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Ginseng: É um agente ergogênico?

Erika Reinehr (Nutricionista desportiva)

04/01/2005

Introdução

A raiz do ginseng (gêneros da família Araliaceae) representa um dos medicamentos mais antigos utilizados pelos humanos. Por mais de 6000 anos seu uso foi promovido, na China, como a cura de quase todas as doenças imagináveis. Atualmente o consumo desta raiz tem aumentado muito, principalmente nas últimas 3 décadas. Em sua composição o ginseng possui: Carboidratos, proteínas, vitaminas A, B, C, E, Cálcio, Ferro e Fósforo. Além de ter como principio ativo as Saponinas, também chamadas de Ginsenosídeos, dos quais já foram isolados mais de 10 tipos: R0, Rb1, Rb2, Rc, Rd, Rg1, Rg2, Rg3 e Rh.

A propaganda do ginseng como estimulante do sistema nervoso central, aumento do estado de alerta e raciocínio e aumento do VO2 Max estão deixando uma pergunta no ar: Será que ele funciona? Vários atletas, praticantes de atividade física e pessoas que estão estudando para vestibulares e concursos, estão usando o ginseng com objetivo de melhorar da sua capacidade física e mental. No meio esportivo, os atletas estão sempre buscando formas de aumentar a performance, assim a procura por “substâncias” com propriedades ergogênicas é constante. Sabe-se que os agentes farmacológicos são os principais ergogênicos utilizados, entretanto o alto risco associado com os testes antidoping fizeram com que os atletas procurassem por alternativas legais, particularmente suplementos nutricionais ergogênicos. (Williams, 1995).

Levando em consideração o fato de que todos os processos metabólicos humanos dependem dos nutrientes contidos nos alimentos que nós consumimos, todo nutriente pode ser potencialmente ergogênico (Williams, 1995). Com relação ao ginseng, será que ele é capaz de melhorar a performance esportiva e de que forma?

Achados científicos:

Em um estudo duplo cego, cross over, placebo, Pieralisi et al (1991) investigaram o efeito da suplementação de uma preparação contendo extrato de ginseng, vitaminas, minerais, elementos traços e Dimetilaminoetanol bitartato (Phamaton) durante o protocolo de Bruce. Nos resultados, foram detectados aumentos significativos do VO2 Max e carga de trabalho. Sendo que na mesma carga de trabalho encontrou uma diminuição do volume no consumo de oxigênio, diminuição dos níveis de lactato plasmático, diminuição da freqüência de ventilação e cardíaca e diminuição da produção de CO2. Entretanto, os efeitos do ginseng foram maiores em indivíduos com VO2 Max menor que 60 ml/kg/min Concluindo, os resultados indicaram que a preparação do ginseng aumentou a capacidade de trabalho dos indivíduos por melhorar a oxigenação muscular.

Para testar a ação do ginseng, Grandhi et al (1994) avaliaram os resultados de ratos suplementados com 100mg/kg/dia da raiz seca do ginseng em comparação aos que receberam a solução placebo em um teste de endurance em natação. O tempo de natação dos ratos suplementados com ginseng foi 4 x maior quando comparados com o grupo placebo. Os ratos suplementados também apresentaram aumento na atividade anabólica.

Segundo Ramachandran et al (1990), a suplementação de 50mg/kg da raiz do Panax ginseng de forma crônica (1 dose única) e aguda (5 dias consecutivos) aumentou o tempo de resistência de ratos a baixas temperaturas e diminuiu o tempo de recuperação em ratos que receberam doses agudas do suplemento, o que levou a conclusão que os ratos suplementados com ginseng agüentam melhor o estresse, que os ratos do grupo controle. Em outro estudo, também com ratos, Yokozawa & Oura (1991) induziram os roedores a diabetes para simular uma situação catabólica. Os ratos suplementados com 750mg/kg de Panax ginseng obtiveram seus níveis de ATP restaurados. Porém, não se sabe se foi por um aumento na síntese de ATP ou diminuição da sua utilização.

Em um estudo anterior (Grandhi, 1998) encontrou um alto percentual esteroidal (3,24%) no Panax ginseng o que pode justificar a sua ação antiestresse ser causa da sua ação anabólica. Sabe-se que e raiz do ginseng interfere no metabolismo alterando a utilização e mobilização de lipídeos e carboidratos. Como a disposição de substratos é fator cruciais na limitação da performance e resistência, se justifica que o ginseng pode ser útil como agente ergogênico (Wang & Lee, 1998).

Wang & Lee (1998) mostraram em seu estudo que ratos suplementados com 10 a 20 mg/kg/dia de ginsenosídeos, por 4 dias, mantiveram o nível de glicose plasmática durante o exercício. A glicose só diminuiu quando os ratos entraram em exaustão. Isso sugere que o nível aumentado de glicose pode ser conseqüência da troca do substrato utilizado pelo músculo trabalhado, favorecendo a oxidação dos ácidos graxos livres e economia do glicogênio/glicose durante o exercício. Outro dado interessante foi que a quantidade de ácidos graxos livres estava maior no grupo suplementado com ginseng.

No entanto, resultados conflitantes na eficácia do ginseng como agente ergogênico em humanos tem sido reportados. Além das diferenças no tempo de suplementação, carga de trabalho e intensidade, o resultado depende da espécie do ginseng utilizado no estudo (Wang, 1998). O ginseng possui por volta de 30 ginsenosídeos biologicamente ativos na Saponina do ginseng, muitos deles têm mostrado efeitos metabólicos e fisiológicos diferentes e até mesmo opostos. Dentre os ginsenosídeos estudados o Rb1 e Rg1 são essenciais no efeito ergogênico (Wang, 1998).

