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Como Se Tornar Um Culturista - A Série


vicbelletti

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Postado (editado)

bom, essa série foi o Miguel Chain que escreveu, do site www.diariodoculturismo.com.br , ele escreve pra jmfbrasil tb, e pra algumas revistas se nao me engano..

achei ela muito motivadora, muito boa mesmo.. e engraçada...

vou postando conforme voces forem comentando, se gostarem eu vou postando.. a primeira temporada sao 10 capitulos, a segunda infelizmente ele parou no segundo, vou procurar falar com ele sobre a série tb, ver se ele pretende terminar a segunda e vou atualizando tb...

bom, chega de papo e ai vai o primeiro episodio

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Creditos - por Miguel Chain

Através dos anos que passei no ambiente das academias eu presenciei muita coisa. Conheci muitas pessoas que queriam crescer, ficar enormes. Fiz muitos amigos, ouvi muita coisa sobre treinamento e nutrição. Muita coisa certa e muita coisa errada.

Pretendo, com essa série de artigos, passar um pouco de minha experiência e trazer um pouco de humor para os leitores. Nosso desafio na academia pode ser muito duro ás vezes. Ficar grande e conquistar um bom físico requer muito sacrifício, dedicação, mas apesar de tudo, requer muito conhecimento.

A história toda de Leo, um menino de 20 anos que sonha em pisar em um palco num campeonato de culturismo, se desenrola na academia onde treino. A maioria dos personagens são reais, exceto Leo.

Queria deixar muito claro aqui que os fatos e as situações descritas nos próximos meses são fictícios e minha intenção é ilustrar a vida de um culturista aspirante à competição de forma bem caricata e engraçada. Com certeza muitos dos leitores poderão aprender alguma coisa com os textos, mas tenham em mente que a maioria dos fatos descritos são caricatos e não devem ser seguidos á risca. Se você quer se tornar um culturista sério, eu aconselho que leia o blog e os artigos do site Diário do Culturismo ou que procure sites com bom material como o Treino Pesado ou WaldemarGuimaraes.

Primeiro Episódio

Há alguns meses voltei a morar em São Carlos e desde então tenho treinado muito pesado. A convivência com pessoas que amam o esporte em uma academia onde o treino pesado é prioridade aumenta muito a nossa motivação. Depois de todos esses anos treinando eu nunca imaginava que poderia melhorar tanto meu físico em tão pouco tempo.

Sempre fui um amante da musculação, tenho pilhas e pilhas de revistas, nacionais e importadas, Livros sobre treino com pesos e histórias relacionadas se empilham em minha escrivaninha. Fora a coleção de DVDs, horas intermináveis de vídeo com o que há de melhor no esporte.

Essa paixão é alimentada por tudo isso e claro, pelos treinos. Treinos super intensos, cheios de suor, muita dor e pesos extremos. Foi durante um desses treinos que eu percebi este menino me olhando atentamente. Entre as séries eu tentava olhar disfarçadamente para ver se o cara ainda estava lá. Ele estava.

Era uma tarde fria em São Carlos, o vento soprava forte e gelado. Nunca gostei de frio, fico muito mal humorado. Estava treinando peito naquele dia, meu cotovelo doía. Eu não conseguia treinar da maneira que eu queria e ainda por cima ficava este cara me olhando o tempo todo.

Ele estava com uma bermuda Nike, uma camiseta preta onde podíamos ver um copo de milk Shake do Bob´s estampada. Provavelmente ele era um grande fã dessa cadeia de fast food. Parecia pesar uns 90 ou 95 kgs. Nada mal para a altura dele. Apesar de não se enorme podíamos notar que ele treinava. O que realmente chamava a atenção no físico dele era a cintura, bem larga e grande. Podíamos perceber que a gordura caia sobre a bermuda.

Imaginei que ele me conhecia pelo blog DC ou pelos artigos nas revistas e sites onde escrevo. Com certeza ele estava me observando e esperando pela chance de poder tirar um pouco de conhecimento de mim.

Acabei meu treino, estava com pressa. Precisava ir ao mercado comprar comida ( Frango), depois tinha que cozinhar ainda. Coloquei o agasalho e me dirigi à portaria. Ele estava parado ao lado da roleta. Passei por ele e cumprimentei com a cabeça, tentando sair o mais rápido possível.

“Posso falar com você?” O garoto perguntou.

“Pois não, pode falar.” Respondi desanimado…

” Você que é o Miguel? Acabei de voltar para São Carlos e tenho treinado aqui há alguns dias. Parece que todos falam sobre seus treinos por aqui. Eu tenho algumas dúvidas e o Ricardo ( dono da academia) me falou que só você podia me ajudar. ”

Já fiquei (censurado) da vida pois sabia o que o Ricardo tinha me aprontado uma. Conheço o Ricardo há muitos anos, ele dirige a academia muito bem e sabe muito sobre musculação. O problema é que sempre que chega alguém que ele percebe que vai ser um mala, cheio de perguntas bobas e desnecessárias, esse alguém sempre será enviado a mim por ele. Valeu Ricardo por mandar mais um mala me encher a paciência!

“Queria saber se posso te perguntar umas coisas. Percebi que você treina muito bem e tem um bom físico.” Bem parecia que ele não sabia quem eu era, mas pelo menos admirava meu desenvolvimento. Vamos ver se posso ajudá-lo.

” Meu nome é Leo. Você se chama Miguel, certo?” balancei a cabeça positivamente. “Miguel, treino há dois anos. Consegui melhorar um pouco meu físico, mas agora faz uns meses que não vejo progresso. Sempre quis competir. Subir em um palco, mas tudo parece bem difícil sozinho. Hoje sou mais realista e ficaria muito feliz se eu pudesse apenas ver veias saindo no meu antebraço.”

O menino tava parecendo um pão. Com bastante gordura, nenhuma veia aparente. Tava feio o negócio. Pouco tempo depois descobri que seu apelido na academia era Zé Colméia, pela barriga e pela avidez com a qual ele procurava comida.

Ele me pareceu bem sincero e demonstrou um claro interesse pelos treinos mas não sei se tem o amor suficiente pelo esporte a ponto de enfrentar os rigores de uma dieta para competição. Hoje em dia é difícil vermos nas academias pessoas na idade dele realmente interessadas em conquistar um grande físico, completo e simétrico, não posso culpa-lo por ainda não ser assim. Pelo menos ele está interessado em melhorar. A maioria dos garotos só quer fazer peito e bíceps para impressionar as meninas na escola e faculdade. Me parecia que o Léo não era assim.

“Sabe Leo, alguns meninos como você já me pediram ajuda para treinar, mas nenhum foi macho o suficiente para suportar o sacrifício necessário para se tornar um Culturista. Desculpe mas estou cansado de começar a treinar com alguém e depois de duas semanas o cara sumir sem dar satisfação.”

O garoto se enfurece: ” Você não me conhece Miguel, quero muito isso, e estou disposto a fazer o que for preciso. Me dê uma chance e você verá do que sou capaz.”

Já ouvi muito isso, mas resolvi dar uma chance ao menino. Alguma coisa me dizia que ele era diferente.

Abri minha bolsa de treino e mostrei para ele tudo o que tinha dentro, cinto, faixas para o joelho, straps, luvas cotoveleiras e o mais importante: uma coqueteleira vazia e um potinho com algumas cápsulas. ” Leo, isto aqui era um shake, whey protein, dextrose, creatina, gutamina. Neste frasco tem algumas cápsulas de efedrina e cafeína. Treinar pesado não é fácil, nem sempre é confortável e as vezes ficamos escravos de nosso treino para podermos obter o resultado desejado. Em algumas manhãs geladas será preciso levantar da cama antes do sol nascer para fazer aeróbio. Durante os meus doze anos de treino pesado e super intenso acumulei algumas lesões. Você está disposto a fazer tudo isto? ” Fiz de tudo para que o menino se assustasse e dissesse que não queria mais minha ajuda.

“Queria saber se você acha que eu tenho genética boa para competir, ou pelo menos se eu vou conseguir fazer as veias do meu antebraço ficarem aparentes como as suas ?” Ele pergunta meio tímido esperando uma resposta não muito animadora.

“Conheci muitos caras com a genética muito melhor que a minha Leo. Todos eles cresciam muito fácil, acumulavam pouca gordura, mas não tinham a vontade e a dedicação necessárias para ter um bom físico. Uma vez o Branch Warren disse que ele com certeza não tinha a melhor das genéticas para um culturista profissional ( se ele não tem imagina a gente!) . Mas que ele tinha uma ética profissional e uma dedicação e determinação inigualáveis. Ele falou que preferia muito mais ter uma mente determinada, forte e uma ética de trabalho inabalável do que ter uma boa genética. Então não se preocupe muito com a genética por enquanto, TREINE FORTE!.” O garoto sorriu e agradeceu. ” Espero você aqui amanhã ás dez horas. Coma um bom café da manhã e venha preparado para treinar costas.”

“Mas eu treinei costas hoje Miguel.”

“Agora que treinaremos juntos, você fará o que eu disser meu rapaz. Te espero amanhã. Falou.”

Enquanto eu dirigia rumo ao supermercado eu ficava pensando se esse cara sabia onde ele tinha se metido…

Editado por vicbelletti
Postado

Opa! Muito boas essas séries! Sempre nos lembram o quanto é dura a estrada que escolhemos, mas sempre nos mostram o porque seguimos em frente!

Muito bom texto!

Obrigado por partilhar!

