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Arona Quer Voltar Em 2015 E Garante Que, Em Seu Auge, Venceria Jon Jones


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21/08/2014 08h00 - Atualizado em 21/08/2014 08h00
Arona quer voltar em 2015 e garante que, em seu auge, venceria Jon Jones
Estrela do Pride explica dificuldades que vêm adiando seu retorno às lutas, diz que sente muita saudade do passado e planeja enfrentar o maior nome atual
Por Ivan Raupp
Niterói, RJ

Mesmo fora do circuito há algum tempo, Ricardo Arona virou uma espécie de mito. Sem lutar desde 2009, o atleta que fez fama no Pride vem prometendo seu retorno ao MMA não é de hoje, mas seu desejo ainda não se concretizou. Enquanto isso, seus inúmeros fãs, órfãos de suas performances há praticamente cinco anos, ainda sonham como o dia da volta. Nesse cenário de dúvidas, o Combate.com foi atrás de Arona em seu "esconderijo", o bairro praiano de Itacoatiara, em Niterói-RJ, para tentar entender o que de fato está se passando.
Segundo o próprio, faltam dois passos para o esperado retorno. O primeiro é uma cirurgia no joelho esquerdo para tratar dos ligamentos. E depois vem a recuperação até que ele se sinta pronto para treinar e consequentemente lutar de novo. O Tigre Brasileiro, como ficou conhecido no extinto evento japonês, tem tudo planejado. E, aos 36 anos, pretende estar de volta no início de 2015.

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Ricardo Arona na sala de troféus da sua casa em Niterói-RJ; lutador tem cartel de 14-5 (Foto: Ivan Raupp)

- Na verdade, estou parado em função de lesão, e não por que não quero mais, perdi a vontade, desinteresse. Nada disso. O motivo é lesão. Depois de 15 anos de combate, uma hora o corpo... Não tem jeito. Ainda quero voltar e acho que tenho tempo hábil para isso. Posso também escolher entre lutar de quimono, lutar MMA, enfim, tenho opções. Uma coisa é certa: vou voltar - disse ele durante longa entrevista.
Se voltar, Arona encontrará um mercado diferente do que existia em sua época. Hoje o UFC monopoliza as atenções e contrata os melhores lutadores. O brasileiro, por sinal, já recebeu oferta de Dana White e cia. e só não fechou por não estar em ação. Mas ainda sonha com isso. A ideia de Arona é um dia poder desafiar o até agora soberano campeão dos meio-pesados (até 93kg), Jon Jones. Ele tem certeza que, em seu auge, venceria o duelo:

- Não tenho dúvida. Ainda acho que o melhor caminho para vencer o Jon Jones é o meu estilo de luta, porque sei trocar em pé, sou bom de queda e faço um chão de pressão por cima com ground and pound, mas também com risco de finalização. Com certeza o meu jogo é o jogo ruim para ele.
O status de mito se justifica no número de perfis falsos que Arona tem no Facebook, o que já o levou a ser tema de matéria do Fantástico. Mas ele avisa que a única rede social em que tem conta é o Instagram. E, exatamente por ser mito, a saudade é ainda maior. O Tigre conta que relembra seus tempos de Pride todos os dias, e a vontade de voltar só aumenta. Assistir aos eventos do UFC à noite? Só na reprise do dia seguinte. Se ligar a televisão para acompanhar as lutas ao vivo, o risco de não dormir é grande por causa da tristeza de não estar mais no meio. Com esse ar de sinceridade, o simpático e pacato Ricardo Arona também abriu o jogo sobre outros temas e esclareceu todas as dúvidas em torno dele.
A seguir, veja a entrevista com Ricardo Arona na íntegra:

Combate.com: Você lutou pela última vez em 2009. Desde então muito se fala na sua volta. Afinal, você ainda pensa realmente em voltar a lutar? Isso ainda é possível?
Ricardo Arona: Com certeza. Penso que o tempo em que estou parado também foi importante para mim, porque nunca parei, sempre treinei e competi desde meus 14 anos. Mas tive uma fatalidade que atrapalhou muito meus planos, que foi romper o ligamento do joelho direito naquela luta contra o Marvin Estmann. Aquilo me deixou um ano e meio parado. Quando fiquei bom do joelho e voltei a treinar, tive outra lesão. Na verdade, estou parado em função de lesão, e não por que não quero mais, perdi a vontade, desinteresse. Nada disso. O motivo é lesão. Depois de 15 anos de combate, uma hora o corpo... Não tem jeito. Ainda quero voltar e acho que tenho tempo hábil para isso. Posso também escolher entre lutar de quimono, lutar MMA, enfim, tenho opções. Uma coisa é certa: vou voltar.

