenção da síntese de proteínas MIO seja aquele que contenha pelo menos uma moderada intensidade com um alto volume.

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Juliano Machado

Mestre em Fisiologia da Performance (UFPR - 2010)

Especialista em Fisiologia do Exercício (UFPR - 2009)

Especialista em Fisiologia do Exercício (Gama Filho - 2008)

Licenciatura Plena em Educação Física (UNIVILLE - 2006)

Personal Trainer, [email protected]

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