Abraços

Postado (editado)

ja que teve um comentario vou postar outro episodio^^

Creditos - por Miguel Chain

Episódio II – A Aposta

Naquela noite fiquei pensando se realmente eu teria feito a coisa certa. Ajudar este menino não se tornaria uma grande dor de cabeça daqui a um tempo? Ele não iria atrapalhar meus treinos? Eu via um grande potencial nele, mas aquilo era o que ele realmente queria? Não seria um capricho temporário dele? Leo me parecia um menino um tanto quanto mimado pelos pais. Foi uma longa, difícil para pegar no sono. Passei parte da madrugada assistindo os Simpsons até que finalmente peguei no sono.

Havia muito trabalho a ser feito na manhã seguinte. Levantei as seis e meia da matina, fui rumo a cozinha e preparei meu café da manhã – um Shake de albumina e algumas torradas integrais lambuzadas de creme de amendoim. Conforme as horas passavam percebi que seria impossível treinar naquela manhã. Liguei para o Leo, me desculpei e perguntei se era possível treinarmos a noite. “Que horas da noite Miguel?” Indagava nosso aspirante a culturista. “Oito e meia da noite. Esteja lá quando eu chegar.”

Aquele foi um dia inspirador para mim, consegui fazer tudo o que precisava no trabalho, fiz todas as refeições na hora certa e tudo parecia conspirar para que um grande treino fosse feito naquela noite. Hoje vamos ver se o menino consegue sair vivo. Será sua prova de fogo. Não preciso dizer que estava com os dois pés atrás com o Leo. Apesar de todo o seu potencial, ombros largos, estrutura óssea boa, tinha até um certo volume muscular, eu não conseguia perceber os “Olhos de Tigre” , aquele semblante de vencedor…

As Oito em ponto comecei a me preparar para o treino, fiz um copão de café (sim, eram oito horas da noite, mas tomei 200 ml de café) vesti a roupa de treino, uma calça e uma camiseta, com um moletom por cima. Quando sai na porta de casa pude finalmente perceber como estava frio. Era uma noite de inverno em São Carlos. No inverno, as noites geralmente são muito frias aqui na cidade, os fortes e intensos ventos dão a sensação de que está muito mais frio. Enquanto dirigia eu pensava: “Será que esse menino vai mesmo sair de casa nesse frio para ir treinar?” Momentos depois eu já começava a me sentir mal por duvidar tanto do garoto. Talvez eu estivesse enganado e ele se sairá bem.

Cheguei na academia as oito e vinte e cinco, não havia uma bendita vaga perto da porta. Fui obrigado a estacionar o carro meio longe. Entrei na academia e percebi que o Leo não estava lá ainda. Fui para a esteira e comecei a caminhar devagar, para garantir um bom aquecimento. Oito e meia, oito e trinta e cinco e nada. Continuei caminhando. Instantes depois o dono da academia, Ricardo Leha ( lê-se Lerrá), se aproxima perguntando se o rapaz viria treinar comigo. Afirmei com a cabeça, já estava ficando mal humorado com o atraso de Leo. “Miguel, você assustou o menino ontem. Acho que ele não vem. Além de tudo ele na parecia ter os três ‘D’s – Dedicação, Disciplina e Determinação. E você sabe que isso é essencial para um atleta de sucesso.” Como quase sempre, o Ricardo tinha opiniões e impressões sobre os fatos e pessoas.

Oito e quarenta e dois vi que o nosso futuro herói chegava na academia. Estava bem frio naquela noite, mas parecia que ele estava chegando do Pólo Norte – vestia uma calça, uma enorme jaqueta, cachecol (cachecol? Eu não acredito que ele fez isso!) e um gorrinho de lã. “Desculpe a demora” Balbuciou meio tímido. ” Não estava achando meu gorrinho”. O que? “Você vai treinar ou desfilar? Tá louco? Estou esperando aqui há um tempão!” Já estava bem nervoso nessa altura da história.

“Bem, vamos treinar, me deixe pegar meu cinto e minhas joelheiras. Mudei de idéia, pensei bem e achei que não seria mesmo bom você treinar costas por dois dias seguidos. Vamos treinar pernas hoje e costas amanhã.”

“Puxa vida Miguel, costas amanhã? Amanhã é dia de descanso.” Esse ainda não havia percebido que era eu quem ia montar e comandar os treinos. “Amanhã é dia de costas e ponto final. Fica frio que tudo vai dar certo.”

Eu estava inspirado naquela noite, como disse antes tudo parecia conspirar para um grande treino de pernas. Começamos fazendo uma super série de agachamento livre na barra e extensões de joelho na mesa romana. O esquema era esse, fazíamos 20 repetições no agachamento e sem descanso íamos fazer mais 20 repetições na mesa extensora. Sem dúvida era uma série extremamente difícil e desgastante. Fiz as primeiras vinte reps com 80 kgs no agachamento e vinte reps na mesa romana.

Na hora em que o Leo foi fazer, percebi que ele não era adepto do agachamento. Ele não tinha técnica nenhuma, descia pouco, jogava o tronco muito para frente. Pedi que ele descesse bem mais e percebi que ele estava muito inseguro. “Deixa de ser Viado e desce Rapaz! Confie na ajuda! Vamos!” Me posicionei atrás do Leo para uma eventual ajuda e novamente percebi que ele estava desconfortável, tanto com o exercício, como comigo atrás dele. Ele não é acostumado a fazer este exercício, então as técnicas corretas de auxilio são novidade para ele. Acabadas as vinte repetições, lá vai o Leo para a mesa extensora. No agachamento ele usou apenas 30 míseros quilos, e nem desceu tanto assim. Tudo bem vai, foi um bom começo. Na mesa romana ele conseguiu usar a mesma carga que eu.

Na última série do meu pupilo, achei que ele não faria nem dez repetições. Deixei isso bem claro para ele: “É Leo, você foi bem até agora, mas duvido que você faça dez nessa série, você vai desmaiar meu amigo.” Mas ele me surpreendeu, fez as vinte, berrando, ficando vermelho, parecia que ia explodir. Foi para a mesa romana e fez incríveis 35 repetições. Parecia que de alguma forma, meu comentário desencorajador mexeu com o psicológico dele e despertou um monstro.

Continuamos o treino com avanço andando agora. Este é um exercício antigo, esquecido, que foi colocado à tona alguns anos atrás por Ronnie Coleman. Agora sabemos que a maioria dos atletas na Metroflex Gym, no Texas, faziam tal exercício. Hoje todo cara que treina sério e procura boas pernas faz este exercício. Não preciso dizer que nosso futuro herói nunca havia feito isso também. “Como eram seus treinos de pernas Leo? – Subia as escadas do Habib´s?” Perguntei já desesperado. ” Quase isso, na verdade tenho uma genética boa de pernas, pedalo um pouco aos fins de semana. Se fizer muita perna elas crescem demais.” Já querendo jogar um halter de 30 kgs na cabeça dele me recompus e tentei abrir aquela mente. “Leo, mesmo que você ache isso, é preciso treinar pernas para deixar a musculatura mais densa, para fazer cortes profundos entre os músculos, enfim dar qualidade ao músculo.” Vamos continuar este treino!

Por mais que ele estivesse todo desajeitado fazendo o exercício, parecia que estava se esforçando. Ainda falta muito para o Leo. É preciso dominar a técnica perfeita de execução dos exercícios para se conseguir extrair os maiores resultados. No avanço andando ele parava no meio da série, não descia tanto, se desequilibrava a todo momento. “Miguel! Porque não treinamos como todo mundo? Fazendo leg-press, mesa extensora e flexora?” Tentava falar o Leo, quase engasgando pela respiração acelerada e a falta de ar. “Você pro acaso quer ter o mesmo físico que todo mundo? Ou quer ser melhor? Você pretende ir a um campeonato, certo? Então meu amigo, você terá que fazer coisas que ninguém mais faz. Você está disposto a isso? Já estou começando a achar que não.” Fiquei um pouco preocupado, pois não queria magoar o menino. Apesar de tudo eu estava começando a gostar dele. Parecia um bom menino.

Seguindo o treino fomos fechar a noite com uma super série de mesa flexora e stiff. Era clara a expressão de desânimo no rosto de Leo quando citei os próximos exercícios. Fui preparar a mesa flexora e separar os halteres que usaríamos no stiff. Quando voltei vi o Leo sentado na cadeira abdutora. ” Vamos Leo, venha começar a série.” Imediatamente ele respondeu: ” Não vou Miguel, stiff ferra minhas costas. Além do mais já percebi que não vou conseguir mesmo. Já percebi que não tenho a força de vontade necessária, nem a genética para me tornar um culturista.” Aquele discurso foi como um balde de água fria na minha cabeça. Será que eu estava mesmo certo? Será que todos aqueles pensamentos na noite anterior eram uma premonição?

Terminei meu treino, ele terminou o dele fazendo três séries de cadeira abdutora. Claro que havia alguns amigos nossos da academia acompanhando o nosso treino. Em poucos minutos os caras já estavam falando e brincando: Se vai treinar pesado, treine! Ou senão você pode ir fazer cadeira abdutora! Risos eram ouvidos após a piada ser repetida várias vezes. Aquilo me deixou chateado, eu acreditava tanto naquele menino. Não era possível que ele iria me desapontar. Precisa elevar o moral dele e dar um animo extra para o Leo.

Usei as palavras do sábio Ricardo, o dono da academia. “Leo, não é por que as coisas foram difíceis hoje que você deve desistir. Não é fácil ser um culturista e você sabia disso. Por isso me chamou para ajudá-lo. Uma vez um amigo me disse que para ter sucesso na academia e nos palcos são necessários três ‘D’s – Dedicação, Determinação e Disciplina. Não desista agora. Apesar de tudo você foi bem. Percebi que você pode ter sucesso, basta acreditar em si mesmo.” Te vejo amanhã para treinar costas.

