O motivo principal que se popularizou o valor 1,6g/kg é este gráfico, retirado do estudo de Morton et al. (2018), no qual pode-se observar que a partir de 1,6 g de proteína por kg, o ganho de massa muscular (dentro do regime de treinamento estipulado pelo estudo) foi quase ínfimo, indicando que a partir deste valor, o acréscimo de hipertrofia é muito pouco (mas não nulo), até chegar um valor de 2,2g/kg, no qual partir deste se torna basicamente desprezível.
O que podemos concluir é que 1,6 seria o valor "ótimo", ou seja, você até pode conseguir mais resultados (hipertrofia) ingerindo quantias maiores, digamos 2,0g/kg, mas vão ser resultados adicionais muito menores do que veríamos se aumentássemos os níveis de 1,2 para 1,6 g/kg por exemplo.
Ressalta-se que o estudo é uma meta-análise realizada por autores consagrados, ainda assim geralmente aplicamos a estatística a 95% dos casos, ou seja, em teoria 5% da população se beneficiariam com quantias maiores, ou teriam um valor ótimo ainda menor do que 1,6, afinal a genética e metabolismo é muito individual. Além disso, o próprio fato de estar sob efeito de ergogênicos ou não interferiria bastante nos resultados dessa publicação (altos níveis de testosterona lhe permitem uma síntese proteica maior, e portanto, níveis maiores de proteína/kg podem ser mais proveitosos).
Na minha opinião a utilidade desta informação está para dois casos:
Nas pessoas que estão em cutting e desejam consumir o mínimo de calorias possível (o qual indica-se o valor de 1,6g/kg caso haja pouca "gordura para retirar" dos outros macronutrientes);
Ou pessoas que não conseguem/não podem/não sentem a necessidade de comer tanta proteína para obter tantos resultados.
Agora, se a questão é se proteína demais for maléfica a saúde é outra história, porém no geral a ciência está em consenso que para menos de 3,0g/kg, caso não existam condições negativas prévias (ênfase nesta parte, pois muitos não sabem que já possuem problemas renais), não há malefícios de forma geral.
Resumindo: atingindo 1,6g/kg você muito provavelmente já alcançou quase 90~95% dos benefícios do que conseguiria, se conseguir até 2,2g/kg e as calorias não te atrapalharem (entendendo que não é necessário, 2,0 g já estaria mais que excelente), bom também, do contrário não precisa ficar bitolado que não passou disso.
Link do estudo: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28698222/
Essa variação é baseada em resultados de estudos.
Quando é feito um estudo científico com uma população, vc coleta dados da mesma variável em pessoas diferentes - cada um vai ter um valor diferente para a mesma variável.
Por exemplo, pessoa A tem valor de consumo proteico ótimo para hipertrofia igual a 1.8965g, pessoa B tem 2.4547g, pessoa C tem 3.2145g, pessoa D tem 1.4254g e por aí vai. Imagina vc fazer isso com 100, 500... 10.000 mil pessoas. Estatisticamente, ao combinar todos os dados, boa parte da população do estudo vai estar próxima de um valor em comum, digamos, 1.9 g/kg/dia de proteínas e ao msm tempo vai ter uma variação ao redor desse número 1.9, por exemplo, 1.6 - 2.2 que estatisticamente é considerado 'equivalente'. E aqui tem algo interessante, vão existir casos cujo valor da variável vai estar muito distante da média 1.9, digamos um caso com 1.4 e outro com 3.1 e por aí vai.
Essa variação que vc vê vem de estudos científicos que são feitos assim. It's all math.
Agora, na prática vc não consegue descobrir qual o melhor valor de proteínas para vc consumir, vc tem uma ideia que muito provavelmente vai estar entre 1.6 a 2.2 g/kg/dia - se vc vai precisar de mais ou de menos, somente testando para descobrir.