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Seminário De Bioquímica.


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Postado (editado)

Olá. No decorrer dos últimos 2 meses demos inicio neste tópico à discussões sobre metabolismo humano e a partir disso tirei as ideias, estudos, e boa parte do conhecimento necessário para fazer minha apresentação no seminário de Bioquímica.

Os dois artigos escolhidos foram:

Training in fasted state improves glucose tolerance during fat rich diet.

Beneficial metabolic adaptations due to endurance exercise training in the fasted state.

Se você quer ver mais artigos científicos analisados pode se dirigir ao tópico Official Nutrition Study Reviews, aonde este e outros artigos já foram postados.

O link para baixar a apresentação dem pps:

https://www.4shared.com/file/zC_F1v_V/Lminas.html?

Agradeço profundamente aos suários que me ajudaram durante a escollha do tema, dos artigos, e qe debateram sobre metabolismo humano aqui no tópico. Pude aprender MUITO com vocês.

Training in fasted state improves glucose tolerance during fat rich diet.

Esse estudo consistia em 6 semanas sob uma dieta com 50% de gordura e um excedente calórico de 30%. O 20 participantes fizeram 4 treinos por semana (10 em jejum de uma noite -grupo F-, 10 com uma refeição rica em carbos -grupo C-). O treino durava 1~1,5 horas entre bicicleta e corrida a 70% da frequencia cardíaca máxima. Além dos grupo do jejum (F), 7 serviram de controle (CON) e não moveram um dedo para nada além de comer.

Resultados: Grupo controle aumentou em média 3kg; grupo C aumentou em média 1,4kg, mas o grupo F não ganhou peso.
Comparado com o grupo Controle:
-O grupo F, mas não o grupo C aumentou a tolerância a glicose e sensibilidade à insulina.
-O grupo F aumentou em 28% a quantidade de GLUT4, comparado com o grupo C e o controle. GLUT4 é a proteína que carrega a glicose para dentro da célula muscular. Eu sei que você sempre viu que a insulina fazia isso, mas a insulina só dá o "ok" para a entrada da glicose.
-Apenas o treino em Fasting aumentou a fosforilização da proteína AMP-quinase, uma proteina que estimula a cetogenese, oxidação lipídica, inibe a lipogênese, síntese de colesterol e de triglicérides. Estimula a oxidação de ácidos graxos no musculo e reduz a captação de glicose. Ela também modula a produção de insulina pelo pâncreas.
-Apenas o treino em Fasting aumentou a FAT/CD36 em 30 %. A FAT/CD36 é um Scavenger receptor (coletora), uma proteina transmembranar (passa os dois lados da membrana da célula), e trabalha como receptora colhendo produtos que devem ser reciclados/eliminados. Ela pode conectar coisas como colesterol e lipídios que já foram modificados/oxidados para que a célula possa eliminá-los.
-Apenas o treino em Fasting aumentou a Carnitina Palmitoil Transferase I (CPT1) mRNA em 30%. Uma enzima presente na membrana interna das mitocôndrias que carrega os ácidos graxos para dentro da mitocôndria. No caso, o que aumentou com a mensagem do núcleo da célula para a produção dessa enzima, em 30%.

Conclusão:
Esse é o primeiro estudo a mostra que treino em jejum é mais potente que treino em carb load para facilitar adaptações musculares e melhorar a tolerância a glicose e a sensibilidade à insulina durante uma dieta rica em gorduras.

Beneficial metabolic adaptations due to endurance exercise training in the fasted state.

Esse estudo é semelhante com o superior. O que diferencia é que foi com quantidades mais altas de carboidrato ao invés de gordura. Ambos os grupos consumiram a mesma quantidade calórica.
-20 participantes. 10 em Jejum de uma noite e 10 com refeição pré-treino com 160g de carbo + 1g/kg durante o treino.
-4 treinos por semana durante 6 semanas.
-2 horas de bicicleta à 60% da frequência cardíaca máxima.