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Arona venceu Wanderlei Silva na semifinal do GP, em agosto de 2005 (Foto: Marcelo Alonso)

Houve algum contato do UFC com você nos últimos anos?
De cinco anos para cá fui a três edições do UFC. Em duas delas tive a oportunidade de conversar com o Dana White. Ele me recebeu muito bem, ficou muito feliz com a minha presença e até me chamou para uma conversa depois de uma coletiva de imprensa. Na época (2010) ele disse: "Ricardo, aqui o pessoal pede muito você". Ele viu também que teve uma movimentação muito grande dos fãs comigo na Fan Expo. "Ricardo, quando você quiser voltar, tem lugar aqui no UFC. Mas é interessante para a gente que você faça uma luta antes em algum evento para você ver como está. A gente tem um contrato para você". Muita gente acha que tive problema com o Dana White, mas não teve isso. Minha condição física que me impediu de procurá-lo para fechar um contrato. O problema é comigo. Com o UFC está resolvido. Só depende de mim mesmo.
Então, a partir do momento em que você estiver bem, vai procurar o Dana White para fechar com o UFC?
Exatamente. Meu primeiro objetivo é ficar 100% recuperado das lesões. O segundo é voltar a treinar bem. Com certeza o terceiro vai ser a competição. Aí vamos procurar o Dana White, vamos procurar o melhor caminho. De repente pode surgir um ADCC (competição de luta agarrada) no meio do caminho, o que para mim seria ótimo, pois você dá muito treino de jiu-jítsu e wrestling, e o gás vai lá para cima. Depois faz um treinamento de boxe e adapta isso para o MMA. Está pronto. Assim foi o começo e acredito nesse caminho: jiu-jítsu, wrestling, boxe, MMA. É ficar 100% e voltar a treinar. O espírito competitivo ainda está bem vivo. A coisa vai se encaminhar naturalmente.

Hoje você está quantos por cento?
Ainda tenho uma lesão para resolver. Meu problema é lesão. É no joelho esquerdo, no ligamento. Este ano vai ser para curar essa lesão. Vou passar por mais um processo cirúrgico nesse joelho e vou me recuperar. Em 2015 pretendo estar ativo desde o começo do ano, é meu objetivo. Agora está tudo desenhado certinho para isso.
Você está treinando? Consegue treinar, mesmo com essa lesão?
Consigo treinar jiu-jítsu bem, não na intensidade máxima, mas estou dando os treinos para os meus alunos. Está tudo correndo bem. Pedalo, malho, mantenho a condição física de outras formas. Gosto de fazer escalada, de surfar, então é o tempo todo rolando isso. Agora estou fazendo um fortalecimento da perna para operar o joelho esquerdo. Tudo isso faz parte do planejamento que fiz. Planejei tudo para ser rápido. Estou com uma estrutura bem legal.
Você teve até proposta recente do Bellator, certo?
Tive. Eles andaram me ligando, e nós conversamos. Eles não sabiam da minha condição, e expliquei para eles. Me disseram que eu tinha espaço lá e que era para eu procurá-los quando quisesse voltar, porque eles têm interesse em fechar comigo.

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Voltade de voltar a representar o Brasil no MMA é grande (Foto: Ivan Raupp)

Mas sua prioridade é o UFC, né?
O UFC é o ponto máximo da carreira do lutador hoje. Conheço a maioria dos lutadores que estão ali dentro. É onde eu queria experimentar voltar. Para mim seria ótimo nem ter essa luta antes. Seria ótimo se o Dana White fechasse comigo e eu já caísse direto dentro do do UFC, da maneira como ele quiser, contra quem ele quiser. Ainda acredito que isso pode acontecer. É só mexer na mídia direitinho quando chegar a hora.
Hoje você lutaria na categoria até 93kg? Ou de repente até 84kg?
Eu peso 94kg desde meus 20 e poucos anos de idade. Sou extremamente contra perder peso e sempre fui. Prefiro lutar com 93kg, 94kg mesmo. Se o cara estiver mais pesado, acredito na condição física, no giro da luta. Eu vou estar descansando e comendo bem. Ele vai estar perdendo peso.
Já imaginou Ricardo Arona x Jon Jones?
Ah, isso já imaginei diversas vezes. Não vou dizer com certeza, mas está no caminho. Se eu entrar no caminho, vou colidir com ele.

