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Johny Hendricks: da ascensão ao declínio


hartt

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Johny Hendricks é um dos exemplos dos lutadores de MMA, que teme mais a balança do que o próprio combate.  Assim como outros atletas, o problema reside na falta de controle do peso corporal. Hendricks já chegou a beirar, aproximadamente, 97 kg fora de competição com excesso de gordura corporal, tendo que atingir 77 kg no dia anterior à luta.  O que já lhe custou problemas de saúde e fracassos na hora de bater o peso. Por causa do processo de corte de peso, Johny foi retirado do card do UFC 192, realizado 03 de outubro de 2015. Ele foi diagnosticado com cálculo renal e constipação intestinal, ambos causados provavelmente pela desidratação. Já que estava forçando seu corpo a chegar ao limite da categoria, estando com 84 kg na véspera da pesagem.

 

Um dado curioso é que Johny, aos 21 anos, lutava wrestling na época da faculdade na categoria até 71 kg. O que nos leva ao fato de que ele está habituado ao processo de corte de peso e talvez por isso hoje, aos 33 anos, seu corpo, possivelmente, esteja sob desgaste aliado ao seu padrão alimentar.

 

 

Fat-Hendricks.jpg

 

O próprio Hendricks já admitiu que devesse baixar mais o percentual de gordura para evitar problemas com o peso. No entanto, continuou tendo dificuldade na luta com a balança. Quanto a isso, importante salientar que o mesmo já esteve aos cuidados do Weigh-cut Coach Mike Dolce. Todavia, os hábitos alimentares inadequados no período sem competição foram uma das razões de Dolce não estar mais fazendo o acompanhamento nutricional de Hendricks. Justamente por temer pela saúde do lutador e sua longevidade no esporte.

 

Atualmente, suas apresentações estão aquém do que já mostrou em anos anteriores. Em relação a esse ponto, fãs divagam sobre o cerco fechado dos testes anti-doping, pois, coincidentemente ou não, a queda de desempenho dele foi ao mesmo tempo das ações da USADA. Entretanto, o que sabemos é que no passar dos anos, o processo de corte de peso acaba sendo mais custoso do que outrora. Haja vista a quantidade de lutadores que optam por subir de categoria, alegando maior dificuldade em atingir o limite de peso.

 

Nesse sentido, no meio científico existe a hipótese de que numerosos ciclos de perda e recuperação da massa corporal podem resultar em um aumento do peso em longo prazo. Sobretudo, envolve uma redução da taxa metabólica basal por causa da restrição severa de alimentos, que é uma resposta orgânica de sobrevivência à inanição. Além disso, o custo metabólico em perdas de peso exageradas é a redução da massa muscular e um subsequente aumento do percentual de gordura. Outro fator que pode estar relacionado é a maturidade muscular decorrente de anos de treinamento, ou seja, uma massa muscular mais consolidada. Ademais, o corpo tende a buscar uma homeostase (estabilidade) resultando em uma dificuldade em futuras pesagens. Alguns estudos apontam também um elevado risco de desenvolvimento de transtornos alimentares em atletas, devido à pressão em torno do número na balança.

 

HENDRICK.jpg

Todavia, os pontos supracitados ainda são controversos e necessitam de mais estudos. Por essa razão, não se pode afirmar categoricamente as causas e consequências sobre esse assunto. Mas no caso de Johny, em particular, é sabido que seu problema com o peso está inerente ao seu estilo de vida pouco saudável fora de competição. Já que ele tendia a ficar muito acima do limite do peso meio-médio e com percentual de gordura elevado, o que resultava em uma preocupação maior com a balança do que com o combate.

 

Bigg Rigg agora subiu de categoria, vai lutar no peso médio (até 83,9kg). Nessa divisão, com 1,75 m de altura estará em desvantagem, pois irá lidar com lutadores mais altos e de maior envergadura (salvo exceções). Porém, não vai se sacrificar tanto como antes já que seu peso atual é aproximadamente 90 kg. Em recente entrevista, ele disse que seu objetivo é bater 82 kg na pesagem e lutar em torno de 88 kg. Em relação à mudança de categoria, Hendricks falou que o processo para atingir 77 kg estava afetando seu rendimento e diminuindo sua força e que, agora, na categoria dos médios se sairá melhor.

 

Johny foi da ascensão ao declínio.  Foi um dos lutadores mais impressionantes da categoria peso meio-médio nos últimos anos, dono de uma mão esquerda potente e um grande background de wrestling.  Que proporcionou um ótimo combate com George St-Pierre e nocautes marcantes.  Mas, nesse momento, amarga sequência de derrotas, atuações abaixo do esperado e pesagens fracassadas.

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Pois bem, esse exemplo mostra a necessidade do acompanhamento nutricional em tempo integral para que a balança não seja um embargo na carreira de um lutador. De modo a conscientizá-lo sobre uma faixa segura acima do limite da categoria escolhida (boxe, MMA), a fim de evitar estresse físico e mental exacerbados na semana do combate.

 

 No que concerne ao responsável pela nutrição do atleta, é preciso ter em mente que o enquadramento numa categoria de peso é um processo complexo e que vai além de simplesmente atingir o número na balança, pois o rendimento do atleta tem que ser preservado. A escolha da categoria envolve, principalmente, o fator vantagem sob os adversários, no qual se incluem: altura, envergadura, força. Por isso, que ocorrem os cortes de peso, com o intuito de atingir o limite da categoria somente no dia da pesagem (boxe, MMA). E logo após, inicia-se imediatamente a reidratação e recarga de carboidratos com o objetivo de recuperar o peso perdido (há registro de ganho de até 14 kg). Porém, um processo abrupto de corte pode resultar numa dificuldade na estratégia pós-pesagem e assim, comprometer o desempenho no combate (perda de punch, resistência e energia).

 

Hendricks tem luta marcada no dia 19 de fevereiro contra Hector Lombard, no UFC Fight Night 105. Trata-se de um combate interessante, pois Lombard também é um lutador baixo para a categoria e está novamente nessa divisão após quatro lutas no peso meio-médio, tendo retornado na derrota para Dan Herdenson.  A decisão de voltar ao peso médio foi justamente por queda de desempenho devido ao processo de perda de peso, já que o cubano também beira os 91 kg em off-season, porém numa condição física diferente da de Bigg Rigg. No domingo, vamos ver quem ganhará esse duelo, no mínimo, curioso na categoria embolada dos médios.

 

Editado por hartt
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Pesagem deveria ser feita em cima do ring, na hora da luta. PONTO.

 

Querem associar o esporte à saúde mas a questäo da pesagem no boxe e no MMA é algo imoral. Será que se comecar a morrer gente, isso muda?

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Em 17/02/2017 at 03:51, Torf disse:

Pesagem deveria ser feita em cima do ring, na hora da luta. PONTO.

 

Querem associar o esporte à saúde mas a questäo da pesagem no boxe e no MMA é algo imoral. Será que se comecar a morrer gente, isso muda?

Acho difícil pq sempre vão culpar o atleta e nunca a empresa responsável pelo evento.

 

Topic:

Muitos atletas apresentam esse problema pra conseguir chegar no peso ideal de sua categoria, ai começam a surgir os problemas com os exageros que são feitos para que o atleta atinja esse peso ideal. O que o atleta não conseguiu em meses de preparação, são obrigados a conseguir em dias que antecedem essas lutas. No caso do Hendricks, é notável que o problema é que ele não se mantem regrado em períodos fora de competição, quando a competição se aproxima ele tem que tirar todo esse excesso e acaba não conseguindo.

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