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Tudo que você sempre quis saber sobre o ferro


brunorm

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Ai galera, achei esse texto no facebook que esclarece muitas coisas sobre o ferro e vim aqui compartilhar com vocês. No final do texto deixarei a fonte.

 

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Entre os metais de importância para a humanidade, costuma-se pensar logo no ouro e concordo que ele é fundamental, mas o colocaria em segundo no ranking de importância, dando o destaque ao ferro, porque se não tivermos um aporte adequado de ferro, fica impossível acumular o ouro nos bolsos e nas burras. Mas pra que serve então este famoso metal? Bioquimicamente, pra muita coisa, a principal delas sem dúvida, compor os glóbulos vermelhos e permitir o transporte de oxigênio no sangue. Só isso já bastaria pra sua relevância, mas o ferro ainda é parte de uma série de enzimas envolvidas em processos de oxidação/redução, como a formação e eliminação dos temidos e exageradamente comentados radicais livres.

A falta de ferro tem nome. Anemia! Embora seja importante deixar claro que nem toda anemia seja por falta de ferro, estas anemias ditas ferroprivas (privação de ferro) correspondem a uma parcela dos casos. “Como assim, Wagner? E o resto das anemias é o que então se não é falta de ferro?” Anemias genéticas tipo talassemia, anemia falciforme, deficiência de G6PD, anemias decorrentes de hemorragia e outras.

“Então nem toda anemia se resolve repondo ferro?” EXATO!

“Ainda bem que ferro em excesso não faz mal então, e vou tomar meu suplemento só por precaução. Nem tenho anemia, mas vai que?” ERRADO!!!

Excesso de ferro mata! Existe uma série de alterações genéticas que levam alguns indivíduos a acumularem ferro no organismo e estas condições são chamadas de hemocromatose. Doença do acúmulo de ferro, que pode ser grave. Dados de centros de controle de intoxicação mostram que uma causa comum de intoxicação por ferro são crianças que tomam os suplementos de ferro dos pais. Pra você ter ideia, há inúmeros relatos de crianças que tomaram em torno de 5 comprimidos destes e MORRERAM. Sim, ferro mata!

Conclusão: ferro de menos é ruim, ferro demais é pior. Acho que por este motivo vale a pena entender um pouco como é a composição de ferro dos alimentos e como absorvemos o nada vil metal e olhe, não é nada simples. Prepara, senta direito, respira fundo. Le!!!

Primeiro é importante entender que não temos um mecanismo de eliminação do ferro do organismo. Este só é perdido em sangramentos basicamente. O excesso não sai no xixi e nem no coco. Até perdemos no coco, como vou falar mais abaixo, quando temos uma inflamação em algum lugar do organismo, mas não é um mecanismo natural de controle. O que define então quanto ferro temos no organismo é o quanto comemos e absorvemos deste. Já fica óbvio aqui que as moçoilas em idade fértil precisam ingerir mais ferro, porque a menstruação é importante fonte de eliminação mensal deste.

Temos que entender que encontramos o ferro em duas formas nos alimentos. Este ferro pode estar ligado a uma molécula chamada heme e é o chamado ferro-heme, ou pode estar livre, o chamado ferro não-heme. O ferro não-heme pode ainda estar na forma de Ferro II ou Ferro III. É muito mais fácil absorvermos ferro ligado ao heme. Do ferro não-heme não absorvemos quase nada e quando absorvemos é a forma Ferro II. “Quanto absorvemos?” Apenas de 3 a 15% do que está nos alimentos. De 85 a 97% sai nas fezes, do jeito que entrou pela boca.

Ferro-heme x Ferro não-heme (Ferro II ou Ferro III)
Ferro-heme (carnes) x Ferro não-heme (vegetais)

“E onde encontro o ferro-heme?” APENAS no corpinho dos bichinhos. Sim, apenas nas carnes encontramos o ferro-heme, aquele mais fácil de absorver.

“Mas Wagner, e o feijão?” Feijão tem ferro sim, mas não é bichinho, logo é ferro não-heme, portanto não absorvemos quase nada. Entra pela boca e sai no coco.

“Mas Waaagner, e se eu colocar um prego da oficina do Sr. Ermelindo no meu feijão?” Pelo amor de Zeus, não faça isso!!! Primeiro que o prego não é bichinho. Tem prego no zoológico? Tem macaco-prego, mas é outra coisa. Se o prego tiver ferro vai ser ferro não-heme, daquele que absorvemos em torno de 3%, ou seja, quase nada e segundo porque QUEM disse que o prego é de ferro? Quem disse que o prego está limpo? E se o prego for de uma liga metálica qualquer, e se tiver chumbo, super tóxico? Não é possível que você em pleno século XXI tenha me feito essa pergunta. To revoltado, mas vamos continuar o texto!!!

