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Retrospectiva 2011: O Ano Em Que O Mma Explodiu No Brasil


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O MMA teve sua origem no Brasil na década de 1920, mas o Brasil só foi descobrir o MMA em 2011. A vinda ao Rio de Janeiro do UFC, maior evento do esporte no mundo, foi o catalisador de uma mudança drástica de perspectiva quanto a modalidade, que ganhou espaço na grande mídia e passou a rivalizar até com o futebol como paixão nacional.

panoramica_ufc-rio.jpgArena da Barra ficou lotada no UFC Rio, retorno do evento ao país após 13 anos (Foto: Divulgação/UFC)

Criado a partir das competições de vale-tudo que colocavam diferentes estilos de luta em confronto para determinar qual delas era superior, o esporte das artes marciais mistas sempre teve muitos adeptos no país e exportou inúmeros talentos, mas passou anos sob o estigma de ser uma atividade brutal, praticada por arruaceiros, relegada a segundo plano e a uma mídia especializada. Entretanto, ainda em dezembro de 2010, o anúncio da realização de um evento do UFC na Arena da Barra, marcado para 27 de agosto, começou a despertar a curiosidade do grande público e da imprensa. Em 5 de fevereiro, o duelo entre o melhor lutador do mundo, Anderson Silva, e o nome mais conhecido do MMA no país, Vitor Belfort, causou alvoroço, e milhares de pessoas se reuniram em bares e festas para assistir ao combate, vencido pelo "Spider" com um chute espetacular no primeiro round. A partir daí, o esporte não parou de crescer. O UFC Rio teve ingressos esgotados em menos de duas horas e abriu os olhos de empresários de todos os setores. Logo, desde grandes marcas multinacionais a clubes de futebol queriam estar associados ao MMA, e eventos de lutas pipocaram por todos os cantos. Até a campanha contra a dengue pegou carona no sucesso do esporte, com lutadores envolvidos em anúncios preventivos e a realização de um evento beneficente na Baixada Fluminense.

frame_galvaobueno_ufc_rep-5_62.jpgGalvão Bueno narrou, ao lado de Belfort, o primeiro

UFC na Globo (Foto: Reprodução/TV Globo)

Assista a vídeos de lutas

A consolidação desse crescimento veio em novembro, quando uma guerra pelos direitos televisivos do UFC foi vencida pela TV Globo e a luta entre Júnior Cigano e Cain Velásquez, que deu ao Brasil seu terceiro cinturão do Ultimate, foi vista por mais de 20 milhões de pessoas na TV aberta. O UFC foi o assunto mais comentado por brasileiros no Facebook em 2011, e diversas capitais do país se ofereceram para receber uma edição do evento no ano que vem. Com representantes da pátria fazendo sucesso em diversas competições internacionais, como Strikeforce, Bellator, M-1 Global e Dream, e uma previsão de mais quatro eventos do Ultimate no Brasil nos próximos 12 meses, só há uma conclusão a se fazer: o MMA veio para ficar.

andersonsilva_premioufc_afp_60.jpgAnderson Silva virou popstar em 2011 (Foto: AFP)

Pode não ter sido o ano mais brilhante ou movimentado do "Spider" dentro do octógono, mas 2011 foi o ano em que o Brasil descobriu também Anderson Silva. Tudo começou com o nocaute espetacular contra Vitor Belfort, em 5 de fevereiro. A partir daí, o paulista aproveitou a atenção extra por ser o primeiro cliente da agência de Ronaldo Fenômeno e se tornou um dos atletas mais requisitados do país, emprestando sua imagem a comerciais de carro, moto, fast food e roupas, e aparecendo em inúmeros programas de TV, seja de entrevistas, comédia, música ou variedades. Além disso, sua contratação pelo Corinthians inaugurou uma nova era do esporte no país, na qual clubes de futebol buscam se associar a lutadores do UFC para estabelecer suas marcas no exterior; desde então, outros quatro clubes anunciaram contratos com artistas marciais mistos. Até o arquirrival do Timão, o Palmeiras, entrou na brincadeira extra-oficialmente, presenteando o maior desafeto de Anderson, Chael Sonnen, com uma camisa.

