DNP é um químico industrial usado como termogênico para emagrecer, conhecido por ser a substância mais potente que existe para este fim, mas com riscos e polêmicas proporcionais à sua eficiência.
Neste texto, veremos um guia completo sobre DNP, para que serve, suas funções como termogênico e como ele atua como agente para emagrecer, como costuma ser um ciclo, efeitos positivos e efeitos colaterais.
Nota: esta postagem tem finalidade meramente informativa. O composto DNP (2,4-Dinitrofenol) é extremamente perigoso, com alto risco de efeitos colaterais graves e, em alguns casos, irreversíveis. Não incentivamos, recomendamos ou endossamos o uso dessa substância.
O que é e para que serve o DNP?
O DNP (2,4-Dinitrofenol) é um composto químico usado principalmente como veneno — e isso não é força de expressão ou apelido, como acontece de maneira informal para classificar outras substâncias ergogênicas. Ele é literalmente um veneno que pode ser usado como pesticida ou herbicida.
Porém, além de ser um veneno, no sentido da palavra, quando usado em humanos, ele funciona como um dos termogênicos mais potentes que existem (senão for o mais potente).
A substância foi descoberta no início dos anos 1900, mas somente em meados dos anos 30 o seu potencial como emagrecedor foi descoberto.
Porém, devido aos problemas causados pelo uso, em menos de uma década seu uso foi abandonado (1).
O DNP ajuda na queima de gordura por aumentar a temperatura corporal do corpo, alterando o funcionamento das mitocôndrias, que são como usinas de energia das células.
Tecnicamente falando, a substância impede que a energia produzida durante a respiração celular — nas mitocôndrias — seja armazenada em forma de ATP (energia utilizável pela célula).
Esse processo gera um aumento drástico na temperatura corporal, já que o corpo continua queimando calorias de forma intensa, sem que essa energia seja usada eficientemente.
O aumento de temperatura é tão alto que os resultados em queima de gordura podem ser vistos em termos de dias.
No entanto, sua principal característica queimadora de gordura é, também, seu principal ponto negativo em potencial: não há muito controle para esse aumento de temperatura, que subir ao ponto de causar problemas que colocam a vida do usuário em risco (2).
Para termos de comparação, compostos como T3 e Clenbuterol são substâncias semelhantes e que possuem seus próprios efeitos colaterais.
Mas, quando comparadas com o Dinitrofenol, elas poderiam ser consideradas opções mais seguras, pois, em caso de problemas, ainda dão algum tempo para intervir antes de causarem problemas mais s’rios.
Em resumo, DNP ou 2,4-Dinitrophenol é, provavelmente, o termogênico mais potente que existe, mas que pode causar problemas em proporção semelhante aos seus resultados.
História do DNP
As propriedades termogênicas do DNP foram notadas pela primeira vez durante a Primeira Guerra Mundial, quando homens acima do peso que trabalhavam em fábricas de produtos químicos eram expostos ao DNP começavam a perder peso de forma significativa.
Não demorou muito para que essa substância fosse identificada como a responsável por essa efeito.
Não demorou muito tempo para que ela passasse a ser vendida como medicamento para emagrecer, tanto que em 1935, mais de 100 mil americanos já haviam usado medicamentos que continham DNP.
De forma grosseira, o DNP foi o primeiro remédio sintético usado para emagrecimento nos Estados Unidos.
Na época, ele era amplamente divulgado como uma forma nova, segura e eficaz para perder excesso de peso.
Algumas marcas populares com DNP incluíam Dinitriso, Nitromet, Dinitrenal e Alpha Dinitrophenol. No auge da sua popularidade, o DNP podia ser encontrado em qualquer farmácia.
Embora o produto cumprisse sua promessa, ele surgiu numa época onde não havia fiscalização eficiente sobre medicamentos. E os problemas começaram a aparecer rápido.
Logo surgiram relatos de efeitos colaterais graves. Um caso marcante envolveu várias mulheres na Califórnia que ficaram temporariamente cegas após usar o DNP.
Também houve registros de catarata em países como França e Itália, ocorrendo com doses tão pequenas quanto 100 mg por dia em uso prolongado.
Em seguida, surgiram relatos de danos sérios à saúde.
Diante dessas evidências, o produto foi rapidamente retirado do mercado.
Em 1938, o DNP foi banido e nunca mais voltou a ser aprovado para consumo humano. Mesmo assim, até hoje continuam surgindo casos de problemas de saúde sérios relacionados ao uso clandestino da substância.
Como costuma ser um ciclo de DNP (dosagem e tempo de uso)
O DNP é um composto administrado por via oral em doses que variam de 1 a 2mg por kg por dia. Dosagem que deve levar em consideração a quantidade de massa magra e não o peso corporal.
