Partindo do princípio, precisamos entender que a partir do momento em que utilizamos um hormônio exógeno iremos inibir a secreção dos hormônios hipotalâmicos e hipofisários, sendo assim a primeira coisa a se pensar quando for programar a restauração do nosso eixo hormonal endógeno é descontinuar o uso dos esteróides.
Nosso corpo tem a capacidade de “produzir” uma quantidade X de testosterona a nível endógeno e essa quantidade X estando dentro dos valores de referência não parece fazer diferença relevante na qualidade de vida e/ou manutenção muscular, sendo assim quando pensamos em utilizar uma dose acima do fisiológico para buscar ganhos que o nosso próprio organismo não seria capaz de construir, temos que entender que ao remover essa dose extra a tendência é retornarmos para o nosso “normal” tanto em valores quanto na devolução dos ganhos extras que ocorreram com a inserção desse novo quadro hormonal.
O problema é que muita das vezes ao retirar o hormônio exógeno até termos uma estabilização do nosso quadro hormonal é bastante comum de se sofrer com falta de libido, ereção, desânimo, maior acúmulo de gordura, fadiga, dificuldade em progredir nos treinos entre diversos outros problemas relacionados a essa queda hormonal brusca após interrompermos o uso do hormônio esteroide.
A velocidade de recuperação do nosso quadro hormonal endógeno é bastante individual e varia além do tempo de uso também de quais substâncias foram utilizadas.
Mesmo após normalização dos níveis de LH e FSH não é possível garantir que a sua testosterona retome aos valores de antes do uso.
A Terapia Pós Ciclo (TPC) é o meio que temos com auxílio de fármacos para acelerar esse processo e tentar restabelecer o quadro hormonal o mais rápido possível.
Quando iniciar a TPC
Em primeiro lugar garantir que não temos nenhum hormônio exógeno em dose supra fisiológica no momento em que iniciaremos a tpc, pois eles vão causar feedback negativo na hipófise e hipotálamo inibindo o eixo como um todo. Portanto o início deve ocorrer quando os andrógenos tenham saído de circulação.
O tempo varia do tipo de ester usado, a média é de 7 meias vidas do fármaco utilizado, lembrando que a metabolização de qualquer fármaco varia individualmente, portanto esse tempo pode variar de pessoa para pessoa.
Meia vida estimada dos principais ésteres
Enantato : 5 dias
Cipionato : 8 dias
Durateston : 15 a 21 dias
Decanoato: 8 a 12 dias
Propionato: 1 a 2 dias
Fenilpropionato : 2 a 3 dias
Acetato: 1 a 2 dias
Tempo médio estimado, pode haver variações para mais ou menos a depender do indivíduo.
Protocolos de TPC
Existem diversos protocolos que podem ser usados para a recuperação pós ciclo incluindo fármacos como SERMs, hCG e se necessário combinando inibidores de aromatase para controlar o estradiol.
Alguns fitoterápicos podem ser de grande auxílio pensando em amenizar os colaterais até a recuperação do eixo e melhora dos sintomas causados pelo crash hormonal.
Os Moduladores Seletivos do Receptor Estrogênico (SERMs).
Os SERMs vão modular os receptores androgênicos em cada tecido, interrompendo a ligação do estrogênio nos receptores de estrogênio do hipotálamo através de um antagonismo competitivo, com isso o hipotálamo irá gerar um feedback negativo na hipófise e nos testículos reduzindo a produção de testosterona.
O uso do SERMs tem como objetivo evitar esse feedback no estrogênio e consequentemente a supressão do eixo aumentando GnRH, LH, FSH e por último a testorena.
Os fármacos mais indicados para essa finalidade são o citrato de tamoxifeno ou de clomifeno.
O clomifeno tem demonstrado maior eficácia na restauração do eixo hormonal visto via estudos feitos em homens com hipogonadismo secundário e sendo também muito utilizado para auxiliar no tratamento de fertilidade masculina.
Pensando em fertilidade, o clomifeno demora mais tempo para agir e se esse for o objetivo é interessante associar o uso do hCG atuará diretamente nas subunidades de LH do
testículo, aumentando a produção de testosterona intratesticular e por consequência neste estímulo inicial a espermatogênese.
O uso de anti aromatase (IA’s)
Os IA’s funcionam inibindo a enzima aromatase (diminuindo a aromatização) e ele pode ser necessário em uma tpc para evitar colaterais devido aos desbalanços entre testosterona e estradiol que vão ocorrer até que o corpo novamente busque estabilidade.
Lembrando que nem todos possuem sintomas a esses desbalanços e por isso o uso de IA’s não é obrigatório durante a tpc, mas pode ser necessário e é muito importante que esteja em mãos.
O uso de anti aromatase deve ser feito somente se necessário e com cautela, a supressão excessiva de estradiol vai acabar de ferrar com a sua vida nesse momento delicado.
Protocolo básico e eficiente para TPC
Respeitando a meia vida do éster utilizado durante o uso dos esteróides, segue um protocolo simples e eficiente para restaurar o eixo hormonal após o ciclo, lembrando que por sermos individuais você pode precisar de medidas adicionais.
Lembre-se, deve sempre considerar o tempo da droga de maior meia vida.
Opção 1
1-6 - 50mg Citrato de Clomifeno
6-x - 25mg Citrato de Clomifeno
Opção 2
1-6 - 40mg Citrato de Tamoxifeno
6-x - 20mg Citrato de Tamoxifeno
Fazer exames a cada 4 semanas de pelo menos testosterona e estradiol a fim de ir monitorando e se necessário intervir de alguma forma se necessário.
A duração da TPC varia de individuo para individuo e ela será mantida até a estabilização do eixo.
Alguns fitoterápicos auxiliares para libido:
Tribulus Terrestris – 4000 a 6000mg
Maca Peruana – 2000 a 3000mg
Epimidium – 20000mg
Panax Giseng – 2000mg
A concentração indicada é a dose total diária e deve ser fracionada em 3 tomadas. (manhã, tarde e noite).
Tadalafil também pode ser um grande auxiliar para ereção, este pode ser utilizado em 5mg/dia ou 20mg antes da relação sexual.
Infelizmente o que você construiu pela droga, você vai ter que aceitar que irá embora junto com a retirada dela.
Fiz esse tópico simples e com objetivo de esclarecer essa dúvida que é bem comum por aqui, caso alguém tenha algo a acrescentar, fórmulas auxiliares, dicas são sempre de grande valia.