Resultados:
-No grupo Fasting (F), mas não no grupo do carbo ©, houve aumento do catabolismo dos lipídios nas fibras do Tipo I, e tenderam a aumentar nas do Tipo IIa
tiposdefibra.jpg
As de TIPO I são aquelas de corredores, pois possuem muitas mitocôndrias e enzimas que degradam mais fontes de energia para produção de ATP.
As de TIPO IIa são resistentes à fadiga também, com propriedades semelhantes à de Tipo I, só que predominam o metabolismo Anaerobico.
-No grupo F houve aumento de 21% na oxidação máxima de gordura.
-No grupo C houve aumento de 6% na oxidação máxima de gordura.
-No grupo F houve aumento de 47% de Citrato Sintetase, a enzima que junta dois compostos (oxalacetato e Acetil) para formar Citrato e dar continuidade ao Ciclo de Krebs.
-No grupo F houve aumento de 34% da beta-hidroxiacil-CoA desidrogenase, a enzima que cliva o Acetoacetato em Hidroxibutirato, um corpo cetônico.
-Apenas o grupo F que não houveram quedas na glicemia induzida pelo exercício.
-Apenas o grupo F teve aumento basal nos níveis de glicogênio (22), enquanto nenhuma melhora foi vista no grupo C.
-As concentrações de lactato foram iguais nos dois grupos.

Conclusão: Jejum é mais efetivo que Pré-treino para aumentar a capacidade oxidativa do músculo, ao mesmo tempo que aumenta a degradação dos lipídios intramiocelulares. Além disso, Jejum, mas não o grupo com refeição pré-treino preveniu quedas de glicose durante os testes.


O Objetivo de ambos estudos era testar qual dos modos era preferencial para a Lipólise e para a Performance esportiva. É claro que com quantidades maiores de carboidrato, e estoques de glicogênio mais carregados, a performance aumenta. Em contrapartida, mais gordura na dieta aumenta a capacidade de oxidar gordura pelo musculo.

Os participantes do segundo estudos pedalavam em duplas, ou seja, sempre tinha 1 em Jejum e outro alimentado lado a lado. Por isso acredito que o segundo estudo deva ter sido mais interessante de visualizar.
Nenhum dos participantes tinha histórico de atividade física aeróbica como essa em que eles foram submetidos, então, é como pegar um de nós que foge da esteira e colocar na bicicleta por duas horas de manhã cedo. Isso é aquele esquema do "aeróbico em jejum" que dizia que não podia passar de 30 minutos, caminhadinha leve crapp. As dietas eram de acordo com o gasto calórico do participante e os grupos F consumiam as calorias perdidas no resto das refeições, enquanto o grupo C consumia uma refeição pré e outra intra-treino.

Do ponto de vista Darwiniano dos autores, é bem provável que exercícios anaeróbicos após uma noite de jejum são benéficos para quem pratica algum endurance, e se a dieta ainda possuir uma grande quantidade de carboidratos (65%), a degradação de lipídios para a gliconeogênese enquanto há degração do glicogênio muscular certamente favorecerá a produção de ATP. É como atacar em dois fronts.

Fazer medidas de das proteínas AMPK (não cofundir com AMPc), FAT/CD36, e Hidroxibutirato CoA Desidrogenase, que estão ligadas à captação de ácidos graxos, oxidação lipídica, oxidação de LDL e aumento na produção de corpos cetônicos, e não fazer um simples hemograma para apresentar o LDL é uma falha do estudo com High Carb Diet, tá certo que dá um trabalho meio chato de tabelar, mas um hemograma é uma coisa muito simples. Apenas uma linha no artigo dizendo se aumentou/diminuiu os níveis de colesterol ajuda a esclarecer o papel das proteínas acima mencionada. Outro fato é que os autores citam que o segundo estudo ainda não foi feito com pacientes obesos, mas como houve uma melhora na captação de gorduras pelo músculo e uma melhora na sensibilidade à insulina desses tecidos, esse estudo poderia (provavelmente vai ser) feito com pacientes que estejam entrando na fase de resistência à insulina e tolerância à glicose logo logo.