“Não vamos mais treinar juntos Miguel. Sério, vi que nunca vou ser capaz de ficar tão seco a ponto se subir em um palco. Não sei se vou conseguir parar de tomar os milk shakes de Ovomaltine do Bob´s. Também já que nem as veias no antebraço vão aparecer. Mas obrigado mesmo assim.” A tristeza na voz de Leo era aparente. Mas nem tudo estava perdido.

“Vamos fazer assim Leo, te garanto que você terá veias nos seus braços em três meses. Além disso eu já havia deixado claro para você ontem que não queria mais um menino que fosse fugir depois do primeiro treino. Finge que é Homem e venha treinar amanhã as sete da manhã.” Em um instante a expressão no rosto do Leo mudou completamente. “Você acha que sou um moleque? Não sou não. Mas sei que ao conseguir.” Vi que a situação era extrema e precisava pegar fundo no brio desse cara. “Quer apostar que você terá veias nesses braços brancos em três meses?” Mais uma vez a expressão no rosto dele mudou. Ele estava espantado. “Leo, nós vamos treinar juntos três meses, você vai fazer exatamente o que eu disser, vai comer exatamente o que mandar, ok? Se suas veias no antebraço não aparentes, você será meu treinador e eu farei o que você quiser por um mês. Topa?”

Leo estendeu a mão fazendo um sinal positivo com a cabeça. Demos as mãos selando o negócio. O Ricardo estava ao nosso lado e era testemunha do acordo. Estava feita a aposta.

Editado por vicbelletti
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Creditos - por Miguel Chain

Episódio III – O Primeiro Treino de Verdade

Mais tarde naquele dia, depois de fazer a aposta, fiquei pensando se havia feito um bom negócio. Valia mesmo a pena ajudar tanto assim aquele menino? Por mais que eu tentasse me desligar daquilo, aqueles pensamentos sempre me voltavam a minha cabeça. Esse Leo não parece gostar tanto assim de musculação. Ele também não parecia ter a tenacidade e dedicação necessários para enfrentar os rigores de treinos árduos e dieta mais que espartana. Logo depois eu tentava me iludir e me convencer de que o menino se superaria e o mais importante: Superaria as minhas expectativas. Ele tinha cacife para isso, ele tinha todas as ferramentas necessárias. Seria ele destinado ao sucesso? Seria eu a pessoa capaz de fazer com que o Leo atingisse todo seu potencial? Não sei…

Nosso segundo treino seria na próxima manhã. Eu nem sabia se o leo acordava cedo ou não. As Dez em ponto eu estava na academia. Para minha surpresa ele estava lá a minha espera, sentado lendo uma Boa Forma.

“Vamos treinar!” falei alto para ver o estado de alerta do rapaz. Ele quase pulou do banco onde estava sentado. O susto foi grande.

Já refeito do susto, Leo levanta-se e vem me cumprimentar. Percebi que ele estava andando de uma maneira meio estranha. “O que foi Leo? Você está com dor nas pernas?” Disse sorrindo. “Vai pro Inferno Miguel! Minhas pernas estão me matando, não consigo nem me sentar!” Nesse instante Leo se vira e ruma para a esteira. Suas pernas não se dobravam ao andar, parecia que ele andava tentando mantê-las separadas uma da outra. Parecia que estava assado.

O Agachamento pode ser um exercício ótimo para desenvolver as pernas, mas os resultados no outro dia, ou no próximo são devastadoras para aqueles que ainda não estão muito acostumados a fazê-lo. Invariavelmente vejo pessoas realizando o exercício com uma forma incorreta, o que pode ser mortal mais adiante, quando a pessoa fica mais forte e começa a utilizar cargas mais altas.

Enquanto nosso futuro Herói se aquecia e soltava as pernas na esteira, eu conversava com o Ricardo, dono da academia e testemunha da aposta. “É Chain, você não acha que essa aposta foi um pouco demais? De qualquer forma você perde. O cara quer sua ajuda e você, além de ajudar de graça vai ter que fazer aposta para motiva-lo? Será que isso vale a pena?” Aquela mesma pergunta voltava à tona – Será que vale tanto esforço para ajudar esse menino? – Sempre confiei muito na intuição do Ricardo, até aquele dia ele nunca havia se enganado sobre o possível desempenho de uma pessoa dentro da academia. Mas só até aquele dia, pois o Leo iria mostrar para todos que podia fazer o impossível. Pelo menos era isso que eu esperava.

Fiquei extremamente decepcionado com o fato do Leo ter abandonado o treino no dia anterior. Ele poderia ter feito tudo menos deixar o treino e ir fazer o que bem entendia. Hoje as coisas deveriam ser diferentes e eu precisava mostrar para ele quem realmente mandava. Era dia de costas e eu pretendia mostrar mais um dos exercícios básicos da musculação que pouca gente fazia – A Barra Fixa – com tantas máquinas sofisticadas hoje em dia e tanta facilidade na hora de fazer as puxadas no dia de costas, a barra fixa se tornou uma coisa esquecida em algumas academias. Não digo que se tornaram inúteis, pois muita gente se pendura nelas para se alongar, mas quase ninguém a usa para puxar o próprio corpo para cima e treinar os dorsais.

“Está preparado agora? As pernas melhoraram?” Como se eu não soubesse a resposta… “Não Miguel. As dores passaram um pouco, só está um pouco complicado para andar mas vamos para o treino!”

Desta vez ele não ia me escapar, era preciso estabelecer algumas regras e deixar bem claro que o não cumprimento delas acarretaria sérias conseqüências. “leo, você já fez barra fixa alguma vez na sua vida? Alguma vez você já puxou esses noventa e tantos quilos para cima?” A resposta veio rapidamente e não soou muito confiante. ” Nunca fiz Miguel, mas hoje prometo que farei o que você me pedir ou mandar.” Algo me dizia que eu não poderia confiar muito naquela promessa mas resolvi arriscar. “Hoje você vai fazer barra fixa. Sei que você é meio pesado e que talvez não vá conseguir fazer o número esperado de repetições por série. Então vou te dar uma colher de chá, faça quantas repetições for possível e depois descanse um pouco para fazer a próxima série, ok?” O pupilo prontamente respondeu- “Sim Senhor! Serão três ou quatro séries?” Coitado, nem sabia o que viria pela frente. ” Leo, serão 120 repetições. A idéia era fazer 12 séries de dez, mas como eu sabia que você não iria agüentar isso hoje, resolvi deixar que você faça as 120 repetições da forma que quiser. Podem ser 20 séries de seis ou cento e vinte séries de uma repetição, não importa. Só quero que faça as cento e vinte.” O desconsolo e o desespero se tornaram evidentes no rosto de nosso futuro herói e por um momento a imagem dele fugindo correndo pela academia e pulando a catraca da portaria me veio á cabeça.

No momento seguinte vi um semblante de resignação, de determinação no rosto de Leo. Era a sua segunda personalidade aparecendo, talvez Leo fosse um daqueles caras que se torna outra pessoa em situações de stress extremo. Ele se pendurou na barra, amarrou os straps e fez oito repetições com algum esforço. Assim que ele desceu ele ,e olhou e disse- “Meu, só faltam 112!! É sério que vou ter que fazer tudo isso?” A minha resposta foi como um tapa na cara de Leo – “Sobe na barra e faz mais uma série. Rápido!”

Nessa hora fui até a portaria e pedi ao secretário que me emprestasse o rolo de silver tape . Corri até a barra fixa e o Leo ainda estava se preparando para começar a segunda série. Sem que ele percebesse eu passei a silver tape em torno de seu punho pregando seu punho na barra. Ele me olhou torto e assustado perguntando: ” O que é isso? Você vai me amarrar?” – Tarde demais já estava amarrado. Passei a fita adesiva em volta de seus pulsos e amarrei na barra prendendo suas mãos. Nosso futuro Herói estava preso à barra fixa. Agora com certeza ele faria o treino completo.

“O Senhor só sai daí quando fizer as cento e vinte repetições. Eu espero, fica tranqüilo.” A segunda série foi feita e mais oito repetições adicionadas à contagem geral. Agora tínhamos 16 e faltavam cento e quatro repetições. O dono da academia, Ricardo chega por lá e vê a cena inusitada. A cara de perplexidade dele era indescritível. Ele chegou perto de mim com a mão cobrindo a boca. Pensei que ele iria me pedir para soltar o menino mas ele me deu um tapinha nas costas dizendo: “Nossa, como eu nunca pensei nisso antes?”

O Ricardo gostava de fazer umas torturas de vez em quando, já vi ele algemando uma aluna na esteira. De brincadeira, claro, mas ela teve que fazer o tempo necessário para ser solta. Enquanto olhávamos para o leo pendurado, parecendo uma mortadela na padaria, o Ricardo me cutucou e disse- ” Ah, espera aí que vou te trazer uma coisinha que vai ajudar a motivar o menino.” Ele saiu correndo, entrou no carro e saiu.

“Vamos fazer a próxima série Leo?” O rapaz começou a terceira série, já estava vermelho antes de começar, só o fato dele ficar pendurado dificultava a sua respiração e isso talvez fosse atrapalhar um pouco. Mais sete repetições foram feitas. Ele estava indo muito bem. “Miguel! Pelo Amor de Deus me solta daqui! Eu vou morrer! Eu não agüento mais fazer uma repetição!” Por um momento fiquei comovido, mas logo isso passou. Deixei ele descansar mais uns segundos e ordenei que a quarta série fosse iniciada. Ele não conseguiu fazer nenhuma.