“Mas e cozinhar em panela de ferro?” Panela é bichinho? Não!!!! Então não adianta quase de nada. Pare com este tipo de pergunta. Não me interrompa mais!!!

“E se eu comer o espinafre do Popeye? Eu li na revista que os vegetais verde-escuros são ricos em ferro”. Verdade, são sim, mas não é porque são ricos em ferro que você vai absorver o ferro que está neles. O espinafre do Popeye também resolve pouco sua situação.

Veja na tabela abaixo o teor de ferro em vários alimentos, mas lembre-se que isso é o que tem nos alimentos e não o quanto absorvemos. Absorvemos em torno de 3 a 15% disso, logo se você é vegetariano e opta por fontes não-heme, vai ter que ter uma dieta abundante e variada para suprir suas necessidades diárias. Pra piorar a situação, não sabemos o que exatamente, mas nas carnes existe um fator chamado MFP que aumenta a absorção do ferro não-heme, aquele dos vegetais. Ou seja, quando você come carne (vaca, frango ou peixe), além de ter ferro-heme, você melhora a absorção de ferro não-heme do espinafre que você comeu junto com a carne.

Os homens e as mulheres pós-menopausa precisam de 8mg de ferro por dia, já as mulheres que ainda menstruam, precisam de 18mg. Para os vegetarianos, devido à falta do ferro-heme e do fator MFP, a necessidade de ingestão é de 14mg (homens e menopausadas) e 32mg para as moçoilas em idade fértil.

“Mas por que essa diferença entre ferro-heme e não-heme?” Veja na figura que o ferro é absorvido pelas células intestinais, mas ele entra por caminhos diferentes se ele é de um tipo ou de outro. A figura mostra uma célula intestinal com um lado para a luz intestinal e com o outro para o sangue. Sabe o que é luz intestinal? É o buraco, o oco, por onde passam as fezes. Por mais que seja escuro, chamamos de luz. Então o ferro comido vem com o bolo fecal pela luz, é absorvido pela célula intestinal e de lá passa para o sangue.

Zeus, prevendo que comeríamos bichinhos, colocou nestas células intestinais uma proteína chamada HCP (heme carrier protein, proteína carreadora de heme), por onde entra o ferro-heme e é ai que eu encontro a justificativa bíblico-biológica de que o homem pode sim comer os bichinhos. Se não fosse pra comer, Zeus não teria colocado esse transportador de “ferro exclusivo de bichinhos” nas nossas células. O ferro-heme entra por ai que é uma beleza. Entra fácil. Já o ferro não-heme, entra por um outro transportador chamado DMT1, mas esse DMT1 é super chato. Ele não aceita Ferro III, mas só Ferro II, então tem uma enzima (DCYTB) que converte o III no II, mas ela só faz isso se tiver vitamina C e mesmo assim, a quantidade de Ferro II que entra é uma miséria, ou seja, se não fosse o HCP, estaríamos lascados.

“Vitamina C ajuda na absorção de ferro então? É por isso que o médico me mandou comer carne e tomar suco de laranja quando eu tava com anemia?” Isso mesmo, fia!!! Se tiver vitamina C na dieta você TRIPLICA a absorção de ferro.

Esse DMT1 quer dizer transportador de íon metálico divalente. Nem específico pra ferro ele é. Qualquer metal divalente que chegar lá vai querer entrar também. Um exemplo é o cálcio.

“Então se eu comer cálcio e ferro vai ter competição pra passar por essa bagaceira desse buraco?” Isso!!! Vai ter competição sim e geralmente como tem mais cálcio do que ferro nos alimentos, o cálcio ganha. Dizem até que é por isso que lá nas bíblia, em Levítico está escrito que não é pra misturar carne e leite.

“Então não pode misturar carne e leite porque não absorve o ferro da carne se tiver leite? É por isso que judeus e muçulmanos seguem essa regra?” Olha, se tiver cálcio e ferro juntos, vai ser difícil absorver o ferro. Esta regra não tem sentido hoje, porque temos alimentação abundante, comemos várias vezes por dia e em algumas refeições têm ferro, em outras têm cálcio, logo no balanço geral fica tudo ok, mas imagine nos tempos bíblicos em que se comia uma vez na semana, o produto da caça e aquela refeição era a única oportunidade de absorver ferro. Recomendar que não se tomasse o leite neste momento era prudente. Se Zeus sabia bioquímica não sei, mas que fazia sentido naquelas condições, fazia!!!

“Mas e o Nescau enriquecido com ferro? E o Danoninho que vale por um bifinho e tem leite e ferro?” Pois é!!! Fico tão perplexo quanto você. Whatever!!! Já pedi pra parar com esse tipo de pergunta!!!