Você já foi um dos "caras" de uma geração, e o Jones é "o cara" hoje. Um duelo de gerações, uma luta que certamente venderia.
Seria ótimo. Seria bem legal porque gosto desse tipo de desafio, de você se provar em algo difícil, contra um cara mais novo, que está na atividade. Ele é "o cara" do momento. Seria interessante, mas acho que não dá já para mirar no Jon Jones. Ele está ali, mas a gente tem que ir galgando e voltar devagar.
O Arona do Pride ganharia do Jon Jones de hoje?
Ah, tenho certeza. Não tenho dúvida. Ainda acho que o melhor caminho para vencer o Jon Jones é o meu estilo de luta, porque sei trocar em pé, sou bom de queda e faço um chão de pressão por cima com ground and pound, mas também com risco de finalização. Com certeza o meu jogo é o jogo ruim para ele.
Você sente muita saudade dos tempos de Pride?
Sim, muita. Sinto saudade de tudo dessa época. Eu vivo praticamente todos os dias relembrando aquilo tudo, o que é importante. Acho que tenho que manter essa memória viva, porque foram os melhores momentos da minha vida. Tenho que estar lembrando daqueles momentos para querer tê-los de novo. Então, tem um lado bom, mas também um lado de bastante sofrimento, aquela coisa de ficar ali pensando. O tempo passa muito rápido. É complicado, uma coisa que vivo diariamente. Mas no fundo no fundo eu gosto, porque isso me diz se estou vivo ou não dentro da luta.
O seu retorno virou uma espécie de mito. O pessoal fala muito nas redes sociais e te trata quase como um Deus. O que acha de tudo isso?
Fiquei muito surpreso porque, como fiquei afastado um tempo, não tinha mais certeza de qual opinião as pessoas de dentro da luta tinham sobre mim. Quando começou a surgir isso, mexeu muito comigo. Essas coisas me fazem dizer que quero voltar. E acho que, pelo fato de eu ter enfrentado os caras na época do Pride, de não ter corrido de nada, sempre estar comprando brigas, isso fez o pessoal olhar para mim como uma referência. Então, olho aquilo e penso: "Tenho que estar dentro daquilo de novo, pertenço a isso, não tem jeito". Isso vai mexendo com a minha cabeça. Fico muito grato e acho muito bom as pessoas me verem como um comandante naquilo. É como eu gosto de ser visto, mas com respeito, pensando no trabalho, é lógico.

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Ricardo Arona x Wanderlei Silva: antes do anúncio do vencedor (Foto: Marcelo Alonso)

Fazendo uma análise da sua carreira, de qual luta você tem mais orgulho?
A primeira luta contra o Wanderlei foi um marco. Não tem como falar de outra luta, por toda a história que gerou em cima disso. Mas todas as lutas foram muito marcantes e intensas. Tenho que me referir a essa do Wanderlei porque foi a principal, e ele foi um cara que estourou muito a mídia a favor dele. Falava muito contra os adversários, e essa coisa mexe muito. Poucos fazem da forma como ele fazia. Ele com certeza foi a luta mais importante. Era muay contra jiu-jítsu no auge.
E qual foi a sua pior derrota?
Eu tive cinco derrotas no cartel, mas realmente só considero duas. A do Wanderlei (na segunda luta) eu tenho consciência que ganhei, a do Fedor também tenho consciência plena, e na do Quinton Jackson eu tive azar, porque apaguei ele no combate, ele voltou e me deu um bate-estaca onde me deu uma cabeçada na cara. Não me deu um soco ou um chute. A luta foi toda minha. Dentro de mim, penso que o venci. Foi uma fatalidade. É como eu penso. Contra o Shogun e o Sokoudjou eu tive problemas que levaram à derrota.