Eu ia começar a soltar a fita adesiva quando o Ricardo chega correndo e gritando. “Não solta o Touro não! Cheguei com a motivação extra!” Seria um shake milagroso? Um Cd com Psy indiano que iria hipnotizar nosso pupilo e faze-lo treinar? Não! Era um teaser, aquelas maquininhas que os policias usam para dar choques nos bandidos e paralisá-los. Provavelmente era uma com menor voltagem. Ele se aproximou de nós e começou a apertar o botão fazendo com que a corrente elétrica percorresse os terminais e fizesse aquele barulho inconfundível.

“Leo, você vai continuar o treino e fazer as 97 repetições restantes ou quer uma energia extra?” Ricardo proferiu a frase enquanto apertava o gatilho e mostrava o aparelinho de choques funcionando. Imediatamente os olhos de Leo se arregalaram e ele fez doze repetições. “Doze? Seu Sem-Vergonha! Ricardo, me empresta isso por favor!” Fiquei cego de raiva pro ele ter feito doze repetições quando havia dito que não consegui nenhuma e tive que ser segurado para não dar um choque nele.

Depois de uma hora e vinte minutos e a bateria inteira da maquininha de choques ter sido descarregada, Leo termina o treino. Ele estava realmente exaurido, acabado. Avisei que estava tudo terminado e que era hora de tomar o shake pós treino e providenciar algo para comer.

Fui guardar minhas coisas na mala de treino e vi o Leo se dirigindo para a recepção. Ele pedira o telefone emprestado. Arrumei minhas coisas e fui em direção da recepção também. Chegando perto do Leo não tive como não escutar a conversa que ele tinha ao telefone- “Alô Mãe? É o Leo. Eu acabei o treino e estou indo almoçar, a Senhora podia fazer aquela sopinha de legumes pra mim?” Sopinha de legumes? Será que eu estava ouvindo direito? Será que todos esses anos de treino pesado começaram a afetar minha audição? “É Mãe, aquela sopinha com batata, cenoura,… Ahhhhhh!!!!” Não, a minha audição não estava me traindo e assim que ele começou aquela frase eu mandei um tapão na cabeça dele. Desliga esse telefone meu amigo. Você vai almoçar comigo hoje. Vamos aproveitar a falar um pouco sobre nutrição.

Postado

Creditos - por Miguel Chain

Episódio IV – O Mundo Encantado

Logo após o treino de costas, pegamos nossas coisas e fomos almoçar. O Leo transpira muito. Talvez isso aconteça devido à enorme quantidade de pelos em seu corpo. Eu ainda vou convencer esse menino a se depilar. Como ele estava todo suado, insisti para que tomasse um banho antes de irmos ao restaurante.

A caminho do restaurante disse ao Leo que estávamos indo a um lugar onde seriamos muito bem tratados – O Restaurante do Teles. O restaurante do Teles ficava perto da rodoviária e servia uma ótima comida. Chegando lá fui direto até a chapa onde eram preparadas as carnes e estendi meus braços a frente sinalizando um número 6 com os dedos das mãos. Seis era o número de filés de frango que o nosso amigo Teles iria preparar. Sempre gostei de lá porque o Teles também treina pesado e sabe da importância de se ingerir boa proteína sem muita gordura. Dessa forma, ele sempre limpava a chapa, removendo todo o óleo para preparar nosso frango. Pedi seis filés pois já sabia que cada um pesava entre 80 e 100 gramas, totalizando mais ou menos 250 gramas de frango para cada um da dupla.

-”Miguel, você pediu quase trezentos gramas de frango, está pegando arroz e salada. Nós acabamos de tomar nosso shake pós-treino!” Leo já estava ficando assustado com a quantidade de comida. ” Mas Leo, olha no relógio. Já faz meia hora que tomamos o shake. Lembra que você tomou o shake, foi tomar banho, se trocou, só depois viemos para cá? Fica frio que a essa altura a whey já está nos seus dorsais trabalhando duro para te deixar mais forte.” Espero tê-lo convencido.

Já sentados, frente a frente com nossos pratos, o Leo ainda me olhava e tentava me convencer de que aquilo era muita comida e que ele não seria capaz de comer tudo pois ainda estava cheio do shake. Insisti para que ele parasse de ser negativo. “Se você olhar para esse prato e ficar dizendo que não é capaz de comer, você nunca vai comer mesmo. Não podemos ser tão negativos e inseguros Leo.” A insegurança e as barreiras psicológicas podem atrapalhar muito nossos planos na academia. É muito comum as pessoas olharem para alguém que treina sério na academia e dizerem que nunca seriam capazes de fazer o que o tal cara está fazendo. “É melhor você comer tudo logo e ir se preparando, pois você é quem vai pagar a conta.” Depois de ajudar tanto esse menino, claro que era justo que ele me pagasse um almoço pelo menos.

Enquanto comíamos, comecei a fazer algumas perguntas acerca dos hábitos alimentares de nosso pupilo. Só confirmei o que eu desconfiava. Os hábitos do cara eram péssimos. Na verdade não era culpa dele. A sociedade de hoje prioriza muito pouco a boa alimentação. Como os salários estão cada vez menores, o tempo trabalhado aumenta cada vez mais. Com isso o tempo para se cozinhar boa comida e até mesmo de comer calmamente não existe mais. Muitos pais e mães são forçados a comerem de forma errada e educarem seus filhos dessa maneira. Comer fora, fazer apenas um “lanche” no jantar, ingerir comidas gordurosas se tornaram parte de vida de milhares e milhares de pessoas pelo mundo afora. E o Leo estava no meio de tudo isso.

“Leo, me conta como é sua dieta. Você come muito?” Vamos ver como esse camarada se alimenta. “Olha Miguel, eu como “pra caramba”. No café eu tomo um copo de leite com aveia. No meio da manhã confesso que negligencio um pouco. No almoço eu faço um pratão, como bem. A tarde tomo meu shake de whey depois do treino e a noite eu janto.” Eu já suspeitava que seria assim.

“Leo, não dá para negligenciarmos nenhuma refeição. Não podemos deixar nossa dieta assim. Devemos nos alimentar e manipular nossa dieta de forma precisa.” Nessa conversa expliquei ao nosso herói a importância dos nutrientes. “Vamos começar pelo começo. Proteína. Proteína é o nutriente mais importante para quem quer aumentar o volume muscular e perder gordura. Cada tipo de proteína é formada por uma combinação especifica de aminoácidos. Somente as proteínas animais como carne, frango, peixe e ovos contém todos os aminoácidos essências para a manutenção da massa muscular. Existem os aminoácidos que não podem ser produzidos pelo nosso organismo, são os aminoácidos essenciais. Para consegui-los, devemos ingerir proteínas de fontes animais. As proteínas são classificadas de acordo com algumas características como absorção pelo organismo, digestibilidade, quantidade e variedade de aminoácidos presentes. A essa classificação dá-se o nome de valor biológico. Uma pessoa que treina com pesos e quer ter aumento na massa muscular ou quer perder gordura sem perder músculos deveria ingerir pelo menos 2 gramas de proteína por quilo de peso corporal.”

“Nossa! Tudo isso? Por isso que a gente comeu tanto frango assim hoje no almoço?” Nosso amigo está abrindo os olhos!

“A gordura também é importante. Com alguns ácidos graxos formamos as membranas das células, produzimos hormônios entre outras coisas. Precisamos monitorar com cuidado a ingestão de gorduras, principalmente as hidrogenadas e as saturadas. Existem alguns ácidos graxos que nosso corpo não consegue sintetizar, eles são os ácidos graxos essenciais – ômega-3, ômega-6 , ômega-9. É importante ingerir alimentos ricos nessas substancias como azeite de oliva, óleo de linhaça, castanhas, salmão etc.”

Quanto mais eu falava, mais o Leo comia. Ele estava ficando realmente animado com a história e parecia bem interessado em saber mais. “Miguel, e os carboidratos?”

“Temos que tomar cuidado com os carboidratos, eles podem ser os mocinhos ou os vilões. Se comermos demais, engordamos, se não comermos o suficiente, vamos perder massa muscular. Existem os carboidratos simples, que digeridos e absorvidos rapidamente, liberando muitíssima insulina no sangue e provavelmente trazendo problemas. A única hora boa de se ingerir os carboidratos simples é pela manhã, ao acordar e depois do treino. Essas são duas horas do dia onde nosso corpo está sem reservas de energia e precisa se recuperar. Existem também os carboidratos complexos, que demoram mais tempo para serem digeridos e absorvidos. Preferimos estes pois são contribuem mais para nossos objetivos. Bons exemplos são arroz integral, aveia e batata-doce.”

O Leo ficou de boca aberta em saber que existiam tantos detalhes para se prestar a atenção na dieta. Sugeri a ele que comesse bastante carboidratos complexos e muita proteína durante o dia.

“Miguel, não agüento mais comer. Já estou cheio e o prato ainda não está vazio.” Enquanto isso, Teles olhava com um ar de desapontamento para a situação. “Leo, se você quiser crescer, ficar com menos gordura, com as veias nos braços, terá que comer muito. Terá que comer além do limite da fome. Come até ficar cheio, depois disso come um pouco mais. Se você não forçar a barra um pouquinho, dificilmente atingirá seus objetivos. Faz uma forcinha aí e come até o final.” Mal sabia o Leo que nessa fase de ganho de músculos, ele teria que forçar a comida para dentro mesmo sem fome. E que na fase de perda de gordura, ele iria passar por maus bocados, comendo bem menos comida e passando mais fome.

Terminamos de comer, o Leo pagou a conta para o Teles e fomos embora. Dei uma carona para meu pupilo até sua casa. A mãe dele já o esperava no portão, meio preocupada. Eu podia ver nos olhos dela que ele não gostava de mim. Ela achava que eu estava transformando o filho dela em um monstro, uma aberração. Quero só ver quando o Leo chegar em casa todo depilado. A mulher vai cair dura com certeza.

