Fala Jovem Kriok e kutchekgore.
Li o relato de ambos e queria compartilhar algumas informações, por ser Médico com formação e residência médica em Medicina do Esporte:
Primeiro gostaria de comentar algumas colocações que foi feita por Kriok ("queimação muito grande e rápida fadiga do ombro direito"):
Por mais que o diagnóstico tenha sido firmado através de Ressonância Magnética (RNM), cada caso tem sua especificidade, e apenas uma avaliação mais adequada da biomecânica dos ombros, do ritmo escapular, da simetria dos membros etc, seria o mais indicado para determinar a razão desse sintoma.
Essa percepção de queimação e fadiga rápida pode significar uma bursite, uma lesão labral (SLAP), uma sobrecarga no gesto esportivo - especialmente em exercícios como supino, press, elevação lateral etc., ou até mesmo a tendinopatia identificada ao exame.
Porém o que acho razoável dizer incluem alguns pontos:
1. Costumo dizer que os tendões são os "termômetros" dos músculos. Se há algum distúrbio ou sobrecarga nestes, o primeiro a acusar o golpe será justamente o tendão. Volto a bater na tecla da avaliação biomecânica de seu gesto. Repito as colocações de outros participantes do tópico: como está a sua mobilidade de ombro? E principalmente: como está a sua postura?
É muito comum recebermos em consultório pacientes com sua mesma história clínica, com achados em exame muito semelhantes, mas que sofrem apenas de uma contratura de peitoral menor - que implica em rotação interna de ombros permanente e um consequente distúrbio de toda a mecânica da articulação.
Em suma: explore sua própria anatomia, avalie como está esse peitoral menor, sua musculatura acessória de pescoço, sua mobilidade de ombros e seu ritmo escapular (procure por discinesia escapular e filme seus movimentos).
2. É sempre importante lembrar que o uso de esteróides gera um potencial de ação muscular que muitas vezes o tendão não está preparado a receber. Fique atento e reflita quanto a essa situação. Como médico, contra-indico qualquer administração sem indicações clínicas.
3. Procure informações sobre "upper cross syndrome" - muitíssimo comum em praticantes de musculação - devido ao desequilíbrio entre as musculaturas citadas acima. Exercícios de mobilidade e de ativação de rombóides e porção inferior de trapézio ajudam demais nesses casos. E mantenha sua postura adequada - especialmente fora dos treinos e durante o trabalho.
4. Na presença de dor, descanse. Siga o tratamento prescrito e a fisioterapia indicada. Porém aos poucos, retome a sua carga gradativamente - mas SEMPRE dê atenção aos exercícios de mobilidade e fortalecimento de ombros - incluindo também os de alongamento de peitoral menor. Essa talvez seja a grande sacada que não foi passada para você.
5. Tratamentos com Terapia de ondas de choque (TOC) demonstram grande potencial na cicatrização dessas lesões, até superiores a infiltrações, acupuntura ou administração de medicações orais ou injetáveis. Procure com o seu médico saber a respeito dessa modalidade terapêutica. Há bastantes evidências promissoras.
6. E por fim, respeite os seus limites. Melhor chegar aos poucos, do que correr um risco de sofrer uma lesão mais séria - ou até mesmo gerar um quadro de tendinose no local.
7. Ah, sobre a tendinopatia de Aquiles: uma dica que sugiro seria um trabalho específico de panturrilhas - porém com ênfase na fase EXCÊNTRICA do movimento (ou seja, "SEGURA" a descida!!!). Os resultados nos estudos e na prática são excelentes.
Em resumo: siga a rotina de LIBERAÇÃO muscular, ALONGAMENTO, MOBILIDADE - E por fim, FORÇA E POTÊNCIA.
Respeite seus limites e evolua. Salvo situações aberrantes de mecânica ou outros agravos médicos, tenha a certeza de que a dor vai passar. Não desanime!
Abraço!
Luiz Fittipaldi