Quais foram esses problemas?
Contra o Sokoudjou foi fogo porque cheguei muito bem ao Japão, treinado e forte. No primeiro dia lá eu levei uma cabeçada do Minotauro na boca, e gerou um corte pequeno que não parava de sangrar. Treinamos, fiquei cansado e fui dormir. No dia seguinte acordei muito cansado e pensei que era em função do volume de treinos que eu estava trazendo do Rio. Aí minha boca voltou a sangrar no mesmo lugar. Fui descansar, mas tive febre de 39 graus. Fui hospitalizado na época, e o médico disse que eu não poderia fazer mais nada até o dia da luta. Foi identificada uma gripe, e começaram a me dar remédio para isso. No dia da luta foi uma superação enorme para mim, porque estava com 39,5 graus de febre no vestiário. Como eu estava bem treinado, confiei nisso. Dois dias antes da luta liguei para minha mãe e contei da gripe, e ela me disse que na verdade eu estava com dengue, porque o menino que tomava conta da minha casa estava no hospital com dengue. E não pode tratar dengue com remédio de gripe. Então, o tratamento no Japão só me piorou. Enfim, entrei muito fraco. Quando peguei a perna do Sokoudjou e fui dar uma queda, senti que eu estava muito fraco. Comecei a preparar minha cabeça para uma luta mais longa e mais difícil. Quando saí da perna, ele me acertou um golpe no queixo, caí seminocauteado, e o juiz interrompeu. Acho que Deus me protegeu, porque eu estava sem plaqueta. Se eu tivesse tomado mais golpes no corpo, poderia ter tido uma hemorragia, e ela não pararia de sangrar, porque eu não tinha plaquetas. Por isso aquele cortezinho do primeiro dia no Japão não parava de sangrar. Depois da luta voltei ao Brasil e fiquei 40 dias internado. A dengue se transformou em pneumonia. Foi uma superação.
A luta do Shogun foi depois da luta contra o Wanderlei. E contra o Wanderlei tive um afundamento na perna. É como dar uma martelada na madeira. Minha perna ficou muito inchada, e foi um espaço de duas horas entre as duas lutas. Estava doendo muito. A intenção era botar essa luta para dois meses depois, mas aí houve interesses. Tinha toda uma mídia em cima. O médico me deu opção de tomar cortisona na perna para anestesiá-la. Aí tomei seis injeções de cortisona, três de cada lado, e não senti mais nada. Peguei o Shogun, dei a queda e bati de cabeça. Caí por cima, mas seminocauteado. Quando abri o olho, vi uma letra no chão e não estava entendendo nada. Aí vi que eu estava no omoplata e comecei a entender o que estava acontecendo. Voltei para a luta por cima, mas tudo que aconteceu depois de bater a cabeça eu via três segundos atrasado. Eu levava três segundos para reagir aos movimentos dele. Lembro que ele me deu uma queda idiota. Quem me conhece sabe que eu nunca caí assim. Foi uma coisa muito estranha. Quando acabou a luta, fui procurar saber o porquê. O que acontece é que a cortisona, em contato com a adrenalina, dá essa sensação. Essa derrota foi um grande aprendizado. Tinha muito interesse. Ninguém me preservou, e eu deveria ter sido preservado. Era como se eu estivesse bêbado.
Qual dessas derrotas você considera ter sido a mais injusta?
Acho que tanto a do Fedor quanto a do Wanderlei. Foram muito roubadas. Dominei as duas lutas inteiras. Foi ridículo.

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Na frente de sua casa no bairro de Itacoariara,bem perto da praia (Foto: Ivan Raupp)

Como você via a rivalidade entre Brazilian Top Team e Chute Boxe? De vez em quando passava um pouco do limite?
Na época eu não tinha essa visão, mas depois vi que foi importante para o evento ganhar notoriedade. Todo mundo queria saber o que estava acontecendo. Foi tudo a partir desse conflito.
O japonês Enson Inoue publicou um suposto trecho de contrato do Pride que mostrava que anabolizantes não eram testados pelo evento, que não havia antidoping para isso. É verdade?
O que sei sobre isso é que nunca me foi mencionada essa cláusula. Também não vou te dizer que li aquele contrato todo. Acho que eram umas 10 ou 12 páginas, tudo escrito em inglês. Poderia ter uma cláusula lá que dissesse isso, embora eu não acredite nisso, pelo tanto que eles eram profissionais. O evento recomendava para a gente não usar anabolizante. Não podia. No começo do evento não se falava nisso. O Pride teve uns 10 anos, e nos quatro primeiros isso não era muito cobrado. Mas depois houve a cobrança. Não podia usar anabolizante, e se pegasse era multado. Eu, pelo menos, tinha essa recomendação. Isso foi cobrado a partir do quarto ano do evento.
De uma maneira geral, você acha que o UFC superou o Pride?
O UFC supera o Pride em termos do que é o esporte hoje. A gente não pode esconder o crescimento, toda a mídia em cima. A visibilidade hoje é muito maior. Mas nessa parte do respeito da torcida e tal, acho que nunca vai ser igual ao Pride. Lá você conseguia ouvir a respiração do seu adversário porque as 80 mil pessoas presentes ficavam em silêncio.