Três horas depois do almoço, Leo prepara mais uma refeição, assim como eu tinha ordenado. Eles fez frango e batata-doce. Leo comeu, comeu , comeu. Seguiu à risca tudo o que eu tinha falado. Mas ele começou a passar mal, ter dores no estomago. Logo Leo dormiu…

Leo acordou em um lugar estranho, muito estranho. Tinha música alta, muito alta. Era Iron Maiden. O ambiente era meio escuro, as paredes vermelhas. Havia arame farpado do chão até o teto. Leo percebeu que estava em uma academia, mas era uma academia bem diferente. Logo percebeu que não havia ninguém com menos de 53 cm de braço por lá. Não haviam anilhas de 1 , 2 ou 4 quilos. Os instrutores seguravam um chicote com laminas de barbear na ponta. “Eu acho que estou sonhando. Esse lugar não existe.” Mas Leo não tinha certeza de mais nada.

Em poucos minutos Leo percebe que muitos olhavam para ele e começavam a gargalhar, outros penas o observavam com um semblante de pena. Ele começou a se sentir mal, muito mal e foi se olhar no espelho. “Meu Deus! Isso Não É Possível! Isso não está acontecendo!” Leo finalmente descobrira no que havia se transformado.

Claro que ele estava em um universo paralelo, uma outra dimensão da maromba. Onde todos os seus piores medos se concretizavam. Leo viu que havia se transformado em um Milk-Shake gigante. Seu corpo era agora um enorme copo de milk-shake, só lhe restava a cabeça. Os braços e pernas estavam fininhos. Nem parecia que iriam agüentar todos os seus 120 litros. Leo ainda se refazia do susto quando ouvi um choro. Ele olha para o lado e vê o Waldemar Guimarães chorando como uma menininha depois de uma série de leg-press.

Uma voz surge logo atrás de nosso herói. “Não se aflija meu amigo. Tudo ficará bem. Siga o que dizemos e tudo voltará ao normal.” Leo olhava para trás e não acreditava no que seus olhos viam. Era uma seringa com pernas e um pote de suplementos ambulante.

“Quem são vocês?” Perguntava nosso pupilo com a voz trêmula. A seringa respondeu. ” Meu nome é Sr. Wiston. E esse é meu sócio Conde A. Pak. Somos os donos dessa academia.” Leo ainda incrédulo teve que fazer mais uma pergunta. “Aquele ali no canto chorando de medo é o Waldemar Guimarães?” O Sr. Wiston respondeu todo orgulhoso. “Sim! Nossa academia é tão hardcore que até o Waldemar chora aqui.”

O Waldemar era um ídolo para o Leo e também para muitos em nosso país. Nosso herói estava chocado e decepcionado em vê-lo chorando de medo. “Eu, Sr Wiston e o meu sócio Conde A. Pak vamos transformar você em mais um dos nossos. Você só terá que levar uma picadinhas e tomar um saquinho com 11 comprimidos todo dia.” Seria esse o fim de Leo? Nosso herói iria se entregar às garras do mal e começar a servir a horda de Sr Wiston e Conde A. Pak? Terminaria aqui a saga do meu pupilo?

De repente uma gritaria ecoava pela sala da academia. “Eu vou enfiar esse chicote no seu Rabo! Come here AssHole!” Dois instrutores passaram correndo em direção a porta. Atrás deles estava Waldemar Guimarães com o chicote em punho. Ele havia se rebelado e estava quebrando toda a academia. Leo ficou todo orgulhoso. Enfim seu ídolo não havia se entregado e estava lutando, estabelecendo mais uma vez um foco de resistência. Nosso pupilo nem pensou duas vezes. Seguiu o homem e …

“Leo! Leo! Leo! Acorda! Você está bem?” Após comer tanto frango e batata-doce, Leo passou mal e desmaiou. A Mãe dele, que já me odiava e agora me odeia ainda mais, me ligou desesperada. Cheguei na casa dele e conseguimos fazer com que ele recobrasse os sentidos. “Você está louco? Precisava comer meio quilo de batata e 800 gramas de frango? Claro que ia passar mal! Agora anda, lava o rosto e vem comigo. Vamos comprar os ingressos para ver a palestra do Mr Olympia que vem ao Brasil na semana que vem. Leo levantou-se, foi no espelho dar uma olhada. Agora sim. Ele viu que ainda tinha seu velho e bom corpo. Milk-Shake nunca mais…

Postado

"Chegando perto do Leo não tive como não escutar a conversa que ele tinha ao telefone- “Alô Mãe? É o Leo. Eu acabei o treino e estou indo almoçar, a Senhora podia fazer aquela sopinha de legumes pra mim?” Sopinha de legumes? Será que eu estava ouvindo direito? Será que todos esses anos de treino pesado começaram a afetar minha audição? “É Mãe, aquela sopinha com batata, cenoura,… Ahhhhhh!!!!” Não, a minha audição não estava me traindo e assim que ele começou aquela frase eu mandei um tapão na cabeça dele"

DHAUSHDUASHDUASHDUHA Sopinha de legumes foi foda hduahduahudah, posta a continuação ae Victor =)

Postado

eu n resisti,entrei no site q o cara ali posto,e to lendo todos os capitulos OAIEHO

é só mudar os numeros romanos do link, q vai pro proximo capitulo,por exemplo : https://www.diariodoculturismo.com.br/home/artigos/como-se-tornar-um-culturista-episodio-viii/

esse é o capitulo 8. VIII = 8 em numeros romanos

qndo eu quiser ver o nove,é só eu troca por 9 em numeros romanos ali, que seria : IX

:D

muito bom mesmo cara,to me vendo em algumas partes aqui. :P

Postado

Posta logo tudo aí, foi bobeira não ter postado logo tudo em um post.

Tá legal e engraçado demais. hahahá

Eis o Leo

TETUDO01.jpg

Postado

Acabaram com o sentido do topico, de esperar ansioso o proximo capitulo

hehe falou tudo, era esse o intuito....

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Creditos - por Miguel Chain

Episódio V – A Viagem

“Miguel, você REALMENTE acha que vale a pena pagar para ver a palestra do Mr Olympia?” O Leo sempre usava a palavra “realmente” com uma entonação mais forte quando queria mostrar que discordava ou não estava totalmente certo sobre uma opinião minha. Ele estava com dó de gastar todo aquele dinheiro na viagem e nos convites.

“Como vamos fazer? São duas horas de viagem para ir e mais duas para voltar? Como vou manter a dieta assim? Não tem como!” Esse jeito meio desesperado do Leo ainda me causava certa irritação. Mas eu tinha prometido que iria ajudá-lo e ensina-lo a como ser um culturista. “Não se preocupe com isso menino. Precisamos agora ir ao banco fazer o depósito para pegar os convites.” Era começo de mês, ainda por cima uma Segunda-Feira, o depósito deveria ser feito no Banco do Brasil ou no Bradesco. Não havia lugar pior para se pegar uma enorme fila do que estes dois bancos. Claro que o Aprendiz ficou na fila enquanto eu esperava no carro, sob a sombra das árvores. Fizemos o depósito e fomos embora. Na volta passamos no restaurante do Teles para almoçar. O Leo já começava a ficar entusiasmado com a idéia de seu primeiro grande evento no meio do culturismo. Ele só tinha ido a um pequeno campeonato do interior. Nunca participou de uma coisa tão grande quanto á que estávamos prestes a ir.

“Teles, sabe para onde iremos no próximo final de semana? Vamos assistir a palestra do Mr Olympia.” Teles, o filho do dono do restaurante, era um menino novo, assim como o Leo. O engraçado era que Teles treinava há menos tempo e tinha uma dieta pior que a de Leo. Mas de alguma forma o seu físico era superior ao do meu pupilo tanto em volume quanto em qualidade. Eu percebia que esse fato incomodava muito o nosso herói e que por isso ele não ia muito com a cara do Teles.

O Teles ficou surpreso com a noticia e perguntou se havia lugar para ele ir também. “Claro Teles, você só precisa fazer o depósito do valor do convite e ligar para este número para confirmar seu lugar.” Na mesma hora o Leo me fuzilou com o olhar. Pude ler em seus olhos –“Por que você tinha que deixar esse cara vir junto?”

Já haviam se passado algumas semanas, o progresso de Leo era aparente. Todos percebiam e o elogiavam na academia e fora dela. A auto-estima dele estava nas alturas mas parecia que seu ego também estava se exacerbando. Eu estava feliz por estar conseguindo realizar tamanha mudança em seu físico, mas estava preocupado pois não sabia como sua cabeça estava reagindo a tudo isso. Não são raros os casos nos quais a criatura se volta contra o criador. Como sempre, esse cara me intrigava e me deixava sem saber o que pensar.

Na Quarta-Feira antes do evento, que seria no Sábado, recebi a ligação de um velho amigo e parceiro de treinos, o Thiago Lus. Acho muito interessante o estudo da etimologia das palavras. Gosto de saber de onde vieram as palavras. Quando se trata de nomes, o interesse é ainda maior. Sei que o sobrenome do dono da academia, Leha, é de origem francesa, mas provavelmente se originou na Bélgica. O meu próprio nome é bem interessante, Chain vem de Khain ou Cain, em hebreu quer dizer Lança, em árabe quer dizer ferreiro. Disse tudo isso, pois queria chegar ao ponto de dizer que o nome do Thiago – “Lus” era totalmente desconhecido para mim. Para nossa chateação, nem ele próprio sabia nos dizer.