Ambos os artigos demonstraram os benefícios do treino em jejum para melhorar a capacidade oxidativa do músculo esquelético. Todo treino aumenta essa capacidade, fato é que bicicleta em jejum, aumentou o VO2max mais que com o treino cheio de carboidrato no High Carb Diet. O Vo2max muda de pessoa para pessoa, e é mencionado que os participantes já praticavam atividade física antes, mesmo assim, para aguentar 1,5 horas de corrida noHigh Fat Diet e esse tempo de bicicleta no High Carb Diet, não é algo pesado ou tão desgastante, é leve/moderado.

E a longo prazo?
6 semanas é um típico mini-cutting que a galera aqui no fórum faz, e o estudo mostra que é possível fazê-lo por mais tempo, mas não apresenta dados sobre massa-magra no final dos testes. Bioimpedância? nota de rodapé? Infelizmente nada, mas não dá para exigir de um estudo que todos os dados possíveis sejam apresentados.
Anyway, para quem se interessa por corrida e tá afim de melhorar o perfil lipídico e sensibilidade à insulina, ambos artigos demonstram as alterações fisiológicas e bioquímicas do aumento das capacidades de produzir ATP quando há pouco disponível (na real bioquímica tem desvios para uma porrada de reações, o corpo sempre dá um jeito). O nível de glicose manteve-se igual na primeira hora de bicicleta entre os dois grupos do estudo com High Carb Diet,mas na segunda hora só o grupo do Jejum manteve os níveis equilibrados. Já no estudo High Fat Diet ambos os grupos manteram a glicose sanguínea bem parelhos, mas quem jejuou aumentou mais a sensibilidade à insulina, já a capacidade de aumentar o VO2max só aconteceu com o grupo alimentado. Em compensação, no estudo High Carb Diet, os benefícios foram maiores para o grupo que jejuou.

Conclusão: segundos os dois artigos, que tinham uma metodologia BEM semelhante e provavelmente tenha usado os mesmos participantes, concluo que para ter uma corridinha bacana de manhã após um overnight fast é vantagem uma dieta rica em carboidratos, até para aumentar as reservas de glicogênio, sensibilidade à insulina e evitar quedas na glicose sanguínea. Mas caso o objetivo seja queimar gordura (não só aquela entre as fibras musculares), uma dieta rica em gordura favorecerá essa lipólise, pelo provável motivo de que as reservas de glicogênio nessa dieta também seria reduzido.

Editado por lourensini
Postado

E aí Lourensini, eu achei algumas coisas aqui interessantes que envolvem IF e podem ajudar, caso seja esse mesmo o tema do seu seminário. Está tudo em inglês, claro, mas parece ser um "compilado" dos estudos mais relevantes à respeito, conforme indica a fonte.

Não entendi se você deseja abordar a influencia da IF em todos esses aspectos citados por você, ou se deseja escolher um aspecto apenas e destrinchá-lo? Tipo: O efeito do IF a produção hormonal+efeito do IF no catabolismo etc...

Anyways, seguem os estudos:

Alternate-day fasting increases HDL and decreases triglycerides.

https://www.ncbi.nlm....pubmed/17616757

Alternate-day modified fasting improves LDL particle size in obese adults.

https://www.ncbi.nlm....pubmed/20880415

Alternate-day fasting increases fat oxidation and lowers fasting insulin in nonobese adults.

https://www.ncbi.nlm....pubmed/15640462

Ramadan intermittent fasting increases HDL and decreases LDL

https://www.ncbi.nlm....pubmed/15452402

Fasting before exercise increases fat utilization

https://www.ncbi.nlm..../pubmed/3536834

Intermittent fasting improves insulin sensitivity in men.

https://www.ncbi.nlm....pubmed/16051710

Prolonged fasting leads to clinical improvements in rheumatoid arthritis patients.

https://www.ncbi.nlm..../pubmed/1862245

Fasting patients show clinical improvements in rheumatoid arthritis.

https://www.ncbi.nlm....v/pubmed/534318

"O maior problema com esses estudos é que o número de cobaias é pequeno. Eu suspeito que seja caro demais colocar um número grande de pessoas para fazer jejum intermitente, e quem é que iria custear isso? Se os resultados mostrarem que fazer jejum é benéfico, isso não ajuda ninguém a vender nada."

"Em roedores, jejum em dias alternados aumentam a qualidade de vida no geral, e melhora a resistência à neurodegeneração, AVC, infarto, câncer e diabetes. Mas isso é em roedores."