Efeitos positivos encontrados em pesquisas:

- Adaptogênico: Altera a resposta do organismo ao estresse aumentando a sua adaptação ao mesmo (Ramachandran et al, 1990);

- Aumento da capacidade de trabalho, provavelmente por aumento da utilização muscular de oxigênio (Pieralisi et al, 1991);

- Aumento do Vo2 MAX, diminuição na produção de Co2, lactato plasmático, e da freqüência cardíaca durante o exercício (Pieralisi et al, 1991; Forgo et al, 1981);

- Melhora na performance física (Pieralisi et al, 1991; Forgo et al, 1981; Wang & Lee, 1998; Grandhi et al, 1994);

- Melhora na recuperação pós-exercício (Dorling et al, 1996);

- Aumento na capacidade psicomotora no descanso e durante o exercício (Ziemba et al, 1999);

- Aumento da utilização de ácidos graxos livres, manutenção dos níveis de glicose plasmática, glicogênio muscular e hepático (Wang & Lee, 1998);

- Aumento da atividade anabólica (Grandhi et al, 1994);

- Alteração na produção de ATP (Yokozawa et al, 1991);

Conclusão:

Atletas e praticantes de atividade física que buscam melhorar o seu desempenho, e que para tal querem o auxilio de uma substância com fins ergogênicos, o ginseng poderia ser uma escolha menos agressiva que os suplementos mais concentrados. Pois, o seu uso pode trazer efeitos benéficos se utilizado de maneira correta e equilibrada. Porém, ainda falta determinar qual é a melhor forma, quantidade e tempo de suplementação. Além disso, os reais benefícios do ginseng não são comprovados em seres humanos, pois a linha de pesquisa não está bem delimitada e padronizada.

Como o ginseng possui vários ginsenosídeos, com diferentes aplicações, é necessário que se faça muitas pesquisas, tentando estabelecer qual espécie de ginseng a ser utilizado, a quantidade, a concentração de ginsenosídeos, a duração da suplementação dentre outros fatores.

Mesmo com ótimos estudos, alguns suplementos legais podem prover resultados favoráveis somente para alguns atletas. Sucesso real vem primeiramente da combinação da genética, treinamento, e alimentação apropriada.

Referências Bibliográficas:

Bruce A. Ekblom B. and Nilsson I. The effect of Vitamin and mineral Supplements and Health Foods on Physical endurance and Performance. Proceeding of the Nutrition Society, Vol 44, 283 – 295, 1985

D`Angelo L, R. Grimaldi, M. Caravaggi, M. Marcoli, E. peruca, S. Lecchini, G. M. Frigo and A. Crema. A Double Blind Placebo Controlled Clinical Study on the effects of a Standardized Ginseng Extract on Psichomotor Performance in Healthy Volunteers. J. Ethnopharmacol. Vol 16,15-22,1988

Dowling E.A., D.R. Redondo, J.D. Branch, S. Jones, G. McNabb, and M.H. Williams. Effect of Eleutherococcus senticosus on submaximal and maximal performance. Med. Sci. Sports Exerc. Vol. 28 (4) 482 – 489, 1996

Forgo I., L. Kayassech and J. J. Straub. Effect of a Standardizd Ginseng Extract on Well-Being, Reaction Time, Lung Function and Gonadal Hormones. Med Welt. Vol 32, 751-756, 1981

Grandhi A, Mujumdar A.M., Patawardhan B. A Comparative Pharmacological Investigation of Aswagandha and Ginseng. J. Ethnopharmacol. Vol 44, 131 – 135, 1994

Lewis W. H., Zenger V. E. and Lynch R. G. No Adaptogen Response of Mice to Ginseng and Eleutherococcus Infusions. J. Etnopharmacol, Vol 8, 209 – 214, 1983

Martinez B. and Staba E.J., The Physiological Effects of Aralia, Panax and Eleutherococcus on Exerciced Rats. Japan. J. Pharmacol. Vol 35, 79 – 85, 1984

Ramachandran U, Divekar H.M., Grover S.K. and Srivastava K.K. New Experimental Model for the Evaluation of Adaptogenic Products. J. Ethnopharmacol, Vol 29, 275 – 281, 1990.

Stricker P. R. Other Ergogenic Agents. Clinics in Sports Medicine. Vol 17, No 2, 283 – 297, 1998

Wang L. C. H. and Lee T. Effect of Ginseng Saponins on Exercice Performance in Non-Trained Rats. Planta Médica, 64, 130 – 133, 1998

Williams M. H. Nutritional Ergogenics in Athletics. J. Sports Sciences, Vol13, S63 – S741, 995

Yokozawa T. and Oura H. Increased Hepatic Adenine Nucleotide Content By Ginseng. J Etnopharmacol, Vol 34, 79 – 82, 1991

Ziemba A.W., Chmura J, Kaciuba-Uscilko H, Nazar K, Wisnik P and Gawronski W. Ginseng Treatment Improves Psychomotor Performance at Rest and During Graded Exercice in Young Athletes. Int J Sport Nutr, (9) 371 – 377, 1999

Pieralisi G, Ripari P. and Vecchiet L. Effects of a Standardized Ginseng Extract Combined with Dimethylaminoethanol Bitartrate, Vitamins, Minerals, and Trace Elements on Physical Performance During Exercice. Clinical Therapeutics, vol 13, No 3; 1991

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