Após 13 anos desde sua primeira visita ao país, o Ultimate voltou ao Brasil em 27 de agosto, quando aconteceu o UFC Rio na Arena da Barra, no Rio de Janeiro. Foi a primeira passagem da organização pelo país desde que foi comprada pelo grupo Zuffa LLC, em 2001, e virou febre no mundo todo. Com ingressos esgotados em pouco mais de uma hora, o evento demonstrou a paixão dos brasileiros pelo MMA e atraiu a atenção dos investidores para o potencial do esporte. Naquele dia, os brasileiros comemoraram vitórias em 10 de 12 lutas - apenas uma não tinha um representante da pátria, e o búlgaro Stanislav Nedkov foi o único a derrotar um "prata da casa", Luiz "Banha" Cané - e o presidente da organização, Dana White, admitiu: "É a torcida mais barulhenta que já vi".

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Naquele UFC Rio, uma das lutas do card preliminar ficou marcada. Foi o duelo entre Rousimar "Toquinho" Palhares e Dan Miller, o qual o brasileiro Toquinho dominou quase que de início ao fim. Logo no primeiro round, Toquinho conseguiu levar o adversário a lona com um chute na cabeça, e Miller, entregue no chão, não conseguia parar os socos que levava no rosto. Repentinamente, porém, o próprio Toquinho parou de golpear, levantou os braços e caminhou para longe, subindo na grade para comemorar a vitória. O único problema era que o árbitro Herb Dean não havia encerrado o combate, e teve de pedir ao brasileiro para voltar à luta. Desconcentrado, Toquinho foi derrubado pelo americano logo em seguida e quase foi nocauteado, mas se recuperou e venceu na decisão por pontos. Depois da luta, o lutador da Brazilian Top Team afirmou que Miller havia gritado repetidamente "Stop" ("Pare") e, por isso, achou que estava desistindo da luta.

ufc_diegobrandao_get.jpgCeará com o troféu do TUF 14 (Foto: Getty Images)

O Brasil já havia chegado a finais do reality show "The Ultimate Fighter", prestigioso programa de TV que ajudou a catapultar o UFC a fenômeno mundial, mas jamais havia vencido uma edição. Diego Brandão foi o primeiro brasileiro a fazê-lo. Apesar de ter 21 lutas profissionais no seu cartel, "Ceará", como é apelidado, era desconhecido antes de aparecer no TUF e impressionar logo no primeiro episódio, ao nocautear Jesse Newell para conquistar uma vaga na casa. Bastante comparado ao conterrâneo manauara José Aldo, o peso-pena nocauteou mais dois adversários no programa antes da final contra Dennis Bermudez. Na decisão, fez uma luta empolgante, que venceu com uma chave de braço no final do primeiro round. O título já o coloca como um dos principais candidatos ao cinturão de sua categoria.

Após quase um ano inteiro parado por causa de lesões nas costas, Thiago Silva, uma das principais apostas do Brasil na divisão dos meio-pesados do UFC, fez seu retorno ao octógono em 1º de janeiro, no UFC 125, contra Brandon Vera. Sua performance dominante resultou numa vitória por decisão unânime dos jurados, que lhe recolocava na lista de candidatos ao cinturão. Três meses depois, porém, a Comissão Atlética do Estado de Nevada divulgou que seu exame antidoping no evento, analisado por dois laboratórios diferentes, era inconsistente com urina humana. No dia seguinte, em 30 de março, Silva admitiu ter adulterado sua amostra após se lesionar novamente 45 dias antes do combate e levar injeções nas costas e na coluna vertebral para poder lutar. O paulista acabou suspenso por um ano, perdeu 25% de sua bolsa, e sua vitória sobre Vera foi revogada.