Fonte:

https://www.quora.com...mittent-fasting

Postado

Janela de oportunidade:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21289204

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15932964

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3316914

Hormônio T3 e jejum:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0026049579902063

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/002604959290126U

Dieta e acne:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0738081X07002027

Jejum:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S095528630900031X

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1568163706000523

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16011467

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19943985?ordinalpos=&itool=EntrezSystem2.PEntrez.Pubmed.Pubmed_ResultsPanel.SmartSearch&log$=citationsensor

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9155494

Treino em jejum:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20837645

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21051570

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15705646

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3536834

Miostatina, testosterona e idade:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19356623

Vitamina D e testosterona:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21154195

Relação entre lactato sérico e oxidação de gordura:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14750010

Ingestão protéica e hipertrofia:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21092368

Soja dificulta absorção de iodo:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S002203027185782X

https://endo.endojournals.org/content/61/5/570.short

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1241182/

https://online.liebertpub.com/doi/abs/10.1089/thy.2006.16.249

https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM196002182620707

https://jn.nutrition.org/content/17/6/545.short

https://jn.nutrition.org/content/138/6/1244S.short

https://pediatrics.aappublications.org/content/96/1/148.short

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1570023202002143

  • Supermoderador
Postado

Jejum e redução/aumento no metabolismo:

Enhanced thermogenic response to epinephrine after 48-h starvation in humans

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2405717

Resting energy expenditure in short-term starvation is increased as a result of an increase in serum norepinephrine

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10837292

"Resting energy expenditure increased significantly from 3.97 +/- 0.9 kJ/min on day 1 to 4.53 +/- 0.9 kJ/min on day 3" (aumento no metabolismo em

193 kcal/d)

Leucine, glucose, and energy metabolism after 3 days of fasting in healthy human subjects.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/3661473

Após 60 horas, redução de 8% no metabolismo.

De acordo com o Martin Berkhan:

This makes sense from an evolutionary perspective. Epinephrine and norepinephrine (adrenaline/noradrenaline) sharpens the mind and makes us want to move around. Desirable traits that encouraged us to seek for food, or for the hunter to kill his prey, increasing survival. At some point, after several days of no eating, this benefit would confer no benefit to survival and probably would have done more harm than good; instead, an adaptation that favored conservation of energy turned out to be advantageous. Thus metabolic rate is increased in short-term fasting (up to 60 hours).

Postado

O problema de alguns professores de bioquímica é acharem que jejum curto é um jejum prolongado, só que pequeno. Um é completamente diferente do outro.

Postado

Que legal hahaha acho que uma das coisas que eu mais vou adorar na faculdade vai ser isso.... poder chegar contrariando, sabendo que não é tudo assim... isso prova que diploma não é nada...

Acho legal você falar sobre IF, mas acho que assim, você vai ter que deixar BEM claro o que é, como funciona, mostrar muiiitos estudos pra o pessoal entender tudo muito direitinho... porque é um assunto "inédito" pra 99% das pessoas, elas tem essa visão de que jejum = passar fome, que jejum é coisa de anoréxico, etc etc, então tem que ver isso. Vai ser um choque bem grande pra todo mundo, mas isso pode ser bom ou ruim, depende de como você vai desenvolver a coisa toda. E também não pode vender muito, tem que mostrar os dois lados da moeda, porque senão vai parecer fanatismo e isso pode atrapalhar... você precisa mostrar que NÃO, não precisa fazer IF, e que é só um jeito diferente que não interfere em nada em ganhos estéticos e etc. Acho que o objetivo tem que ser esse, mostrar que existe e tirar o preconceito sobre jejum das pessoas, e não querer logo implantar os benefícios, com mil coisas e tudo mais, senão é muita informação de uma vez.

