×

Cipionato de testosterona: para que serve, ciclo e efeitos colaterais

O cipionato de testosterona é um esteroide anabolizante injetável que tem como principal característica ser uma versão de testosterona que é absorvida de forma gradual no organismo, o que pode trazer alguns benefícios únicos, como exigir aplicações menos frequentes sem alterar os efeitos esperados do hormônio.

Aviso: Este conteúdo é meramente informativo e não substitui, de forma alguma, uma orientação médica. O uso dessas substâncias, independente da dosagem e do tempo de uso, envolve riscos e deve ser feito somente com acompanhamento médico adequado.

O que é e para que serve o cipionato de testosterona?

caixa de deposteron, nome comercial do cipionato de testosterona
Deposteron é o nome comercial do cipionato de testosterona.

O cipionato de testosterona é uma versão sintética e injetável da testosterona, que é um hormônio anabólico que o corpo humano produz naturalmente.

O éster cipionato, adicionado à estrutura química do hormônio, apenas faz com que ele seja absorvido gradualmente após ser injetado, o que não altera as características da testosterona.

Ou seja, a versão cipionato não é mais “forte” ou “fraca” do que as outras, como o enantato ou propionato de testosterona.

No geral, usar testosterona de forma exógena (injetável), independente do éster, trará os mesmos efeitos e consequências.

Dito isso, a testosterona é o principal hormônio anabólico masculino e serve como a principal referência para avaliar todos os outros esteroides anabolizantes.

Assim como as outras versões injetáveis, o cipionato de testosterona é um hormônio bastante popular na musculação e no fisiculturismo profissional por sua capacidade de promover aumento de massa muscular e força.

Como costuma ser um ciclo usando cipionato de testosterona (protocolo, dosagem e duração)

No que tange o uso recreativo, para fins estéticos ou desempenho físico, o cipionato de testosterona costuma ser injetado semanalmente, mesmo que sua ação no corpo seja mais prolongada.

Isso é feito com o intuito de controlar oscilações muito grandes entre aplicações infrequentes, algo que não é bem estabelecido pela literatura — não sabemos se isso é realmente válido ou não.

Lembre-se que não há posologia “oficial” para usar testosterona fora do contexto médico, principalmente em doses acima das terapêuticas para tratar hipogonadismo, portanto, quase todo o material sobre o tema é baseado em evidências empíricas.

Levando isso em consideração, a dosagem mais vista em relatos em ciclos com cipionato de testosterona para homens varia de 200 a 600mg por semana, que podem durar de 8 a 12 semanas, isso se tratando de usuários recreativos que não visam competir. No fisiculturismo profissional, as doses e durações podem alterar drasticamente (para mais).

O cipionato geralmente é incorporado em fases de “bulking” (ganho de massa muscular), especialmente por ser um esteroide muito eficaz para esse propósito, mesmo quando usado sozinho.

Quais são os principais efeitos colaterais do uso de cipionato de testosterona?

Assim como outras formas de testosterona, o cipionato de testosterona pode causar uma série de efeitos colaterais quando usado em quantidade suficiente para elevar o hormônio acima dos níveis suprafisiológicos — acima do que uma pessoa saudável poderia ter naturalmente.

Como o uso de testosterona fora do contexto médico será feito justamente para elevar o hormônio acima dos níveis naturais, os efeitos colaterais mais comuns são:

  • Acne;
  • Queda de cabelo;
  • Ginecomastia;
  • Retenção de líquidos;
  • Aumento na porcentagem de hematócrito;
  • Alterações no colesterol e triglicerídeos;
  • Alterações no sistema cardiovascular;
  • Alteração na produção natural de testosterona;
  • Virilização em mulheres.

Estes são os mais comuns, mas o grau e a incidência deles, em muitos casos, são influenciados pela genética e predisposição do usuário.

Abaixo, entraremos em mais detalhes sobre cada um deles e por que eles ocorrem.

Acne

A presença de testosterona em níveis acima dos naturais estimula excessivamente as glândulas sebáceas.

Isso resulta em um aumento significativo na produção de sebo, tornando a pele mais oleosa.

Por sua vez, o excesso de oleosidade, combinado com células mortas e bactérias, pode obstruir os poros e causar inflamação, o que pode causar acne, especialmente naqueles predispostos a ter o problema.