Melhor lutador peso-galo do Brasil, Renan Barão comprovou seu alto nível com duas grandes performances no Ultimate neste ano, ao derrotar Cole Escovedo em maio e finalizar Brad Pickett no co-evento principal do UFC 138, em novembro. Com a maior invencibilidade ativa do MMA mundial (28 lutas), o potiguar enfrenta Scott Jorgensen em 4 de fevereiro de 2012, no UFC 143, em combate que deve definir o próximo desafiante ao cinturão de Dominick Cruz. Se mantiver a mesma qualidade de suas atuações até aqui, tem tudo para trazer o segundo título do Ultimate para sua equipe, a Nova União, que já tem José Aldo como campeão dos pesos-pena.

chael3.jpgSonnen e seu melhor amigo em 2011: o microfone

(Foto: Divulgação/UFC)

Não dava para ser um só. O polêmico americano Chael Sonnen falou muita coisa sobre o país e sobre os brasileiros na tentativa de conseguir uma revanche contra Anderson Silva. Confira algumas de suas pérolas:

- É difícil responder ao Anderson. Ele é tão afeminado que não há nada que se possa dizer para/sobre ele que seja pior do que Deus já criou - após ser chamado de "perdedor" por Anderson Silva.

- O Brasil gosta de esbanjar que é uma potência do MMA, mas seus tais campeões se abaixam para o homem por trás de "Força em Alerta 2"... Classe - sobre as amizades de Anderson Silva e Lyoto Machida com o ator Steven Seagal.

- Ei Anderson, faça o que o seu país faz de melhor, como futebol ou passar doenças infecciosas. Oh, e diga a Lyoto que estou o desafiando!

- Machida não é um mau garoto. Ele é vítima do sistema educacional brasileiro. Há melhores maneiras de se conseguir eletrólitos do que bebendo xixi - sobre Lyoto Machida.

- Saudações de São Paulo! Já estou aprendendo a língua: dança de break das Paraolimpíadas se chama "capoiera" (sic) e cocaína é chamado de "brunch" (lanche entre o café da manhã e o almoço).

- Eu falo três línguas; bem, quatro, se você contar o português, que só é falado em lugares do mundo que não importam...

- Eu escolho minha mídia muito cuidadosamente quando falo do Brasil. Eu fui à internet, e se eu tivesse a menor ideia que o Brasil tinha computadores, não teria feito isso. Eu realmente não sabia - se "desculpando" pelas provocações ao Brasil.

- Diga ao Anderson Silva que eu estou chegando, arrombando a porta de trás e dando um tapa na bunda da sua mulherzinha, e vou mandá-la fazer um bife pra mim, mal passado, do jeito que eu gosto - em entrevista a uma rádio americana.

- Anderson diz que quer se livrar de mim, e essa é a sua chance. Eu sabia que era um covarde. Eu assisti a ele se esquivar e escolher seus oponentes. É tão falso quanto Mike Tyson foi - sobre a reação de Anderson ao seu desafio público.

- Adoraria nocautear o Anderson Silva com a camisa do Verdão - provocando a associação do Spider com o Corinthians.

- Eu gostaria de ver eles construírem escolas, não estádio para o Corinthians. Se eles vão construir estádio, vou derrubar Anderson lá.

1h20m 22 milhões 3 Tempo em que se esgotou a primeira leva de ingressos para o UFC Rio. A organização fez mais duas vendas adicionais, que se esgotaram em menos de 15 minutos cada. Ao todo, foram 14 mil ingressos vendidos. Telespectadores que assistiram à vitória de Júnior Cigano sobre Cain Velásquez na TV Globo, que teve 20 pontos de audiência e 52% de share (participação no número de televisores ligados). Número de cinturões brasileiros do UFC: peso-pena (José Aldo), peso-médio (Anderson Silva) e peso-pesado (Júnior Cigano). A organização tem, atualmente, sete categorias.

juniordossantos_cigano4_get_60.jpgEm 12 de novembro, Júnior Cigano nocauteou Cain Velásquez com 1m04s de luta e se tornou o primeiro brasileiro a ser campeão absoluto dos pesos-pesados do UFC. Sua primeira defesa de cinturão será contra Alistair Overeem, em 2012 (Foto: Getty Images)

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