Deixa eu ver o que mais... achei IF um tema legal, mas vou dizer o que acho desses que vc falou:

-má absorsão de vitaminas e minerais na mesma refeição ocasionado por competição enzimática?

não gostei, acho que tem temas mais interessantes

-catabolismo e anabolismo

legal mas sei lá, acho que tem coisas mais legais e polêmicas de se falar ;p acho meio simples, sabe... mas você podia colocar isso como sub-tema, dentro de IF, e explicar como tem/não tem diferença pra uma dieta normal de 3 em 3h

-produção hormonal

acho legal mas prefiro IF

-redução de metabolismo durante o jejum

como tema principal não, mas é perfeito vc falar sobre IF e colocar isso como uma questão. Tipo, alguém com certeza vai pensar nisso (do metabolismo baixar) quando você falar que o jejum curto não traz malefícios, aí você já traz um estudo explicando que é mito.

-janela da oportunidade

-anabolizantes.

Acho que esses dois seria menos interessante não pelo tema que é muito legal, mas acho que tem muito mais a ver com o mundo maromba do que com o mundo da nutrição... acho que fica meio desvirtuado

É isso (:

Postado

Se tem uma coisa que eu fico matutando é se há mesmo redução na absorsão de vitaminas e minerais devido a competição enzimática pelo mesmo sítio ativo. Isso, embora na teoria esteja certo, não entra na minha cabeça, a minha hipótese é que na real as vitaminas "esperam" na fila, tal qual as infos de um processador de computador.

Postado

Se tem uma coisa que eu fico matutando é se há mesmo redução na absorsão de vitaminas e minerais devido a competição enzimática pelo mesmo sítio ativo. Isso, embora na teoria esteja certo, não entra na minha cabeça, a minha hipótese é que na real as vitaminas "esperam" na fila, tal qual as infos de um processador de computador.

Tipo cálcio + ferro?

Postado

Se tem uma coisa que eu fico matutando é se há mesmo redução na absorsão de vitaminas e minerais devido a competição enzimática pelo mesmo sítio ativo. Isso, embora na teoria esteja certo, não entra na minha cabeça, a minha hipótese é que na real as vitaminas "esperam" na fila, tal qual as infos de um processador de computador.

Existem alguns alimentos que impedem a absorção de outros, como a soja (artigos acima), e existe a chance de vc estar ingerindo alguma substância com propriedades quelantes, porém creio que ainda assim vc precisaria de uma dose grande dessa substância para interferir a longo prazo com o consumo de algum micronutriente.

Porque se isso de inibição de absorção e etc fosse relevante, atletas que fazem Warrior Diet e Leangains estariam com sérios problemas... E eles não estão.

Visitante usuario_excluido22
Postado (editado)

Se tem uma coisa que eu fico matutando é se há mesmo redução na absorsão de vitaminas e minerais devido a competição enzimática pelo mesmo sítio ativo. Isso, embora na teoria esteja certo, não entra na minha cabeça, a minha hipótese é que na real as vitaminas "esperam" na fila, tal qual as infos de um processador de computador.

Acho que entendi, veja se é isso. Por exemplo, temos três nutrientes (X, Y e Z), ambos dependem do mesmo processo de absorção, os mesmos receptores, enfim. Os três são ingeridos ao mesmo tempo, substancia X é ligada ao receptor e depois absorvida, desprende-se do receptor e este está livre para nova recepção e nova absorção, e assim vai indo sucessivamente. Levando em conta que o transito intestinal é lento e os processos bioquimicos e metabólicos da célula extremamente rápidos, então por que diabos isso não é absorvido?

Amanda, no caso do cálcio e ferro, isso acontece na fase no estomago, os dois se ligam e acabam se inativando, um inibindo a absorção do outro. Pense que é a mesma coisa da biotina com a avidina.

Editado por dones
Postado

Exatamente isso.

Uma das minhas professoras (A mesma que disse que em 30 minutos após acordar o metabolismo começa a decair se você não comer) disse que ferro e cálcio não são absorvidos na mesma refeição, e que teria que deixar fontes de cálcio para o desjejum e ferro para a janta. E eu com o pé atras pensei "tá, seria o corpo estúpido o suficiente para desperdiçar nutrientes dessa forma"? (Eu to muito Darwinista ultimamente).

O Modo como ouvimos isso nos dá a entender que qualquer nutriente misturado com outro que compete pelo mesmo sítio de absorsão simplesmente irá ser perdido.

