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Tentativa E Erro


Leandro Lima

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Tentativa e Erro…

Ainda me lembro da primeira vez que comecei a treinar com pesos. É, treinar com pesos. Perceba que eu não disse treinar para uma carreira de fisiculturista. Eu não comecei minha jornada com esta intenção. Para ser franco, eu ficaria satisfeito com um abdômen legal e uns músculos para mostrar na praia. Nunca busquei ser grande ou mesmo ter um físico excepcional. Estamos falando de alguém que foi gordo a vida inteira e faria qualquer coisa para emagrecer. Depois de praticamente morrer de fome e correr 5 milhas todos os dias durante o período da escola, consegui emagrecer cerca de 32 quilos, e aí percebi que não era exatamente aonde eu queria chegar.

Ok, voltemos ao treino com pesos. Depois de perder todo esse peso e não ter nenhuma recompensa, senti a necessidade de ganhar alguns músculos. Eu tinha 15 anos, não tinha trabalho e nem um carro, muito menos dinheiro para me associar a uma academia ou uma forma de ir até uma. Meu tio tinha alguns aparelhos velhos no seu porão. Ele tinha banco, barra, pesos e uns halteres bem velhos. Comecei a ir todos os dias até o porão da casa dele de bicicleta. Era verão e ele estava sempre trabalhando; eu estava sozinho. Nenhum dos meus amigos se importava ao ponto de ir malhar, e mesmo que eles quisessem, duvido que algum deles iria no porão do meu tio. A luz lá era péssima. O cheiro era esquisito e o único espelho que eu tinha era um espelho de armário de banheiro que eu apoiei em cima de um cesto de lavanderia.

Não tinha idéia do que eu estava fazendo. Eu tinha um banco, uma barra, pesos e halteres. O que eu realmente tinha era um livro do Bill Pearl que ensinava como fazer todos os exercícios com pesos. Os exercícios estavam agrupados de acordo com os grupos de músculos que exercitavam. O livro também tinha uma sessão com conteúdo extra e dicas de nutrição. Não era muita coisa. Pra ser sincero não sei se eu atenderia à algum conselho naquela época. Se você me dissesse que treinar cada grupo de músculos uma vez por semana já era suficiente, eu não acreditaria em você. Se você tentasse me explicar que há algumas gorduras essenciais para o crescimento dos músculos e que eu devia dar atenção à quantidade de carboidratos, eu me faria de surdo. Você estaria falando com alguém que mudou seu corpo simplesmente por esforço próprio, sem escutar o que as outras pessoas tinham pra dizer, e por causa disso, você não teria chance de me convencer.

Ser cabeça dura me prejudicou? Talvez. Poderia ter evitado alguns problemas trazidos por um treino mal realizado se eu tivesse escutado algumas pessoas? Provavelmente. Sinceramente, mesmo assim eu não voltaria atrás. Eu aprendi algumas coisas que algumas pessoas nunca vão aprender. Aprendi a treinar. Aprendi a como ler e entender meu corpo. Testei o que era demais e o que era de menos para mim. Entrei num porão com alguns pesos e aprendi a como mover e usar cada um deles da maneira correta. Aprendi a como sentir os músculos trabalhando. Aprendi sozinho sobre os diferentes impactos que cada equipamento tinha sobre meus músculos. Não havia academia. Não havia televisão ou um monte de gente fofocando ou alguns treinadores babacas com remédios, roupas de academia e cronômetros. Não havia distrações.

Eu me poupei de ver pessoas fazendo coisas ridículas nos aparelhos ou inventando exercícios. Não consigo te dizer quantas vezes, mas uma vez eu entrei numa academia e vi pessoas treinando. Tentei adivinhar o que elas estariam fazendo e que grupos musculares elas estariam tentando treinar.

A razão de eu estar escrevendo isso não é me exaltar ou falar sobre como eu comecei como fisiculturista. Na verdade, eu acho importante dar a importância certa à “tentativa e erro”. Quero que todos saibam que fisiculturismo é algo que você aprende. Garanto que os melhores fisiculturistas são aqueles que aprenderam que para progredir você deve analisar e criticar a si mesmo. Fisiculturismo – sinto informar – não é simplesmente treinar pesado. Se eu gastar 8 horas por dia na academia, creio que me tornarei um fisiculturista que treina pesado. Certo? Sim, mas isto não me tornaria um fisiculturista melhor, e sim pior.

Fisiculturismo é saber o que fazer, quanto fazer e quando fazer. Na minha opinião é um jogo da mente. Toda vez que piso na academia eu faço algo diferente. Nunca, desde que eu comecei a treinar, eu usei uma rotina pronta de outra pessoa. Dois treinos nunca são iguais. O que eu faço em uma semana, posso não achar apropriado repetir na semana seguinte. Posso fazer um treino com 5 exercícios diferentes e 20 séries de cada. No outro posso simplesmente fazer levantamentos até não aguentar mais. Ninguém me disse para fazer isso. Faço essas coisas porque quero fazer e acho que vão me trazer benefícios. Apesar de parecer tão simples a maneira de como eu me alimento e treino, existe uma razão calculada para tudo que faço. Tudo: desde o tipo de barra que eu uso até o número de exercícios, até o numero de repetições, até a seleção dos exercícios e até a ordem em que eu os faço é pensada. Faço o que faço porque faz sentido para mim. Na minha mente, a única maneira de progredir é se perguntar constantemente como você se sente e como pode melhorar.

Fisiculturismo deve ser um processo de avaliação e ajuste. Treinar pesado não é necessariamente a melhor opção. Quem trabalha mais não é necessariamente quem tem mais sucesso. No fisiculturismo não é diferente. Você tem que usar seu cérebro. Você tem que ser capaz de olhar para si mesmo e para o que está fazendo e se perguntar o que é possível fazer para melhorar esse processo. Perguntar para alguém o que eles fazem e tentar copiar isso, lhe trará apenas resultados satisfatórios. Esqueça o fato de fazer algo só porque alguém faz. Faça seu próprio treino. Ache o que funciona para você.

Assim que você adotar a maneira de fazer algo de outra pessoa e achar que chegou a melhor resposta, você pára de progredir. As pessoas de sucesso não se importam com o que as outras pessoas estão fazendo, porque eles decidem por si só o que é certo e o que errado e o que elas vão fazer. De certa forma, meu maior progresso foi obtido quando eu tinha pouco conhecimento e poucos equipamentos no porão do meu tio. Por quê? Porque eu não tive de traçar meu caminho por um monte de porcaria e confusão das outras pessoas. Eu ouvi meu próprio corpo e fiz as mudanças que deveriam ser feitas. Simples assim.

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* Texto original criado por Evan Centopani, IFBB Pro, para o site universalnutrition.com

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