Continuando a história de meu amigo Thiago, nós treinamos juntos por muito tempo em São Carlos. Thiago era um obcecado por se tornar o mais gigante possível. Todos os treinos com ele eram uma luta, pois ele era determinado e exigia muito de mim. Thiago queria tanto ficar grande que foi passar uma temporada em Fullerton na academia do antigo competidor e agora guru Milos Sarcev. Ele havia chegado a poucas semanas dos EUA e estava em Campinas na casa de seus pais. Ele me ligou dizendo se eu podia passar por lá e dar uma carona para ele ir na palestra do Mr Olympia. “Claro que sim! Aí aproveitamos para ver as fotos de sua viagem.” Por incrível que pareça o Thiagão só havia me mandado uma foto de seus treinos com Milos, nela ele estava fazendo Leg-press. Agora sim eu poderia ver todas elas.

Na Quarta-Feira ainda eu estava esperando o Leo para nosso treino. Quando ele chegou perguntei que dia ele iria se depilar. “Me depilar Miguel? Você está louco? Se minha mãe me vê sem pelos ela me mata!”

“Leo, ter o corpo depilado faz parte da tribo dos culturistas. Da mesma forma que quando você entra em um ônibus e vê um cara todo de preto e já imagina que ele é um metaleiro, se você encontrar um cara grandão com os braços e pernas depilados, vai saber que ele é um culturista. No meio do culturismo, é uma questão de identificação com o grupo ter o corpo sem pelos.” Diante desse fato devastador, Leo pensa como fará para tirar o pelo de seu corpo sem chamar a atenção de sua família. “Miguel, tem certeza que eu REALMENTE preciso me depilar para ir lá?” Nem respondi.

Esse problema é muito comum entre os culturistas. Depois de anos e anos na academia, tiramos os pelos do corpo para deixar mais aparente a musculatura que ganhamos com tanto custo. Quando vamos a um campeonato de musculação ou palestra ou qualquer outro evento ligado a esse mundo, percebemos que a grande maioria se depila. Assim todos podem se identificar com seu grupo. Mas infelizmente nossa cultura é extremamente machista e dita que o homem precisa ter pelos para ser macho. Ter os braços e pernas depilados é coisa de viado. Gostaria de saber por que um punhado de pelos é tão determinante para se comprovar a virilidade de um homem. Quando um jovem como o Leo decide tirar os pelos do corpo, os familiares são os primeiros a se interpor, a criar dificuldades. Depois vêm os amigos e em alguns casos as namoradas ou esposas. Leo se deparava com o primeiro e talvez mais aterrador obstáculo para um jovem que pretende entrar no mundo do culturismo – A falta de apoio da família. Ele nem tinha falado nada para os seus pais sobre a depilação, mas a sua insegurança sobre o assunto já me fazia imaginar que este seria o motivo.

A situação ficava ainda pior, pois Leo tinha muito pelo no corpo. Era claro que quando ele depilasse, a diferença seria clara e todos, mesmo os que o conhecem menos, iriam perceber. Sugeri a ele que tirasse apenas os pelos dos braços e peito/barriga naquele dia e que observasse a reação da família. Se fosse tudo bem, ele tirava os pelos das pernas no dia seguinte.

No dia seguinte Leo chega na academia para nosso treino. O inverno já havia acabado, e São Carlos passava por dias de imenso calor. Mesmo assim nosso herói chegara na academia de calça de abrigo e um moletom. “O que houve Leo? Está doente? Está louco?” Perguntei, mas já imaginava a causa das roupas. “Leo você está com vergonha da gente? Se depilou está tímido?” Lá do fundo da academia surge um grito: “Viaaado!” Era o Ricardo, dono da academia, dando sua opinião sobre as roupas do Leo. Ele achava que já que o Leo tinha se depilado, ele tinha que mostrar. Bem, os pais dele acharam super estranho, mas ainda sim discutiram pouco.

Ele nos contou que na hora do banho ele tomou coragem, pegou o barbeador, um punhado de laminas novas e foi tirar todos os pelos. Na hora que ele havia terminado, Leo olhou para baixo e viu enormes tufos de pelos entupindo o ralo do banheiro e alguns cortes e sangue pelo corpo. Agora tinha um problema a menos para me preocupar.

Leo já havia passado pelo batismo da primeira depilação, mas ainda estava preocupado com a comida. “Como vamos fazer com a comida Miguel?” Pensei um pouco. “Você tem uma bolsa térmica grande? Ótimo, prepara ela, faz sua comida, coloca tudo em potinhos plásticos e guarda lá. Ah e deixa um espacinho para eu colocar os meus potinhos também.” Eu me aproveitava do Leo sempre que podia, mas também era justo, pois eu o ajudava sempre que ele precisava. Isso não impedia que ele me olhasse feio de vez em quando.

Chegara o grande dia. Há muito tempo eu não via um IFBB pro de alto nível. Todos estávamos ansiosos. Além de poder ver o Mr Olympia, passaríamos um dia entre amigos, sem maiores preocupações, fato raro nos últimos meses. Chequei o carro, peguei os comprovantes de depósito para conseguir entrar no auditório, o mapa com o endereço. Rumei para a casa do Leo. Como sempre ele estava atrasado. Aguardei um pouco do lado de fora. Guardamos a comida no porta-malas e fomos buscar o Teles e o Ricardo. Pegamos a estrada e próxima parada era Campinas. Precisávamos pegar nosso amigo Thiago.

Depois de quase três horas de viagem chegávamos à cidade de São Paulo. Álvares de Azevedo disse em um de seus livros que São Paulo era a cidade com nome de Santo, mas quem mandava lá era o Diabo. Era mais ou menos assim, um cheiro horrível, transito infernal. Pessoalmente não gosto muito de São Paulo, mas existem milhares e milhares de pessoas que adoram. Não posso discutir com eles. Passamos pela Marginal Pinheiros e entramos em uma avenida. Nesse momento Leo nos chamou a atenção e disse: “Miguel, tem um Bob´s ali na frente. Você podia parar para eu pegar um Milk-Shake?”

Era óbvio que o vicio do Leo em Milk-Shakes do Bobs ainda não havia se dissipado. “Mas Miguel, por favor. Um só! Não tem Bobs lá em São Carlos e não é todo dia que venho a São Paulo ou Rio Preto. Tenho que aproveitar.” Preciso comentar uma coisa dessas? “Leo você tem um objetivo em mente, e se você não souber dizer não para o próximo Milk-shake ou prato de macarrão, será muito complicado chegar ao lugar que você almeja.”

Logo chegamos ao teatro. Havia muita gente lá. Todos os competidores Top do Brasil estavam presentes. Consegui lugares na primeira fileira, bem na frente do palco. Tivemos a melhor visão em todo teatro. A única coisa meio complicada era que os fotógrafos do Brasil não estavam autorizados a subir no Palco. Então eles ficavam bem na nossa frente atrapalhando nossa visão. Teve uma hora que o Ricardo não agüentou e pediu para que um deles saísse da frente. O cara disse que não, pois estava trabalhando. Ricardo, então disse ao fotografo que se não saísse, ele iria colocar um dedo na bunda dele. O fotografo olhou para nós meio assustado, mas decidiu sair da nossa frente.

Durante o intervalo fomos até uma salinha onde havia uma mesa montada vendendo souvenires do Mr Olympia. O Leo ficou impressionado com um lutador de vale-tudo que estava lá. O cara lutava o UFC, tinha 1,90 e pesava uns 100 quilos. Era fácil de notá-lo pois ele era o único vestido com uma regata camuflada e uma calça vermelha.Toda a nossa turma estava falando besteiras, fazendo piadas e Leo também queria fazer parte disso. “Pessoal, olha só! Olhem aquela menina na loja. Olha o tamanho da bunda dela! Vou lá pedir para tirar uma foto. Olhem só!” E ele se dirigiu até a menina, sem saber o que vinha pela frente. “Oi, tudo bem? Você é muito linda. Tem um belo corpo. Você treina?” A moça respondeu meio desconfortável. “Treino sim” Foi aí que o Dom Juan atacou. “Será que eu podia tirar uma foto da sua bunda?” A moça toda irritada respondeu na lata: “Pede pro meu marido. Ele é esse cara vestindo uma camiseta camuflada e calça vermelha aí do seu lado.” Oh não.

Já na hora de ir embora, dentro do carro nós comentávamos como a segunda parte da palestra havia sido muito interessante. O Leo estava emburrado lá atrás. “É, eu não consegui ver nada da segunda parte da palestra.” Claro que não. Ele foi obrigado a ficar o tempo todo no banheiro, se escondendo do lutador de vale-tudo…

Na estrada, o celular do Leo toca. Ele atende correndo. Fala baixinho com a pessoa do outro lado da linha, como se ele não quisesse que a gente ouvisse nada. “Quem era Leo?” Ele já meio vermelho respondeu com uma voz envergonhada. “Era a Mônica. Uma amiga minha.” Amiga? Sei…

Postado (editado)

n tem episódio 7 n? n consegui achar no site, ve se alguem posta ar por favor, viciei no texto....

edit: ja lí tudo, so tem o começo da 2º temporada so? :'(

Editado por ulisseslol
Postado

paciencia galera.. se eu postar tudo de uma vez nao tem graça

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Creditos - por Miguel Chain

Episódio VI – A Namorada de Leo

Semanas haviam passado desde que eu comecei a ajudar o Leo e que a aposta foi feita. A mudança em seu físico era totalmente visível a esse ponto do jogo. Leo estava um pouco maior do que era e alguns vestígios de veias brotavam em seus ante-braços. O que mais havia mudado em Leo, não era seu físico, mas sua mente. Eu consegui mostrar para ele que para obter resultados com a musculação, devemos ter a mente muito forte. Determinação, dedicação e disciplina devem ser exacerbados. Justamente o que ainda faltava no Leo. Ainda falta muita coisa para o meu pupilo se tornar um Homem, mas ele está chegando lá.