Além dos estudos (consegui uns minutos e dei uma olhada no abstract agora) sobre a soja que o Taels postou, juro que nunca ví nenhum sobre isso, o máximo que eu ví foi o capítulo de enzimas do Lehninger e do Advanced Nutrition and Human Metabolism.

Postado (editado)

Agora to começando a achar esse assunto da competição de micros legal, embora ainda ache mais legal falar sobre IF haha

bom, pelo que eu entendi os nutrientes não seriam absorvidos porque "competem" pelos receptores, é isso? mas então não vejo porque os dois deixariam de ser absorvidos... talvez um deles sim, fosse perdido, mas o outro? não vejo porque

outra coisa, e o caso de micronutrientes que se ajudam a absorver? tipo vitamina c + ferro?

Editado por amandarun
Postado

Eles competem, não se ligam.

O cálcio acaba sendo absorvido, o ferro não.

Tá, deixa eu ver se eu entendi. Se eu tomar um multi vitamínico que contém cálcio e ferro, somente o cálcio será absorvido?

E quanto os outros micros... acaba rolando esse tipo de competição também? Por um momento pensei em estar jogando meu dinheiro fora ao comprar os multi vitamínicos D:

Postado

Ok, esse assunto da competição das vitaminas é polêmico e interessante, mas ninguém aqui parece compreender a fundo como funciona o negócio.

Sugiro colocarmos alguns estudos e/ou artigos que simplifiquem o entendimento.

Eu tomo um multivitamínico que contém ferro e uma cápsula de cálcio, ambos pela manhã, juntos. Então também fiquei nessa dúvida aí se vou estar jogando $ fora assim, e como isso acontece.

Outra dúvida que permeia esse âmbito é a questão da absorção ser melhorada de acordo com seu meio solubilizante. No caso de Ferro e cálcio, sabemos que ambas são vitaminas hidrossolúveis, então é bom ingerí-las com água, e que Vitamina D por exemplo é lipossolúvel, então é bom ingerí-la com gordura. Tá, mas e se eu tomar vitamina D com água pela manhã, eu não vou absorver nada dela? Ou parte? ou apenas vai demorar para absorver tudo?

Vou ver o que encontro sobre issoBy the way, ótimo tópico esse. Essa área acadêmica tá ficando cada vez melhor

Postado

Sorte que li isso aqui !

Já ia esquecer dos trabalhos de artigo cietífico. Valeu Huahuahuahuah

Aliás,bom tópico.Mas já escolheu o assunto ?

Postado

Isso provavelmente será o meu futuro TCC, mesmo que eu não decida exatamente o assunto essa semana, é bom já ir aprendendo.

Vou fazer um Brief sobre Competição Enzimática.

Uma enzima é uma proteína com um buraco, nesse buraco é que o substrato (nutriente) se liga e forma o complexo "Enzima+Substrato (ES)". Se a enzima é de transporte, ela vai transportar o substrato, se a enzima é de lise (quebra) ela vai quebrar o substrato em um produto (frações do nutriente).

Durante uma completição enzimática básica, temos a seguinte equação: Enzima+Substrato= Produto, e a enzima se regenera.

enzimas-2.jpg

Mas as competições podem ser de vários tipos:

Competitiva: quando 2 substratos iguais podem se ligar ao mesmo sítio ativo de uma enzima. Isso, pelo meu entendimento, só ocorre por que a cadeia química é semelhante (senão ela não encaixaria). Na imagem à baixo tem um exemplo de competidor competitivo (roxo) se ligando ao sítio da enzima. Se ele tá ligado então o substrato não se liga.

Não-Competitiva: nesse caso o substrato se liga em um dos sítios ativos normalmente, mas em outro sítio aparece um inibidor.

Em nenhum desses casos a reação acontece.

enzimas3.gif

Quando o inibidor não competitivo se Liga à enzima, ele muda a conformação do sítio ativo e o produto não encaixa mais.

Ok, brief sobre enzimas tá feito, dá para entender.

Mas em qual desses o Ferro, cálcio, vitaminas se encaixam mesmo? Outra coisa, formulas farmacêuticas de vitaminas não possue necessariamente a mesma estrutura química da forma natural, logo, o encaixe é diferente.

