Definitivamente, o supino declinado trabalha a porção inferior do peitoral, mas isso não ocorre da maneira que a maioria das pessoas imagina.
A ideia por trás da discussão envolve a ideia de que não é possível treinar a região inferior do peitoral, já que, diferente da cabeça superior (clavicular), não há uma cabeça inferior do músculo.
Logo, incorporar alguma versão de supino declinado no treino se torna questionável; o fato de o exercício ser muito parecido com o supino reto feito com o arco na lombar reforça ainda mais a ideia.
Contudo, a anatomia do peitoral e treinadores de atletas de elite possuem uma opinião diferente sobre o assunto.
Peitoral inferior existe ou nã0?
Sim, o peitoral inferior existe.
Porém, não se trata de um músculo específico, mas sim de uma região específica de terminadas fibras do peitoral maior.
Veja, o peitoral maior é oficialmente dividido em duas partes: esternocostal e clavicular.
Mas as fibras musculares podem ser divididas em três partes:
- Pars clavicularis: originam-se na clavícula e correm diagonalmente para baixo e para fora.
- Pars sternocostalis: originam-se no osso esterno e nas cartilagens das costelas superiores, correndo mais horizontalmente.
- Pars abdominalis: originam-se na borda do músculo reto abdominal e correm diagonalmente para cima e para fora.
Todas elas pertencem ao mesmo músculo, mas com um pequeno detalhe: elas apontam para direções diferentes, como se fosse um leque.
Por conta dessa diferença na orientação das fibras, é possível dar ênfase a diferentes áreas do peitoral.
Em outras palavras, embora não exista um músculo individual chamado “peitoral inferior”, essa região realmente existe e será trabalhada na maioria dos exercícios.
Mas ainda é possível dar ênfase especial à região ao fazer exercícios onde os braços se movem de uma posição alta para uma posição baixa, em direção ao topo do abdômen.
Por que o supino declinado é uma opção válida para treinar o “peitoral inferior”
Apesar de a maioria dos exercícios compostos para peito recrutar a região inferior do músculo, o supino declinado definitivamente é capaz de gerar mais ênfase nessa região.
Tanto a literatura quanto a prática comprovam isso.
Por exemplo, alguns estudos (1, 2) analisaram a ativação muscular do peitoral através de diferentes ângulos do supino e foi possível identificar que o supino declinado pode ativar o “peitoral inferior” até 20% mais do que outras versões.
Além disso, você precisará ir longe para encontrar fisiculturistas profissionais lendários que não fazem alguma forma de supino declinado, seja livre ou na máquina articulada.
E, mais importante: não é necessariamente uma questão de escolha pessoal, mas, sim, da programação passada pelo treinador.
Por exemplo, um dos maiores treinadores do Brasil, Fabrício Pacholok, cita o supino declinado como primeira opção para treinar a região inferior do peitoral.
Em resumo, o supino declinado realmente pode atingir a região inferior do peitoral e é uma opção válida para incorporar no treino.
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