A cada semana Leo melhorava um pouco, tanto nos treinos quanto visualmente. Só agora, depois de semanas, que eu estava conseguindo desenhar os treinos dele de acordo com suas necessidades. Ele tem um defeito gravíssimo e que é muito freqüente hoje em dia. Ele não dominava nada, nenhum exercício básico. Nem Agachamento livre, nem Levantamento Terra, remada curvada. Começamos a colocar todos estes exercícios e outros bem devagar. Para se ter idéia, a forma com a qual ele executa o agachamento só está se tornando “aceitável” agora. É muito difícil criar um físico denso, com maturidade muscular, se a pessoa não treina com pesos livres e só usa máquinas. E é muito difícil ensinar um exercício desses depois que o cara já tem treinado há anos. Ele nunca quer começar do começo, com cargas mais baixas a fim de aprender o movimento com perfeita técnica.

Nas duas últimas semanas, Leo estava bem estranho. Chegava atrasado aos treinos. Bem, na verdade ele estava chegando mais atrasado do que de costume. Quando a minha intenção era chegar as 10:30 hs da manhã na academia, eu combinava dez em ponto com o Leo. Ele sempre chegava as 10:30 hs. Ultimamente ele sempre se atrasava quando o treino era pela manhã. Ele vivia cansado, em resumo, estava bem esquisitão.

A gota d`água aconteceu na útima Terça-Feira. Marcamos 9:00hs da manhã, eu cheguei as 9:30hs e ele chegou as 10:30hs!!!

“Miguel, você já começou o treino?”

“Eu já estou terminando o meu treino, comecei eram 9:40hs. Só porque você quer eu ia ficar te esperando.” Eu disse tudo isso a ele em um tom ríspido. Ele pareceu nem ligar e deu um sorrisão. Estava com cara de Bobo.

“Miguel, o que você vai fazer neste final de semana?”

“Não fala comigo agora. Estou treinando!” Estranho, o Leo não costumava fazer estas coisas, conversar durante o treino. Logo após terminar fui falar com ele, já ele ainda estava na esteira se aquecendo. ” Leo, o que está acontecendo? Você está distante, fora de órbita, chega atrasado aos treinos.”

“Vamos sair juntos no Fim de semana. Leva sua namorada. Quero te apresentar alguém. Vamos na boate.” Bem que eu estava achando esse cara bem esquisito. Ele com certeza estava se encontrando com alguma pessoa. Só nos restava saber quem era.

Como fiquei muito curioso e isso estava claramente afetando o rendimento de nosso herói nos treinos, resolvi ficar lá e conversar direitinho com ele sobre a tal moça.. Precisava saber quem era esta pessoa. Leo me confessou que estava saindo com essa “Mônica” há algumas semanas. Ele estava gostando muito dela e eles estavam se encontrando com grande freqüência. Fiquei preocupado, pois muitas vezes o maior inimigo de um culturista não é o cara gigante e fibrado de sunga de competição ao lado dele no palco, mas sim aquele mulher com com coxas grossas e que fica de calcinha ao lado dele na cama.

Eu conhecia o Leo o bastante para saber que a personalidade dele era não muito forte e que se a menina fosse já um pouco espertinha, iria fazer o que quisesse com ele. Ele me garantiu que não. Que tinha o controle total da situação. Fiquei mais tranqüilo. Pedi a ele que não se atrasasse mais nos treinos.

“Sem problemas Miguel. Vou me esforçar mais. Mas então, combinado Sabadão a noite? Vamos levar as mulheres para a Boate?” Ele era insistente. Concordei, não havia outro jeito. Além do mais eu poderia conhecer essa mocinha de perto.

No Sábado a tarde eu estava dando uma volta de carro pela cidade com a minha namorada. Estávamos na Avenida São Carlos. Existe um sinal em uma esquina e bem nessa esquina fica o McDonalds. Haviam alguns carros parados na nossa frente, esperando o sinal ficar verde. O destino as vezes nos coloca em situações dificeis. Por coincidência, ou não, fui forçado a parar o carro bem na saída do “Drive Thru” do McDonalds. Adivinhem quem eu vejo saindo de lá? Leonel e Mônica!

Quando vi que eram eles, e vi o que eles estavam comendo, desci do carro e fui até o seu carro. “Seu Animal! Ta tomando Milk-Shake de novo? Pode jogar esse copo fora agora!” Leo se assustou, pois ele nem havia me visto ainda. Só percebeu que era eu depois que um dois tapas na capô do carro. Foi uma cena grotesca, meu carro parado no meio da Avenida, fechando uma das faixas, os carros atrás todos buzinando. “Sai daí e para ali na frente. Vou te esperar lá. Ah e você deve ser a Mônica? Muito prazer!” Estendi a mão para cumprimenta-la, mas a menina estava travada com o susto. Nem se mexeu.

“Leo, desde quando você está autorizado a tomar Milk-Shake? E pelo que eu saiba o seu preferido é o do Bob´s.” O nosso herói estava paralisado pelo susto e pela situação constrangedora.

“Espere um minuto Miguel, veja bem…”

“Veja bem nada, meu amigo. Nós temos um trato, uma aposta, e você não está cumprindo. Isso está ficando fora do controle. E você não venha querendo falar alto aqui só por que sua namoradinha está perto. Você está errado e sabe disso.” Acho que nessa eu fui duro demais. Mas ele merecia. Neste momento a menina interveio.

“Você que é o Miguel, certo? O Leo tem me falado muito de você. Olha aqui, não é justo o que você faz com ele. Você o proíbe de comer doces, pipoca, pizza. A gente não pode fazer nada juntos pois sempre existe algo que o proíbe de fazer. Isso não é modo de viver.” Essa Mônica era uma baixinha, loirinha e gordinha. Ela veio com o dedo em riste e me disse tudo isso e muito mais. “Isso que vocês fazem é ruim para a saúde, o Leo está todo dia com dores por todo o corpo. Não vejo isso com bons olhos e não concordo com o que vocês fazem.” Alguém sentiu um preconceito no ar?

“Mônica, o que fazemos ou não, não é da sua conta. Se você gosta do Leo, vai ter que aceita-lo assim. Você tem todo o direito de não gostar desse esporte, mas ele também temo direito de gostar. Isso é uma escolha dele, você não deveria intervir.” Eu até que fui educado, minha vontade era pegar aquela baixinha e jogar no bueiro.

A noite fomos para a tal Boate. Chegamos lá era 1:30 da manhã. Há muito tempo eu não ia a um lugar destes. Não gosto mais de ir a boates e ficar tendo que brigar por cada centímetro quadrado de espaço com um monte de gente bêbada.

“Miguel, vou até o bar, o que você quer beber?” Respondi que queria duas Coca-Colas Zero.

Depois de uns minutos ele me aparece com o meu refrigerante, o da minha namorada e mais duas caipirinhas. “Leo, você vai tomar essa caipirinha?”

“É uma para mim e uma para a Moniquinha!” Ele se derretia quando falava dela. Era claro que a menina estava exercendo uma péssima influencia sobre o Leo. Quando se está seguindo uma dieta como ele está, tomar caipirinha é suicídio. Álcool e açúcar juntos. Agora tudo começava a se encaixar na minha cabeça. Todas aquelas vezes que ele havia se atrasado, era por que ele estava nas noitadas com ela.

Como fazia muito tempo que eu não ia a uma balada dessas, eu havia me esquecido com os jovens andam bebendo. Bebe-se muito hoje em dia. E o Leo e a Mônica não estavam muito diferentes. Eles estavam enchendo o caneco. O Leo até estava dançando. Eu nunca imaginava ver uma cena dessas.

“Três horas da manhã. Leo, vamos embora?” Eu já sonolento, perguntava ao meu pupilo. Quando disse isso minha namorada ficou feliz, ela também já não agüentava mais aquilo.

“Ah Miguel, me deixa ver com a Mônica o que ela acha.” Eu não acredito que ele vai perguntar a ela. “Miguel, nós vamos ficar mais um pouquinho, ta? Pode ir se quiser. Nos falamos amanhã.” Nos despedimos do casal e fomos para casa.

No Domingo depois do almoço liguei para o Leo e o intimei para um treino extra. Geralmente não treino e não indico que ninguém treine aos Domingos. É só uma opção psicológica. Acho que devemos ter um dia para nos desligarmos totalmente de algumas coisas de nosso cotidiano.

O telefone chamava e depois de muitos toques, meu pupilo atendeu. “Alô?” Uma voz rouca, de sono, estava do outro lado da linha. “Oi Miguel. O que você quer esta hora da manhã?”

“Já são duas e meia da tarde, meu amigo. Sai da cama, lava o rosto e vem treinar.”

“Treinar? Não posso. Estou com a maior ressaca, dor de cabeça. Não dá pra ir.”

“Vamos fazer pernas hoje! Venha logo, não me obrigue a ir te buscar.”

“Você é fod*# às vezes!” A voz ainda continuava mole e rouca. Ele ia sofrer muito hoje.

Lá na academia me sentei ao lado de meu pupilo e expliquei toda a situação. Aquela menina estava atrapalhando os planos dele. O culturismo é um estilo de vida de certa forma radical. Muitos casais têm o interesse por esse esporte em comum, treinam juntos, fazem dieta juntos. Se isso funcionar, muito bom. Muitos casais não compartilham esse estilo de vida. Às vezes o homem treina e a mulher não, outras vezes o contrário acontece. Quando temos casais assim, também pode ser bom, pois um ajuda dar um equilíbrio na vida do outro. O que nunca pode acontecer é um relacionamento com o de Leo e Mônica. Ela não respeitava nem um pouco a vida e as vontades, aspirações de nosso herói. Ela só estava interessada nela mesma e achava que todo esse lance de musculação, dieta, era uma total besteira. De um modo geral, a falta de respeito dentro um casal é uma coisa grave, mas nesse caso, a coisa fica pior ainda. Não há forma de os dois se darem bem dessa maneira.