A questão dos fármacos é abordada nesse artigo

O retardo na absorção de certos fármacos, quando ingeridos com alimentos, nem sempre indica redução da quantidade absorvida. Mas, provavelmente, poderá ser necessário um período maior para se alcançar sua concentração sangüínea máxima, interferindo na latência do efeito. Entretanto, substâncias que se complexam com nutrientes estão freqüentemente indisponíveis para absorção (Gai, 1992).

Fato é que ferro tem um mecanismo de reciclagem mto massa, e o organismo de fato aguenta por um tempo a dificiencia dele... Sobre o cálcio eu aprendi no primeiro dia de faculdade que das 1000mg da IDR, só 8 a 10 ficam circulando no sangue.

Dei uma procurada no science direct agora

https://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleListURL&_method=list&_ArticleListID=2139516612&_sort=r&_st=13&view=c&_acct=C000228598&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=bf4636109e3bec0c5e45488792e96f85&searchtype=a

E sente só, nenhum review sobre isso econtrado.

E aí, alguém já ouviu falar de algum?

Visitante usuario_excluido22
Postado

Olhem, guardem essa frase "nem tudo que se come é absorvido". Se fosse assim era só colocar qualquer alimento e em qualquer quantidade dentro da boca e pronto, vc estaria livre de algumas situações de deficiências nutricionais.

Não existe "só" competições enzimáticas, ou melhor, proteicas, como, por exemplo, o caso da metalotioneina que faz o transporte intracelular de zinco e cobre até a borda basolateral. Existe também a formação de complexos entre íons, como é o caso do ferro não-heme e cálcio. Deem uma lida sobre bioeficácia, bioconversão e bioeficiencia. Leiam tbm sobre biodisponibilidade de nutrientes, tem um livro com este nome do autor cozzolino.

Postado (editado)

Sendo que em alguns casos várias enzimas diferentes podem catalisar a mesma reação, ligando-se ao mesmo substrato (isozimas).

Editado por Taels
Postado

Por isso que esse assunto me chama atenção.

Absorsão de nutrientes é uma informação que os professores passam para nós, mas eu fico pensando daonde foi que eles tiraram aquilo.

Tô muito evolucionista ultimamente, questionando até demais.

Mas mesmo assim, eu não encontrei nenhuma revisão bibliográfica do assunto.

Postado

Por isso que esse assunto me chama atenção.

Absorsão de nutrientes é uma informação que os professores passam para nós, mas eu fico pensando daonde foi que eles tiraram aquilo.

Tô muito evolucionista ultimamente, questionando até demais.

Mas mesmo assim, eu não encontrei nenhuma revisão bibliográfica do assunto.

Tem aquele livro Biodisponibilidade de Nutrientes que o dones comentou, que tem mais de 1300 páginas.

Postado

O ferro tende a formar sais insolúveis no lúmen intestinal, por isso tende a ser mal absorvido, a vitamina C por se ligar ao ferro e formar um complexo solúvel facilita a absorção de ferro, o ferro é absorvido sob forma livre pela membrana apical das celulas intestinais.

O cálcio entra nesse estória por dificultar essa absorção, não deve estar relacionado a enzima e sim a proteinas transportadoras ou mecanismos de absorção intestinal.

Resumindo: A Vit C ajuda, cálcio atrapalha.

Porém vale lembrar que para os niveis de ferro não há problema, como uma anemia ferropriva, já que nosso corpo já tem depósitos satisfatórios de ferro e na morte da hemácia que libera hemoglobina a fração heme é reciclada com o ferro que se ligara novamente a transferrina para uma nova eritropoise, assim não resultando em uma necessidade constante ou grande de ferro da dieta.

A não ser na fase de crescimento.

Se uma pessoa adulta chega com um quadro de anemia ferropriva se pensa em outros fatores do que a privação dietética, eu por exemplo procuraria uma hemorragia digestiva, uma perda de sangue, alto fluxo menstrual e etc.

Postado

Comprei o livro Biodisponibilidade de Nutrientes... Livro enorme...

Dei uma olhada nos capítulos e em algumas partes... Sensacional o.0

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