Queda de cabelo

A queda de cabelo ocorre porque a testosterona é convertida em di-hidrotestosterona (DHT), um hormônio anabólico que também pode ligar-se aos receptores do couro cabeludo.

Em pessoas com maior sensibilidade ao hormônio, o DHT agirá ainda mais nos folículos e desencadeará um processo de miniaturização.

Isso gradualmente enfraquece os folículos ao ponto de, com o tempo, ocorrer a perda permanente do mesmo.

Ginecomastia

Com a testosterona em níveis suprafisiológicos, o corpo tenta restabelecer um equilíbrio hormonal convertendo parte do excesso de testosterona em estrogênio, através da enzima aromatase.

São justamente esses níveis elevados de estradiol que estimulam o crescimento do tecido mamário glandular nos homens, resultando na condição.

A severidade e a incidência dependem da dosagem utilizada e da sensibilidade individual do usuário.

Retenção de líquidos

Hormônios anabólicos, como a testosterona, têm uma forte influência em como os rins administram a quantidade de líquido no corpo e podem alterar coisas como a reabsorção de sódio.

Pequenas alterações nesse processo podem mudar quanta água o corpo retém e podem levar ao aumento do volume sanguíneo e, subsequentemente, da pressão arterial, sendo um efeito comum em ciclos com esteroides anabolizantes.

Aumento na porcentagem de hematócrito

O uso de testosterona pode estimular a eritropoiese, um processo que controla a produção de glóbulos vermelhos.

De forma simplista, isso pode aumentar a porcentagem de hematócrito do sangue, o que, por sua vez, aumenta a viscosidade do mesmo.

Um sangue mais grosso tem maior potencial para sobrecarregar o coração e elevar o risco de formação de trombos, podendo levar a problemas cardiovasculares graves, como infarto e AVC.

No entanto, o aumento do hematócrito também depende da genética e da predisposição do usuário.

Alterações no colesterol e triglicerídeos

A testosterona em doses suprafisiológicas impacta negativamente o perfil de gorduras no sangue, principalmente por estimular a atividade da enzima lipase hepática.

Esta enzima acelera o processo de catabolismo do colesterol HDL (“colesterol bom”), resultando em uma redução drástica dos seus níveis e, junto com isso, das suas propriedades protetoras.

Ao mesmo tempo, ocorre também uma elevação dos níveis de triglicerídeos e do colesterol LDL (“colesterol ruim”), criando um perfil lipídico mais propício para causar problemas cardiovasculares.

Alterações no sistema cardiovascular

A testosterona pode induzir diretamente a hipertrofia do músculo cardíaco, tornando-o mais rígido e menos eficiente.

Este efeito, somado à elevação da pressão arterial (pela retenção hídrica e aumento do hematócrito) e ao pior perfil de colesterol, pode acelerar o enrijecimento das artérias.

O conjunto desses fatores pode prejudicar o sistema cardiovascular e elevar o risco para problemas de saúde futuros, como insuficiência cardíaca e outras complicações vasculares graves a longo prazo.

Alteração na produção natural de testosterona

O corpo, ao detectar os níveis suprafisiológicos do hormônio injetado, interpreta que a produção própria é desnecessária.

Isso suprime o eixo hipotálamo-hipófise-gônadas, cessando a liberação dos hormônios (LH e FSH) que sinalizam aos testículos para produzir testosterona.

Como resultado, a produção natural será inevitavelmente interrompida, o que leva à atrofia testicular e a uma recuperação da função hormonal que pode ser lenta e difícil após o ciclo.

Virilização em mulheres

O uso de testosterona por mulheres, mesmo em doses baixas, pode causar o engrossamento da voz, aumento do clitóris, crescimento de pelos em padrão masculino (hirsutismo) e irregularidades ou interrupção do ciclo menstrual.

É crucial notar que muitas dessas alterações, especialmente na voz e no clitóris, são consideradas irreversíveis, permanecendo mesmo após a descontinuação total do uso da substância.

Ainda está com dúvidas sobre alguma questão? Visite nosso fórum de discussões e compartilhe suas dúvidas com mais de 270 mil pessoas cadastradas.