Você e Wanderlei Silva realmente se odiavam no Pride. Chegou a encontrá-lo depois disso?
Tive um encontro com ele em Las Vegas, no primeiro UFC ao qual eu fui, e foi a primeira vez em que a gente se falou. Dei de cara com ele lá do outro lado, depois de anos sem vê-lo, e pensei: "O que será que vai acontecer?". Ele veio andando na minha direção. Aí me deu aquele choque, não sabia se teria briga, porque toda vez que a gente se via era assim. Fiquei na adrenalina, aí ele veio, abriu um sorriso e me deu um abraço. Falou: "Pô, meu irmão. Está faltando você aqui no UFC, cara. Isso aqui é para a gente". Fiquei sem palavras, não esperava. Aí ele: "Não tem nada disso, está tudo certo. Você faz falta aqui". O cara estava todo aberto, vi que estava sendo verdadeiro, e tudo aquilo virou história realmente a partir dali. A gente teve um contato sincero. Foi muito bom vê-lo, e ali a gente quebrou essa barreira.
Depois disso fui encontrá-lo aqui em Itacoatiara. Vieram uns garotos que eu não conhecia na minha casa e disseram: "Aquele cara contra quem você lutou está lá na praia. O careca". Aí pensei: "Será que estou ouvindo direito? Não é possível que o Wanderlei esteja aqui na praia". Quando cheguei lá, era ele mesmo. Subi na pedra e cheguei por trás para ele não me ver. Falei: "E aí, rapaz! Está perdido aqui?". Ele virou assim: "Pô, Arona, vim em paz". Aí falei: "Lógico!". Apertei a mão dele, e conversamos. Ele disse que estava passando uns dias em Itacoatiara e tinha entendido por que eu não saía daqui. Falei para ele que se precisasse poderia me procurar em casa. Enfim, está tudo lá arquivado, mas hoje todo mundo é profissional. Não tenho nada contra ele. Quero que ele continue representando a gente. Merece respeito.
Você assiste aos eventos do UFC hoje em dia?
Assisto muito pouco, só às lutas principais. O evento, à noite, eu não assisto, porque me faz muito mal. Saber que estou fora daquilo ali... À noite nem pensar, ou então eu não durmo. Vejo sempre no dia seguinte, de dia, a reprise.

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Ricardo Arona com um cinturão antigo que conquistou nos EUA (Foto: Ivan Raupp)

Você falava do seu "octorringue". Como está o projeto de academia aqui na sua casa? O que está faltando?
Essa coisa foi uma brincadeira que fiz porque, na época, fiz um ambiente que era metade ringue e metade octógono. E ficou bem legal, porque fazia treinamentos específicos nas duas áreas. Na época a gente estava em transição do Pride para o UFC, então tinha que ter os dois tipos de treino. Fiz isso e deu certo, mas acabou. O projeto está assim: tenho uma sala pronta, onde estou fazendo treinos para pouca gente ainda. Está sendo muito bom. Aqui é minha casa, e eu a transformei num QG. Falo QG porque não gosto dessa sigla CT, de centro de treinamento. Acho que isso foi um modismo. Abriram isso em tudo quanto é lugar. Mas quem é você que montou um CT? Não sei. O cara nunca competiu, nunca lutou, nunca foi ninguém, mas tem um CT de MMA. Então, já não gostei dessa nomenclatura e prefiro usar o QG mesmo, que é o quartel general. Era assim no Carlson (Gracie), na criação, e é como tem que ser. Então, esse QG está com uma sala pronta de 100m², onde estou dando os treinos. Tem saco pendurado e octógono. E o projeto é fazer mais duas salas, cada uma também de 100m², uma com tatame e outra para treinamento funcional. Tudo isso está para ficar pronto agora. Falta muito pouco.
Também estou com um projeto em Icaraí. Um amigo meu de infância, o Bosco, me chamou para fazer uma parceria lá. Montamos um tatame no Clube Rio Cricket, e vai ter o jiu-jítsu com tradição, estilo Carlson Gracie. Sempre tivemos esse plano, e já já vai ficar pronto.
Resumindo então: ninguém mais do que o próprio Arona quer ver o Arona de volta?
Exatamente. Vejo que tenho tempo ainda para isso, tenho bagagem também. Mas tem que ter muita calma. Fiquei muito tempo ansioso, querendo voltar logo, mas não foi assim. Meu pai teve um problema de saúde grave, e fiquei um ano me dedicando a ele. Isso atrapalhou nas datas. As pessoas têm que entender que não dá para julgar. O que está acontecendo é que quero muito lutar, mas quero passar por todas as etapas de recuperação primeiro.

Fonte: http://sportv.globo....-jon-jones.html

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