“Mas e depois que esse ferro entra na célula intestinal então? Ele fica lá?” Claro que não! Ele vai da célula intestinal pro sangue, através de um outro “buraco” chamado ferroportina, a portínea do ferro. E você achava que tinha sido você jovenzinho que tinha começado essa coisínea de falar tudo terminado em “ínea” né? Não!!! Só que essa ferroportina tem um porteiro, chamado hepcidina, que fecha essa porta, mas essa hepcidina só tá lá na porta quando tem uma inflamação em qualquer parte do corpo. Se tem inflamação no seu dedão do pé, a hepcidina vai lá e fecha a ferroportina e o ferro fica na célula intestinal. Não seria problema se a gente não perdesse essas células intestinais no coco a cada 72 horas. Sim, a cada 72 horas a gente troca estas células e o ferro que não foi pro sangue é perdido no coco. Por isso que existe a anemia da doença inflamatória crônica, mais comum em idosos. Os idosos com aquelas artrites todas e poli-esculhamboses tende a ter anemia porque perde o ferro nas fezes neste processo, por culpa da chata da hepcidina que fecha a ferroportina. “Maior trampo pro ferro entrar na célula intestinal e a hepcidina não deixa passar de lá pro sangue”. Isso mesmo!!! Essa parte você entendeu!!!

Aliás, falando em célula intestinal sendo trocada a cada 72 horas, fica uma dica de conversa ótima. Você encontra aquele vizinho fofoqueiro e ele pergunta das novidades. Se já fizer 72 horas que vocês não se vêem, é sempre uma opção dizer que seu epitélio intestinal está todo renovado. Eu digo!!!

Enfim, absorver ferro não é fácil. A gente tem estoques de ferro no organismo que duram um bom tempo depois que paramos de comer, mas uma hora acabam. Sem ferro suficiente, a produção de glóbulos vermelhos fica comprometida e a distribuição de oxigênio para os tecidos também. Você pode ser vegetariano, vegano, o que for, mas tenha em mente que passar a ser vegetariano não é apenas deixar de comer bife e se alimentar de arroz, feijão e pão de queijo. Você precisa saber combinar alimentos com uma variedade muuuuuuito maior e de preferência consultar um nutricionista, pra não te faltar nada. Nos primeiros anos você não vai sentir falta de nada porque armazenamos um bom estoque de várias coisas, mas com o tempo as deficiências podem surgir se sua dieta não for adequada. Essa história que divulgam por ai que 2 colheres de feijão substituem o ferro de um bife é mentira, porque embora o feijão tenha ferro, ele quase não é absorvido. Você teria que comer MUITO feijão pra substituir o ferro do bife e estamos falando apenas de ferro. Não saia querendo suplementar por conta própria, porque já ficou claro que o excesso é tóxico. Oriente-se, busque ajuda profissional de médicos e nutricionistas!!!

Se você gostou do texto, compartilhe e me ajude a divulgar um pouco de conhecimento científico para a população em geral. Meu trabalho é escrever em linguagem mais simples. Você ajuda compartilhando com seus amigos. Obrigado!!!

(figura da célula intestinal adaptada da wikipedia mesmo, porque tive preguiça de desenhar a minha)

Complementação porque perguntaram:

O ferro não fica armazenado livremente nos tecidos e também não circula livremente. Ele circula no sangue ligado à transferrina e é armazenado nos tecidos de estoque ligado à ferritina que vai liberando o ferro conforme a necessidade do organismo. No sangue existe também uma quantidade de ferritina circulante que reflete o quanto de ferritina tem estocado nos tecidos. Quando o estoque dos tecidos começa a cair, o ferro sérico (do soro, plasma) pode ainda estar normal, a síntese de glóbulos vermelhos também, mas a ferritina circulante cai, indicando que os estoques estão baixando, ou seja, não está havendo absorção adequada e você está consumindo os estoques. É um prenúncio de anemia muitas vezes. No entanto, ferritina alta não quer dizer muita coisa em relação ao ferro, porque a ferritina é uma das proteínas de fase aguda, ou seja, uma das proteínas que se eleva no sangue quando há uma infecção ou inflamação presente. Por este motivo, ferritina alta não é indicativo de muita coisa em relação ao ferro, a menos que esteja constantemente alta, o que pode indicar hemocromatose, por exemplo (excesso de absorção de ferro) mas ferritina baixa é indicativo de consumo de estoques por provável menor absorção e prenúncio de que se nada for feito, vem uma anemia por ai.

 

 

Fonte: https://www.facebook.com/wagnercientista/posts/1236348109737803

 

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