“Miguel, toda essa historia que você me contou, eu já havia pensado nisso. Concordo plenamente com você sobre o respeito entre o casal.”

“E porque você não toma uma atitude Leo?”

“Eu já tomei. Logo após vocês irem embora ontem, eu terminei com a Moniquinha. Hoje sou um homem solteiro de novo. Vamos treinar logo? Quero ir pra casa tomar outro banho.”

“Não Leo, vamos pra casa. Tem um bom jogo de rugby na TV hoje. E além do mais, você já sofreu bastante esse fim de semana. Amanhã treinamos pela manhã.”

Postado

sao 10 capitulos essa série.. a outra tambem eram pra ser 10, mais por enquanto só tem 2...

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Creditos - por Miguel Chain

Episódio VII – A Guerra Vai Começar

Depois do incidente com a última namorada do Leo, a vida foi seguindo para mim e meu pupilo. A confiança de Leo em si mesmo aumentava a cada semana. Isso fazia com que eu confiasse muito mais no sucesso dele do antes. Mas ainda existia uma coisa que me atormentava. O excesso de confiança de Leo dava um ar de arrogância ao menino as vezes. É claro que isso é muito comum entre as pessoas, especialmente entre culturistas. É muito complicado diferenciar arrogância de auto-confiança excessiva.

Nem sempre as pessoas interpretam de maneira correta o que queremos expressar. Dois grandes exemplos no culturismo desse binômio arrogância/auto-confiança excessiva são Arnold Schwarzenegger e Gustava Badell. Vejam estes caras e reparem nas semelhanças de seus atos. Arnold veio de um país na europa oriental, começou a vencer, ele sabia que venceria e estava disposto a fazer qualquer coisa em nome do sucesso. Ele sempre deixou claro em suas declarações que ninguém ficaria entre ele e os títulos, entre ele e o sucesso. Arnold era conhecido por sacanear os adversários antes das competições, por dominar psicologicamente até mesmo seus amigos mais próximos. Arnold nunca teve pudor em dizer que manipulava Franco Columbo ( um de seus melhores amigos) , ele enganou Frank Zane ( seu melhor amigo, uma das pessoas que o ajudou desde quando ele havia chegado da Europa) durante meses na preparação para o Olympia de 80. Neste ano Zane iria defender seu título, Arnold viajou com ele até a Austrália, local onde seria realizado o Campeonato naquele ano. Na última hora, Arnold apareceu de sunga atrás do palco e surpreendeu Zane, dizendo que iria competir. Adivinhem quem ganhou? Podemos notar que o Arnold foi o símbolo da arrogância, da falta de ética, da falta de companheirismo. Mas todos sempre dizem até hoje que Arnold era um determinado, uma pessoa que lutou sempre para vencer, ele era confiante em si mesmo.

O Outro exemplo é Gustava Badell, Badell veio do Caribe, ficou anos sem ganhar nada. De repente ele começou a ganhar títulos, venceu Ronnie Coleman no tão criticado posing round. Ele dizia que sempre treinava duro e por isso já esperava que iria ganhar, era bem confiante, nunca pisou ou enganou ninguém para conseguir algo em sua carreira, no entanto ele sempre tido como um cara extremamente arrogante.

Tendo isso em mente eu não conseguia perceber o que estava acontecendo com o Leo. Ele estava mais confiante? Isso faria dele uma pessoa arrogante e inescrupulosa? Não sei. De uns tempos para cá ele age de maneira um pouco estranha. Parece que não dá tanta importância para o que tenho a falar. Contei esta história do Arnold e do Badell para ele. Ele me agradeceu e disse que sempre seremos amigos e que sempre ouvirá o que tenho a dizer. “Mesmo que eu vire Mr Olympia um dia, nunca vou esquecer que sou seu amigo!” Essas eram as palavras de nosso herói.

Era claro que ele havia melhorado muito nos últimos meses, nem se parece com aquele antigo Leo que pediu minha ajuda naquela tarde fria. Os resultados eram impressionantes, seu percentual de gordura havia baixado muito, a massa muscular havia aumentado, os pontos fracos, principalmente pernas estavam melhorando. Mas era claro que ainda faltava muito para nosso pupilo poder lutar de igual para igual com os melhores do Brasil em sua categoria. Ele não parecia pensar assim.

“Miguel,andei vendo as fotos do Campeonato Brasileiro e percebi que os caras que competem lá na categoria Junior não são tão bons assim. Se eu conseguir diminuir mais minha BF, eu …” Imediatamente eu o interrompi.

“Espera, espera, espera! Diminuir o que?” Perguntei muito bravo.

“Dimimuir minha BF. BF é gordura corporal Miguel, não é?”

“Leo, você mora no Brasil, use termos em português por favor. BF quer dizer Body Fat, gordura corporal. Mas o termo em português é Percentual de Gordura. Não é tão bonito de se falar, nem tão fácil de se escrever, mas é assim que se fala aqui no Brasil. Por favor não cometa esse erro.” Não gosto muito e não acho correto que usemos termos em inglês, quando temos palavras para expressa-los em português.”

“Mas Miguel, olha só, vamos ao que interessa. Em oito semanas temos um campeonato lá em São Paulo. Eles terão categoria Junior. Se formos comparar o nível dos competidores do brasileiro, eu tenho boas chances de conseguir minha primeira vitória em campeonatos.”

Claro que ele estava iludido. Apesar de todas as mudanças apresentadas nesses meses, ele ainda precisava de um ano ou dois para chegar a um nível competitivo. Ele havia visto os competidores por fotos. É muito difícil sair bem em fotos. Mesmo os IFBB Pro podem parecer pequenos dependendo do ângulo e iluminação das fotos. Tentei explicar ao meu pupilo mas ele parecia não querer entender.

“Mas Miguel, qual o problema se eu entrar nesse campeonato? De qualquer forma a minha dieta estava programada para terminar uma semana antes do campeonato. É só a gente continuar por mais alguns dias.”

Não queria ser duro demais com o Leo, mas precisava explicar que ainda não era hora de competir. Se ele pelo menos fosse competir sabendo que não iria vencer, que a competição seria somente para ganhar experiência, acho até que seria válido. Mas não. Ele estava totalmente convencido que poderia ficar entre os três primeiros colocados.

Conversamos bastante nos dias que se seguiram, expliquei a ele a dificuldade de uma competição e que ele deveria ir apenas para sentir como é. Não deveria ir esperando uma vitória.

“Mas então você não confia em mim?”

“Claro que não é isso. Confio muito em você, mas tudo tem a hora certa e temos que ser realistas. Você ainda não tem as ferramentas necessárias para vencer um campeonato.”

Precisamos ser sinceros com as pessoas. Não estava tentando desencorajar o Leo, só queria mostrar a ele a realidade. Eu tenho experiência nesse ramo de competições e atletas. Sei quando um atleta tem chances ou não em um campeonato.

Depois de muita conversa parece que convenci nosso herói a pensar neste campeonato como apenas uma preparação, uma experiência para os que virão no futuro. Vamos tentar prepara-lo da melhor forma possível. Precisaríamos melhorar mais ainda algumas coisas como suas pernas, seu abdome. Mas o menino estava decidido mesmo a competir e era isso que ele iria fazer.

“Miguel, o que vamos precisar mudar em meus treinos e dieta para que fique pronto a tempo para o campeonato?”

“Você ainda tem muita gordura para perder. Temos só oito semanas e você precisaria de umas dez ou onze semanas para queimar toda essa gordura. Vamos ter que acelerar seu aeróbio e tentar diminuir um pouco suas calorias.”

“Você está louco Miguel? Aumentar o aeróbio e diminuir as calorias? Vou catabolizar desse jeito. Deve haver outra maneira.”

Nesse caso não havia outra maneira. Ele iria catabolizar um pouco? Iria com certeza. Isso é o certo? Não. Alguém que pensa em competir deveria fazer isso. Não. Mas o Leo era teimoso e não iria sossegar enquanto não me convencesse a deixa-lo competir. Outra pergunta é: O treinador deve ceder aos desejos de seu atleta como eu cedi? Provavelmente não, mas essa será uma parte importante no processo de aprendizado de Leo. Ele é muito novo ainda e talvez precise tomar umas pancadas no campeonato para colocar a cabeça no lugar e se dedicar mais ainda para o próximo ano.

“Leo, A preparação se tornará muito mais penosa a partir de agora. Nada poderá passar, nenhuma refeição poderá ser perdida, nenhum treino mal-feito. Aeróbio sempre, nem pense em pular esta parte. Teremos que ser muito mais sérios do que já éramos. Você está pronto para isso?” A pergunta foi incisiva e a expressão no rosto de Leo não me animou muito, ele fez uma cara de espanto e dúvida.

“Eu topo Miguel! Estou pronto! Que venha a preparação. Esperei por isso a vida toda.” Agora a expressão em seu rosto era de raiva, de confiança. Agora sim estamos prontos.

O Ricardo, dono da academia estava ao nosso lado e ouviu toda a conversa. Ele é um cara muito ponderado e não abriu a boca durante toda a conversa. Quando terminamos ele perguntou a mim e ao Leo se estávamos prontos para o Campeonato.

“Miguel e Leo, vocês têm pouco tempo, menos do que o necessário. Essa preparação será uma verdadeira Guerra.” Ele disse isso com o dedo em riste e com um tom austero na voz. Olhei para o Leo nessa hora e disse:

“Então a Guerra vai começar!”

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