Por exemplo, um indivíduo de 100 kg com cerca de 20% de gordura teria em torno de 80kg de massa magra. A dosagem nesse caso seria entre 80 a 160 mg por dia. Enquanto um indivíduo pesando os mesmos 100kg, mas que tenha 30% de gordura e cerca de 70kg de massa magra, poderia usar 70 a 140 mg por dia com resultados semelhantes.
Devido à eficiência da substância e aos riscos, os ciclos costumam durar 2 a 3 semanas.
É preciso reforçar que o DNP não é usado “oficialmente” por humanos há quase um século, nem mesmo com supervisão médica. Não há respaldo científico por trás dessas recomendações que são obtidas principalmente através de relatos anedóticos e livros (2) com informações, no máximo, especulativas sobre o assunto.
Até mesmo em círculos competitivos, como no fisiculturismo profissional, há uma tendência a optar por substâncias com perfis mais seguros e que trazem efeitos semelhantes, mesmo que em menor intensidade.
Efeitos colaterais do DNP
Esta é uma lista objetiva dos efeitos colaterais que podem ocorrer com o uso de DNP:
- Aumento excessivo da temperatura corporal
- Sudorese excessiva
- Desidratação
- Insônia
- Tontura
- Náuseas
- Vômitos
- Taquicardia
- Palpitações
- Falência renal
- Danos hepáticos
- Dores de cabeça
- Letargia
- Falta de ar
- Alergias cutâneas (rash, urticária)
- Catarata e alterações na visão.
- Ansiedade
- Irritabilidade
- Danos neurológicos
- Acidose metabólica
- Colapso cardiovascular
- Morte súbita
De maneira geral, os efeitos colaterais do DNP estão relacionados ao seu efeito em aumentar a temperatura corporal.
Por uma série de razões, esse efeito pode fugir do controle do usuário e causar, indiretamente e diretamente, a maioria dos efeitos listados.
O corpo humano necessita de um equilíbrio delicado de temperatura, e esse aumento extremo de temperatura causado pelo DNP pode impactar diretamente várias funções vitais.
A hipertermia compromete a estrutura de proteínas celulares, prejudica o funcionamento enzimático e pode causar falência de órgãos como o fígado e os rins.
Além disso, o excesso de calor força o coração a trabalhar mais para tentar resfriar o corpo, o que pode levar a taquicardia, arritmias ou, em casos mais graves, colapso cardiovascular.
Ao mesmo tempo, a perda de líquidos por suor intenso, na tentativa de refrescar e diminuir a temperatura do corpo, leva à desidratação e desequilíbrio eletrolítico, o que afeta músculos, cérebro e sistema nervoso.
Por conta disso, substâncias que alteram significativamente a temperatura corporal são tão perigosas, e o DNP é o composto com o maior potencial para causar isso.
Riscos do uso de DNP
No caso do DNP, é preciso traçar uma linha mais distinta entre efeitos colaterais e riscos.
A substância não só tem um perfil de segurança baixo em termos de efeitos adversos, mas traz consigo mais riscos inerentes.
Tenha em mente que estamos falando de uma substância ilegal, vendida no mercado negro e sem fiscalização.
Por mais que algumas pessoas tenham opiniões divergentes sobre o monitoramento do Estado e o poder dele em decidir o que você pode ou não usar, com o DNP as coisas são diferentes.
Por exemplo, se você ingerir uma dose maior do que a desejada, seja por um acidente honesto, para fazer um “teste” pontual ou por conta de o fabricante fornecer uma dose maior que a indicada, isso pode gerar consequências irreversíveis.
No fim do dia, a trajetória do DNP na história é quase um alerta autoexplicativo sobre seus riscos.
Esse é um produto que surgiu numa época sem controle regulatório, quando compostos perigosos podiam ser livremente vendidos ao público e ficou na história por conta dos seus efeitos, mas que, hoje, muitas pessoas, sem contexto, podem pensar se tratar de algo novo e revolucionário. Que fique claro, não é o caso.
Referências
O Hipertrofia.org mantém critérios rigorosos de referências bibliográficas e dependemos de estudos revisados por pares e pesquisas acadêmicas conduzidas por associações e instituições médicas. Para obter mais informações detalhadas, você pode explorar mais lendo nosso processo editorial.
- SANTANA, Jeferson; DE FRANÇA, Elias; FUKUSHIMA, André Rinaldi. Dinitrofenol, uma boa sacada ou um risco eminente? Uma revisão de literatura. Revinter, v. 14, n. 3, p. 17-25, out. 2021.
- GRUNDLINGH, J.; DARGAN, P. I.; EL-ZANFALY, M.; WOOD, D. M. 2,4-Dinitrophenol (DNP): A Weight Loss Agent with Significant Acute Toxicity and Risk of Death. Journal of Medical Toxicology, v. 7, n. 3, p. 205–212, 2011.
- LLEWELLYN, William. Anabolics. 11. ed. Páginas 599-600.